Se hoje alguma alminha caridosa me tivesse perguntado, como em outras ocasiões, “bem passado ou mal passado?!”, a minha resposta tinha sido, “bem passado, se faz favor obrigada!”. Um soninho descansado. Uma noite “bem passada”! Não era pedir muito, pois não?! Ainda ontem num (contra) tempo me rebelei contra essa instância indomável, que se questiona a si própria acerca da sua essência e duração, nem ela própria se sabendo muito bem ler ou interpretar! O tempo!
Ontem à noite, por volta das três da manhã, para mim, era tempo de dormir! Para a minha filha, no entanto, era tempo de regredir de noites bem dormidas, para os intervalinhos de noite que dormiu, desde o dia em que nasceu até ao seu sétimo mês! Sim, é verdade! Sete meses a dormir, sonos curtos de pulga, intercalados a banhos de choro e baba e muito biberão à mistura! Não há quem aguente! Eu que o diga, que na primeira noite, que ela dormiu sete horas seguidas, acordei em sobressalto, com a sensação de que algo mau se tinha passado!
Pois muito bem, estava eu ontem em descanso, prontinha para entrar na quarta hora do meu primeiro ciclo de sono, quando ela de repente rebenta num choro inconsolável, inapagável e muito audível. Não ouve carinho, nem “fofinho”, nem água que lhe valesse! Chorou como se não houvesse amanhã e quando o amanhã chegou, em forma de cinco e meia da manhã, só o biberão de leite a acalmou!
E eu, caminhando descalça e sonâmbula pela casa fora, às escuras, com ela em braços, mandei o sono passear lá fora e enchi-me de cuidados. Passaram segundos, que demoraram horas, horas que demoraram dias e finalmente o amanhã chegou! E hoje, só queria ter dormido, mais um nadinha, um bocadinho de nada! E não queria ter lutado tanto contra aquele tempo que me acordou ontem, aquele tempo doido varrido e desconcertante, que me levou o sono embora e me deixou aflita de coração nas mãos, entre o certo e o errado, o que fazer e não fazer… enquanto ela dormia chorando, aos intervalinhos no meu colo e pensamento.
O amanhã chegou e ela dormia pesada no seu berço, como se nada se tivesse passado e quando acordou, sorriu! O meu sono foi esquecido e a noite mal passada, que tanto me custou a deglutir e ingerir, soube a prato comido à pressa, sem gosto nem sabor. Esqueci o meu sono, aquele que me abandonou e fiquei feliz e sozinha, mas derrotada pelo meu cansaço. Esta noite, if you please, quero-a mesmo bem passada! Pode ser?!