sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

É dia de...

... fazer as malas e arrastar as pernas, com ou sem buraco, até ao Porto! Alé, Alé!

Short Briefing...


Os tratamentos diários são a torura na terra! E os quatro dias anunciados pelo médico, viraram duas semanas. Ter um buraco na canela da perna logo por baixo do joelho não é nada nice! Nada, nada, nada! Tenho dito!

De porquê em porquê não sei bem com quê - ontem no AO

Correndo o risco de isto descambar à partida, porque começar um texto seja ele oral ou escrito por “eu acho” é tão subjectivo como a sorte que nos cai no colo…aqui vai…
Eu acho que a minha filha é precoce. E acho isso, por várias razões, a primeira, e desde logo muito válida, é que nunca conheci tão intensamente nenhuma outra criança de dois anos, e assim sendo, nunca convivi com nenhuma criança desta idade tempo suficiente para estabelecer comparações mais científicas; outra razão é que em toda a bibliografia “pediátrica” que leio, em nenhum lado se fala na idade dos porquês antes dos três anos, três anos e pico…
Assim, foi com algum espanto que comecei a explicar os primeiros “porquês” à minha filha de um ano e meio. É que podem não acreditar, mas tardando ela em falar, quando começou, não tardou a bombardear-nos de “porquês”. Alguns mais perceptíveis que outros, uns mais inteligíveis e outros menos, alguns válidos e outros impróprios, mas nunca de somenos importância! Sim, porque eu sempre ouvi dizer que parvo não é quem pergunta, mas quem não sabe responder! Assim, e já com dois anos e meio de currículo conto algumas arrobas de porquês!
Tentei sempre responder. Algumas vezes de forma mais maternal “pôqué ténhu qui páxcola?!”, outras de forma mais cómica “pôqué meu pé xeia xulé?!”, outras com promessas vãs, porque também tem que ser, “pôqué num póxu cume xuculate aiora?!”. Mas confesso, que por vezes, a resposta custou mais a sair, fosse por embargo da mente “pôqué tenhu pêlux nax penas?!”, por total surpresa “pôqué eu num tenhu uma piuinha?!”, ou mesmo por não saber assim de rajada bem como “pôqué o tempo tá xinxento?!”.
Enfim, bem sei que isto são só os primeiros de muitos e variados “porquês” e admito, saber de antemão, que nem o Grande Livro dos Porquês me ajudará a escapar de alguns, quando ela já souber ler!
Os porquês denotam inteligência, no sentido em que a criança é capaz de verbalizar a sua curiosidade, na maior parte das vezes não esperando vê-la satisfeita pela resposta! Por isso, os porquês não me incomodam tanto pelas respostas que tenho que dar, mas mais porque me ocorre, que aquele cérebro tão tenro, já tem preocupações complexas. Para ser sincera, (e eu avisei que isto hoje já tinha descambado ao início), talvez ela não seja tão precoce assim, e eu seja ingénua ou inexperiente, mas a verdade é que ela por estes dias, se saiu com um porquê, a que eu (embora ciente de que qualquer resposta que lhe possa dar, lhe seja igual) confesso, não soube responder. A pergunta não foi complexa, nem a nível de léxico, nem gramatical, muito menos fonético ou pragmático, mas o porquê que me deixou sem palavras, foi um simples: “pôqué há mininus maus?!”. Pois… esse “poquê” malvado… de meninos, meninas, senhores, senhoras e toda uma complexidade de outros seres concretos ou abstractos, que nos infligem dor, deixou-me na ponta da língua uma conclusão tão trágica e redutora, que pura e simplesmente me inibi de a verbalizar, respondendo-lhe apenas “não sei”!
E agora, em jeito de apontamento mental, acho que vou gravar esta resposta para dar a mais alguns porquês, com que ela me venha a brindar… e se ela mesmo assim insistir, pode ser que leve com a velha máxima socrática (que é como um bom e velho vestido preto) com que nunca me comprometo… “porque eu só sei, que nada sei”!