"Haverá Carreira depois dos Filhos?! Sim, porque se parte do princípio que havendo uns e outras, os filhos virão sempre antes das carreiras! Mas será que elas continuam a ter possibilidade de existência depois da existência dos nossos descendentes?! O tempo e disponibilidade mudam, a vontade é que às vezes não. E se num par de braços cabem muitos quilos de filhos, com uma carreira às costas, à perna ou à frente a tarefa torna-se quase como uma participação nos “Jogos sem Fronteiras”, mas pejados de obstáculos. A maternidade pode trazer uns quilos a mais, uma maciez de voz e espírito, uma tonelada de responsabilidades, mas nunca ouvi falar de efeitos secundários da maternidade no campo profissional. Assim, uma mulher ao ser mãe não se torna, só por si, menos profissional, dedicada ou ambiciosa, dispõe é de menos tempo de agenda para a profissão, que se vê partilhado com tempo de “antena” obrigatório dedicado aos filhos. Tentar manter o mesmo ritmo profissional, que se tinha numa vida sem filhos, a par de uma maternidade afectuosa, vinculativa, activa e presencial pode tornar-se num verdadeiro empurrar da pedra de Sísifo, que quando chega finalmente com ela ao cimo da montanha, está destinado a voltar a vê-la rolar montanha abaixo de novo... ou seja é um sem fim de preocupações, ginástica mental e esforço físico até à exaustão.
Eu, ainda sou das crentes que acredita que é possível levar uma vida profissional moderada a par de uma maternidade intensa, se bem que, sem ajuda dos avós ou família por perto esta minha vida profissional de “moderada” passa a “não existente” em três tempos, pois não há empregador que tenha paciência de Santo para as viroses de início de Outono de uma criança de menos de três anos, nem colegas compreensivos o suficiente para se verem em mãos com o trabalho acumulado de horas de pediatra, vacinas, reuniões de pais, actividades paraescolares e SOS’s afins.
As mulheres mães tendem a ser por norma as mais prejudicadas pela sua escolha e a sociedade encara isso como facto adquirido, perfeitamente normal, como se uma mulher que teve a dádiva de um filho não pudesse ter também a dádiva de uma brilhante carreira de sucesso e satisfação profissional. A Sociedade vê essa ambição com maus olhos e ou nos apelida de “fracas mães”, ou de “sonhadoras utópicas”, pois todos conhecem o dilema da Mulher do Século XXI: família ou carreira?!
Ora eu, gostaria de 1º e 2º prato se me permitem, consciente das devidas limitações da ingestão de ambos, é claro! Mas não gosto de me ficar na vida pelos “pratos do dia”, quando a vida tem uma “gastronomia” tão rica para nos oferecer! Ainda assim, levar a cabo a consagração harmoniosa destes direitos e deveres conquistados pelas mulheres, ao fim de séculos, pode revelar-se a luta mais árdua desta Batalha sem Fim!"
Gostei da metáforoa gastronómica. Ainda não sou mãe, mas quando o for, não tenho dúvidas que nada estará à frente do meu filho.
ResponderEliminareh pá nem me fales neste assunto.
ResponderEliminarnão consigo lidar bem com o fim da licença e a falta de tempo para comprar uma papaia no final do dia para aliviar os intestinos da mais pequena...
o que eu queria mesmo era dizer adeus a este emprego de 8horas no matter what... quando não há trabalho que justifique podiamos ir pra casa, não achas bem?
Bê: lá se acaba a tarefa de trazer trabalho para casa... vais ver! ;)
ResponderEliminarArt: acho 8 horas de trabalho uma brutalidade para qualquer ser humano... agora imagina, eu com oito horas em cima e o meu marido com 12 ou mais... sem os avós por perto... quantas "papaias" não perdeu já o intestino da minha bebé! Não é justo! ;P
É possível ter carreira depois dos filhos. Nunca notei que o meu trabalho fosse prejudicado por ter um filho.Tive a sorte de o meu filho ser imune a vários vírus, poucas vezes esteve doente. Ter um filho dava-me forças para aguentar horários desumanos, conseguir o impensável. Houve alturas que não tinha tempo de dormir. Hoje, que já não tenho filhos para criar, não aguento 1/3 e para me sentir bem tenho que dormir mais de 8 horas senão, no dia seguinte, estou KO. Já não posso garantir que o meu trabalho não tenha prejudicado a vida do meu filho. Se uma mulher não trabalhar tem tempo para acompanhar os filhos e isso é essencial.Hoje mais que nunca. Os problemas surgem na adolescência. Quando temos um filho queremos dar-lhe o que achamos essencial e matamo-nos a trabalhar pois, como dizia uma bloguista, cocó na fralda, um trabalho não chega para pagar as contas porque nem todos recebem como directores ou ministros, há, neste país uma grande desigualdade salarial. Quem paga essa desigualdade são as crianças e o resultado está à vista. Há que analisar a agressividade juvenil, chegar a conclusões e dar o direito aos pais de poderem optar. Hoje não o têm. Têm que trabalhar e trabalhar.
ResponderEliminarSílvia infelizmente, há muita gente por aí que não medita sobre este grande problema que tu aqui puseste em evidência.
BJS
Brown Eyes: é verdade que há trabalhos e trabalhos... e há vidas mais fáceis do que outras... crianças que adoecem menos... mas a verdade é que quer se queira, quer não, a partir do momento que se tem um filho, o tempo e a disponibilidade não é a mesma! Eu já trabalhei que nem uma louca, fazia de tudo e tive alguns anos sem saber o que eram fins-de-semana, feriados, Páscoa, Natal... se recebia mais?! Sem dúvida! Se me sentia mais preenchida profissionalmente?! Talvez, sim! Se era capaz de fazer isso agora?! NÃO! E porquê?! Porque a minha filha está acima de tudo... e embora queira muito conseguir seguir os meus sonhos, ela também é um deles! Por isso, lá está... estou entre a espada e a parede! E como eu, sei que muitas mães o estão também! São situações complicadas... e o mais complicado é que cada vez mais te exigem que trabalhes mais, por menos! Um exagero... Enfim, tu percebes! Obrigada pela tua leitura! BJS
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