Com ar de traquina, pele moreninha, refegos nos braços e nas pernas, marca da sua ainda meninice lá ia ele de banda desenhada debaixo do braço, pacote de bolacha Maria numa mão e noutra um isqueiro escondido, ou talvez uns fósforos, aquilo que apanhasse mais rapidamente na cozinha às escondidas da mãe. O refúgio era sempre o mesmo, um silvado, meio agreste, com um spot muito seu, em género de clareira, mesmo nas traseiras de sua casa. O objectivo era sempre o mesmo: Fumar!
Lá em casa, tudo o que era adulto do sexo masculino fumava. Era para ele como que um ritual de masculinidade, afirmação e prazer, que sempre vem do que é proibido ou interdito. Sentava-se na clareira, comia bolachas e fumava os poucos cigarros que roubava em casa... um ao avô, um ao pai, aos tios, a quem os deixasse esquecidos por tempo suficiente para uma marotice rasteira que ele fazia com tanta doçura!
Devia ter por volta de 10 anos, segundo informação da mãe, quando esta o apanhou, pela primeira vez de calções brancos neste seu espaço, neste seu ritual. Levou-o para casa ao som de uma descompostura, que para além de muito audível foi emitida em vernáculo muito típico do norte do país. Deu-lhe uma tareia com toda a força que tinha e também amor, a que juntou a revolta pelo facto de o seu marido não deixar de fumar, apesar das promessas, do seu sogro não deixar de fumar, apesar das doenças e do seu filho mais velho já se ter iniciado também nesse maldito vício! Ralhou-lhe, ameaçou-o, fez tudo o que o amor lhe ditou e por fim, pediu-lhe... e ele assentiu! Essa foi a primeira vez que ele quebrou essa jura!
“Eu juro, Eu juro que deixo de fumar!”
Agora, muitos anos volvidos, continua a fumar, já tentou e prometeu mais de uma centena de vezes que ia deixar, depois de casarmos, depois de a nossa filha nascer, depois de chegarmos aos Açores, depois de estabilizarmos por cá... e mais recentemente depois de descobrirmos a doença do pai dele, ao que tudo indica, provocada pelo tabaco.
Hoje, a médica do pai dele voltou a dizer-lhe que ele tinha que deixar de fumar... “ Eu sei, mas custa tanto...”, ao que ela lhe respondeu com uma outra pergunta:
“E morrer?! Não custará mais?! E andar em sofrimento para o resto da vida?!”
Meu amor, no que diz respeito à minha resposta e à da tua filha, que não falando ainda o demonstra já bem... a tua falta será a única coisa que nos custará na vida!
Quase em género de pacto com ele, para lhe dar força, prometi que me juntava a ele e deixava de consumir uma ou várias das coisas que mais gosto e de que ele tem conhecimento: chocolate, coca-cola... mas nada...
E ao fim de tantas tentativas falhadas e tantas vezes que cheguei mesmo a acreditar que ele ia conseguir, esta, foi a que mais me custou, porque não quero que ele deixe de fumar, só quando já não o puder mesmo, fisicamente fazer!
Este é o meu último pedido, amor...
Lá em casa, tudo o que era adulto do sexo masculino fumava. Era para ele como que um ritual de masculinidade, afirmação e prazer, que sempre vem do que é proibido ou interdito. Sentava-se na clareira, comia bolachas e fumava os poucos cigarros que roubava em casa... um ao avô, um ao pai, aos tios, a quem os deixasse esquecidos por tempo suficiente para uma marotice rasteira que ele fazia com tanta doçura!
Devia ter por volta de 10 anos, segundo informação da mãe, quando esta o apanhou, pela primeira vez de calções brancos neste seu espaço, neste seu ritual. Levou-o para casa ao som de uma descompostura, que para além de muito audível foi emitida em vernáculo muito típico do norte do país. Deu-lhe uma tareia com toda a força que tinha e também amor, a que juntou a revolta pelo facto de o seu marido não deixar de fumar, apesar das promessas, do seu sogro não deixar de fumar, apesar das doenças e do seu filho mais velho já se ter iniciado também nesse maldito vício! Ralhou-lhe, ameaçou-o, fez tudo o que o amor lhe ditou e por fim, pediu-lhe... e ele assentiu! Essa foi a primeira vez que ele quebrou essa jura!
“Eu juro, Eu juro que deixo de fumar!”
Agora, muitos anos volvidos, continua a fumar, já tentou e prometeu mais de uma centena de vezes que ia deixar, depois de casarmos, depois de a nossa filha nascer, depois de chegarmos aos Açores, depois de estabilizarmos por cá... e mais recentemente depois de descobrirmos a doença do pai dele, ao que tudo indica, provocada pelo tabaco.
Hoje, a médica do pai dele voltou a dizer-lhe que ele tinha que deixar de fumar... “ Eu sei, mas custa tanto...”, ao que ela lhe respondeu com uma outra pergunta:
“E morrer?! Não custará mais?! E andar em sofrimento para o resto da vida?!”
Meu amor, no que diz respeito à minha resposta e à da tua filha, que não falando ainda o demonstra já bem... a tua falta será a única coisa que nos custará na vida!
Quase em género de pacto com ele, para lhe dar força, prometi que me juntava a ele e deixava de consumir uma ou várias das coisas que mais gosto e de que ele tem conhecimento: chocolate, coca-cola... mas nada...
E ao fim de tantas tentativas falhadas e tantas vezes que cheguei mesmo a acreditar que ele ia conseguir, esta, foi a que mais me custou, porque não quero que ele deixe de fumar, só quando já não o puder mesmo, fisicamente fazer!
Este é o meu último pedido, amor...
realmente é um vicio do caraças! mas com vontade chega lá!
ResponderEliminarparece quase a história do meu pai... também ia para os campos, e no meio do milho fumava o cigarrito, à imagem do pai, à imagem do avô. prometia-me nos aniversários que era a partir daí que nunca mais... e voltava ao mesmo.
ResponderEliminaraté que um dia parou.
já não me lembro o porquê.
agora corre maratonas e pede-me desculpa por todas as "inalações indirectas" (apesar de evitar fumar perto de mim) e diz ele "não suporto o cheiro do cigarro".
foi tarde mas a tempo.
diz ao teu homem para se deixar disso... eu não gostava nada de ver o meu pai com aquele cheiro a fumo que se colava à pele...
FORÇA!!
*e tu deixa lá a coca-cola lol deve fazer bem pior que os chocolates!!
beijos
Silvia deixar de fumar é algo que atormenta um fumador. Nunca disse que deixava, sei que não consigo, que o cigarro faz parte da minha vida. Consegui tudo o que quero, nada nem ninguém nunca me escravizou mas, o cigarro, esse maldito escraviza-me. Tanta força e para deixar de fumar nenhuma. Não adianta perseguir a pessoa que fuma, é pior. A vontade tem que partir dele, um dia ele resolverá. Enquanto isso são tentativas falhadas. É triste mas é assim. Admito que o cigarro é o único que me vence. Não me imagino sem cigarro na mão. Enfim...Beijinhos
ResponderEliminarRealmente, se por amor não o deixa por quem ou por que coisa ou causa o deixará?!?
ResponderEliminarExperimentei quando era miúda, mas aquilo nem era fumar, era mais sobrar e tentar respirar aflitivamente, tossir que nem uma desalmada, e gastar o dinheiro da semanada... que se lixe o tabaco... não durou mais de um mês, nunca mais lhe toquei... blargh... e é algo que nunca vou sequer tentar entender, gastar dinheiro, mas sobretudo prejudicar a saúde (e a dos que o rodeiam) numa porcaria inútil que não traz benefícios nenhuns!!!!
Bem que eu gostava que a mensagem chegásse ao meu também... bem que lhe estou farta de dizer, mas se não for pela força de vontade dele, não sei até que ponto posso alterar a situação.
Excelente post amiga, relembra-me a humana que está por trás deste laptop...
Um abraço (e obrigada pela força)!
Estou efectivamente solidária com esta causa!
ResponderEliminarApesar de não ser uma fumadora assídua comprometo-me solenemente em não "ir fumar" e também em não "beber coca cola" quando estivermos juntos ;)
Quanto aos chocolates... mhum... já não juro tanto :-)
Bj e força aos 2!