Estávamos em meados dos anos noventa, eu usava uma pala medonha e repinhas de cabelo frisado, ela usava colares étnicos de palhinha e marfim, em género gargantilha, e o cabelo extraordinariamente longo. Eu, “agrungei-me” um pouco e cedo nos identificámos nas mesmas calças de ganga elásticas, City Jeans, com sapatilhas All Star, de preferência azuis marinho ou beges. Eram os anos loucos dos Nirvana e dos namorados estúpidos. O namorado dela foi da minha turma, tinha a alcunha de “Adeus”, porque acenava a todos quantos passavam. De resto, era um rapaz perfeitamente normal para a época: cabelos longos, t-shirts folgadas e corpo esguio. Eu não gostava dela. Ela, nem sequer reparava em mim. Eu achava-a snob, de uma arrogância desmedida. Cruzávamo-nos todos os dias, pelos corredores daquela “bendita” escola Secundária e ela, ao contrário do namorado, nem olá, nem adeus! Anos mais tarde vim a descobrir porquê… miopia, meus amigos, miopia! Sofria de “más vistas” e disfarçava para não ter que usar óculos.
Foi só quando o Secundário acabou, depois de anos de penteados e moda duvidosa, que nos encontrámos de novo. Eu olhei para ela, ela olhou para mim e vendo-nos uma à outra, como se pela primeira vez, formámos naqueles primeiros anos de faculdade travessos uma verdadeira amizade, à prova de bala. Ela com as suas “Doc Martens”, eu com as minhas malas XXL e excesso de livros às costas. Pejadas de falsas ideias, falsas morais, estivemos juntas no Jornal da Faculdade, na Associação da mesma, em tudo o que era bar, festa, praxe, cortejo… até ao ponto em que decidimos começar a estudar! Hoje, muitos anos, muitos namoros, muitas festas, muitas farras, muitas lágrimas depois, mesmo separadas por um caminho de oceano com muitas mil milhas de água, não há dia em que eu não me lembre dela, não há dia em que ela não se lembre de mim!
A vida separou-nos, mas são dias, como os de hoje em que eu sei, que a verdadeira amizade no feminino existe, que são crenças, como as que partilhámos juntas, que nos unirão até ao fim dos nossos dias!
Eu, num ano mais farto de aventuras e desventuras, num ano em que partimos as duas juntas de carro por esse Portugal fora, sem mapas, sem planos, sem rotas, apenas com a certeza de cerca de 7 dias de férias, apelidei-a de meu Sancho Pança, porque era isso que éramos as duas! Duas crentes, resistentes, unidas pela luta convicta de que o amor valia a pena, unidas pelos nossos sonhos, desejos e ambições. Foram muitos anos de confidências, sabemos coisas, uma da outra, que mais ninguém sabe, que mais ninguém sonha! Partilhámos tardes de compras, em género de exercício físico, horas de ginásio, em género de terapia ocupacional, manhãs de gazetas, em género de esforço adiado, noites de música, em género de aventura emocional, almoços prolongados, em género de conversas de café e uma existência conjunta em género de amizade feminina, contra tudo e todos, que possam alegar que isto é um mito, que não existe… porque ninguém quer caminhar só por esse mundo, porque os nossos limites e fronteiras não somos nós quem define, mas que nos definem a nós, porque tu és e para sempre será a prova de que não há D. Quixote que aguente lutar de frente com gigantes (ou moinhos) sem Pança, nem Pança que resista à tentação de acreditar que D. Quixote merece certamente a sua Dulcineia. E sim, é possível haver amizade, sincera e desinteressada entre duas mulheres e sim, muitas vezes o ponto de união foi o amor ou a resistência dele e a ele. Mas sabes que mais… “isso agora não interessa nada”, porque esta história já é nossa e dela, ninguém nos tira!
Foi só quando o Secundário acabou, depois de anos de penteados e moda duvidosa, que nos encontrámos de novo. Eu olhei para ela, ela olhou para mim e vendo-nos uma à outra, como se pela primeira vez, formámos naqueles primeiros anos de faculdade travessos uma verdadeira amizade, à prova de bala. Ela com as suas “Doc Martens”, eu com as minhas malas XXL e excesso de livros às costas. Pejadas de falsas ideias, falsas morais, estivemos juntas no Jornal da Faculdade, na Associação da mesma, em tudo o que era bar, festa, praxe, cortejo… até ao ponto em que decidimos começar a estudar! Hoje, muitos anos, muitos namoros, muitas festas, muitas farras, muitas lágrimas depois, mesmo separadas por um caminho de oceano com muitas mil milhas de água, não há dia em que eu não me lembre dela, não há dia em que ela não se lembre de mim!
A vida separou-nos, mas são dias, como os de hoje em que eu sei, que a verdadeira amizade no feminino existe, que são crenças, como as que partilhámos juntas, que nos unirão até ao fim dos nossos dias!
Eu, num ano mais farto de aventuras e desventuras, num ano em que partimos as duas juntas de carro por esse Portugal fora, sem mapas, sem planos, sem rotas, apenas com a certeza de cerca de 7 dias de férias, apelidei-a de meu Sancho Pança, porque era isso que éramos as duas! Duas crentes, resistentes, unidas pela luta convicta de que o amor valia a pena, unidas pelos nossos sonhos, desejos e ambições. Foram muitos anos de confidências, sabemos coisas, uma da outra, que mais ninguém sabe, que mais ninguém sonha! Partilhámos tardes de compras, em género de exercício físico, horas de ginásio, em género de terapia ocupacional, manhãs de gazetas, em género de esforço adiado, noites de música, em género de aventura emocional, almoços prolongados, em género de conversas de café e uma existência conjunta em género de amizade feminina, contra tudo e todos, que possam alegar que isto é um mito, que não existe… porque ninguém quer caminhar só por esse mundo, porque os nossos limites e fronteiras não somos nós quem define, mas que nos definem a nós, porque tu és e para sempre será a prova de que não há D. Quixote que aguente lutar de frente com gigantes (ou moinhos) sem Pança, nem Pança que resista à tentação de acreditar que D. Quixote merece certamente a sua Dulcineia. E sim, é possível haver amizade, sincera e desinteressada entre duas mulheres e sim, muitas vezes o ponto de união foi o amor ou a resistência dele e a ele. Mas sabes que mais… “isso agora não interessa nada”, porque esta história já é nossa e dela, ninguém nos tira!
P.S. - nem de propósito, no dia em que lhe liguei para lhe dizer que ela tinha que ler esta crónica, apercebi-me que me tinha esquecido do aniversário dela! :( Mil perdões... mas sabes bem que não foi por mal!
E assim...
ResponderEliminarmarco o meu regresso unindo-me a este brinde à amizade!!!
Passam os tempos, mudam-se as vontades e apenas permanecem os laços que sustentam lágrimas e sorrisos,envoltos em cumplicidade!!!
À AMIZADE!!! anie