Não sou, nunca fui e recuso-me a ser daquele género de pessoas, que se recusa a responder pelas suas acções. Mas será que eu sou normal?!
Correndo o risco de parecer mais uma daquelas perguntas que se costumava enviar para uma tal revista”Mariazinha” e que agora se enviam e colocam em blogues, como este, hoje de manhã dei por mim a passar por determinada situação e a perguntar para mim mesma: Mas eu serei normal?! Será que fiz bem?! E se me meto em confusões?!
Passo a explicar o sucedido: numa, daquelas muitas manhãs em que fiquei a dever umas horitas à cama, ao sair de uma rua apertadíssima, como só conheci até hoje em Ponta Delgada, e onde para cúmulo se estacionam os carros em frente a portas e janelas das casas, ocupando o espaço da via de rodagem, ao tentar virar para a Rua da Creche da minha filha, arranhei um carro, pintadinho de novo, azulinho Peugeot e lavado, com o friso da porta do meu sujo e miserável “carro do povo”! Mas o melhor é que no meu carro, nem marca ficou do sucedido, enquanto que no pobre “azulinho”, mal aparcado e limpinho se tornaram bem visíveis as marcas do dito “encontro de chapas”!
Ora, estava atrasada para o trabalho, ainda tinha que deixar a minha filha na Creche e não me dava jeito nenhum desembolsar mais uns tantos euritos para pagar uma “maquilhagem” ao pára-choques do dito bólide! Então?! O que é que eu fiz?! Ora, parei o carro, procurei na carteira uma caneta e papel à pressa e em letras garrafais, com uma caneta fluorescente de sublinhar (não tinha outro instrumento de escrita à mão…) deixei escritos no papel o meu nome e o meu número de telemóvel. Coisa de que me arrependi mal arranquei!
Bem sei, que isto não se trata de mais do que uma questão de pura ética e moral, que juntamente com a nossa economia, parecem ter entrado em recessão na sociedade actual… mas a verdade é que me assustou a ideia de ter pensado se seria normal por ter feito tal coisa… não seria o mais normal, nos dias que correm, arrancar e nunca mais pensar no assunto?! Quantas vezes na minha “invicta”, não fui eu dar com a minha pobre viatura cheia de mazelas e marcas de perícias falhadas de condutores tão astutos quanto eu?! Ainda no dia em que recebi o meu carro da ilha, me deparei passadas poucas horas de o ter estacionado, com um espelho partido!!! E cartão de contacto ou desculpas?! Que nada! Isso já não se faz… É que são vários os riscos que corremos ao proceder da forma dita “moralmente correcta”. Veja-se: podemos ser extorquidos por um arranjinho entre dono da viatura e o mecânico, podemos correr o sério risco de ser insultados e agredidos verbalmente por alguém sem educação ou maneiras, enfurecido e revoltado em relação ao sucedido, pode ser até que aproveitem o nome e número para contactos “estranhos” e de intenções “duvidosas”, o condutor pode até nem reparar na “mossa” e pensar que aquilo é uma forma de abordagem arrojada… pior ainda, a mulher ciumenta, que fica possuída ao encontrar tal papel no pára-brisas se deixa iludir pelas letrinhas fluorescentes garrafais, com nome e número de outra mulher… CREDO! A verdade é que num mundo como o que vivemos hoje em dia, tudo é de desconfiar, duvidar e temer…
Mas eu deixei o contacto. Serei normal?! É que foi um impulso tão natural, que só podem lembrar as velhas máximas que dizem: “todo o homem é puro” e a “sociedade é que corrompe o homem”.
Eu acredito que dar um bom exemplo, pode servir para contrariar a onda de desconfiança e corrupção que nos assola, a nós indivíduos, enquanto seres individuais e enquanto seres sociais, mas a verdade é que mesmo não acreditando em “bruxas”, que as “há, lá isso há”!!!
P.S. – Ainda não fui contactada pelo lesado…
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