Subo para uma cadeira. Numa mão tenho 12 passas, na outra, um flute de espumante. Soa a primeira badalada, meto a primeira passa à boca. Fecho os olhos, penso no meu primeiro desejo, dou um gole no espumante e ouço a segunda badalada. Desta vez perco um pouco mais de tempo a pensar no meu desejo, quase não tenho tempo de a engolir e já oiço a terceira. O meu terceiro desejo é bem mais simples de formular, mas desta vez fica-me uma pevide da uva presa nos dentes, perco um pouco mais de tempo, a bochechar com o espumante e a quarta badalada já lá vem e eu esqueci-me do que queria pedir. Mais uma passa, esta sem desejo e já lá vem a quinta. Tenho as mãos a colar e de olhos fechados, com o quarto golinho de espumante assim num tão curto espaço de tempo já me sinto a flutuar. Quinto desejo, este é complicado, a páginas tantas engasgo-me com o raio da passa, a cadeira bamboleia e eu tenho que descer. Não pode ser bom presságio. Dou mais um golo e oiço a sexta badalada, o meu pensar de desejos já se evaporou e agora só quero conseguir engolir a papa de passas que tenho na boca. Mais um gole. Subo para a cadeira de novo. Estou enjoada, a mistura de peru, puré, Ferrero, aletria, Coca-Cola, bolo-rei e pão-de-ló com queijo está a começar a fazer nascer uma febre de azia no meu estômago. Já perdi a conta às badaladas entre a sétima e a oitava lá consegui pensar em algo de jeito para desejar. E agora olho em frente, a minha mãe de ar curioso, fita-me com a perfuração de uma sonda, admirando a minha persistência em continuar a desejar, mesmo já sem saber bem aquilo por que desejo! Vá, a nona passa é um desejo para ela, que engulo com a décima badalada a rasgar-me o tímpano. Este espumante é dos meus, faz cócegas na garganta e deixa-me a cabeça a andar à roda. Com a décima primeira badalada já só engulo o espumante e deixo as passas a acumular no céu-da-boca! Só tenho mais dois desejos. Este é para ele e o último será para ela. Ao sonar da décima segunda badalada suspiro de alívio. Já não consigo engolir mais passas. Trinco-as todas e deixa-as a desfazerem-se-me na boca, enquanto desço da cadeira para os abraços da praxe! “Feliz Ano Novo, Feliz Ano! Que este ano nos traga tudo o que tem de melhor!” – Lá fora a minha sogra já parte a loiça velha para afastar o mau azar! Os vizinhos juntam-se a ela. Nem por ser ano de crise a decidem poupar! E porque na passagem do ano vale tudo, até acreditar que este ano tudo vai ser diferente, estou a contar as horas para as doze passas, perdão badaladas!
Título: 12 Passas Badaladas
Título: 12 Passas Badaladas
Croniquices da Mulher a 1000/h, por Sílvia Martins
ai tu disseste mesmo "pão-de-ló com queijo"
ResponderEliminarsôdade, oh sôdade!!
és uma castiça e escreves bem que te fartas, e o teu blog está uma delícia e eu passei o ano sem passas, sem champanhe, com o marido e filha a dormitar e eu indecisa se o acordava ou não: feliz ano a mim própria. lol
ART!: Saudadinha da Boa! E saúdinha também... já agora! :) BOM ANO MULHER! - A minha passagem de ano também não foi exactamente assim como a pensei... mas vá, lá se passou! ;)
ResponderEliminarSílvia que mudança é esta? Blog preto e branco? hum...não combina contigo, que foi feito desse coração arco-íris? Bem. bem, vamos lá começar a pensar positivo: o ano que vem há-de ser melhor que o que passou, claro que sim. Pensar positivo ajuda a colorir a vida. Beijinhos
ResponderEliminarBrown Eyes: é o look de Janeiro, detesto este mês... mas gostei da Joaninha, que dá cor e sorte! ;) - Estou de pensar 100% positivo, agora só faltam mesmo as cores! ;)
ResponderEliminarA joaninha é bonita sim. O look está muito bonito só que admirei-me tu te-lo escolhido pela cor. Tens razão, janeiro e fevereiro são horriveis. Em Março começa a vida. Beijinhos
ResponderEliminarPá... partem mesmo a louça toda? :s
ResponderEliminarIsso faz-me cá uma confusão. =|
Haja saúde*
ah ah (bistes? :p)