terça-feira, 12 de maio de 2009

Chocada!


Chocada.

A palavra exacta para descrever a forma como me sinto em relação a uma notícia, que acabei de ler. Notícia essa que ocupa o centro da primeira página do jornal de hoje, talvez o mais lido da ilha. “Homem confessa ter morto a esposa a martelo”, é o título.

Escandalizada e intrigada sobre as razões que poderiam levar alguém a matar outra pessoa, com quem já fora casado, de forma tão atroz e brutal, decidi partir para a leitura das páginas do artigo. Ao que parece, a razão/motivo para este “assassinato”, (sim, porque não é uma morte, não me lixem), foi o desejo de divórcio expresso pela “mulher”! (Sim, mulher, não me venham com eufemismos, em notícias do género, porque quem assassina desta forma alguém com quem é casado, não “mata a esposa”, mas sim “assassina uma mulher”!)

Pelos vistos, alegadamente tendo ido ao quarto em que dormia a mulher, para fazer as pazes (ao fim de oito meses a dormir em camas separadas), surpresa das surpresas, é confrontado com a revelação da mulher, que lhe comunica, que não só desejava divorciar-se dele, como já se tinha envolvido com outro homem. Ora, razão o bastante, para este assassino pegar num martelo de pedreiro, lhe esmagar a face e crânio, alegando ainda perante os filhos que ela “teve o que merecia” e mais tarde, perante a polícia, (depois de lhes abrir a porta e os ter convidado a “ver o que ele tinha feito”), que se esta “ainda não estivesse morta, ele trataria disso”! Perceberam o meu choque?! Não?! É que ainda há mais… ao que tudo indica o homem estava “calmo, como se não se tivesse passado nada” e em tribunal ainda pediu desculpas à família, dizendo que “ se pudesse voltar atrás, voltava”!

Não, não é por ser mais um crime, baseado em motivos supostamente passionais, nem sequer por ter sido uma mulher a vítima… mas pela crueldade na forma de matar e mais ainda na frieza dos comentários efectuados após o acto de assassinato cometido a uma pessoa com quem se esteve casado 19 anos, ao que tudo consta!

Choca-me, choca-me e deixem-me que vos diga, ainda bem que assim é… é sinal que nesta cabecita ainda há lugar para o respeito pela vida humana, pelas escolhas das outras pessoas e acima de tudo para uma crença, uma fé de que a humanidade não pode ser isto!
Não adianta nem sequer tentarem explicar a razão deste crime, ou de outros do género, por sinal, que justificação nenhuma me levará a ficar menos chocada!

Lamento, a perda da mãe de 2 filhos, de uma mulher, que teve a coragem de mudar o rumo da sua vida e de um ser humano, que como outro qualquer não merecia semelhante fim.
Para sempre na lembrança daquela filha, ficará um rosto desfeito de uma mãe gemendo, ensanguentada em seu leito e de um pai frio e cruel de martelo de pedreiro na mão, considerando que a justiça tinha sido feita, como se a justiça fosse algo ditado por vontades e desejos egoístas, sádicos e irracionais. Ou eu muito me engano ou estamos a precisar de novos conceitos para a justiça e o mérito neste País.

Meus Leitores desculpem, este momento menos colorido, mas não é olhando para o lado que estas coisas deixam de acontecer e este blog também é um lugar de liberdade, para pensamentos de revolta e indignação contra uma humanidade em falência, que traz o que de pior há no ser humano ao de cima, sob a capa de justificações virtuosas, em nome de um ego ferido e de um amor perdido.

Assistimos em primeira página ao anúncio do assassinato da Vida de uma mulher, e em simultâneo à confissão de Assassínio da Humanidade de um homem.
Os meus Pêsames aos dois, foi uma grande perda para ambos!