quarta-feira, 13 de maio de 2009

A Nossa Casa...


Hoje, foi um daqueles raros dias em que me deram umas saudades mortais da nossa casinha…

Lembrei-me de como, enquanto ainda namorávamos, dizíamos em tom de brincadeira, que os quartos de hotel, ou residenciais por onde passávamos nas nossas feriazinhas e escapadelas, eram as “nossas casas”… “a nossa casa em Sintra”, “a nossa casa em Porto Covo”, “a nossa casa em Zeist”, “a nossa casa em Utreque”, “a nossa casa em Lisboa”, “a nossa casa em Veneza”, “a nossa casa na Póvoa do Lanhoso”, enfim… tivemos uma bela maquia delas e em todas deixámos as nossas pequenas recordações.

Mas, quando chegou a vez de termos a nossa própria casa, desta vez MESMO nossa, e quem sabe para sempre. Escolhemos o nosso pequeno apartamento, de janelas altas e espaços amplos… e depois, perdemo-nos na decoração da dita… e tu, tu perdeste a cabeça, medida e a conta com o número de vezes, que nos “enterramos” no IKEA. A “nossa casa IKEA”.

Os amigos foram dando umas peças, para acrescentar à decoração, nós colocámos as nossas próprias… as máscaras de Veneza, as velas da minha perdição e todas as fotos e recordações dos sítios, lembranças, pessoas queridas e amigos que guardámos. Depois veio a menina e foi a “febre” da decoração do seu quarto de bebé… os ursinhos, as tulipas, os véus, a caminha… o dilema dos tapetes!

Engraçado como nos prendemos a estes pequenos pormenores, recordando as nossas “esbutenadelas”, com tanto carinho como quem recorda um amigo ou alguém especial.

Tive saudades do porta-retratos digital, prenda de grandes amigos, conhecedores das minhas taras por fotografia e lembrei-me de o mandar trazer para cá… afinal de contas sempre daria para matar saudades de pessoas e sítios e lembrar com carinho o nosso caminho! Mas depois, achei melhor não! Não quero tirar nada da nossa casa! Porque assim tenho a ilusão de uma certeza, que acabaremos por voltar para lá. Não dá para perceber, eu sei!

No fundo a “nossa casa em S. Miguel”, também já é nossa e acabei por dar o meu “toque” e o vosso “cheirinho” a este nosso novo lar.

Não costumo ter saudades de coisas materiais, mas as coisas que fomos juntando, os nossos “tarecos e pechisbeques”, acabam por ser tanto de emotivo, como de material.

Acho que não se esquece nunca a compra da primeira casa e a aquisição de uma nova forma de independência. E agora, se me permitem, acho que me vou deixar continuar com estas minhas saudades mortais, afinal de contas, tenho direito a elas…