terça-feira, 2 de junho de 2009

Parabéns Desbloqueados...


Na semana passada a minha filha fez um ano e eu não fui capaz de escrever uma palavra acerca do assunto…
Problemas informáticos aparte, acho que tive aquilo a que chamam um “bloqueio emocional de escrita”. Ainda hoje, e passados quase sete dias de tal memorável e significativo acontecimento, me vejo em travessas meias e linhas retortas para escrever o que quer que seja com jeito e algum sentido acerca do assunto.
Fiquei secretamente furiosa comigo mesma por ter deixado fugir a oportunidade de ter escrito algo em forma de elogio aos acontecimentos deste primeiro ano de vida da minha filha, a quem tanto devo em crescimento, amor e bom senso!
Ao longo deste primeiro ano de vida dela aprendi que um choro incansável muitas vezes só pede conforto e protecção, mas às vezes também pede alimento e uma troca de fralda. Aprendi que o meu sono, não é mais importante do que os seus sorrisos tímidos e que qualquer novidade nas suas aprendizagens e capacidades. Aprendi que posso ser linda e magnífica da mesma forma com ela ao colo do que sozinha e carregada de roupas da última tendência da moda. Aprendi que ela sabe bem mais o que é amar, do que eu alguma vez saberia sem ela! Com as primeiras doenças da minha filha, aprendi o que é a humildade e a consciência de que às vezes há razões que a própria razão desconhece… pela primeira vez senti o meu coração pequenino e apertado, de tal forma que me fazia sufocar só com a ideia de ela sofrer. Com a minha filha eu aprendi ao longo deste intenso ano, que não se pede amor, o amor dá-se e recebe-se. Aprendi que um filme, um balde de pipocas ou um concerto não é nada em comparação com as suas primeiras gargalhadas, passos, travessuras, aventuras. Com ela aprendi o que é o medo, aquele de que nos esquecemos e que todos sentíamos quando éramos pequeninos e por ela aprendi a vencê-lo. Aprendi a engolir o orgulho e a pedir ajuda. Aprendi a falar, mesmo com quem ainda não fala, aprendi a olhar para as outras crianças, como se fossem a minha e com isso aprendi a ser uma melhor mulher, mais madura e menos fútil.
Pela minha filha mudei num ano a minha vida, como não mudei em 20! Com ela percebi que não há razão para maus-tratos infantis, nem faltas de paciência agressivas dos pais, nem violentas tareias que em nada ajudam.
Com a minha filha eu vi e senti o que é o amor de uma mãe… que luta contra tudo e todos se for preciso pelo bem da sua cria! Pela minha cria, eu tornei-me em alguém, que começo agora a conhecer e reconhecer, mesmo em feitios e feições, que pensei não existir em mim.
Parabéns para ela, que não consciente destas mudanças é o móbil de todas elas e o motor de arranque de todos os meus dias. Parabéns para mim, que sobrevivi com sanidade ao primeiro ano da minha primeira maternidade, às mil e uma “bouçadelas”, às trinta mil trocas de fraldas, às centenas de noites sem dormir, às dezenas de consultas no pediatra, às aventuras de sopas e leites e papas para bebés, às trezenas de mudas de roupa por semana e a um dia-a-dia exigente, mas profícuo, que é o mais comum dos dias, na vida de uma mãe!
Um ano pode não parecer nada na vida de alguém, mas acreditem se quiserem que neste ano, vivi como em 30! Ainda assim valeu a pena… Parabéns filhota… um dia lês isto e saberás que tudo o que sempre fiz foi por ti e para ti! Musa dos meus dias, maravilha da minha vida, obrigada por me deixares ser tua mãe… Tu és sem dúvida alguma o melhor texto que alguma vez escrevi!

Taras e Manias, Obsessões e Teimosias...


Há muito quem tenha grandes taras, mais ainda há, quem possua mil e uma manias. Obsessões, há alguns que têm, mas aquilo que mais se vê no mundo, não passam de valentes e pesadas teimosias. Há, no entanto, quem lhes teime em chamar: valentia, orgulho, persistência… e a teimosia, bem lá no fundo nasce sempre de algo com algum bem camuflado: a crença de que se está a tomar a decisão certa, que estamos a ser fieis a nós próprios e que não vamos deixar cair por terra as nossas ideias… determinação.
A teimosia bate o lado lunar, na altura em que deixa o indivíduo teimoso, sem um pingo de racionalidade ou pesar, e o força a não arredar pé, mesmo quando tudo lhe diz e mostra que está errado, que não tem razão!
A teimosia, tem vários graus, tem vários modos e diferentes manifestações… mas basta olhar para o lado para vermos às vezes, o maior teimoso do mundo!
Hoje, quando estacionava o carro no parque de estacionamento vi uma senhora, claramente transpirada, sob os 17 graus amenos, que se faziam sentir, a agarrar o volante como se de uma bóia salva-vidas se tratasse, insistindo em estacionar o seu maravilhoso jipe grand “grande” Cherokee num lugar de estacionamento mínimo, onde nem eu me atrevia a estacionar a minha caixinha de fósforos… mas ela virava o volante e vinha à frente, e voltava para trás e os faróis dos dois carrinhos de lata prateada, que lhe ladeavam o espaço de estacionamento já pareciam encolher-se com medo da pancada eminente e potentosa do pára-choques daquele bólide tão possante.
Eu segui caminho, percorri mais cinco metros do que ela, mas estacionei nas calmas. Fiz as minhas comprinhas, almocei, ainda tive tempo de arranjar as unhas e quando voltei… surpresa das surpresas… lá estava ela… mas desta vez acompanhada, pelo segurança do shopping, que olhava de mãos na anca para o pobre twingo de focinho amassado, encostado ao behind do Cherokee contrariado, e atravessado no meio da faixa de rodagem. Teimosia, ó Teimosia, do que vales a estes espíritos, que na esperança de poupar uns cinco metros se envolvem em problemas desnecessários, trazendo dores de cabeça e contrariedades aos outros, que lamentavelmente inocentes se deambulam por tais caminhos azarados!
Mas este foi um exemplo da teimosia, no seu nível mais trivial… mais refinada teimosia pude ver ontem nas palavras e exercício de retórica pura e dura na boca dos Bastonários da “Nossa” Ordem de Advogados, que teimando para um lado, teimando para o outro, com menor ou maior educação, pior ou melhor simpatia, fizeram do Prós e Contras na RTP1, ontem à noite palco dos seus bate testas sem sentido, em nada produtivo a não ser no reacender de uma fogueira de novas e ainda mais refinadas teimosias…
Eu cá, sentadinha deste lado do ecrã… escrevo por teimosia, tenho a tara das carteiras, mania das simetrias e obsessão pelo amor. Não se pense por isso, que me pinto aqui imaculada da minha dose de teimosia, mas quando vejo semelhantes graus de teimosia alheia, não posso deixar de pensar nos meus como “peanuts”. Fraquinhos, fraquinhos, em manifestações ideológicas neutras e familiares, ou questões do quotidiano, que me serve.
Mas isto da teimosia tem muito que se lhe diga, lá isso tem, é que às vezes parece que dizem, nasce com as gentes, até mesmo nas mais “piquenas” acções de bebé em forma de uma, na minha opinião, mal interpretada teimosia! Veja-se só que no outro dia fui alertada para o facto de a minha filha, agora com 12 meses, ser muito “teimosinha”… quando ao participar numa popular troca e exercício de rouba de chuchas entre bebés da salinha dela, trouxe um deles de rastos, só porque a chucha insistia em continuar presa ao fatinho do outro… “Pobre alma teimosinha”… ou será mesmo determinação?! É que neste caso não há razão que lhe valha, porque para ela… o objectivo foi cumprido, as perdas e danos não os sabe ainda avaliar.
Nos adultos, a determinação, não pode ser confundida com a teimosia, porque a teimosia começa, quando a razão nos deixa… daí que eu diga, que escrevo por teimosia e não por determinação… não há razão que me valha nesta minha ardilosa tarefa… mas eu teimo! E teimo…
Ponto assente, claro está, esta minha teimosia não prejudica ninguém… não há-de trazer ninguém de rastos, barafustando contrariado… mas há teimosias que ferem e há teimosias que matam… e essas sim são aquelas víboras perigosas que eu gostava de evitar no meu caminho!
Na semana passada, num fórum de comentários a uma notícia de jornal publicada a respeito do caso “Sandra/Alexandra – A menina Russa”, alguém insistia em fazer prevalecer a sua ideia em detrimento da ideia de todos os outros, mas a troca de argumentos era tal, que da razão se passou para o insulto num ápice e é desta teimosia que eu tenho medo… da teimosia besta, que não nos permite ouvir os outros, dar-lhes até alguma razão em parte e enriquecer o nosso leque de possibilidades através do intercâmbio de ideias, vivências e experiências… ou então, não aceitando de todo a opinião dos outros nos leve a uma motivação de prova e comprovação de factos em jeito de arremate final e “touché”!
Já dizia o outro “ Taras e Manias, você vem p’ra mim…”, ao que eu acrescento, “mas deixe lá de lado, essas teimosias sem fim!”. – É como a minha mãe sempre disse: Pior burro é aquele que não quer aprender!