quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A propósito dos amigos… a falácia das redes virtuais! - no AO

(hoje nos Açores é Dia de Amigos!!!)
As redes sociais foram criadas sob o propósito de nos “aproximar das pessoas de quem gostamos”, de nos permitir com maior facilidade e sem sair de casa “ajudar a partilhar e comunicar com as pessoas que fazem parte da nossa vida”. As redes servem para nos sentirmos próximos dos nossos amigos, coleccionando-os por foto no “livro das caras”, anexados a gostos literários, de filmes, de locais, de acontecimentos e de mais uma mala cheia de coisas, mas a verdade, é que quanto mais próximos estamos das “redes”, mais presos à falta de contacto real estamos. Eu sei do que falo, porque cedo me deixei encantar por aquele que foi o primeiro mecanismo de troca de “contactos” virtual, o ditoso IRC, ou mIRC, que nos fazia ficar horas, numa fila à porta da sala de multimédia da faculdade e depois mais uns tempos à frente do PC a “teclar” sob pseudónimos e personalidades virtuais, na esperança de “fazer amigos”. E “fazer amigos” no IRC foi coisa que, de facto, nunca fiz. Teclei muito, começando sempre pelo famoso “ dd tc?” e deixando-me alargar em “lol’s” sem fim e os famosos e tão actuais sorrisos “J”. A verdade é que, passado aquele primeiro amor de paixão pelo mIRC, logo me fartei e cedo percebi que os contactos “cara-a-cara” são muito mais reais e valiosos, ainda que nem sempre genuínos, os mais falaciosos são quase sempre mais fáceis de identificar em presença! A verdade é que a velha máxima do “não podemos viver com elas, não podemos viver sem elas” se adapta na perfeição à relação que nós, indivíduos do século XXI, estabelecemos com as redes sociais, uns mais para “fazer amigos”, outros mais para “procurar relacionamentos”, outros por puro prazer, lazer ou por “handicap profissional”. Bom, nem tudo é mau nas redes sociais, aliás a única coisa má, acho eu, é mesmo a falácia do princípio da sua criação, que nos induz a todos em erros fatais, como os de pensar que se consegue manter uma amizade só através da partilha na rede, ou que uma mensagem de aniversário no nosso mural, compensa a falta que faz um abraço ou cinco minutos na companhia de quem está no “catálogo” dos nossos amigos! Eu, que pertenci à, provavelmente, última geração que ainda brincou na rua até à noite, que andava de bicla pelo bairro sem supervisão dos pais, ou capacete na cabeça, sei o quanto me valeram essas aventuras de exposição social e interacção cara-a-cara, sem ecrãs pelo meio, nem tratamentos de imagem… e tudo a acontecer em tempo real, ao improviso. E agora, enquanto mãe, o meu medo é que estejamos a criar uma geração de futuros adultos, que nos digam que vão chegar atrasados a casa através de sms, com a mesma facilidade com que nos comunicam que vão casar ou ser pai através do facebook, e se esqueçam que os valores reais estão e estarão sempre acima dos virtuais, que a convivência de amigos não pode, nem deve nunca ser trocada pelo “chat” virtual, com risco de se perder a verdadeira essência do contacto humano e de cairmos na utopia de se pensar que a vida real é a paralela da virtual! E que a vida real é, à semelhança da virtual, tratada e pensada, comercial e “sempre como a gente quer”!
Amigo, que é amigo, não nos deixa mensagens no Facebook… passa antes lá por casa, faz o esforço, apanha frio e passa connosco uns momentos em amena cavaqueira, perguntando-nos como estamos e tendo tempo para ouvir a resposta! É que, enquanto estamos sentados à frente do PC, perdemos coisas reais, que podem ser bem menos polidas, ou menos tratadas esteticamente, mas também são mais genuínas, únicas, personalizadas e com fins bem mais lucrativos e menos comerciais!