quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tuning Out!


O projecto Rádio acabou!
Depois de três direcções de produção diferentes, de alguns rumos e muitas navegações sem rota, eis que mais esta página se virou!

Da experiência ficam muitas aprendizagens, algumas recordações felizes e uma confirmação:
Eu até posso não saber sempre aquilo que quero, mas sei bem demais aquilo que não quero!

E é isto, estou uma adulta feita... a caminho dos trinta, com aspecto de 18 e mentalidade de 40, se faz mó a muita gente?! Aposto que sim!
Se podia ser diferente?! Poder até podia... mas é como diz o outro: Não era a mesma coisa!

A quem me ouviu, acompanhou e apoiou em mais uma aventura: OBRIGADA!

Elogio da diferença - no AO

Lá em casa somos três, em tudo tão diferentes! O mais comum é que antes da hora do jantar, à custa da maldita da televisão, já esteja o caos instalado… ora porque um quer ver o jogo, ora porque outro não quer ver as notícias, ou porque a pulga, que já pensa que manda, acha que o Barney e o Noddy são os reis da programação em horário nobre da TV. Isto é só um exemplo, de muitas das diferenças que pululam num mar de divergências diárias lá em casa. Ele só gosta de um par de sapatos, eu gosto de ter sempre mais um do que mil, ela só gosta de andar descalça. Mais de metade do guarda-roupa é meu e o que resta, é das trilhentas camisas dele, todas nos mesmos tons. Já perceberam que lá em casa as coisas não seriam propriamente fáceis se não convivêssemos todos pacificamente ao som de um “I say tomatos, you say tomátos”…
Existem muitas vantagens em aprender a conviver bem com as diferenças, nomeadamente ficamos mais ricos, mais conhecedores de várias coisas, que por nossa livre e espontânea vontade ou iniciativa, provavelmente, nunca teríamos vindo a conhecer. Outra coisa boa de conviver com pessoas diferentes de nós, é que essa convivência e o processo de aceitação são garante de quebra de monotonia.
Eu gosto de doces, ele de salgados, ela de tudo. O que se passa lá por casa é um mini retrato do que representa a nossa sociedade um “melting pot” de diferenças de gosto, de atitude, umas vezes mais culturais, outras mais individuais.
A vantagem de se lidar com a diferença é que a própria aceitação da mesma faz de nós pessoas mais adaptáveis, mais flexíveis… um pouco como a água, que se vai adaptando ao caminho, mas ainda assim conseguindo sempre deixar a marca da sua passagem.
“O que seria do mundo se todos gostassem de amarelo?”, ouvimos nós com frequência. E a questão é mesmo essa, o segredo para a resolução de conflitos, tensões e celeumas, que surgem da existência de diferenças ou divergências é esse mesmo: é que ninguém precisa de gostar da nossa diferença. Basta que a aceite. E assim, num gesto de modernidade e inteligência tão simples como este, a tolerância, se teriam evitado guerras e mortes e mágoas… tanta mágoa, dor, vergonha e trauma advém desnecessariamente da não-aceitação da diferença! Toda ela, perfeitamente evitável, com uma boa dose de aceitação, tolerância e respeito.
Mas a questão da dificuldade na aceitação da diferença ou no exercício da tolerância é mesmo a parte do respeito, pois numa sociedade em que vigora uma nítida ditadura do “Chico-esperto” é difícil fazer as pessoas perceber o verdadeiro valor do respeito… na rua, no trabalho, em casa! Lembro-me a propósito disso de um conselho, recomendação, que a minha mãe me segredou no dia em que me casei… é que o segredo de um casamento feliz, não assenta só no amor e na paixão, que são passíveis de erosão do quotidiano, mas sim, no respeito. No aceitar e tolerar de diferenças naturais, que surgem inevitavelmente ao longo do tempo e que sem respeito não serão nunca ultrapassáveis, toleráveis ou passíveis de resolução. Porque respeitar não quer dizer que tenha que se gostar, ou concordar, mas prova que somos capazes de ter “jogo de cintura” suficiente para driblar a bola da vida, sem termos que nos vergar. Se é difícil respeitar sempre tudo e todos?! “Nim”! Umas vezes mais do que outras, mas na maior parte das vezes, esse será mesmo o melhor caminho a seguir. A diferença enriquece-nos enquanto seres humanos, unidos todos por qualidades de ser. E agora digam-me lá, se o maior elogio que se pode dar alguém é ou não é um simples: “ Tu és única/o”?! Eu não me cansarei nunca de o ouvir, e no dia, em que me deixarem de o dizer… então aí sim, preocupo-me, porque para além de aceitar a diferença, a verdade é que… eu gosto mesmo muito dela!