quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Filhos Únicos vs. Filhos Vários - 04.02.10 no AO


Consulta no Pediatra com a minha filha. Ela, 83 cms de energia pura ao rubro, com duas vacinas dadas, uma em cada pernoca, muita baba, muito choro, muito ranho e eu, transpirada, mas com um único pensamento consolador: “Boa! Agora só te picam outra vez quando tiveres 5 anos!”. Ah e tal, que estava muito bem a pequena... recomendações, apenas que tivéssemos cuidado com os acidentes e que lhe arranjássemos um irmão! AH?! Não Sr. Doutor, que não! Agora?! Nem pense! Talvez um dia, quem sabe... mais tarde! Ah, e tal, porque não é bom ser filho único! E eu... enrubesci! Mas não é bom porquê?! Eu sou filha única! E sou normal! Até à data... vá! “ Provavelmente fala sozinha.”. Resposta: “Não, escrevo!”. Risada, até breve, até depois, saudações e eu saio de lá com a nítida sensação que existe um complô armado contra os filhos únicos! Tá certo, a família fica mais pequena, por vezes os pais mais obsessivos, por vezes, as crianças mais egocêntricas, mas não acho que isso se aplique nem a tudo o que é filho único, nem a apenas a quem o é! Conheço tanto filho “repetido” mais bichinho narcisista, egocêntrico, egoísta e doidinho da cabeça, que conto pelos dedos “as belas e belos” que conheço “sem senão”!
Ora pois bem, em defesa dos da minha “espécie”, tenho a dizer que: Mito número um, todos os filhos únicos são egoístas! Eu, que por mim falo, até posso ser, por vezes e por uma questão de sobrevivência um pouco egocêntrica, mas controlo bem a fera sem necessitar de recorrer a medicação e egoísta só serei se for estritamente necessário, que às vezes também é. Mito número dois, os filhos únicos não sabem partilhar. E com base neste mito, conheço tantos filhos únicos que por hipercorrecção partilham até demais! Não é dado adquirido este da recusa da partilha! Mito número três, os filhos únicos são mimados. Bom, são aqueles que são! Assim como há muito filho não único que não sabe ele o que é outra coisa! E já agora, benefícios de se ser filho único: Não partilhámos heranças, por isso, não entrámos em disputas nem querelas familiares, não sofremos de traumas de irmão mais velho, irmão do meio, ou irmão caçula... e já agora, filho único que se preze, sabe bem que o silêncio é de ouro e a companhia é de prata, pois embora essencial, só tem valor se for digna de o ser.
E por favor, não me venham dizer para ter mais filhos! Juro que o próximo que me disser isso leva de troco a resposta: “Está bem, eu faço-lhe a vontade. E você faz o quê?! Muda-lhe as fraldas e dá-lhe de mamar?!”.