quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A P.D.I.


Ontem tive que tratar de uns assuntos no Cartório da Localidade. E como em todos os assuntos tratados nos serviços públicos... a coisa demora o seu tempo! Assim sendo, tive tempo para não intencionalmente, é claro, pousar o ouvido na conversa de dois cavalheiros dos seus sessenta aninhos e poucos! Um deles, agora reformado por invalidez, que se queixava das maleitas do seu enfarte e da recuperação lastimosa, apontando no entanto que actualmente as coisas estavam bem melhores e que em lugar de se ficar internado 3 semanas num pós operatório cardíaco, hoje em dia bastava uma! O outro, mais lento no andar, dando laivos de uma certa ironia de “Saturday Night Fever”, dizia que bem pior tinha sido a recuperação dele da substituição de um osso partido na anca, que ainda hoje o fazia gemer de desconforto todas as noites! E assim perdidos naquela troca de galhardetes queixosos da Brigada do Reumático, chegam à conclusão que aos 20 anos é que se estava bem! Ao que o idoso do coração diz: “Olhe... 20, 20 anos foi o que me disseram que durava eu... eu sei lá se duro tanto!”. O outro de olhar sisudo, rezingou que a ele nem 20 lhe deram... disseram-lhe 15, no máximo! Ao que o do coração conforta, com a seguinte amargura, bem própria da idade e da vida sofrida: “ Olhe que caraças, aqueles palermas garantem 20... mas mais que 20 não garantem eles, sacanas... A gente devia era provar-lhes que eles estão enganados! Vamos o Sr. e eu durar mais 40!”. E riram-se os dois! Eu ri-me com eles... foi inevitável!
Saí de lá com um sorriso discreto nos lábios e três certezas serenas na cabeça: quanto mais nos sentimos próximos da morte, mais nós desejamos viver e é bem verdade que as prioridades mudam com a idade! A terceira certeza foi que independentemente da idade, o atendimento público demooooora...