sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Balanço da Semana


Ora, contas feitas, continuo num emprego muito abaixo das minhas qualificações, mas que me dá tempo para a minha filha, leituras e escritos.

Continuo a escrever para o jornal.

Continuo a não desistir do Mestrado.

Continuo mãe babada a estragá-la com mimos e carinho, um triciclo novo da Kitty, nosso companheiro das viagens entre o carro e casa.

Continuo perdidamente apaixonada, inventando tempo para namorar.

Continuo um pouco desleixada no meu aspecto, porque a falta de motivação para vir trabalhar esta semana foi um continuum sem final.

Continuo a ter uma mãe e um pai, que me conhecem e me “lêem” à distância, sem sequer terem de me ver, ouvir ou ler!

Continuo crente de que a felicidade e o amor são as únicas coisas que dão sentido à vida e, finalmente, continuo crente de que o bem triunfará SEMPRE, mas apenas nos corações onde algum bem existe... e esta semana, descobri, que por vezes, descobrir um pingo de bem no coração de algumas pessoas, pode tornar-se uma tarefa hercúlea.
Enfim... continuo com o mesmo coração!

Quem me segue regularmente, que me conhece do blogue e das minhas Croniquices, talvez tenha notado esta semana em mim um tom menos doce, menos macio, menos positivo, um pouco mais contido e retraído... até um pouco mais violento em algumas tiradas sarcásticas. Pois, a verdade é que tenho andado a semana em processamento de informação de verdades e realidades indigestas, daquelas que só me fazem lembrar o tão célebre: “You want the truth?! Well, YOU CAN’T HANDLE THE TRUTH!”.

Pensei, pensei, pensei, pensei, tentei escrever, racionalizar, perceber, interiorizar, encontrar fundos de razão, motivos, desculpas... e nada... ainda assim o nó continuou aqui, o sufoco não me permitiu escrever, não há razão que explique, nem dá para perceber! Nunca conseguirei interiorizar, encontrar motivos talvez, mas aquilo que soube... a realidade que me atiraram para o colo, em tom de desabafo, confissão, segredo... para essa não há desculpa possível.

NUNCA, NUNCA na minha vida poderei encontrar desculpas para maus tratos infantis, negligências, abusos, incestos... não entra, desculpem, mas não entra! Não cabe neste coração a dor de imaginar a dor de uma mãe conhecendo a dor de uma criança de 3 anos ser abusada pelos dois irmãos menores de 8 e 11 anos, descobrir que foi esse o motivo porque foram institucionalizados, descobrir que o mais velho se droga, foge e possivelmente nunca mais gozará um dia da sua infância inocente junto da mãe, dos outros irmãos... do pai, que não o aceita, não o quer, não o ama, talvez nunca o tenha amado, mas que turvado pelo álcool, talvez nunca lhe tenha feito bem, senão precisamente o contrário. Não é uma vida, não são vidas, não pode ser real, não pode ser verdade...
Não consigo encaixar e tento... JURO que tento! Até porque me disseram que o coração ganha calo... mas calo de escritor não é sola de sapato!