quinta-feira, 20 de maio de 2010

Voa, voa...



Esta semente,
que eu carreguei comigo 42 semanas, exactas,
está a 7 dias de fazer 2 anos...
e eu...
eu estou a pontos de desatar a chorar!
CREDO, como o tempo voa...

HOJE no AO - "Os Crisulentos dos 500 Euros"

Quando eu ainda estudava no preparatório, lembro-me de ter participado na minha primeira manifestação. Lembro-me de envergar um cartaz onde se lia “Ó Leite, já estás a azedar!”. Lembro-me de ter pedido para me explicarem o sentido do cartaz. Lembro-me também do barulho, dos gritos, dos arrepios de pele de galinha e do orgulho nos olhos, quando os alunos do secundário e universitário, passando por nós nos aplaudiam e diziam: “Boa! Hoje é por nós, mas amanhã para vocês!”. Lembro-me de nunca me ter resignado com nada. Muitas vezes, nas aulas, aquando de uma explicação menos razoável nunca hesitei em perguntar, questionar, indagar, tudo assim, repetitivamente, insistentemente e exaustivamente. Lembro-me de ter escrito o meu primeiro texto publicado no jornal da escola revoltando-me contra o apelido da minha geração, lembram-se de nós?! A “geração rasca”?! Pois é... Já mais tarde, para o Jornal da Faculdade escrevi outro, acerca do nosso novo epíteto, “geração à rasca”! A geração “aflitinha” para terminar o curso, “aflitinha” para pagar as propinas, “aflitinha” para arranjar emprego! E hoje, ganhámos novo título: o da “geração dos 500 euros”. Vocês sabem quem somos... aqueles, que queimaram pestanas anos a fio, resistiram a tudo o que foi alteração de planos curriculares, provas e pagamento de propinas! Nós somos os licenciados que pagaram os estudos com o suor do trabalho dos nossos pais, aqueles que queriam para nós “ um futuro melhor do que o deles”! Nós somos os que cresceram sem telemóveis, com direito a carteirinha para trazer o passe dos transportes públicos ao peito! Somos os que sobreviveram aos “andarilhos” e à violência escolar, que na altura não se chamava “bullying”, mas “a força dos mais fortes” e que nunca mostrámos medo perante a régua de madeira pousada na mesa da professora! E agora?! Agora quem somos nós afinal?! Agora... agora somos os “temporários”, os recibos verdes, alguns mais verdadeiros, outros mais falaciosos, somos os funcionários públicos sem regalias. Os idealistas. Somos a geração que se endivida por 40 anos para comprar casa, pelo menos 4 anos para comprar carro e que acaba por não saber nunca o que o amanhã trará!
A “geração dos 500 euros” é uma geração letrada, sim senhor! Sabe de História, Filosofia, Direito e Literatura Medieval, fala pelo menos 3 línguas na perfeição e parte-se do princípio que saiba ler pelo menos mais 3. É uma geração cheia de “conhecimentos de informática na óptica do utilizador”, possuidora nata de talentos sociais, “boa capacidade de trabalho em grupo” (que remédio!) e com carta de condução! Uma sociedade onde, supostamente, a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres vigora e onde quem espera, sempre desespera!
Mas nós somos mais do que isso: somos os professores de matemática em caixas de hiper-mercados, os filósofos de 30 anos que nunca tiveram um primeiro emprego, as professoras de português, que querendo local fixo de trabalho se dedicam à prática administrativa e os historiadores, que sabendo datas e factos de todos os livros, alguns de cor, nos indicam prateleiras e estantes em tudo o que é FNAC!
Bem sucedidos, também temos alguns, os senhores doutores cujo pai era do ramo e o empregou na Clínica, o dentista amigo, que “pediu emprestado” para montar consultório, os eternos “trolhas de canudo”, que vão pulando de obra em obra, qual marinheiro de porto em porto. Somos a geração da canção do “coitadinho”, destinados às constantes “dietas da crise”! A nossa geração é talvez das mais ambiciosas de sempre, pejados de sonhos, inundados de histórias de finais felizes “á la Hollywood” e “à la Disneyworld”, mas a quem melhor se aplicará a velha máxima de que, no fundo, no fundo, a única verdade, verdadinha é a de que, quem se lixa é única e simplesmente sempre o mesmo... o pobre do “mexilhão”!

O namoro acabou...


... estes já vêm a caminho!

Entre nós é assim...


... a fotografia ou fica bem à primeira, ou não fica de todo!

Nós não somos muito chegados à paragem do momento para o registo “kodak”, mas eu, principalmente, gosto de guardar registo dos momentos! Ultimamente, e por uma questão de facilitismo tenho-o feito com o telemóvel, mas adorava ser capaz de nunca me esquecer de carregar a bateria da máquina fotográfica... coisa que não sou! Eu até a trago na carteira, com cabos e tudo, mas quando chega a hora “h” há sempre algo que falha!
No entanto, uma coisa em que eu reparo e que não deixa de ser irónico é que, os fotógrafos mais incautos, inexperientes e emotivos, como eu, caem frequentemente na tentação do “pára, pára aí e olha lá para a câmara”! O que não deixa de ser um contra-senso, pois se é a alegria do momento que querem apanhar, a mim tiram-ma logo toda com o meu pânico de “será que vou ficar bem na foto?!”.
Mas aqui entre nós, é como eu sempre digo, nem sempre a felicidade está na maior perfeição. Às vezes, as fotos mais bonitas são as mais imperfeitas e às vezes, os momentos mais perfeitos são os que não permitem sequer o tempo para a foto.
Este fim-de-semana foi assim, para nós, quase perfeito! E essas foram tiradas logo a seguir a um bom almoço de cozido das Furnas, no nosso jardim preferido no Hotel, com umas companheiras fantásticas, muito queridas e que tornaram este dia muito, muito mais feliz!