quinta-feira, 10 de setembro de 2009

...o meu reino por um poeta!


Presos por laços semânticos os termos Prosa e Poesia andam de mãos dadas com os conceitos lirismo e prosaísmo. O lírico e o Prosaico opõem-se em semas e em temas. Como tudo na vida, a própria vida em si, pode ser vivida em prosa ou em poesia! Ou seja, temos momentos na vida em que oscilamos entre o prosaico e o lírico, mas na essência a nossa própria vida só poderá ser uma das duas!
Há pessoas que são prosaicas, dadas a longas prosas e a longos discursos articulados, sem actos, nem factos de grandes “versologias” e há pessoas que tornam a sua própria vida num autêntico acto de esforço poético, com grandes rimas, topos e estruturas sistémicas ora de verso livre, ora de verso “preso”.
Conheço histórias de vidas que dariam autênticas epopeias, enquanto outras não passariam de uma alegre quadra S.Joanina, simples em ideias e versos, mas ricas em conteúdo e emoção. Porque não se pense que a grande felicidade só está nas grandes obras poéticas. Assim, como nem tudo o que tem conteúdo se escreverá em grandes romances. Por vezes, a sintetização de um conto é o cúmulo do poder da representação!
Eu, sou uma pessoa lírica e ainda que por vezes me sujeite a uma prosa, que escrevo com ligeira facilidade, tenho em mim guardados a sete chaves os verdadeiros lirismos, que dão cor à minha vida!
No meu sangue, a poesia corre em gotas, torrentes de gotas, que me enchem as veias e que por ser tanta, se escreve, aparentemente em prosa! Mas no final dos meus dias, aquilo que quero é ler na minha vida, a minha melhor “proesia”!
Para uns “amor é prosa, sexo é poesia”, para outros “campanha é poesia, governação é em prosa”! A prosa, para mim não existia sem a poesia, nem a poesia sem a prosa. Assim como não existiria bem sem mal, nem branco sem preto. Mas se me perguntarem onde está “o sublime”, terei que dizer, que em nenhuma das duas, senão que está na junção das mesmas... porque o melhor poema continua a ser, aquele que foi escrito em prosa e a melhor prosa, aquela que foi escrita como pura poesia!
E agora, perguntam vocês, mas porquê tanto trocadilho?! Porquê este banho literário de dialéctica de estilos... e eu respondo... porque sinto a poesia na minha vida a falecer e por momentos pensei, que “trocava a minha vida por um dia de ilusão”, quando me apercebi, que a minha vida está já ela cheia e plena de dias de férteis ilusões.
Não quero só prosaísmo, por favor recita-me um verso, de vez em quando ao ouvido... basta de prosa, quero um dia de poesia!

Nível Pai!


Num dos títulos de revistas com bebés na capa de hoje, li em letras maximizadas: “9 vantagens de ser mãe”! Fiquei curiosa, (objectivo cumprido da parte da maximização das letras), ainda que na verdade apenas pelo facto de não saber quais as nove que seleccionaram... só porque eu, assim de repente me lembro de bem mais do que nove!
Mas a par dessas e porque nem tudo na maternidade são flores e ursinhos, também me consigo lembrar assim de umas quantas desvantagens de se ser mãe. Principalmente de o ser, como eu, e estou certa que muitas outras mães e pais o são, sozinha! Entenda-se sem o apoio da família e alguns amigos ou sequer conhecidos por perto! Que, se hoje em dia já vamos começando a ter um par ou outro deles, dos amigos e conhecidos, leia-se, de início não tínhamos nenhuns por perto... o que nos levou a sentir muitas vezes: verdadeiros pais ilha! Assim, desde que a minha repolhita nasceu, nós, pai e mãe, enquanto casal, não sabemos o que são sessões de cinema, nem grandes concertos ou festas de dance. Não sabemos o que é estar de papo para o ar na praia horas a fio, de olho cerrado a passar literalmente pelas brasas! Também já não sabemos o que é um jantar a dois ou uma saída romântica sem horas nem preocupações alheias aos dois! Engraçado como já não me consigo lembrar da última vez que entrei num bar ou numa discoteca para dançar a noite toda ou encher-me de produtos tóxico menos lícitos! Da minha parte, já não me lembro do que é beber mais do que um copo de vinho branco, acompanhado de um bom jantar... tudo porquê?! Porque não me posso dar ao luxo de ficar de ressaca, ou mal disposta, ou na ronha... porque a minha filha só nos tem a nós no dia seguinte e não tem culpa da mãe ou o pai estarem cansados da borga!
Por vezes, e porque não nos esquecemos nunca, apesar disto, que somos um casal, tentamos ir jantar e levá-la, o que acaba em uma das três hipóteses seguintes: 1. Somos interrompidos por uma birra monumental dela; 2. Ela fica aborrecida e perdida de sono e andamos a jantar a meias e a ficar cada um com ela à vez; 3. Ela adormece e raras vezes temos um jantar sossegado em tom de surdina!
Outra coisa que não é fácil é tentar levá-la a jantar connosco naqueles restaurantes mais “in”, de tendência mais intimista, que se não são assumidamente anti-bebés, também não fazem por não sê-lo, porque por vezes, nem uma cadeira de refeição para crianças têm...
Numa tentativa desesperada da nossa parte, para recuperar algum romantismo, por vezes metemo-nos os três no carro e vamos até ao drive-in do Mac’Donalds e, se a coisas correr bem, das duas uma, ou comemos a refeição no carro em frente à praia com ela a dormir na cadeirinha no banco de trás... ou a deixamos empanturrar-se de batatas fritas, para nos esquecermos por minutos de que ela está ali!
E agora perguntam vocês, casais sem filhos ou alminhas “amaternais”... mas se isto é assim, porque é que alguém no seu perfeito juízo quererá ter mais que um filho!? É que à primeira, cai quem quer! (...)
E eu digo-vos, que à segunda quem quer cai! A verdade é que as 9, ou mais vantagens de se ser mãe compensam em muito essas “desvantagens” e “once you go dad, you never go back”! É como a passagem para um outro nível, como comentava ontem o meu mais que tudo: “Eu já estou no nível Pai, agora não volto atrás!”...

Croniquice 10ª - 10.09.09 - A Equação do Amor


Homem ama mulher. Mulher ama homem. Casam, vivem juntos e são felizes para sempre! Neste problema simples, de resolução aparentemente banal, faltam todas as variáveis, que tornam esta, mais uma, das grandes equações problema da vida humana. É que homem ama mulher, e mulher ama homem, mas muitas vezes não são o mesmo homem ou a mesma mulher, que um ama, ou que é amado! Em semelhantes silogismos, de crescimento exponencial ou linear, muitas vezes é a matemática que nos trama, quando um mais um é igual a outro, ou mais dois ou três! Homem ama mulher, que é esquisitinha que se farta. Mulher ama homem, que é um zero à esquerda e não ajuda em nada! Ou, mulher ama homem, que gosta muito de amar, mas é outras mulheres! Ou homem ama mulher, que não sabe o que é amor! Como estas haveria muitas outras suposições e variáveis ao problema simples inicial! Diziam-me no outro dia, assim em género de confidência, que o amor era só início, quando eu sempre julguei que ele seria um fim! Linhas tortas e travessas meias, levaram o amor para o primeiro lugar e dos fins se fizeram princípios e os princípios desvirtuaram-se! O amor agora anda nas ruas, nas travessas da amargura e está em vias de extinção natural, segundo consta, pois agora é tudo mais do que artificial! Já não há um “Amo-te” e basta! Não... tem que haver sempre um mas... “Eu amo-te, mas... as coisas não são fáceis!”, ou pior, quando um amo-te não tem sufixo, mas prefixos ajustáveis... “Ah e tal... estou num momento complicado, não sei bem aquilo que quero, mas Amo-te!”. E assim andam os corações deste país com bolsos e cabeça em crise, coração apertado e perdidos do sentido da vida. Desculpem se não sei falar da forma como este sentimento é tratado e abordado nos dias de hoje sem ironia ou sarcasmo, mas quer-me parecer que daqui a uns anos, com tanta falta de experiência instintiva na matéria acabarão os nosso filhos a par da Educação Sexual, por ter aulas e disciplinas de Educação no Amar! Não se ensina a amar alguém, ama-se e já está. Não se explica nem quantifica este sentimento, que nasce naturalmente e sem se saber bem porquê e a única forma de conjugar o verbo e realizá-lo é mesmo fazendo-o no gerúndio... amando!