quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Nível Pai!


Num dos títulos de revistas com bebés na capa de hoje, li em letras maximizadas: “9 vantagens de ser mãe”! Fiquei curiosa, (objectivo cumprido da parte da maximização das letras), ainda que na verdade apenas pelo facto de não saber quais as nove que seleccionaram... só porque eu, assim de repente me lembro de bem mais do que nove!
Mas a par dessas e porque nem tudo na maternidade são flores e ursinhos, também me consigo lembrar assim de umas quantas desvantagens de se ser mãe. Principalmente de o ser, como eu, e estou certa que muitas outras mães e pais o são, sozinha! Entenda-se sem o apoio da família e alguns amigos ou sequer conhecidos por perto! Que, se hoje em dia já vamos começando a ter um par ou outro deles, dos amigos e conhecidos, leia-se, de início não tínhamos nenhuns por perto... o que nos levou a sentir muitas vezes: verdadeiros pais ilha! Assim, desde que a minha repolhita nasceu, nós, pai e mãe, enquanto casal, não sabemos o que são sessões de cinema, nem grandes concertos ou festas de dance. Não sabemos o que é estar de papo para o ar na praia horas a fio, de olho cerrado a passar literalmente pelas brasas! Também já não sabemos o que é um jantar a dois ou uma saída romântica sem horas nem preocupações alheias aos dois! Engraçado como já não me consigo lembrar da última vez que entrei num bar ou numa discoteca para dançar a noite toda ou encher-me de produtos tóxico menos lícitos! Da minha parte, já não me lembro do que é beber mais do que um copo de vinho branco, acompanhado de um bom jantar... tudo porquê?! Porque não me posso dar ao luxo de ficar de ressaca, ou mal disposta, ou na ronha... porque a minha filha só nos tem a nós no dia seguinte e não tem culpa da mãe ou o pai estarem cansados da borga!
Por vezes, e porque não nos esquecemos nunca, apesar disto, que somos um casal, tentamos ir jantar e levá-la, o que acaba em uma das três hipóteses seguintes: 1. Somos interrompidos por uma birra monumental dela; 2. Ela fica aborrecida e perdida de sono e andamos a jantar a meias e a ficar cada um com ela à vez; 3. Ela adormece e raras vezes temos um jantar sossegado em tom de surdina!
Outra coisa que não é fácil é tentar levá-la a jantar connosco naqueles restaurantes mais “in”, de tendência mais intimista, que se não são assumidamente anti-bebés, também não fazem por não sê-lo, porque por vezes, nem uma cadeira de refeição para crianças têm...
Numa tentativa desesperada da nossa parte, para recuperar algum romantismo, por vezes metemo-nos os três no carro e vamos até ao drive-in do Mac’Donalds e, se a coisas correr bem, das duas uma, ou comemos a refeição no carro em frente à praia com ela a dormir na cadeirinha no banco de trás... ou a deixamos empanturrar-se de batatas fritas, para nos esquecermos por minutos de que ela está ali!
E agora perguntam vocês, casais sem filhos ou alminhas “amaternais”... mas se isto é assim, porque é que alguém no seu perfeito juízo quererá ter mais que um filho!? É que à primeira, cai quem quer! (...)
E eu digo-vos, que à segunda quem quer cai! A verdade é que as 9, ou mais vantagens de se ser mãe compensam em muito essas “desvantagens” e “once you go dad, you never go back”! É como a passagem para um outro nível, como comentava ontem o meu mais que tudo: “Eu já estou no nível Pai, agora não volto atrás!”...

7 comentários:

  1. Mesmo não sendo mãe, tenho a certeza que é como dizes: as vantagens compensam e muito as desvantagens, mesmo que em meno número (9?) a intensidade é infinitamente superior...

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  2. Só te vou dizer que me vieram as lágrimas aos olhos a ler o teu post tal é a sua profundidade. Fui Mãe sozinha, sem família à volta, por isso calcula as inúmeras coincidências que existem entre a minha vida e o teu post. Se voltava a ter um filho? Não, as responsabilidades são enormes e, como sou uma daquelas mães chamadas galinhas, às quais o sofrimento de um filho dói que se farta, não teria outro num mundo como este. Não por ter que abdicar de algo porque abdicar por um filho não é difícil, amamo-los demasiado para sentirmos faltar de seja o que for. BJS

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  3. espero que a pimpolhinha esteja recuperada da virose! as melhoras pra ela!
    pois é, há muitas desvantagens mas as vantagens são de derreter o coração. e sim, às vezes apetece aqueles programas a dois (até tenho familia que fica com ela) mas depois estamos os dois e sabe bem MAS... falta ela! já não vale a pena, com birra, sem birra... é ela agora o sal da vida;)
    beijocas

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  4. Bê: Acredita... não dá para descrever! Só vivendo mesmo! =)

    Brown Eyes: obrigada pela tua simpatia e empatia natural através das mútuas leituras que fazemos! É como tu dizes mesmo... mãe galinha sofre a dobrar! ;) Mais uma vez percebeste a essência do texto!

    art.soul: o sal e o açucar! LOL Um misto agradável de agridoce! É uma experiência maravilhosa! E é bem verdade o que dizes acerca do "estar bem juntos", mas depois "faltar ela"... já passei pelo mesmo, até porque mesmo estando sem elas, sabemos que não deixamos de ser mães delas! Não é?! ;)

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  5. Se um dia chegar a mãe, vou-me lembrar de tanto que já contaste e passaste... mas até lá continuo 'tia' :) Mesmo à distância! ;)

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  6. Concordo com o que a Brown Eyes disse, mas só até certo ponto... felizmente a vida permitiu-me a "volta por cima" e hoje tenho ao meu lado um homem maravilhoso (daqueles que eu pensava não existir) e que para além de estar a ser mais do que o pai que o meu filho precisava, fazemos planos para ter pelo menos um par de reguilas... MÃE sozinha por 9 anos, passando pela trissomia 21, terapias, consultas, médicos, exames, análises, colégio, escola, amigos, sociedade, etc... sou MÃE com "M" capital e perdoem-me o uso do caps... independentemente das escolhas ou acontecimentos do passado, os filhos são para toda a vida, assim como o referido estado da maternidade/paternidade...

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  7. Paula: Antes de mais sê muito bem-vinda ao cantinho! Obrigada pelo teu comentário e partilha e deixa-me desde já dizer-te que sinto esse M maiúsculo só pelo que escreveste... Parabéns pela tua coragem em começar de novo e felicidades nos teus projectos futuros... dá para sentir que estás no bom caminho! ;)

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