quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Metamorfose ( a minha, não a do Kafka) - no AO

Apesar de ser quase meia-noite, estou decidida… começo a escrever este texto com 29 anos e acabo de o escrever com 30. Sempre quero saber se lêem uma trintona de forma diferente!
Na verdade, desde o meu 25.º aniversário que me preparo psicologicamente para esta barreira. A barreira dos trinta! Não é uma barreira, diriam muitos de vós… pois claro que não, concordo eu. Mas hão-de concordar também que há uma série de estranhas coincidências associadas a esta idade… os trinta. Senão porquê, pensem comigo… no melhor dos cenários terei os mesmos anos de vida que tive até hoje e mais cinco até me reformar… isto, partindo do princípio utópico que me reformarei aos 65, ou ainda mais surrealista, que a “reforma” como a conhecemos ainda exista daqui a 35 anos. Depois, têm que concordar comigo que a diversão acaba definitivamente aos 30, porque se até aqui passei pelo menos metade da minha vida a brincar à grande, a partir de agora e até pelo menos por tempo igual e ainda superior a 5 anos, eu terei que me esfolar a trabalhar, para que outros possam “brincar”! Certo?! Certo.
A verdade é que o dia do nosso aniversário é só um dia, em tudo igual aos outros, que se não fosse pela lembrança da data no calendário, ou pela indicação da minha data de nascimento no B.I., me seria completamente indiferente, mais um dia, em tudo na mesma. Mas não… para mim os aniversários sempre foram motivo de celebração… pelas festas, pelas prendas, sempre tão desejadas, sempre tão inesperadas! Com os 25 isso decai. Já fomos a muitas festas, não precisamos da desculpa de um aniversário para fazer mais uma… não estamos à espera deste dia para nos darem aquilo que queremos, porque, em princípio, tudo o que queremos (e que nos poderiam dar), já é nosso, porque o compramos. Lembro-me do dia em que fiz 25 anos… lembro-me tão bem que assusta e também me lembro, de alguém muito importante para mim, me ter dito para me preparar, que a partir daí até aos quarenta era sempre a correr… e depois, dos quarenta em frente, era sempre a arrastar… as maleitas, as ciáticas, o reumatismo, os males da alma… culminando na bela da menopausa, que imagino ser quase como o ponto e vírgula na vida de qualquer mulher! Pode-se viver com tudo isso?! Claro que sim! Já se vivem todos esses males com mais qualidade?! Pois claro que sim… mas nem por isso custam menos!
Enfim, enquanto escrevo envelheço… mas não sou só eu… vocês também… e por falar em prendas, este ano o meu marido, jovial e querido como só ele, ofereceu-me umas botas excelentes para fazer caminhadas e escalada! Que eu usarei com orgulho para escalar (as escadas rolantes do shopping) e para caminhar (de casa até ao trabalho, do trabalho ao hiper e pelo fim-de-semana fora), como se não houvesse amanhã! Engraçado como as prendas que nos dão pelo nosso aniversário definem bem a altura da nossa vida… aos cinco recebi uma Barbie, aos doze um órgão, aos dezasseis uma guitarra, aos dezoito a carta, aos vinte uma jóia, aos vinte e um a viagem da minha independência, aos vinte e dois um estojo de pintura (oferta de uma “vaquinha” de todos os meus amigos), aos vinte e três não me lembro, aos vinte e quatro, também não e aos vinte e cinco… uma neura! Aos trinta recebi umas botas, e um desenho da minha filha, e um convívio com amigos e uma serenidade no saber, que finalmente, hoje, com trinta, já sei isto tudo… e que aos quinze, era apenas uma parvinha, preocupada com o top, a festa e as prendas, ignorando que o verdadeiro segredo da felicidade não está em ser jovem, admirada e bonita, mas em ser amada e valorizada e mais eu!
Por isso, hoje, não trocava este dia em que com trinta anos, verto uma lágrima ao ver a pintura das mãos da minha filha e sinto os pés quentes, pelas botas que trago e as costas confortáveis, no abraço caloroso do meu marido! Porque fazer anos é isto… acrescentar vida aos nossos dias e não, dias à nossa vida! E esta hein?!

De mim, para mim...


... e sobre esta, posso contar já uma história engraçada...

Ao vê-la, a minha filha (que repara cada vez mais nestas coisas), perguntou-me:

- Mãe, que dix aí?!

- Diz, que uma mãe entende o que um filho não diz!

Ela... de ar pensativo...

- Diz que gostas de mim?!

... risos...

- Sim, filha, diz que gosto muito de ti!

Ela, satisfeita, olha para o emblema do seu casaquinho e diz com ar doce a apontar para ele...

- E aqui diz que eu gosto muito de ti também!

Querem melhor prenda do que esta?! Não há!!!

E as prendas...

... pois claro!

A festa da minha trintice...


... seis amigos juntos a uma mesa, três casais com três meninas lindas. Uma mesa dos pais, uma mesa das "Kittys", um bolo que virou boneco de voodu, de tantas espetadas de dedinhos que levou e uma amena cavaqueira que nos tirou sono e neuras e cansaços! No final, a musiquinha que se impõe... três vivas à rainha e um brinde enternecedor aos "estrangeiros" nos Açores. Um convívio muito bom, mas que nos deixou de rastos na manhã seguinte... aqui ficam as fotos para partilhar e mais tarde recordar...


(A mesa dos pais)





(O Bolo)




(A mesa das Kittys)