quinta-feira, 2 de julho de 2009

Amor ao Tuga!


Ser português é ser tuga e ser tuga é um estado de espírito e um verdadeiro modo de vida!

Ser tuga é arranjar sempre maneira de furar a fila. Ser tuga é dar atendimento privilegiado aos amigos, e favorecer conhecidos. Ser tuga é só vestir roupas de marca, mesmo só ganhando 500 Euros por mês. Ser tuga é ser chamado de Doutor se se conduz um Audi, Mercedes ou Volvo. Ser tuga é falar alto e cuspir para o chão. Ser tuga é levantar a voz e depois a mão!
Ser tuga é ter orgulho em ser trafulha e pensar sempre, que as nossas trafulhices, apesar de melhores, nunca são tão graves como as dos outros. Ser tuga é roubar parafusos no supermercado e apontar o dedo a quem rouba vernizes. Ser tuga é comer cozido e ir dormir. Ser tuga é vender os produtos nacionais como sendo os melhores do mundo, mas só comprar os internacionais, vá-se lá saber porquê. Ser tuga é ir passar férias ao estrangeiro, só para sentir saudades de casa. Ser tuga é dizer que o estado vai mal, a sociedade é corrupta, mas fazer vista grossa a todos os delitos a que assiste. Ser tuga é nunca dizer que não a um Sr. Doutor, mas pensar sempre que o devia ter feito. Ser tuga é levar prendinhas aos médicos, bater palmas quando o avião aterra e comer pipocas ruidosamente no cinema. Ser tuga é ter atitude e estender a roupa toda à frente da janela. Ser tuga é estacionar em cima do passeio e amaldiçoar o outro porque o fez antes de nós. Ser tuga é gostar de tunning, mas só ter dinheiro para o Chunning! Ser tuga é ser trabalhador e ganhar uma miséria. É não trabalhar de todo e receber o mesmo. Ser tuga é ter muitos filhos se é pobre e um ou dois, se se é rico. Ser tuga é vender-se a si próprio como sendo melhor que o próximo, mas tendo sempre medo de não ser tão bom como o outro. Ser tuga é gostar de futebol, S. João, Sto. António, sardinhas e bacalhau. Comer cabidela ao almoço e rojões ao jantar.
Um tuga não janta fora ao Domingo, para poupar dinheiro, mas almoça fora durante a semana toda e vai ao café todos os dias. Ser tuga é comprar sempre um carro acima das suas poupanças e endividar-se até aos ossos para ter uma casinha, a que possa chamar sua.
Ser tuga é conviver à mesa a falar de comida, enquanto se come. Ser tuga é criticar ferozmente e depois não apresentar queixas. Ser tuga é não gostar e dizer: “Está bom, obrigado!”. Ser tuga já não é andar de fio de ouro ao peito e camisa branca aberta a mostrar o peito peludo, mas é trazer cabelo em pé e brinco de brilhante à Cristiano Ronaldo. Ser tuga é trazer o filho ao colo e o carrinho de bebé de 400 Euros ao lado. Ser tuga é roubar lápis no emprego, mas obrigar o filho a pedir desculpa por ter feito o mesmo na escola. Ser tuga não é trazer os filhos com trelas, mas dar-lhe com ela se eles se portam mal. Ser tuga é ter que ir para fora para se ser reconhecido e só depois ter algum reconhecimento no País, que nos viu nascer. Ser tuga é comprar roupa no Chinês, ir jantar ao italiano, ler livros de alemães, ver cinema americano, comer croissant francês e beber chá da Pérsia ou Inglês. Ser tuga é ler Margarida Rebelo Pinto, a “Maria” e desconhecer os Maias. Ser tuga é achar os Lusíadas uma seca, mas reconhecer Camões pela pala e citar o “perdigão”! Ser tuga é rir com os malucos do riso, mas fazer de conta que não se vê. É ver novela brasileira, copiar para a portuguesa e criticar a indiana. Ser tuga é negar tudo isso e fazer de conta que leu Saramago. Ser tuga é corrigir os erros dos outros e a seguir imitá-los.
Acima de tudo, para se ser tuga não se pode ser pontual. Um verdadeiro tuga pede “desculpe lá” por um atraso de 5 minutos, da mesma forma como pede por um de 1 hora!


Eu sou tuga, porque embora não carregue todas estas características comigo, as considero como normais da nação, que me viu nascer! Se gostava de ser outra coisa qualquer?! Isso não! Tão certo quanto ser tuga e gostar! Porque para além de tudo isto, ser tuga é conhecer o nome do vizinho. Ser tuga é cozinhar bem e comer boas carnes e beber bons vinhos. Ser tuga é dar beijinhos na cara, apertar as mãos e dizer “ó amigo”! Ser tuga é beber Sagres no Sul, Super Bock no Norte e Especial nos Açores. Ser tuga é ter sempre mais um lugar à mesa e vontade de receber. Ser tuga é ser capaz de fazer tudo, mas fazer de conta, que não se sabe fazer nada. Ser tuga é falar “protuguês”, com sotaque do norte do sul e das ilhas e ainda assim dar uns toques de “estrangeiro”, dentro do próprio país. Ser tuga é amar o seu país, mesmo sem o saber. É dar a volta ao mundo e esperar sempre voltar! Ser tuga é ter mar, rio, lago, lagoas, montes, serras, planícies e praias. Ser tuga é não ver koalas, nem cangurus, nem ursos, nem pinguins, mas ver andorinhas, priolos, vaquinhas, ovelhas e gaivotas. Ser tuga é acreditar em sonhos, ambições, persegui-los e depois escrever poemas. Ser tuga é amar em português e dize-lo em inglês, brasileiro ou francês. Ser tuga é viver em paz, não fazer bombas, mas morrer de amor! Ser tuga não é um karma é um modo de ser e viver!


Há muito quem diga, que ser tuga é uma vergonha, baixando os braços e abanando a cabeça. Ora, eu tenho é vergonha de quem é tuga e tenta esconder! O preconceito nasce à velocidade da luz, mas a mudança vem a passo de caracol. Haja tempo, vontade e paciência e eu acredito que a Tugolândia pode virar um Portugal de orgulho! Defeitos todas as nações os têm, assim como os seus habitantes, a mudança não está na crítica inactiva, está na acção da crítica! Por isso não me venham lá com merdas, que em bom português aqui fica a minha mensagem para os cépticos da Nação: não foram os velhos do Restelo que fizeram Portugal, mas talvez tenham sido eles, que contribuíram para o seu retrocesso! Tenho dito!