terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Pensamentos que moram na minha cabeça, numa 3ª feira de manhã!


São 10 e 20, já tomei café e comi qualquer coisa, portanto essa desculpa já não é válida para continuar no dolce fare niente de ler blogues e mails e não fazer aquilo que realmente tenho que fazer e para o qual me pagam... tirar uma resma de fotocópias de facturas e recibos e e guias, para enviar para a nossa Sede, porque aquelas abéculas são muito bem capazes de qual David Copperfield fazer desaparecer todo e qualquer documento importante e depois dizer que não enviámos nada e blablabla, nos Açores não se trabalha, e blablabla... enfim, mas enquanto me lembro disto só penso no poema do Pessoa “Ai que prazer não cumprir um dever. / Ter um livro para ler e não o fazer!”. Acho que às vezes levo demasiado à letra esta minha ociosidade prazeirosa, por vezes contento-me em pensar que é pela minha “veia artística”, que me leva a ser uma alienada das obrigações dos comuns mortais de sensibilidade artística zero e emoção de sola de sapato. Mas isso passa rápido, no exacto instante em que não encontro essa tal veia artística em lado algum, mas valeu os segundos que passaram! Ás vezes e no último momento sou invadida por uma pressa de vontade profissional e cumpro todos meus deveres de rajada, mas só para poder voltar ao ócio no momento seguinte!
Muitas vezes penso que só me sinto assim porque não estou minimamente apaixonada por aquilo que faço, mas tenho outras vantagens, que não a paixão, é claro. Tenho aqui relativa liberdade e quase nenhuma pressão e isso também é de valor, é quase como um casamento sem paixão, mas que nos deixa minimamente feliz, porque nos dá tempo e espaço para sonharmos com as nossas verdadeiras paixões, por muito ingrato e injusto que isto possa parecer. Estou a escrever este texto, pura e simplesmente para empatar tempo e não ter que me agarrar àquela maldita máquina fotocopiadora... Nos entretantos vou pensando que gostava de ir ao cabeleireiro hoje... arranjar cabelo e unhas, mimar-me assim tal e qual dondoca oca e feliz... mas tenho que ir às compras, porque não tenho carne em casa para a sopa da menina e depois tenho que ir aos Correios deixar a correspondência e provavelmente tenho que almoçar ou ir fazer o almoço, e ainda tenho que passar pela “Engomadoria” para deixar as cortinas novas da sala, para fazer bainha. Comprei-as ontem, para tapar 4 metros de janela... um par de linho e um par de cortinas castanhas, bem ao gosto do maridão! Mais uns tostões gastos o que me leva de volta à obrigação de ganhar mais uns tostões! Às vezes, este amor/ódio que sinto pelo dinheiro deixa-me num total estado de desespero, é como aqueles amores: “Can’t live with him. Can’t live without him!”. Bolas... tenho que ir trabalhar!