terça-feira, 28 de julho de 2009

(In) Felizmente (Im) Perfeita!


Ultimamente, e não sei se isto será próprio da idade, não há dia que passe, em que não pense na vida! Sim, isso mesmo! Assim... penso na vida! No quê em concreto, não vos consigo precisar de momento... penso em tudo e de tudo um pouco, e às vezes não penso em nada, mas ainda assim, sempre muito reflectida! Entre muitos dos assuntos que me vão passando pela cabeça, diariamente, nos dias que correm, há um que me ocupa especialmente, que se prende, com uma notícia que li em tempos, que dava conta da infelicidade das mulheres no tempo actual, que se devia, segundo fonte desse mesmo jornal, e baseado num estudo, ao feminismo! Penso que já terei comentado essa notícia, se não aprofundadamente, pelo menos ao de leve, algures nas minhas croniquices! Mas o que me preocupa, não é tanto que eles considerem que foi o feminismo que trouxe infelicidade às mulheres, mas que constatem, que as mulheres andam, de facto infelizes! E é engraçado, que mesmo quando achamos que tudo na nossa vida nos corre bem, guardamos sempre um pouco de nostalgia, ou um canto seguro no lugar dos braços da Infelicidade leve e ténue, que se abate sobre nós, como um manto de nevoeiro e que aparece, inexplicavelmente pelos motivos mais absurdos, algumas vezes mesmo, completamente infundados! Nessa altura, talvez levadas em mão pelas hormonas em festa, lá nos deixamos borratar de chocolate e doces e não há lembrança de espinha na testa, que nos prive de semelhante acto de loucura instantânea!
O que me tem levado a pensar, que se realmente as mulheres andam infelizes tudo isso se deve a um misto de efeitos tipo cocktail molotov, que nos é frequentemente atirado em braços! Já tive oportunidade de referir as pressões, que uma mulher se coloca a si mesma, assim como algumas das pressões, que a própria sociedade e a forma como está estruturado impingem à mulher! “Uma mulher deve ser magra, uma mulher deve casar, deve ser mãe, ser profissional de sucesso, ter queda para a cozinha”... e uma data de outros extras, que farão da Dona de Casa mais desesperada uma perfeita Stepford wife, com ar, cabelo, pose e tom de pele, mesmo ao jeito da Nicole Kidman! Mas a verdade é que não há mulheres perfeitas! Assim como não há homens perfeitos, nem sociedades perfeitas, nem crianças perfeitas e por vezes a maior beleza está mesmo, na maior imperfeição! Continuo até hoje, sem perceber, se tendo noção e plena consciência da não existência de todos estes artefactos supostamente perfeitos, porque é que nós continuamos incansavelmente em busca deles! Colocando a nossa felicidade em mãos de todas essas exigências e tentando fazer caber o nosso pé “medonho” e “gigantesco” dentro do mais formoso sapatinho de cristal!? Só para parecer bem na fotografia?! É que se é por isso, para além de não parecer NADA bem, só nos traz ainda mais infelicidade, frustração e miséria!
Não estou com isto, obviamente a fazer a apologia da imperfeição e do erro... mas se ele existe e é congénito, não há nada a fazer, senão aceitá-lo! Conheço mulheres para quem nunca nada está bem... e eu, em parte sou também um pouco assim, uma eterna insatisfeita! Só que se no meu caso, a minha onda de “infelicidade” me leva a remeter a votos de silêncio ensurdecedores para o mundo e catastroficamente sonoros e caóticos, dentro de mim, para outras é precisamente o contrário... tornam-se mulheres extremamente sonoras com os outros e profundamente silenciosas consigo próprias! Não querendo ser imprópria, nem generalista, nem infundada, mas provavelmente já sendo todas essas coisas juntas e mais algumas, parece-me a mim, que a infelicidade que mostramos ao mundo e o descontentamento que ele, mundo, lê em nós, demonstra apenas o desejo de reflexão, de uma voz e de uma opinião, que durante anos, séculos a fio, a sociedade nos negou! Daí, que, mulheres infelizes deste nosso Portugal, só nos cabe a nós trazer essa “infelicidade” a limpo, dar-lhe o devido luto e depois partir para a festa, que se esta vida são três dias, um deles o passado já levou!

Relatos da Princesinha que há em mim...


Quando eu tinha por volta dos meus 10, 12 anos... (sim, porque de resto irão perceber que não fui uma adolescente prematura), era devoradora e assídua consumidora de tudo o que foi filminho da Disney, lançado naquela altura em cassetes VHS, com dobragens em “brasileiro”! Gostava especialmente dos Contos das Princesas “Rainhas” da Disney, que contavam histórias de amores impossíveis e sem fim, tudo sempre com muita lágrima, contradições, mauzões e beijinhos com finais felizes à mistura! Consumi, talvez até mesmo exageradamente, tudo o que foi “Pequena Sereia”, “Bela e o Monstro”, “Aladino” e “Pocahontas”! Lembro-me de fazer sessões de cinema em casa dos meus pais, minha casa na altura, com um grupinho seleccionado de amigas, em que escolhíamos à vez a personagem que queríamos ser, o que nos dava direito a dizer as falas dessa mesma personagem ao longo de todo o filme! O filme mais visto, foi mesmo a “Pequena Sereia”, pois não havia quem não quisesse cantar sozinha, todas aquelas músicas a que a pequena protagonista, Ariel, tinha direito! Eu, que sempre primei por evitar confrontos, escolhia sempre uma saída mais airosa, ficava-me pelo caranguejo, Sebastião, que tinha quase tantas falas e músicas como a Pequena Sereia, mas não tinha tão bom aspecto!


E agora, perguntam vocês... “Olha lá, ó mulher, ficas uma data de tempo, sem escrever nada de jeito e agora vens práqui escrever de filminhos de Mikies, músicas da Ariel... tás a nanar, ou quê?!”, ao que eu, vos respondo: Tenham lá calma... passo a explicar, que já vi que o regresso de férias ou a falta delas, vos está a deixar muito temperamentais...


Então foi assim, que por volta das onze da noite, ontem, me deparei num dos canais TVCine... qualquer coisa, da nossa tão amada TV Cabo, com a exibição de uma verdadeira relíquia, que justifica, precisamente todo e qualquer devaneio a que me prestei agora e me prestarei ao longo deste textinho! Então não é, que aqueles benditos “macacos” estavam a exibir àquela hora, mais do que adequada, o filminho do Aladino! Não acreditam?! Vão ver à programação de ontem... Mas é verdade! E eu, que fiz eu?!


A. Mudei de canal, porque já vi o filme triliões de vezes.
B. Mudei de canal, porque já não tenho doze anos! Ou
C. Limitei-me a ficar colada à espera da minha parte favorita do filme e cantarolei a música que ninguém me deixava cantar aos doze, porque todos queriam ser ou o Aladino ou a Princesa Yasmin e eu me limitava a ser a voz do Génio da Lâmpada!


Pois, acertaram, vi o filme, cantarolei e mudei de canal, só quando a minha parte favorita acabou... sim, porque logo a seguir a essa parte vem a parte dos mauzões, que nunca fez muito o meu género! Irrita-me! Enfim... tudo isto para dizer, que só ontem tive noção da verdadeira ingenuidade que me possuía, quando eu via aqueles filmes... porque se aos doze eu acreditava piamente no amor daqueles dois, levado ao extremo e sonhando um dia, também eu voar num tapete mágico pelo mundo fora, com um ladrão de bananas do mercado mais próximo. Hoje, como mulher e como mãe, tinha dado uma tareia de cinco dedos cheios àquela tonta da Yasmin, por sair assim, naquele tapete mágico com um estranho, sem capacete, nem cinto de segurança nem nada!


Enfim... foi engraçado ter a real percepção de como as nossas ideias acerca do amor e das relações são imaturas e desfocadas em alguns momentos da nossa vida, limitando-nos muitas vezes a nível pessoal, ainda que inconscientemente, pois não há nada mais limitador do que sonhar ser Princesa e só conseguir ser um tímido, mas feliz e cantarolante caranguejo!