terça-feira, 11 de maio de 2010


Isto já começa a ser repetitivo, mas estou de volta! Depois de mais uma otite, uma suspeita de varicela, muita febre, muita birra, muita neura e rinohmer... enfim... depois de tudo isso e um feriado municipal, aqui estou eu outra vez! Já perdi a conta às viroses, já me rendi às evidências e agora consolo-me com dias como o de hoje... em que pura e simplesmente: não se passa nada!
Estou cansada a acumular maleitas de stress, que ora me dão dores no braço, ora nas costas, ora me aparecem negras inexplicáveis nas pernas... enfim... mais duas viroses destas assim de rajada e quem se “virosa” de vez sou eu!
A pequenita pobrezinha lá se vai aguentando e tendo em conta as febres e as dores da otite até que se porta muito bem... já na hora do antibiótico... Cruzes, nem é bom lembrar!
Por aqui estamos em semana do Senhor Santo Cristo dos Milagres, a festa das festas cá na ilha, e eu estou tentada a ir falar com o Senhor e fazer-lhe um pedido... mas ele deve estar cheio de trabalho e eu tenho para mim que ele não vai querer nada comigo! Enfim... por hoje é isto, estou oficialmente resignada! O que não é bom meus senhores, não é de todo bom!

"Tum-Tum, Tum-Tum" no AO a 06.05.10


TUM-TUM, TUM-TUM... batia como se tivesse acabado de correr a maratona. TUM-TUM, TUM-TUM... batia com tanta força que o sentia quase querer sair de dentro de mim. TUM-TUM, TUM-TUM... sentia-o agitado na zona lateral do meu pescoço, tão perto da minha boca, que me secava a saliva e me aspirava o respirar! TUM-TUm, TUm-Tum... talvez fosse isto a experiência que o povo denomina de “ficar com o coração na boca”. TUM-TUm, Tum-Tum, TUm-Tum, Tum-Tum... os ombros começaram a tremelicar e antes que eu pudesse dizer a primeira das muitas palavras que para sempre te diria senti a palma das mãos frias e os pés a enrijecerem-se, como que contrariando a vontade do corpo em querer fugir dali. TUM-TUM, TUM-TUM... Ao abrir a boca, prenderam-se-me os braços ao corpo, as veias todas se esticaram e saiu um tímido e preso “olá”, juntamente com um sorriso de expectação... TUM-TUM, TUM-TUM, batia que nem louco o meu pobre coração. TUM-TUM, TUM-TUM... como se me quisesse castigar pelo que eu lhe estava a fazer: “Estás Louca?! TUM-TUM! Estás a ouvir-me?! TUM-TUM! Sai daí, pira-te, pisga-te, foge, não fiques, dá corda aos vitorinos e atira as solas ao asfalto!”... TUM-TUM, TUM-TUM... mas também ele já só o dizia por medo, por receio de se quebrar e partir... TUM-TUm, Tum-Tum... lembrou-se dos dias de tristeza, em que bateu descompassado, quase sem ritmo, quase sem força... Tum-Tum, Tum-Tum... lentamente começou a esmorecer, a desacelerar... tum-tum... tum-tum... os tremores dos ombros pararam, os pés relaxaram, as mãos secaram e a boca humedeceu-se! Não havia volta a dar! Vimo-lo depois, virar-se na nossa direcção e ao nosso “olá” responder com um sorriso... TUM-TUM, TUM-TUM! Alegria, batucadas, estrelinhas e fogos de artifício! O que se seguiu foi tudo aquilo que sempre se segue ao encontro da Paixão! O coração bateu muitas vezes, dançou samba, soou timbaladas, batucadas de meia noite... E é tão bom sentir assim o nosso coração bater dentro de nós! É tão importante senti-lo bater assim, de tempos a tempos, de vez em vez... umas vezes saltitando, umas vezes colando-se-nos ao palato... porque a verdadeira essência da vida está em senti-la na boca e nos membros, com menor, ou maior intensidade e deixarmo-nos vibrar, que nem sinos depois da derradeira badalada!
Enquanto escrevo relembro todas estas sensações do nosso primeiro encontro, da primeira vez que te vi, da segunda e terceira e de tantas outras que se lhe seguiram e penso de mim, para comigo, que estar apaixonado deve ser das sensações mais fortes em adrenalina e produção de “hormonas da felicidade” que existe. Lamento que os Homens não se possam apaixonar todos os dias! Está certo, ficamos mais apalermados, um bocadinho mais aéreos, distraídos, suspirantes e desejosos... mas também ficamos muitas vezes mais felizes, muito mais crentes, mais positivos e voluntariosos. A Paixão é mesmo assim... tum-tum, faz-nos lembrar de que nem só no mundo das Fadas é possível viver sonhos ou percorrer campos verdes de mãos dadas, sem noção do tempo ou da razão. A paixão faz-nos ressuscitar a criança que há dentro de nós e não ficar chateados por correr à chuva ou rebolar na areia, ou rir a alto e bom som, comer de boca aberta, ser selvagem, mas um “bom selvagem”, no fundo ser inocentemente feliz. A memória traz-nos os odores, as cores, o calor, a sensação de corpo transpirado e coração a pular por baixo do peito, visível a olho nu.
A Paixão revisitada, a paixão que nos alenta... porque nem só do racional vive o homem, nem só do que é certo, possível, plausível, perfeitamente concreto ou realizável. E de repente lembrei-me de Agustina: "A existência do homem adulto não encerra senão monotonia. A paixão não procede das pessoas, mas de algo a que elas têm de obedecer para não cumprirem apenas uma vida sem impulso e sem fantasia".