quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Natalices - amanhã no AO

Natal para mim sempre foi sinónimo de reunião familiar e de comida. De prendas, também, mas talvez, por ter família longe, no interior do país… o Natal sempre tenha sido reencontro de familiares distantes, de primos e tios e canalha e avós e muita comida à mistura! Tanta comida e tanta família, que por vezes mais tenho a sensação de passar três dias a fio sentada numa mesa a comer com as mesmas pessoas, os mesmos enredos, as mesmas comidas e jogos sociais, sim… jogos sociais: bingo, a feijões, monopólio, o tabuleiro antigo, com notas de escudos e o jogo da Glória, com peças que já não são as originais, mas que são bonequinhos dos ovos Kinder, brindes guardados em gavetas antigas, especialmente para estas ocasiões! Natal também é sinónimo de zaragata e confusão e barulho e só se faz silêncio ao vestir os pijamas para ir para a cama. Mesmo assim, quando há muitos primos, muito frio e poucas camas, o silêncio também não é farto.

No Natal as pessoas dão… sempre… qualquer coisinha, umas meias (ou peúgos), umas cuecas, uns pijamas, uns perfumes ou qualquer coisa que o valha. Há os tios que dão sempre o mesmo, os tios que dão as coisas fixes e os pais, que dependendo das notas, nos iam dando o que lhe pedíamos! A partir do momento em que temos filhos, os pijamas e os peúgos passam a ser entregues directamente aos nossos rebentos (as coisas fixes também) e nós recebemos, com alguma sorte uns ferrero roché e com menos uns bombons de licor que nos desarranjam o ventre por completo!

Natal é dia de rabanadas e de crianças com dedos a colar… na melhor das hipóteses trazem também uns fios de aletria colados na cara e uns pós de canela espalhados na roupa! O bacalhau na mesa aquece a alma dos convivas e os que não gostam… levam com peru, que faz bem melhor à carteira! O primo ralha com a tia, a tia ralha com a avó… depois há sempre aquele que se entusiasma e rega demais o fígado, aquele que adormece no sofá e as que ficam na cozinha! Se tudo correr bem, só uma criança é que vai para a cama com o “corpo quente”, se tudo correr como previsto, vão todas! Depois, os pais aconchegam-lhes a roupa na cama e os ralhetes e lágrimas são “atirados” para debaixo do travesseiro. No Natal, há muito quem tire férias, mas mesmo que não as tirem, os dias passados em casa sabem bem a elas!

Um Natal sem discussões, sem quezílias típicas do seio familiar, não é Natal. Um Natal sem rabanadas também não. O Natal cheira a canela e a frio e a grelos e a primo desleixado que se esqueceu de trocar de meias!

Eu tive a sorte de ter sempre Natais assim, com família e comida… e mesmo com todos os arreveses, discórdia, barulho, calorias em excesso e crianças movidas a açúcar e prendas e mimos a mais, acho que todos deviam ter direito a um Natal assim! Que a magia dos Natal vos entre porta adentro a mil à hora e a paz fique para o resto do ano! Que todos os vossos sonhos se tornem realidade… mesmo aqueles que não vos couberem no sapatinho! Oh, oh, oh… Natal, eu aqui vou!!!

Estamos em casa...


... tudo dito.