quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

É Natal... não faz mal!


Na minha tenra idade, o Natal era o Pai Natal! A altura em que íamos até casa dos Avós, em que a minha tia saía por uma porta e entrava por outra para nos fazer a surpresa de deixar as prendas ao relento. O Natal era a avó a reclamar pelo avô se ter sujado todo para ir buscar um pinheiro selvagem e musgo e nos terem preparado um presépio bem à maneira! Natal era frio, passado à lareira, com torradas de pão regional e os gases do meu primo que se lhe seguiam! O Natal era quente! Familiar. Depois, não sei bem como, o Natal deixou de ser isso... se calhar até sei, o meu avô morreu. E com ele morreu um espírito de Natal e família, que não voltará jamais... porque já ninguém se arrisca a sujar as calças para ir buscar pinheiros, nem a fazer presépios, com rios e lagos de papel de alumínio e bonequinhos do presépio em barro, meios esbutenados!
Então, o Natal passou a ser deixar a bota debaixo do exaustor e esperar que a minha mãe me fosse chamar à cama na hora das prendas! Que alegria! Um Nenuco com roupinhas, um boneco a gatinhar... e a ceia... bom... dessa já não me lembro tão bem!
E foi assim que o Natal para mim passou a ser “as prendas”! Dizia sempre o que queria, mas supostamente sempre gostei de surpresas. Percorria os quatro cantos da casa em busca de prendas surpresa e chorei baba e ranho quando um Natal encontrei uns calções rosa fuscia, em malha polar, que a minha mãe adorou e me comprou... e eu nunca usei!
E depois vieram uns tempos de separação da família, em que o Natal era pretexto de voltar a casa, voltar aos meus... um pouco como o é hoje... e as prendas eram acessórias, o que eu queria mesmo eram “os meus”... mas era difícil juntá-los a todos... e hoje em dia, já não sei bem quem são!
O último Natal, antes de a minha filha nascer, fiz na minha casa uma árvore enorme, bem alta, mas não muito gorda, com uma decoração a preto, prateado e branco. Enfeitámos tudo, eu e o Rei da Casa e dedicamo-la ao nosso “José Diogo”, porque a minha filha fechou as pernas na ecografia e andámos meses a pensar nele como rapaz! O ano passado, a minha filha esteve lá, na ceia, nas prendas, e eu tentei por tudo, que o espírito de família voltasse outra vez... mas já não é a mesma família, nem o mesmo espírito! Este ano, já me convenci, que nada volta atrás... mas quero na mesma Natal com árvore, presépio, ceia, família, prendas e quem sabe... um joguito de BINGO?!
Ainda não comprei nenhuma prenda! Compro-as todas a partir de dia 18... mas como pretexto para matar saudades e não por obrigação! Em conversa com a minha Sogra esta semana, disse-me ela que quando perguntou ao meu sobrinho o que ele queria para o Natal, ele lhe respondeu: “PAZ e SOSSEGO!”. E eu pensei: “Este ao menos sai-me barato!”... Será?!

Croniquice 22ª - Minha Filha, Meu Amor - 03.12.09 no AO

Meus Amigos, só tenho uma coisa para vos dizer: ser mãe é dose! Mas é dose mesmo, daquelas de cavalo. Qual cavalo! É dose de hipopótamo. Eu amo a minha filha. Amo-a tão perdidamente e de uma forma tão forte que até dói, mas agora, o que eu não gosto mesmo nada é de ser mãe! Pronto! Disse, está dito, já foi! É que só quem é mãe sabe do que me queixo... nem é tanto da gravidez, que mesmo levando o meu corpo a limites dantescos, não me escandalizou! Também não me queixo do parto, se bem que 19 horas em sofrimento, para acabar em cesariana são demais até para o Hércules! Nem das noites mal dormidas, que 18 meses volvidos já se tornou costumeiro. O que eu não gosto mesmo no papel de mãe são o parco reconhecimento e as doenças... bem... dessas é que eu não gosto mesmo nada! Na idade da minha filha, a mais comum das doenças é sempre designada por virose! Tem febre, é uma virose. Vomita, é uma virose. Tosse, é uma virose. Fica irritadiça, é uma virose! Enfim... não sabia eu antes de ser mãe, que fosse possível que uma criança tão pequena pudesse ser dormitório de eleição para tantas e tão variadas viroses! De resto, outra coisa que não aprecio lá muito no papel de mãe é a responsabilidade! Não é que não me considere uma pessoa responsável, mas até o cúmulo da responsabilidade tem folgas semanais! Eu já fui uma pessoa extremamente fashionista, hoje em dia, contento-me em sair de casa sem mancha de leite, bolachas, baba ou ranho na roupa! É que até as tarefas mais simples se tornam conquistas quando sozinha com um bebé recém-nascido. Por exemplo, tomar banho: Acalmar bebé, check! Colocá-lo na cadeirinha, check. Bebé dorme, check! Tirar a roupa, entrar no banho, check, check. Ligar a água e espalhar o champô com a maior rapidez possível, NO check! Porque entretanto o bebé acorda com umas cólicas fenomenais, contorce-se na cadeira, chora como se não houvesse amanhã e interrompemos tudo! Bebé ao colo, check. Música para acalmar, check. Bebegel, check. E quando damos por ela, estamos nós em verdadeiro Xeque-Mate. Gosto muito daquelas senhoras que dizem que a maternidade não mudou nada na vida delas, mas fico sempre curiosa, pensando em quem é que estará a tomar conta dos filhos delas!? Porque sei que elas não estão de certeza! Cinema acabou. Saídas à noite, jamais Salomé! E mesmo para ir ao Circo, ao Café ou ao espectáculo do Ruca, sei de casamentos cujos preparativos demoraram menos tempo! Ainda assim, a minha filha foi a melhor coisa que me aconteceu na vida! Já ser mãe...