sexta-feira, 16 de julho de 2010

Croniquices no AO - ontem foi assim...

"Filhos de Produções Independentes"
Acho que posso dizer que já conheci pessoas de todos os géneros, cores e feitios, com todas as implicações que isso possa, obviamente ter. Talvez por isso já pouca coisa me choque ou escandalize neste mundo, onde com algum dinheiro e, frequentemente, pouco juízo tudo é possível. Conheço muito quem seja pai e mãe solteiros, mas poucos que o sejam por opção, ou se o são, será uma opção segunda, vá... um plano B. Por isso, esta história de pais com dinheiro e instintos biológicos paternos me deixe ainda um pouco desnorteada. Já perceberam que estou a falar da história da “paternidade”, divulgada recentemente, do nosso “campeão” e herói internacional Ronal “dooh”! É verdade, ao que consta, quis o senhor ser pai e à falta de paciência para aturar a mãe, quis para mãe presente do seu filho a sua própria mãe, para mãe ausente a biológica e para si um mini Ronaldinho bem ao jeito que a família gosta, de preferência se jogar tão bem à bola como ele, vai fazer milhões e marcar pouco ou nada pela selecção. Mas, esta realidade, já considerada por alguns, especialistas na matéria, segundo se sabe, um capricho, a mim soa-me a puro egoísmo. Não vos sei explicar ao certo como nem porquê, mas tendo tido um pai e uma mãe tão presentes, tão importantes, cada um representando o seu próprio papel na minha vida e código genético, acho que, e repito, por pura opção, escolher que uma criança viva só com a sua mãe ou só com o seu pai, me parece injusto, pois existirá, penso eu e corrija-me quem souber melhor que eu, uma tendência natural na criança para querer conhecer a “outra metade da laranja”, a outra parte que não se parece com a figura parental que conhece. Vejamos, eu passo a explicar, quanto mais não seja perceber porque é que tem os olhos do pai e um nariz, que não reconhece de mais ninguém a quem chame de “família”.Mas tenho que me adaptar, se calhar o erro está em mim e qualquer dia estou online a escolher os traços genéticos que quero manter no meu próximo filho e os que dele quero apagar. Ou então não... e continuarei como hoje a deixar-me maravilhar pelas surpresas que as combinações genéticas nos fazem e pela magia do funcionamento da natureza. Mas isto sou eu, que não me consigo imaginar quem sou se tivesse sido só criada e educada pelo meu pai... primeiro acho que me tinha habituado a sobreviver só de batata cozida e filetes de pescada dourados (que foi a única coisa que ele alguma vez cozinhou para mim) e segundo, acho que nunca tinha conseguido sair de casa para nenhum encontro amoroso sem que antes ele tivesse afugentado da porta de casa todo e qualquer eventual pretendente, nem que fosse à dentada! Se tivesse sido produto da educação só da minha mãe, talvez ainda hoje usasse sapatinho de verniz, totós e lacinho no cabelo, quiçá! Bom... tiradas hipotéticas e humorísticas aparte, não consigo mesmo conceber que alguém escolha por plano A, primeiríssimo na linha de opções ser Pai em produção independente. Mas como comecei por dizer, esta vida é rica em novidades de um mundo com mais dinheiro do que juízo, onde o “quero, posso e mando” impera e onde ninguém nos chama à razão, sob pena de ficar sem “mesada”. Assim, Dona Dolores deve estar consoladíssima, com esta sua “maternidade” tardia e não duvido que faça das tripas coração para agradar ao filho-filho e ao filho-neto. Quanto ao rebento eu só desejo tudo de bom e que não prime por herdar o sentido de moda da família Ronal”dooh”, que ao que consta, dizem as “más línguas” já escolheu os diamantes de 3 quilates para pendurar nas orelhas ao querubim e já mandou fazer todos os “babygrows” de chita tigresse, com emporio “armado” estampado em tudo o que é etiqueta e um carrinho de bebé em vermelho ferrari com jantes bling, bling a fazer “catchim” em tudo o que é pedra da calçada.