segunda-feira, 21 de setembro de 2009


Pois... ao que consta estou de volta, ao trabalho, à ilha e à blogosfera! Nem tudo é mau, mas podia ser melhor! Resumo destes meus quatro dias de “interrupção”: descansei, matei saudades de família e amigos e a minha minorquinha cortou o cabelinho pela primeira vez!
Isto de se ser emigra nas ilhas do próprio país tem muito que se lhe diga... e se por uma lado estamos a umas duas escassas horas de distância de avião, por outro parece que o isolamento e a distância de se estar a viver numa ilha, ainda marcam mais a partida, do que se partíssemos para outro sítio qualquer...
Bom, ficaram prometidas umas fotos, que coloco amanhã, porque apesar de a neura de segunda-feira ainda não se ter conseguido instalar em mim, que venho de ânimo retemperado pela ida a casa, não começou da melhor forma este dia para mim... esqueci-me do cabo da máquina fotográfica e enquanto fui a casa, para o ir buscar e pousar umas comprinhas feitas à pressa na hora de almoço, avariou-me o carro, que começou a “bufar” literalmente pelo “capot” e a deitar fumo como uma chaleira em ebulição! Para bem dos meus pecados, queira Deus, que não tenha queimado a junta da colaça... que eu não sou religiosa, já o disse aqui, mas se uma reza me poupar uns trocos... ai aí eu rezo... se rezo!
Nesta minha viagem e num ímpeto hipocondríaco de agonia pela Gripe A, espalhada em partículas por esses aeroportos fora, dirigi-me à farmácia para comprar um frasquinho de gel desinfectante para as mãos... quem tem crianças pequenas saberá o desespero que é tentar fazer com que eles não ponham a mão em tudo o que “tocam” com os olhos, nem a boca em tudo o que tocam com a mão... e assim o frasquinho de gel, que me acompanhou nesta viagem serve-me agora de puro vício, pois não consigo olhar para ele, sem me lembrar logo de me esfregar toda de cima a baixo! Por sua vez, a minha filha que até gostava que eu lhe esfregasse o gel nas mãos, ganhou-lhe um ódio mortal no segundo em que se lembrou de o provar! Oh God, make me good...
De resto, quem mais lucrou com estes 4 dias foi mesmo a minha repolhita, que ganhou uma tonelada de prendas e mimos e quilos de desobediência! Incrível como os avós e família mais próxima estragam em dois dias de mimos, semanas de disciplina! Não que seja a autoridade em pessoa no que diz respeito a filhos, mas que tento pelo menos fazer com que ela pareça uma criança bem comportada... lá isso tento, ninguém o pode negar! Mas os avós só “ deseducam”, como me disse e tornou bem claro um dia a minha mãe... “Para educar estás cá tu! Eu eduquei-te a ti e bastou-me!”. E parece que bastou mesmo, porque não conheço avós mais liberais do que estes... que enquanto escolhíamos um par de sapatos na Chicco para a minha filha a deixaram pegar em 30 e fugir com eles, espalhando-os pela loja fora e se riram como crianças ao vê-la experimentar tudo o que era brinquedo naquela loja! Never again, my friends... I say never again levar a menina às compras com os avós!
O IKEA estava cheio como um ovo e mais me pareceu estar na Galiza do que em Matosinhos, tirando isso à custa de “nuestros hermanos” e da impaciência bruta do meu mais que tudo lá deixamos ficar um carrinho cheio de coisas lindas para trazer para a ilha... nem a cadeira suspensa, que levei três meses a convencer o “homem da casa” a aceitar no pátio se safou... Lá ficou... abandonada num carrinho cheio... “No Natal levas!”, disse-me ele em tom de consolação. Como calculam, não consolou! Enfim... batalha perdida, mas não a Guerra! Wait and you shall see!
De resto, nada de grandes novidades, o Porto continua frenético, Ponta Delgada continua abafada e húmida e eu... eu... continuo a 1000/h, mas agora apeada, vamos ver até quando! Logo hoje que tinha reunião de Pais no Colégio... oh what a shame!!!

Croniquice 11ª - 17.09.09 no AO


"Ora bem, vamos lá ver… se eu me dirigir antes de si a uma caixa de multibanco com todas as contas do mês mais algumas para pagar na mão e um ataque de trenguice nata nos dedos, você amaldiçoa o minuto em que tropeçou naquele degrau e eu consegui chegar antes de si! Não faz de si uma má pessoa, repare, apenas uma pessoa ocupada, com mais do que fazer do que esperar em filas! Se eu estiver na caixa do supermercado, com tudo o quanto é saco, saquinho, compra, comprinha, cartão, cartãozinho e ainda pedir factura, você pensa que não devia ter ido para aquela caixa! Exactamente o mesmo que eu teria pensado na sua situação! Se eu parar o meu carro em frente à porta de uma casa, sem passeio, numa estrada com um sentido e uma via, você espera que eu descarregue tudo da mala, tire criança, cão e acessórios, enquanto me roga pragas em tom de surdina, a altos berros no seu interior! É compreensível, quem nunca o fez?! Se eu parar para abastecer o meu carro e ao pagar o combustível ainda pedir um café para tomar, enquanto você espera colado com o seu bólide na traseira do meu, você acha isso uma falta de respeito gigantesca e provavelmente atira-me fogo pelos olhos! Afinal de contas, se os olhares matassem, já muitos de nós não estaríamos aqui! E agora pense, se for você a fazer tudo isso… vai gostar de saber, que eu estarei a pensar a mesmíssima coisa que você pensaria?!
Numa sociedade de pressas e pressinhas, comidas rápidas e rapidinhas, rapidez e a contra-relógio, não há tempo para a compreensão com desconhecidos, mesmo quando os desconhecidos também são iguais a nós! Por vezes, penso que seria bom, que as pessoas vissem as outras como espelhos, tanto quanto se olham a si próprias nos mesmos!
Eu, sou exactamente como você, já estacionei em cima de passeios, segundas filas, passei sinais vermelhos e atrasei-me no pagamento das contas. Já tive dias bons, dias maus, dias mais ou menos e dias assim-assim… tal e qual como você! Será que sou assim tão estranha, má ou diferente?! Não me parece, que o seja tanto mais ou menos do que você o será para mim… Era bom ter tempo para saber perder tempo com os outros, conscientes, que por vezes também são os outros que o perdem connosco!"