segunda-feira, 26 de abril de 2010

A Emprestada


Hoje sinto-me emprestada! Isso mesmo, só assim, “emprestada”! A esta ilha, a esta vida, a esta realidade, a este blogue, ao jornal, ao meu emprego. Emprestada para funções às quais não pertenço, que não me reconhecem, que eu não reconheço... emprestada a esta falta de reconhecimento flagrante, que me persegue, que me atormenta!

De tal forma me “emprestei”, que ontem, ao voltar do berço, ainda com a pele quente do calor do ninho, me senti invadida por esta chuva chata, deprimente, triste... o grito saiu da boca da minha filha: “Xai Xuba, Xai!”. [Cada vez me convenço mais que esta criança é um clone meu e não um filho, de tal forma é forte esta simbiose que nos une, que vai além de laços telepáticos, que nos faz adivinhar e assimilar estados de alma das duas!]

Emprestei-me a um dia-a-dia, que de meu só me tem a mim, mas de tal modo me estranho, que mais parece que eu não sou eu, mas alguém que faz e fala e age como eu, se parece um pouco comigo... mas nada mais de mim tem.

Sinto falta do sol, do calor, da alegria despreocupada de um Verão de S. João. Estou cansada e a luta ainda hoje começou... adiante, as tristezas não pagam dívidas... talvez tudo isto seja só mesmo saudade, aquele sentimento tão nosso... a mim emprestado pelo sangue luso que me corre nas veias!