terça-feira, 30 de junho de 2009

Uma hora na praia e um desejo de Pan... Peter Pan!


E voilá… Eis que chegou o dia, em que eu me decidi a fazer algo para mim, mas só para mim mesmo, nas minhas mal aproveitadas duas horas de almoço. Assim, saí do escritório a voar, parei em casa, vesti o bikini, que já tinha saudades de me ver e toca de jornalinho debaixo do braço e telemóvel ao peito rumar até à praia! E que bem que se estava! Um calor, que metia dó, um céu limpo e um sol LINDO a brilhar sem parar! Só de vez em quando vinha um ventinho pouco, mas muito agradável, que nos cobria a pele com leves partículas de areia preta!
Já não me lembrava de estar deitada ao sol, por mais que meia hora! Ok, também não estive muito mais… estive uma hora ao sol… e no meio dessa hora, algures entre os 25 e os 28 minutos, adormeci. Mas adormeci mesmo, assim daqueles sonos pesadinhos e concentrados, onde nem sequer a tão pouco atraente e reles baba faltou. Enfim, figuras tristes aparte, soube-me por horas de sono nocturnas estes minutos ali a dormir. E foram tão dormidos, mas tão dormidos esses minutos de sono, que por alguns momentos me esqueci onde estava e assim, ao acordar daquele pesado sono de Pequena Sereia adormecida, numa praia algures em S.Miguel, fiquei que nem uma tonta, quando me tentei levantar para saber o que me tinha acontecido. A única coisa que restou… uma sensação leve de descanso e relaxamento total e uma ligeira vermelhidão nas costas! Nada de grave, mas ainda assim sinal do estado do tempo!
Mas como ainda tinha uns minutos, resolvi olhar à volta. Sim, porque antes disso nem sequer vi quantas pessoas estavam na praia, como ou de que forma… só tinha um objectivo… ir até lá, tudo o resto era acessório!
Olhei em volta… Do lado direito 3 miúdas dos seus 14, 15 anos, de bikinis reduzidíssimos e gordurinhas salientes, acompanhadas de 4 ou 5 miúdos, por volta da mesma idade, com ar de quem não come há mais de um mês, espinhas na cara e calções compridos e floridos demais. Em frente a mim, um grupo de jovens dos seus 18 ou 19 anos, cantando músicas do Michael Jackson, enquanto tomavam alegres e sacudidos banhos de mar. Do meu lado esquerdo, um jovem trintão solitário, com ar de poucos amigos e ainda menos cabelo e um pouco mais acima, três verdadeiras “zobaidas” de cerca de 20 anos, de túnicas e pareo vestidos, olhando pelo canto do olho para os transeuntes, com olhar de desdém e risadinhas amiúde. Mais ao longe vislumbrei uma vizinha com o filho… despida de preconceitos nos seus 1,50 por 87 kilos, sem se perceber muito bem se a barriga trazia mais um descendente ou se havia práli um caso sério de falta de actimel com bifidus activos! Publicidades aparte, deu-me para rir… é que se nos tapamos no dia-a-dia, com tanto pudor e tão escrupulosamente, tentando disfarçar eventuais gorduras ou defeitos de fabrico, parece que ao chegar à praia vale tudo! É que a bendita senhora, para além de ostentosa, ostentava um bikini de envergadura para além de reduzida, em que até a mais dura fibra se perguntava se iria aguentar tanta “pressão”! Sério mesmo… e agora em tom menos viperino, mas será que ninguém lhe disse, que os trikinis também estão na moda?! Não percebo! Porque raio nos tapamos todos os dias com trapos mais ao menos afamados e mais ao menos bem escolhidos e depois nos estendemos assim ali ao sol… de vergonhas ao léu, sem pudores nem preconceitos! Não me entendam mal… Por favor, pela vossa alminha… mas haja bom senso e mais uma vez, a “tudo pensem, a tudo pesem”!
E de tanto pensar, voltei a analisar o quadro de cenário veraneante, que me circundava e dei por mim a pensar, que é bestial ter entre 15 e 20 anos, em que as únicas preocupações e as mais graves talvez também sejam: “Mas afinal, o que vou eu fazer para ocupar estes três benditos meses de férias!” – Bem hajam as criancinhas deste país, que eu quando for grande quero ser como elas!

segunda-feira, 29 de junho de 2009

A realidade relativa de como a queremos ver...


Sou uma pensadora livre, escritora de alma e mãe por natureza. Acredito que o amor é a única razão de viver e vivo em função dele!

Ao visitar o meu blogue, um amigo pergunta-me em tom, claramente nortenho, semi irónico-piadético… “Ólha-me ésta… xcritora! Puff… tu identificas-te como xcritora?!”. O que me leva a pensar no peso que acarreta essa designação, que não significa mais nada do que uma mulher, que escreve… escritora! Engraçado como não me perguntou porque é que me identificava como “pensadora livre”, “mãe por natureza”, ou o que isso significaria! Muito menos, se deu ao trabalho de ver o “de alma”, que se seguiu a essa classificação “xcritora”, que me auto-atribuí. Mas afinal, qual é o problema de alguém se identificar como escritora?! Será que isso acarreta um peso da profissão, do métier?! Um savoir-faire, sine qua non, para se poder auto descrever como tal?! Ou exige um livro escrito e publicado de reconhecimento do público em geral e da pessoa que lê em particular?!
Se alguém diz escritor, pensa-se logo: Pessoa, Camões, Saramago… com as toneladas de reverências e respeito mítico, que isso implica. Ora, eu de pessoa, só tenho o substantivo, sem maiúscula nem nome próprio, de Camões, só tenho a Lusitana paixão, mas nada de pala nem olho de vidro, que não dava os meus assim por dois tostões. Agora, com o Saramago, tenho em comum a data de aniversário e mais nada! Talvez a falta de pontuação… às vezes! Mas se isso são requisitos essenciais para se ser escritor, então talvez tenha mais a ver com a Margarida Rebelo Pinto… afinal de contas, sou mulher, como ela!
Sem querer ser íntima, mas já sendo pessoal, detesto ter que me descrever. Mais ainda, detesto que me perguntem “algo” sobre mim, ou sobre o que é que eu gosto de fazer, ou o que é que eu quero fazer?! Ou como sou… Enfim, acho que não há coisa mais difícil de fazer, do que me auto descrever, sendo que no que me diz respeito, fica sempre algo por dizer! É como se ao dizer, “eu sou…” estivesse a cometer um acto de alta traição comigo mesma e estivesse a desenhar um quadro surrealista, com apenas alguns dos traços que me definem… assim, indefinidos, esborratados, vazios de mim!
Mas, coincidência ou não… considero que esta descrição que fiz de mim própria no blogue, capta exactamente a minha essência, ou pelo menos o princípio dela, que condiciona tudo o resto! Pensadora, porque sim… porque me recuso a não pensar, ainda que saiba, que “incomoda, como andar à chuva”! Livre, sempre, por natureza também, porque nascemos assim e só deixamos de o ser, se quisermos ou se não formos capazes de ver a liberdade até nas mais pequenas coisas! Sou mãe, porque a natureza me fez assim e porque o aceito e aceitei com toda a naturalidade, como quem cumpre um fim, para o qual sinto que nasci! E na minha alma, bem lá no fundo, ainda que o tenha tentado negar muitas vezes, talvez até vezes demais, é isso que sou… escritora. Escrevo porque gosto, porque me é natural e fácil. Escrevo porque sinto, que a palavra escrita me ajuda a clarificar ideias, pensamentos e não querendo abdicar da liberdade dos mesmos, sinto que ao ter que os restringir a palavras ou linhas, os vejo com mais clareza!
Não sou escritora consagrada, de livros editados, nem faço planos de o ser! Não tenho ambições de virar milionária à custa disso, mas também me recuso a deixar de lado esse meu epíteto, que fez parte de longas horas dos meus dias e noites felizes e me fez sempre, mas sempre, muito feliz e realizada… como se na escrita eu me encontrasse, me definisse, me visse em papéis e sonhos para além dos vividos e sonhados, e talvez, quem sabe, num misto dos dois… contrabalançando num equilíbrio perfeito e total estado de paz!
Há quem tenha muito medo de se auto identificar como escritor, ou poeta, ou cantor, ou pintor, mas engraçado como qualquer um se identifica enquanto doutor, ainda que, na maior parte das vezes, não o sendo… Não percebo… Se pinto, sou pintora! Se faço poemas, sou poetisa! Se escrevo… o que serei?!
Existe, obviamente uma dialéctica forte entre o querer e o ser… e eu nunca quis ser escritora de profissão! Aliás, tenho aquela, velha e ultra-romântica ideia, de que todos os escritores são seres alucinados, que vivem infelizes e morrem pobres! Ideia, já de resto, fortemente debatida em discussões amigáveis e longas acerca da nova vaga de escritores, que surgem como pipocas, enterrando-se num best-seller e alimentando-se da sua fama pontual para a eternidade!
No que a mim me diz respeito, continuarei a sê-lo, nem que seja só de alma, porque é isso, que me sinto ser! Sem mentiras, nem ilusões e enquanto houver papel e lápis continuarei a escrever!

sexta-feira, 26 de junho de 2009


E depois há dias assim…
O Michael Jackson morreu, a Farrah Fawcet também, caem dois mitos por terra e a chuva voltou a S.Miguel.
A caminho do escritório vi três arco-íris e sorrio desde que acordei! Não é um sorriso, que trago estampado nos lábios é antes um sorriso de coração e mente, que se desafogaram um bocadinho no vislumbre de um possível toque do sonho!
Desculpa mundo, se choras hoje e choves, mas por hoje não te faço companhia, nem mesmo por simpatia!
O sorriso que sinto cá dentro de mim, por momentos gargalhou e permitiu-me sonhar, sonhei que estava quase a tocar o sonho e ele nunca me pareceu tão perto!
Sinto-me inexplicavelmente, inexpugnavelmente, inmesuravelmente feliz! Desculpem os tristes e os revoltados, mas hoje não partilho as vossas dores, nem sequer as poderei explicar por palavras, que normalmente me são tão fáceis de traduzir!
Hoje, mundo, sou toda leveza e não há Kundera, que me valha na minha “insustentável leveza de ser”. Hoje, tudo em mim é Arundathi Roy e voltei a ser criança e não vejo o Grande Deus, mas o “Deus das Pequenas coisas”.
Desculpa Michael, desculpa Farrah, mas hoje desliguei a corrente, que me liga a um mundo mortal e estou longe, muito longe! Talvez amanhã vos faça o devido luto e vos preste uma última e única derradeira homenagem!
Porque há coisas que não se explicam e momentos em que se sente o virar da página, hoje, tudo em mim é crença de que a próxima será feliz…

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Quem tem medo do Lobo Mau?!


“Quem tem medo, compra um cão!” E quem não tem, compra também?!
Ora aqui está uma coisa muito interessante… o medo! Sempre me perguntei, mas por que raio é que alguém com medo, comprava um cão?! E se o medo for de cães?! Compra-se também?! Para se vencer o medo?! Pois, só se for! Eu, que sempre tive cães, curiosamente, sempre tive medos!
O medo é uma sensação inigualável em terror e necessidade! Sem medo, não havia a consciência do perigo e da nossa própria mortalidade. Viver uma vida sem medos é como comer um hambúrguer sem batatas fritas, não se pode!
Aos 5 anos tinha medo do Papão e do escuro. Aos 10 tinha medo de ratos e aranhas. Aos 20 tinha medo do amor e hoje?! Hoje tenho esses medos todos e mais mil! Se é verdade que alguns medos vão ficando para trás com a idade, como o medo de falar em público ou dizer “eu amo-te” a alguém, também é verdade, que na maior parte das vezes, os medos acompanham-nos por uma vida fora! A única diferença é que, chegando a determinada idade, o medo já não é inibidor, nem aterrorizador, mas pura e simplesmente está lá e nós vivemos com ele.
Ter medo é ter inteligência e prevenir possíveis situações embaraçosas e penosas para nós, que nos podem deixar em maus lençóis e ainda piores cobertores!
Um dia alguém me contou, que tinha medo de etiquetas! Sim! Perceberam bem, isso mesmo! Etiquetas… e eu ri-me! Sem perceber muito bem, se me estava a rir do medo ou das próprias etiquetas! E agora eu pergunto-me… quem tem medo de etiquetas, deve comprar um cão?!
Penso melhor e vejo, que se calhar um cão treinado até podia ajudar… ele era ver uma etiqueta e “zumba”, desatava a roer a torto e a direito… Acho que estes nossos velhos provérbios mereciam uma queixazinha à DECO… afinal de contas, andam a fazer publicidade enganosa! Oh God, make me Good!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Haverá vida depois dos 30?! Ou começará ela a partir daí?!


O que uma mulher quer aos 28 anos não é muito diferente do que quererá aos 30, mas difere em tudo, daquilo que quis e pensou querer para sempre aos 18. Ou nem tanto assim?!

Foi com 18 anos, que conscientemente tomei a decisão de ir estudar para a Alemanha. Contra tudo e contra todos eu lutei! Eu queria liberdade, almejava independência, experiências loucas, visões de realidades alternativas e via à minha frente um futuro de independência rebelde, até um pouco ou nada fora da lei! Se me apaixonava, imaginava logo que seria para sempre e que não havia amor igual! Afinal de contas, ninguém ama como uma rapariga de 18 anos, nem nunca amou, como a própria julga amar! Se de resto, como seria de esperar, as minhas expectativas eram defraudadas e as lágrimas se seguiam a uma imensa desilusão, logo tudo em mim era desejo de vida louca e independente… seria mulher de carreira e sucesso, nunca mulher de um homem só!
Aos 18 anos, tudo em nós é fogo em erupção. É lava quente e fervilhante, que vai deslizando e transformando tudo aquilo em que toca… até que por volta dos 25 anos, essa lava toca no mar!
E é assim, que aos 28 anos, tudo em nós é desejo de pisar terra firme, ganhar raízes e florir!

Mas será que para todas as mulheres a idade é um posto e os desejos mudam de facto!?

Lembro-me bem de pensar que aos trinta a vida acabava, começavam as rugas, ficávamos imediatamente gordas e mães, sim… porque ser mãe era sempre sinónimo de se engordar uns quilinhos e de ganhar peso em desleixe também! Nunca me imaginei para além dos 30, para ser sincera e agora com essa faixa etária, cada vez mais próxima, as visões para além dessa idade, ainda assim não clarificaram muito! Tenho dificuldade em imaginar o que é a vida de uma mulher depois dos 30!
Ao que ouço dizer e ao que já li acerca do assunto, tudo leva a crer, que o auge da vida de uma mulher são mesmo os 30 anos! Sendo porque nessa idade já se atingiu a tão desejada estabilidade emocional e ou profissional, ou sendo que ainda não atingida, faz parte dos objectivos bem definidos e a realizar a curto prazo! Ao que querem fazer parecer, aos 30 anos, uma mulher é muito mais confiante, pois conhece bem suas virtudes e defeitos e sabe como realçar umas e esconder as outras! A insegurança, que tal como o acne faz parte da vida da maior parte das mulheres aos 18 anos, abandona-nos aos 30 e dá lugar uma linda e determinada mulher, mesmo debaixo do embrulho mais feiinho! Ora veja-se os exemplos das famosas, que aos 30 atingem o auge e a partir daí é só manter… elas são Madonnas, Kylies, Demis, Michelles e muitas mais! Mas como a vida real é imagem deturpada no espelho da ficção, a mim custa-me imaginar-me para além dos 30!
Provavelmente paira nas vossas cabecitas a pergunta que também paira na minha... mas porque é que te custa tanto assim, encarar a vida depois dos 30?! E eu respondo, ainda que um pouco incerta: é que antes dos 30, parece que tudo vai acontecer até aí! Os 30 são altura de balanço. Altura de contagens finais de feitos e factos e análise cuidada de todos eles! Bem sei que talvez só assim se possa atingir a paz da maturidade, mas aparentemente, com essa paz, encerramos o capítulo da inocência angelical e infantil, fértil em criatividade e esperança e em sonhos da Terra do Nunca.
Por volta dos 30, já beijamos muito sapos, sem que virassem príncipes e se não encontramos já um príncipe para o nosso principado é porque o sapo, que temos ao nosso lado, faz de nós sapas e desfez o mito! Também há muito quem aos 30 ainda se perca por lagos e charquinhos em busca de sapos e sarna para se coçar! Há muita princesa que vira trintona e trintonas a virar tias!
São séculos de pressões sociais, que fazem desta idade um nível 3 do jogo da vida!

Se tivesse que comparar a minha vida de agora, com a minha vida de 18 anos, diria que estou bem melhor! A todos os níveis! Isso sem dúvida! Mas até quando se mantém esse pico atingido no auge dos 30 anos?!! Quem, como eu, sofre de vertigens crónicas tem um pouco de dificuldade em se imaginar no pico do que quer que seja! Será que os 30 vêm equipados com “pára-quedas”?

Enfim… restam-me dois anos para descobrir e sobreviver para vos contar, aquilo que os 30 trazem, e os 28 deixaram para trás!
*quadro "As Três Idades" de Antonio Abellán

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Moral da história de um fim-de-semana...


Hoje acordei ao som desta música! E não me lembro de melhor música para me acordar hoje… porque a vida é mesmo isto… um tango, que dançado com o par certo para nós, tem muito mais piada!

Este fim-de-semana, que tal e qual de acordo com o previsto, passou a voar, levou-me até rios de lama e chuva chata num Nordeste vazio de gente e cheio de verde! Em busca de um local específico seguimos nós os quatro, eu, o Apêndice, o Emplastro e a minha filha, por estradas e trilhos desta ilha onde me encontro! A minha filha dormiu a maior parte da viagem, eu fiz um bolo, que “mumifiquei” e levei para o lanche, eles divertiram-se a ver-me caminhar na lama, de sabrinas de tecido claro e roupa quase branca! Não foi a melhor escolha de toilette, confesso, mas sendo o tempo nos Açores, tão imprevisível como a própria vida ou mais, guardei até ao fim a secreta esperança de que o sol se juntasse a nós nesta “aventura” dos quatro, se contarmos com o Jeep, dos cinco! Sim, porque o pobre também não se safou e trouxe agarrado a ele toneladas de lama, castanha e “melequenta”! Mas foi divertido e acima de tudo valeu pelas maravilhosas imagens que se nos permitiu guardar na retina… para mim um misto agridoce, ao ver os meus pés lamacentos e roupa adornada do mesmo material! Sim, é um facto… não sou uma Tomb Raider, nem nenhuma Indiana Jones no feminino, mas é um facto também, que nunca serei mulher para me fazer passar por tal! Assumo a minha “aselhice” nata nestes campos de ciências físicas e derivados!

- Olhem lá para aquela vaca armada em alpinista, ali, empoleirada naquele monte!!!
- Onde?! - perguntam os dois com ar de cepos!
- Ali… ali em cima…. A castanha!
[Silêncio e uns risinhos parvos do Emplastro]
- Amor, aquilo não é uma vaca! É uma cabra!
- Uma cabra?! Uma cab… [ar de loira MUITO perdida].
- Sim, uma cabra! – confirma o emplastro!
- Hummm… então deve ser destes ares dos Açores, porque aquela cabra estava mesmo com ar de vaca!
[Silêncio de novo… e novas risadas abafadas]

Uns quilómetros depois…

- OLHA MILHO! Milho, milho… - grito eu em êxtase!
- Amor, são canas! – tom de voz baixo e céptico.
[Novas risadinhas do banco de trás…]
Após o silêncio e em tom sóbrio, diz o meu parceiro de tango:
- Puxa… que tu hoje é cada tiro, cada “pintassilgo”!


Risada geral e uma moral da história: a perfeição não existe, mas ser-se imperfeita entre quem gosta de nós é, por si só, perfeição bastante!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

A Metamorfose


Quem leu a Metamorfose de Kafka saberá do que falo. Quem não leu, ora faça favor, que se lê muito bem e mal não faz!
A verdade é que há dias em que me pergunto, ao sair da cama… mas que raio de metamorfose sofri eu hoje!? É que se há dias em que me deito como uma Princesa e acordo de manhã que nem bicho feio, há outros em que me deito com cara de saco de batatas e acordo que nem batatinhas Pringles, simétricas e às rodelas!
Isto de se envelhecer tem muito que se lhe diga e há dias em que o peso dos 28, quase 29 se faz sentir e bem, quase que dando a perceber a entrada no auge, que dizem ser os trinta anos na vida de uma mulher!
Nunca tive medo de envelhecer e, na verdade, quem me vê, raramente acerta na idade que tenho! O que, ao que tudo indica, me fará parecer trintona lá por volta dos meus 60 anos! Ah, pois é!
Mas a verdade é que às vezes não percebo, se é do sono, dos meus olhos ou mente cansada, mas todos os dias me vejo de maneira diferente ao espelho! Não são as borbulhas, que essas nem na minha adolescência as tive, nem as rugas, porque dessas só de expressão… é um género de ar, que se me dá, oscilando entre um ar ora de felicidade, ora de leve peso e cansaço… nem sempre condicentes com os meus verdadeiros “estar e sentires” de momento!
Um dia acordei e senti-me uma verdadeira lontra, mas a balança não passou do peso normal… daquele, de costume! Outro dia achei-me tão pálida, mas tão pálida, que fui a correr comprar 3 auto-bronzeadores diferentes! Sorte a minha, que não tenho mais de cinco minutos para me olhar ao espelho de manhã… “Valores mais altos” se despertam a essa hora, com uma fome de leite inconsolável e uma cara de sono igual à da mãe!
Mas esta metamorfose de que falo às vezes, em vez de atingir a imagem, afecta-me o estado de espírito e se adormeço Princesa e Senhora da Delicadeza na terra mãe e arredores, acordo Rainha e Mulher da Maldade e Mau Humor! Muitas vezes aliado a um hálito de sensações duvidosas e vontade de recolher ao casulo da larva, que de borboleta em monstro me transformou!
Quando ainda vivia em casa dos meus pais a minha mãe já sabia, que não havia palavras na minha primeira hora de despertar apressado e após essa primeira hora, por vezes ainda existia mais meia de tolerância!
Hoje deitei-me larva e acordei larvinha, com asinhas de borboleta, mas assim em modos que em processo de metamorfose em estado de transição! Terá sido por ser sexta-feira!? Pois... se calhar foi... assim sendo amanhã, e se a metamorfose não regredir, acordo Borboleta e voo pelo fim-de-semana fora! ;)


Bom Fim-de-semana para todas! Que não passe a 1000/h... ;)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

As picardias de Adão e Eva...


Será, será que nós mulheres sabemos mesmo o que queremos?!

Quando me diziam em tom de troça… “Ah e tal, o vosso problema é que vocês mulheres nunca sabem o que querem!”, eu enchia-me de razão e dores, minhas e das do meu género e saía em defesa da causa das “mulheres decididas, que sabem muito bem o que querem, sim senhor”! E enumerava uma lista enorme de quereres, que eram os meus, do momento e que não corresponderam sempre aos meus quereres actuais ou de passados mais ao menos distantes ou próximos! Se me pedissem agora uma lista de quereres, conseguia facilmente enumerar no mínimo uns 10 ou 12 quereres válidos, que me avassalam de momento, mas será que amanhã partilharei dos mesmos?!
É que se há dias em que gostava de ser mais magra, mais alta, mais morena, outros há em que me sinto bem exactamente assim, com a minha figura e cor. Dias em que não mudava nada e o meu único querer fosse, talvez precisamente, não mudar nada em mim, nunca!
A verdade é que também posso fazer uma distinção entre quereres, distinguindo aqueles mais estáveis dos de moda e passageiros! Um grande querer, partilhado por todas nós é, sem dúvida alguma, o querer ser amadas e felizes, esse pertence sem dúvida aos estáveis. Mas depois há aqueles como: “querer um vestido comprido e floral, que me sirva”, que amanhã deixa de ser um “must have” querer e passa a ser, “never in my life” querer!
Ainda há outro tipo de quereres, que se conjugam com momentos da nossa vida, em que se estamos de certa forma, queríamos estar de outra, se estamos em certo lugar, queríamos estar noutro! Em tudo combinado com a tão famosa letra do “Só estou bem, aonde eu não estou!”, porque de resto e com tantas “variações”, também dizia o mesmo, que “quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga”! E lá vamos nós, tristes e descontentes aprimorar a pele com um pouco de gelado ou mimar as gordurinhas de estimação com uma barra inconsolável de chocolate!
Será que tem razão quem diz, que nós mulheres não sabemos MESMO o que queremos?! Ou será que o que acontece é queremos tantas coisas e tão diferentes, que de tanto querer nos perdemos?!
Recebi ontem um e-mail de uma amiga, que em tom de “tira o peso do peito” me confessava estar desesperadamente a precisar de uma vida mais “doméstica”, como ela própria lhe chamou. Reduzindo o vapor do seu “comboio louco” e cheio de actividade para um “regional” assim com paragens em todas as estações e apeadeiros! Quase a seguir, em conversa cibernáutica com outra, não menos amiga, esta me confessava estar já farta do “ram - ram” da sua vida patética e sem sentido de trabalho - casa, casa - trabalho! É Variações, puro e duro! Até ouço a musiquinha lá no fundo…
A verdade é que qualquer ser humano tem momentos de maior estabilidade e outros de menor! Qualquer um de nós, seres deste planeta azul tem vontades e quereres e desejos passageiros e outros que lhe fazem parte da essência! O difícil é muitas vezes, acompanhar o crescer, mudar e evoluir dos quereres próprios e dos outros!
O meu marido diz que eu é que sou a “esquisitinha”, porque se num dia quero uma waffle, noutro dia quero um crepe! Enquanto ele, todos os dias se contenta com uma bela de uma sandes de queijo e fiambre! Mas será que à custa disto têm o direito de me chamar indecisa! O facto de querer variar, e saber exactamente, que variações escolher não faz de mim uma pessoa indecisa! Muito pelo contrário! Sei bem demais o que quero, tão especificamente o sei, que se não consigo “saciar” tal querer fica em mim um vazio, uma sensação de frustração tal, que me deixa sensaborona até mais de uma semana!
Acho, que afinal de contas a razão porque muitas vezes os homens dizem que somos “complicadas”, (e acho um piadão a esta palavra), é precisamente porque não nos compreendem! E porque é que não nos compreendem?! Porque nos vêm à medida deles e pensam que todos os dias ficamos satisfeitas com uma sandes de pão com queijo e fiambre! Não! Amigos… Não! Porque é que em vez de dizerem logo… “Vocês são umas complicadas, nunca sabem o que querem!” … não se dão antes ao trabalho de perguntar o que é que nós queremos?! E se a resposta for um “ Não sei!”, por favor, não se deixem iludir… é que esse “não sei”, raramente é indecisão… muito antes traz um “eu até dizia, mas acho que não vais gostar”, ou “ não me apetece dizer, porque se me conhecesses sabias”… por exemplo! Poucas vezes um “não sei” indica mesmo indecisão ou ignorância! Mas, como para tudo o resto na vida, para ouvirem os nossos quereres é preciso tempo e paciência, coisa que juntamente com tudo o resto nos dias que correm, está em crise! Até o sexo, vejam só! (vide revista Visão deste mês!).

Enfim, talvez sejamos um tanto ou quanto complicadas, mas indecisas… ainda me custa a aceitar!
E uma vez que me recuso a deixar p’ra amanhã o que “bem podia ser p’ra hoje”, aqui fica a minha lista de quereres de momento:

1. Queria sol;
2. Queria ter tempo de fazer um brushing hoje;
3. Queria um vestido comprido, que não tivesse que cortar;
4. Queria perder 3 quilos;
5. Queria o meu carro lavado e aspirado, sem ter que trabalhar para isso;
6. Queria que a minha filha dormisse até ao meio-dia este fim-de-semana;
7. Queria que os CTT fossem mais eficientes;
8. Queria ter mais um bocadinho de euros, para me durarem até ao fim do mês;
9. Queria um jantar romântico a dois;
10. Queria uma saída de meninas, daquelas da “antiga guarda”;´
11. Queria que as pessoas fossem mais justas;
12. Queria que houvesse uma ponte pequenina entre o Porto e S. Miguel;
13. Queria que a Coca-Cola não fizesse tanto mal;
14. E queria ter mais tempo para fazer esta lista de quereres…

Talvez noutra altura vos diga, mais quereres ou já não! E vocês, o que é que querem?!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Life is just a bowl of cherries...


Há muito quem fale, como de um alto de um pedestal. Enchendo-se de valores morais, aplicados única e exclusivamente aos outros… Deus nos livre, nunca aos próprios!
Há muito quem se encha de coragem e princípios para falar da vida dos outros. Falam das vidas dos que conhecem e mais ainda das dos que desconhecem!
Há muito quem guarde segredos, que até mesmo os próprios têm vergonha de os guardar!
Há quem goste de nós.
Há quem pense que gosta.
Há quem não goste, nem desgoste.
Há quem estranhe, quem ame e quem odeie!
Há quem nos tenha uma raiva de morte e depois há aqueles que pura e simplesmente nunca nos vão entender.
Quem gosta de nós, preocupa-se, critica-nos, aceitando-nos sempre depois.
Quem pensa que gosta de nós, pensa que se preocupa, critica-nos e depois pensa que nos aceita.
Quem não gosta nem desgosta, não se preocupa, às vezes critica e não se preocupa em aceitar-nos ou não.
Quem nos estranha, preocupa-se com sua própria estranheza, quem nos ama é o nosso crítico mais apaixonado e quem nos odeia é quem nunca nos aceitará.
Os que nos têm raiva de morte e os que nunca nos vão entender, preocupam-se com isso até aos cotovelos, criticam-nos até às pontas dos cabelos e depois não aceitam nunca que alguém nos possa algum dia sequer tentar aceitar!
Não falo do alto de nenhum pedestal e os meus valores morais cabiam num frasco de compota pequeno. Tento viver de acordo com os meus princípios e de acordo com os caminhos e ventos que me vão levando na vida.
Se falo da vida dos outros, conhecendo-os ou não, tomo-os como comparativamente à minha e não me atrevo sequer a julgar, sem antes tentar conhecer!
Não tenho segredos, se os tivesse, não os saberia guardar! E a única vergonha que guardo é a de muitas vezes me calar, quando me apetece berrar.
Se a vida é como uma taça de cerejas, há dias em que como algumas bem podres! Desculpem lá este desabafo, que vou até ali cuspir o caroço e já venho!

Disparates de Mãe no Século XXI


Antes ainda de ser mãe tinha umas não sei quantas teorias e ideologias irredutíveis e irrefutáveis acerca dessa condição e da relação que iria um dia ter com os meus filhos, se os tivesse!
Agora que sou mãe, vivo perdida e desnorteada, deixando cair por terra todas as teorias e ideologias, que nem frágeis castelinhos na areia.
“Filho meu, não há-de fazer birras é NUNCA! Ai dele!”. Ainda me lembro destas palavras, que engoli em seco com pontuação e tudo, aquando da primeira birra pública da minha filha, que tinha, imaginem só, uns pequenitos e fresquinhos 11 mesinhos de vida. Eu corei, engoli em seco e tentei não ceder ao seu choro sufocante e roxo, no meio do hipermercado local, enquanto todos os olhos em volta se centravam em mim. Tudo isto, porque ainda não sabendo andar sozinha, fazia questão de ir pelo seu próprio pé, pelo meio dos corredores, com uma mão na minha e outra em tudo o que conseguisse agarrar!
Teorias do “filho meu dorme no quarto dele desde os 3 meses” e mais nada! Ficou no nosso até aos sete e só saiu quando deixou de mamar durante a noite!
Ideias do género: “ Vou ler-lhe um livrinho todas as noites, desde que tenha 6 meses” e lá estamos nós a deixá-los desfazer tudo o que é livro e à noite, ansiosas para que adormeçam por fim, sem livro, nem leite, nem nada! Enfim… Uma série de teorias muito bonitinhas, mas completamente impraticáveis… ou então praticáveis apenas com crianças em forma de santos, e pais em forma de pedra!
Tenho vindo a aprender, que as melhores teorias também não são aquelas que se lêem em livros, e eu já li uns quantos, pois se aquilo funciona maravilhosamente quando lido, quando aplicado falha quase sempre. As teorias do adormecer, do deixar a chucha, do não embalar, do embalar e muito. Porque a páginas tantas e depois de tanto ler, acabo por me aperceber que por vezes lia livros completamente contraditórios apesar do assunto ser o mesmo.
Fala-se muito nos dias que correm, das crianças de hoje, que são diferentes do que éramos nós, que não cedem com a mesma facilidade, nem respondem aos mesmos estímulos. Fala-se dos novos Pais, de pais amigos, de pais companheiros, educadores, mas não castradores, ensinantes, mas não militaristas e eu chego à conclusão que um pai não pode deixar de ser um pouco disso tudo e que as crianças, afinal de contas serão sempre crianças e que depende muito de nós pais deixá-las ser crianças ou obrigá-las a corresponder aos padrões de hoje, do que deve ser ou é uma criança.
Este fim-de-semana, dei por mim a reparar em algo, que nunca antes tinha observado na minha filha, uma tara por vassouras! E porque é que nunca tinha reparado nisso antes, perguntam vocês?! E eu respondo… simples, em nossa casa ela nunca teve acesso a uma vassoura. Seja porque estão encerradas na lavandaria lá de casa, seja porque eu nunca as uso, apontando a minha predilecção para o uso do aspirador em detrimento do uso das mesmas! Mas é que vocês nem imaginam… ela adora-as! Assim sendo, a minha sogra fez questão de lhe comprar uma de brincar. Mas o que aconteceu foi que não era essa que ela queria! Eram as nossas, as reais, as verdadeiras, as grandes! O mesmo acontece desde sempre com os telemóveis lá em casa e com as chaves e carteiras, pois embora ela tenha réplicas perfeitas da Chicco, Playschool e bla, bla, bla… não há para ela nada como a “real thing”! E agora pergunto-vos eu… para que andamos nós a comprar brinquedos aprovados pela CE, com kits de segurança e preços de um verdadeiro cofre, quando as crianças ficam satisfeitas até com as coisas mais simples?!
Outra teoria minha que caiu por terra! Porque no meu entender, se progressos há, e estudos… é porque realmente as crianças prefeririam os brinquedos Chicco ou de marcas gémeas. Mas a verdade é que isso as satisfaz 10 minutos, logo indo em busca de um garrafão vazio, ou caixote do lixo, deixando de lado os nossos 50 e poucos euros, como se de uma rolha velha se tratasse! E por falar em rolhas… já tentaram entreter um bebé com rolhas de cortiça?! Está certo… agora vêm vocês dizer… é perigoso, podem engoli-las, podem sufocar, pode ser tóxico! Mas a verdade é que, devidamente supervisionadas, as crianças podem brincar com as coisas mais simples, e por vezes são essas mesmas, que lhes trazem maior grau de satisfação!
Lembro-me de ser criança e passar as férias do Verão na aldeia com o meu primo e a minha avó. E quando penso nesses tempos, não me lembro de nada mais feliz! Sem televisão, sem computadores, sem internet! Acho que as nossas crianças ficam cada vez mais dependentes desses artefactos modernos, precisamente porque nós também o somos. Mais, muitas vezes somos nós próprios quem faz questão de lhes dar o melhor telemóvel da loja ou a melhor consola… quando talvez ainda fosse cedo demais para essas coisas!
Vejo constantemente crianças de 10 e 12 anos, com telemóveis de terceira geração e portáteis, quando o uso que fazem desses instrumentos é bem mais “des-supervisionado” e bem mais perigoso do que a minha filha, brincar sob o meu olhar atento com rolhas e garrafas de plástico! Acreditem que telemóveis e computadores na vida de uma criança podem ser bem mais sufocantes do que uma rolha na goela! Bem sei, que corro o sério risco de esta ser mais uma brilhante teoria que caia por terra com a minha experiência enquanto mãe… mas enquanto dura esta minha lucidez, intocada ainda pela experiência, quer-me a mim parecer que tenho que tomar precauções quanto a isso num futuro próximo!
E agora, se me permitem vou comprar mais um livro de teorias infantis, desta vez recomendado pelo próprio pediatra da minha filha… para ver em quanto tempo cairão estas por terra! It’s so much fun being a mom!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Os Malefícios de um Blog!

Desde que fui incentivada a publicar os meus textos num blog, que me questiono sobre as vantagens e desvantagens de se ter um “bichinho” destes, tratar dele e cuidá-lo, estimá-lo e alimentá-lo. Afinal de contas, a dedicação de cada blogger para com o seu espaço, acaba por lhe ocupar algumas horas e pensamentos. Uma das minhas primeiras ideias acerca de um blog é que era um espaço onde cada blogger se dava a conhecer a si próprio, ainda que sob um “pseudónimo” ou imagem transfigurada, mas acima de tudo, no meu entender, um blog era um espaço que nascia do amor do seu “dono” e criador, que lá deixava, para quem tivesse interesse em ver, ler ou ouvir, pequenos pedaços, fragmentados de uma personalidade distinta e individual, diferente com seus próprios gostos, particularidades e especificidades. Mas muitas vezes dei por mim a pensar, que ao tornar público o meu blog, para além de dar a conhecer esses fragmentos da minha pessoa, estava a permitir, que pessoas bem ou pior intencionadas invadissem o meu espaço, sem o menor cuidado, educação ou pudor. E como eu, muitos outros bloggers há que se deparam com este problema!
Tenho por hábito, ao chegar ao escritório, fazer uma curta visita aos meus blogs habitué e ler, ou ver, ou ouvir, aquilo que por lá foram publicando os meus parceiros bloggers, alguns dos quais são de visita obrigatória no meu dia! Tornaram-se assim um substituto às revistas cor de rosa, ou à literatura ligth ou não, que tão aficionada me tornaram anos a fio!
Mas, a verdade é que a cada dia que passa me deparo com mais invasões de privacidade e abusos de liberdade numa tentativa de ofender a integridade dos bloggers e participantes, que se “mostram” nestes espaços, chamados blogs!
Hoje mesmo, em dois dos Blogs, que sigo, me deparei com situações desta índole, o que despertou a minha reflexão… e por muito que se diga: “moderem os comentários”, “não liguem a provocações de anónimos”, compreendo bem a frustração das partes envolvidas, pois são fragmentos nossos que são enxovalhados e mastigados e pisados em espaço público da blogosfera! Não é fácil lidar com críticas… não o é, nem nunca será para ninguém em lado nenhum, mas daí a estar voluntariamente sujeito a elas…
Decidi lançar aqui esta minha reflexão, porque já eu, em blog vizinho, me vi envolvida numa troca de “galhardetes” indesejada, com comentadores anónimos, que alimentando a polémica no dito blog renderam mais de 30 comentários e mais de 200 visitas… o que não é nada, comparado com aquilo que tive hoje a oportunidade de ler nesse mesmo blog, em relação a outro tópico… 162 comentários, ou à volta disso e mais de 2000 cliques e visitas… num só dia! Nada mau, ah?! Parece mesmo que a polémica rende e que como já tive a oportunidade de dizer aqui, noutro texto, a interactividade que estas novas “revistas” de fofocas permitem levam muitos a ignorar os limites do bom senso e da boa educação e a extrapolar da crítica de um look, para o insulto pessoal, sem sequer se conhecer as pessoas em questão!
Em tudo na vida, e assim também o tento fazer na Blogosfera eu peso as minhas acções e por isso não queria de deixar de dizer aqui, neste espaço, que é MEU, aberto às vossas visitas, que não me vou coibir de escrever aquilo que quero e penso, com medo de opiniões alheias, nem me vou dignar a aceitar comentários de anónimos mal-formados e mal-intencionados, só no bom nome da liberdade de expressão… entenda-se isso não é liberdade de expressão é agressividade gratuita, contra alguém desconhecido, possivelmente canalizando frustrações quotidianas num espaço alheio, que não vos pertence! Pois, meus amigos, aqui não! Mais, recuso-me a ler blogs, que permitem essa troca de galhardetes, ainda que gostasse muito do Blog, porque acho que depende do Blogger controlar o nível e o bom ambiente do seu próprio espaço! Assim sendo, chego às vezes a pensar que ler determinados Blogs e seus comentários é mais prejudicial do que fumar cinco cigarros. É que um clique nestes blogs, às vezes pode custar cinco minutos de tempo e umas boas horas de sono!


segunda-feira, 15 de junho de 2009

Primeira-Feira...


Segunda-feira, nunca foi tão Primeira como aquela que se segue a um domingo, último dia de férias... Para mim, hoje é Primeira-feira!

Primeira-feira de ressaca e recuperação destes merecidos dias de descanso santo, a banhos de família, boa comida e lugares familiares. Soube bem, mas “soube a pouco”, como diz a voz do Povo! E já estou naquele espírito de Velho do Restelo, que não sabe sequer, se é bom ou mau, o facto de estar de férias e voltar, porque mal habituados, corpo e mente, custam a engrenar nestas primeiras-feiras duras de reinício de vida de quotidiano e trabalhinho regular.
Mas foi bom. Valeu a pena no geral e ainda mais enquanto durou… foram bons estes dias passados num Porto quente e abafado de termóstato avariado, sempre acolhedor e familiar, tripeirinho e prazeiroso.
O regresso de ontem, num voo tardio entre as 23 e a meia noite, fez-se numa ilha húmida e arrefecida, de gente sossegada e sorridente! E hoje, primeira-feira desta minha primeira semana de trabalho pós-pausa, só me apetecia estender ao sol, naquelas praias lá bem em frente a casa, onde a areia preta puxa o sol e guarda o calor e o mar temperado convida a banhos de água do atlântico sereno e azul.

Vamos lá Re-começar!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Vou ali e já venho!


Assim em jeito de aviso aos meus queridos e fiéis Bleitores, que não sendo muitos, são MUITO bons, fica aqui um "Vou ali e já Venho"!
Quem me lê, sabe bem onde, quem não lê... faça favor... tem à sua disposição 45 maravilhas de leitura de Croniquices e Historinhas, desta Mulher a 1000/h, que vai matar saudades de uma casa e ganhar de outra! ;)
Até Segunda-Feira!

Ora, muito bem, aqui para a "je" sai uma noite bem passada, se faz favor!


Se hoje alguma alminha caridosa me tivesse perguntado, como em outras ocasiões, “bem passado ou mal passado?!”, a minha resposta tinha sido, “bem passado, se faz favor obrigada!”. Um soninho descansado. Uma noite “bem passada”! Não era pedir muito, pois não?! Ainda ontem num (contra) tempo me rebelei contra essa instância indomável, que se questiona a si própria acerca da sua essência e duração, nem ela própria se sabendo muito bem ler ou interpretar! O tempo!
Ontem à noite, por volta das três da manhã, para mim, era tempo de dormir! Para a minha filha, no entanto, era tempo de regredir de noites bem dormidas, para os intervalinhos de noite que dormiu, desde o dia em que nasceu até ao seu sétimo mês! Sim, é verdade! Sete meses a dormir, sonos curtos de pulga, intercalados a banhos de choro e baba e muito biberão à mistura! Não há quem aguente! Eu que o diga, que na primeira noite, que ela dormiu sete horas seguidas, acordei em sobressalto, com a sensação de que algo mau se tinha passado!
Pois muito bem, estava eu ontem em descanso, prontinha para entrar na quarta hora do meu primeiro ciclo de sono, quando ela de repente rebenta num choro inconsolável, inapagável e muito audível. Não ouve carinho, nem “fofinho”, nem água que lhe valesse! Chorou como se não houvesse amanhã e quando o amanhã chegou, em forma de cinco e meia da manhã, só o biberão de leite a acalmou!
E eu, caminhando descalça e sonâmbula pela casa fora, às escuras, com ela em braços, mandei o sono passear lá fora e enchi-me de cuidados. Passaram segundos, que demoraram horas, horas que demoraram dias e finalmente o amanhã chegou! E hoje, só queria ter dormido, mais um nadinha, um bocadinho de nada! E não queria ter lutado tanto contra aquele tempo que me acordou ontem, aquele tempo doido varrido e desconcertante, que me levou o sono embora e me deixou aflita de coração nas mãos, entre o certo e o errado, o que fazer e não fazer… enquanto ela dormia chorando, aos intervalinhos no meu colo e pensamento.
O amanhã chegou e ela dormia pesada no seu berço, como se nada se tivesse passado e quando acordou, sorriu! O meu sono foi esquecido e a noite mal passada, que tanto me custou a deglutir e ingerir, soube a prato comido à pressa, sem gosto nem sabor. Esqueci o meu sono, aquele que me abandonou e fiquei feliz e sozinha, mas derrotada pelo meu cansaço. Esta noite, if you please, quero-a mesmo bem passada! Pode ser?!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

A Croniquice da S., ou " Deslarga Bicho Mau!"...


Deslarga bicho ruim! Vai de retro Satanás… Xororó perlimpimpim… qu’ele há gajos que não se tocam! Porra prós mafarricos, que nem a pás de chá de “vai pra longe” se põem no seu lugar!
Desculpem lá este desabafo, mas se há homem chato e persistente é esta espécie de não “fo**” nem sai de cima, que só aparece quando nos sente felizes para logo nos mudar o estado de espírito!
Não falo de mim em concreto, não se pense, pois segundo consta, eu para bichos deste género tenho uma espécie de efeito Axe ao contrário! Estão a ver o Dum-Dum… eu é mais “Pum-Pum”, já foste! É que segundo dizem, não é só a aparência Nórdica, de pele, tez e nariz, que me caracteriza… diz quem sabe: “que tenho uma frieza muito nórdica” na minha personalidade. É que quando eu digo: Não! Chega! Basta! A porta fecha-se. Mas fecha-se mesmo e não há brechazinha que lhe valha, por onde, seja ela o mais fina que for, consiga entrar! Aquela esperançazinha maluca do: “vamos lá ver”, “talvez desta seja diferente”, “talvez desta ele mude mesmo”! Na. Minhas queridas… Pau que nasce torto, tarde ou nunca se endireita!
Então não é, que tenho uma amiga! AMIGA, assim com AMIGA em maiúscula, que se vê constantemente assombrada por estes espíritos Xelélé, de mortos-vivos, mais mortos e enterrados, que vivinhos da Silva! Parece Karma mulher! E hoje em conversa, comentava mais uma tentativa de contacto do Além de uma destas Almas Penadas, sem ponta que se lhe pegue, com desculpas do tempo da Carlota Joaquina e historinhas de encantar, para as quais já nem a minha filha tem pachorra de aguentar! “Sarna para te coçares?! Naaa... só se gostares do cheiro do remédio dos piolhos!”, disse-lhe eu! É que não é só um… são dois! Das duas uma, rapariga: ou és Santa Desejada e nunca mais esquecida, ou então esses meninos estão a precisar de um “dicionário de tampas para Totós”!
Tu benze-te antes de sair de casa! Não atendas o telefone, muda de email, casa, nome, caixa e área postal! Por tudo o que te valha, pior coisa que amor falido, é mesmo amor falido e inconformado!
Por todas Vós almas penadas e alminhas assombradas aqui fica uma Velha Máxima, que me custou a encaixar, mas decerto, NUNCA mais me vai deixar: VALE MAIS SÓ QUE MAL ACOMPANHADA! E tenho dito!

(contra) Tempo


Ainda um dia alguém me vai explicar, mas assim como quem explica a quem é "uma criança de 10 anos", de poucas percebas e muitas perguntas, o porquê do tempo passar tãaaaao devagar quando se quer que ele passe a correr!?
É que, apesar desta semana começar numa quinta-feira, como me lembrava e tão bem a minha querida amiga T., o dia está a render, mas a render MUITO de uma forma tão pesarosa!
Há quem diga que o tempo, não é mais do que psicológico, mas se o é, então é do contra, porque joga sempre contra as nossas vontades! É que não é por nada, mas chegando quarta-feira, ou seja sábado, tenho a certeza, mas certeza, certezinha, que o tempo vai passar a correr… a galope, a trote, de avião supersónico e super rápido, que nem TGV na maior loucura!

Sempre que estamos na caminha, quentinhos e a dormir relaxadamente, uma hora passa em cinco minutos! Mas, se estamos numa fila, em que esperamos cinco minutos, já parece que passou uma hora!
Ai que raios este tempo, que se pergunta a ele próprio, quanto tempo o tempo tem, e se responde que tem tanto tempo, quanto tempo o tempo tem! Que podemos nós, de resto, esperar de uma entidade tão abstracta, tão confusa e baralhadora, que se responde com enigmas até de si para consigo?!

“Será chuva, será gente?!” - o que raio será que me está hoje a afectar de tal forma, que me leva a sentir intensamente cada minuto que passa, cada hora que sinto passar?! Com se trouxesse em costas os ponteiros de todos os relógios do mundo?!

Não é enigma nenhum, que esta minha ânsia de ir a casa, de assentar pés no meu Porto, me faz correr o coração a 3000 à hora, mas porque raios, não correrá também atrás dele este molenga do tempo?! Por mim, corria que nem um louco até amanhã, parava só na quarta e demorava um mês até Domingo!

Quando era pequenina, lembro-me bem de me forçar a dormir muito, na véspera de Natal, para o tempo passar rápido até à hora de abrir presentes! Era um sono forçado, sentido, obrigado… mas valia tanto o esforço, porque o que de facto acontecia, era que, na maior parte das vezes, acordava no momento exacto em que os meus pais me entravam no quarto a informar da chegada do Pai Natal! Ou não fosse isso truque deles, que mal me encaminhavam para o quarto, logo me deixavam as prendas no fogão!
Ai quem me dera, puder agora fechar os olhos e dormir e só acordar na quarta-feira de manhã, assim mesmo antes da hora do voo e partir a correr de malas e bagagens e filha e marido e coração apertado, para voltar ao meu espaço, meu ar, minha terra, família e amigos e respirar o ar, que me inundou pulmões, anos a fio!

Assim está esta mulher a 1000/h hoje, numa ânsia, numa ansiedade, numa inquietação infértil que me irrita até o mais pequeno nervo… a contar as horas, para o amanhã chegar!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Futilidades de uma rapariga loira...


Pois é… Estou de luto!

Hoje estou de luto e ninguém me incomode, porque acabei de deixar no cabeleireiro um chão enorme e coberto dos meus pobres caracóis!

Ao que consta, juntamente com os meus pobres, danificados e marcadamente escalados caracóis, acabei de deixar naquele local, 20 anos, ou coisa e tal da minha tão nobre idade! Voltando assim à minha estúpida e pobre aparência de 10 anos de idade!
Estou de luto, não se iludam… por cada pedaço dos meus cabelinhos, que ficou naquele chão! Mas sabem que mais?! Foi morte necessária e voluntária, mais que isso, urgentíssima, daquelas pontas de cabelo inúteis e danificadas!

E so what?! Se me roubaram 20 anos… melhor do que me colocarem 30! Penso eu, enquanto me estranho ao espelho e nos olhos do meu marido!

Mas foi assim… daquelas decisões, para ontem e quanto mais cedo melhor! Vamos lá ao cabeleireiro deixar as marcas de uma gravidez, num leque capilar de anos e trocar uma plástica pela bela da mudança de look!

Mas ao mesmo tempo, que estou de luto… estou de esperanças! Esperanças no crescimento de novos caracóis vistosos e atrevidos, rebeldes e assimétricos, que me façam olhar ao espelho e ver o novo eu! Um eu de Verão… fresco, fresquinho! Tão fresco como uma alface!
Talvez fresco demais… diriam alguns! Mas a mudança é mesmo assim… choca, incomoda, mas refresca!

Ainda passo ao espelho e me pergunto: “Quem vem lá?!”… mas amanhã, já me reconhecerei de novo e rapidamente perceberei que tomei a atitude correcta!
As mudanças são mesmo assim, exigem um período de adaptação e reconhecimento. Mas em tudo na vida a mudança é necessária!

E de resto, olhem… hoje vingo-me e vou comprar vestidos e brincos… frescos e leves, como a leveza deste meu novo corte de cabelo! Esperemos que este corte seja como a Coca-Cola, segundo Pessoa: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O Conto da Rosana!


“- Ó tia, mas tu escreves todos os dias?!
- Sim, amor. Só nos fins-de-semana e feriados é que não… porque nesses dias sou toda da tua priminha!
- É preciso ter paciência! Ufa…
- Não. É preciso gostar!
- Sim, também é verdade!
- Olha lá, tu não vais todos os dias à Internet?! É porque gostas, não é?!
- Tens razão… Sabes, tentei ler o teu texto do acidente… mas é muito comprido… pfff.
- É… um bocadinho! Mas tenta ler antes o que eu escrevi para a tua prima!
- Como se chama?!
- É o das Aventuras da Maria… é comprido, mas lê-se muito bem!
- Ok. Vou ler!
(…)
- Ai Tia, já li! Gostei tanto… Até fiquei emocionada! Tão lindo…
- Ainda bem que gostaste! Eu disse-te que era giro! Amanhã escrevo um para ti…”

E foi assim, que depois de 10 minutos de conversa eu me comprometi a escrever o “Conto da Rosana”. Para a sobrinha mais linda, que uma tia pode desejar! Obrigada pelo teu esforço de leitura e espero que gostes….

Há muito, muito tempo atrás, numa época em que não havia telemóveis, nem telefone, nem internet, nem televisão havia duas amigas, cujo passatempo favorito era plantar flores! Era um passatempo que exigia muitos cuidados e muita paciência… mas acima de tudo, este passatempo tão meticuloso exigia das duas um gosto, uma paixão pelo cultivo e plantação de diferentes flores, plantas e árvores de fruto.
Essas duas amigas viviam numa aldeia muito perto de uma montanha e de uma serra e por isso, naquela região o tempo era ameno e raramente fazia vento. De vez em quando chovia um pouco, mas havia sempre muita humidade no solo, o que era óptimo para as flores! Rosa e Ana, era assim que se chamavam, primavam pela delicadeza com que trabalhavam no seu jardim e quintal e mais ainda pela escolha das flores que ali decidiam plantar! Elas tinham uma diversidade tão grande de flores naquele espaço, que quem visse aquele jardim pensaria de certo estar no Éden… o perfume daquelas flores não deixava ninguém indiferente!
Mas Rosa e Ana, tinham uma grande dor, um grande pesar… é que no meio de tantas flores, havia uma espécie que teimava em não vingar! Não era uma espécie rara, nem de grandes sabedorias, mas a flor tão desejada era naquele solo abafada! Pois sempre que Rosa e Ana a tentavam plantar, acabavam as duas a chorar!
- Mas porquê?! – lamentava-se Ana a alto e bom som… - Porque é que será que não sai nenhuma rosa deste chão!
- Não sei não, amiga do meu coração, mas a verdade é que já me custa deitar tantas vezes essas sementes na terra, para as ver em aflição.
Na verdade, aquilo que acontecia é que as florzinhas até chegavam a crescer um pouco, mas na altura de florir, não havia nada que lhes valesse, deixavam-se morrer, para não mais existir.
Sniff, sniff, sniff… choravam as duas com todo o seu sentimento. E choravam tão alto desta vez, que não havia na aldeia quem não as ouvisse, tão estridentemente, como se fossem três.
De passagem ao largo da aldeia, estava um lindo e formoso viajante. Um Senhor muito elegante e educado, que se chamava Mestre Ricardo. Mestre Ricardo tinha viajado por estradas longínquas e caminhos tortuosos. Tinha corrido esta terra de fio a pavio, em busca de todas as maravilhas, que se lhe acontecesse encontrar. Tinha estado em Veneza, na Índia, em Paris, tinha visto Londres, Oslo, Moscovo, já tinha estado na China, Austrália e Japão. E na sua última viagem até tinha chegado a estar no Uzbequistão. Conhecia várias línguas, dominava-as todas bem e guardava um diário com as anotações todas das suas viagens, tão religiosamente, como quem guarda algo que valor maior não tem. Mestre Ricardo ouviu este choro agudo, mas o que o levou a seguir caminho, foi sem dúvida o trilho daquele aroma florido! Ao encontrar semelhante Jardim, no meio daquela aldeia tão simples, desceu prontamente do seu cavalo deixou-se cair de joelhos, encandeado pelas cores vibrantes e aromas férteis daquele jardim tão perfeito. Fechou os olhos, encostou as mãos ao peito e levantou-se a eito, de um jeito tão de repente como se tivesse sido empurrado por uma corrente!
- Quem sois Vós, lindas Damas e Senhoras deste tão nobre jardim?! E porque chorais agarradas, nessa agonia sem fim!?
- Nós somos Ana e Rosa, as donas deste lugar, mas choramos a morte de uma flor, que não conseguimos fazer perdurar!
- De que flor se trata, caras senhoras minhas… pois no meio de um jardim tão vasto, não pode de certo este solo lhes ser nefasto.
- Mas é meu senhor, é de facto, tão árido e mortal, como se fossem os picos de um cacto!
Inteirou-se dos problemas das duas e surpreendido pela flor moribunda, prontificou-se a partir, trazendo uma rosa tão forte, tão mágica e especial, que vingasse em qualquer jardim, terra ou quintal! Partiu e vagueou durante 3 meses, correu a Europa de lés a lés, mas foi em terras africanas, no Reino do Congo, que semelhante rosa lhe caiu aos pés… Olhou em frente e viu, uma Roseira Brava, tão grande, tão imensa, tão possante, que cravejada de rosas, parecia no meio daquela paisagem um enorme e bruto diamante. Um caminheiro que por perto passava, ao ver o espanto daquele camarada, perguntou-lhe o porquê de tanta admiração, afinal de contas essa Roseira não era mais do que a Rosa do Coração.
- Essas rosas que aí vê, só nascem quando um grande amor se faz, e morrem com ele, quando ele se desfaz. São rosas de amores que vivem, e a roseira plantada, não vive de mais nada, que não seja amor, sentimento e uma fada, que habita algures entre os ramos desta planta.
- Como posso falar eu com ela?! Preciso de levar uma semente para duas amigas, amantes de flores e de seu jardim, que estão enterradas numa tristeza imensa, por não haver rosa que plantem e vingue por fim.
Ao ouvir isto… salta do meio da Roseira a fada, que lhe diz em surdina:
- Se a essas Damas com sua rosa, quiser agradar, terá que fazer nascer um amor verdadeiro, daqueles sinceros e para durar…
E com isto, pôs-lhe na mão uma bolinha vermelha, ligeiramente em forma de coração. Era a semente da Rosa, que só nasceria vaidosa, quando um amor nascesse, que a tornasse de poesia em prosa!
E assim, segui caminho o nosso Mestre Ricardo, orgulhoso e cuidadoso, guardando na mão a semente e uma só ideia na mente: como fazer vingar o amor, no meio daquela gente!
Ana e Rosa, contavam agora entusiasmadas e expectantes à sua prima Teresa, as grandes aventuras do Mestre, que viria em sua defesa. Mas foi Carlos, quem as advertiu, de que esse Mestre Ricardo podia nunca voltar…
- Mentiu… - pensava Ana, tristinha, com olhar de menina meiguinha a quem o coração acabara de se partir!
- Ele volta. – Afirmou Rosa com segurança… empinando nariz e pança e olhando pela janela fora, grita como se não houvesse agora: - Ele chegou… ele está aí…. É ele! É ele! É ele quem vem!
E correram as duas ao seu encontro também!
Ao ver as duas correr, com semelhante alegria, Mestre Ricardo pensou, que por aqueles sorrisos, tudo valia! E nasceu ali, o começo de uma grande amizade. Amizade essa que fez, com que entre aqueles três nascesse um amor, que não mais padeceu… Porque às vezes, vale mais uma verdadeira amizade, do que um amor com falsidade!
E foi assim, que os três de mão dada, escolherem um lugar de realce, para plantar a Rosa Coração, que o Mestre trouxe sempre em sua mão. Não sei se do calor da sua mão, se da amizade forte, que ali nasceu, aquela rosa plantada, muitos anos viveu! Era linda e maravilhosa, inspirava toda a gente, que ao vê-la se sentia inexplicavelmente contente. E foi por isso, que um dia, ao entrarem no Jardim e ao vê-la Rosa e Ana decidiram dar um nome, àquela sua pequena… Rosana!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Outra vez o Amor...


(... E já há muito que não escrevia sobre este tipo, por isso agora, aturem-me!)

Hoje ao ouvir os desejos e aspirações de uma amiga em relação a um "amor", que parece que nunca mais chega à vida dela, dei por mim a pensar, que talvez nunca chegue… pelo menos seguramente não da forma como ela o “quer”. E digo mesmo “quer”, porque segundo ela, ela não quer um tipo qualquer, quer um sensível, mas macho, que goste de pintura e filmes, mas também de literatura e viagens, que saiba cozinhar e que vista bem… e perlimpimpim… um gajo todo quitado, é o que é! Mas afinal o que ela quer, perguntei-lhe eu… é um amor ou um gajo assim?! É que na maior parte das vezes, o nosso amor, surge sobre a forma da pessoa mais inesperada e mesmo assim, ainda gostamos mais dela, pura e simplesmente porque é ela e não alguém por nós idealizado.

Quando as expectativas são altas, as probabilidades de se sofrer uma desilusão crescem com elas… e o amor não é algo anti-natura, planeado, programado ao milímetro e cronometrado ao segundo. O gajo é “fodido” já dizia o outro, é “fogo que arde sem se ver”, “contentamento descontente”, é surpreendente, inesperado e nunca aparece quando queremos vê-lo chegar!

Vamos jogar ao faz de conta e encaremos o amor, a partir de agora, enquanto pessoa e não sentimento. O Amor, (passaremos a designá-lo como nome próprio e por isso em maiúsculas), não vem a nossa casa, quando a gente lhe pede, mas aparece para jantar, precisamente no dia em que não tomámos banho e estamos sentadas no sofá, completamente ”xostras” a papar pipocas e gelado de chocolate, com o cabelo preso por uma mola castanha e velha, deixando antever os restos de maquilhagem no rosto. O Amor é aquele tipo, que quanto mais se anda atrás, menos nos liga. Mas se damos uma de indiferentes ele corre atrás. O Amor tem bons e maus dias e há quem diga que é bastante temperamental. Gosta de variar nas iguarias que come e serve e é como as crianças, testa-nos diariamente! O Amor, lá bem no fundo é um tipo fixe, com quem se passam umas horas bem passadas, mas com quem não se pode programar nada! Senão, sai tudo furado! O Amor faz-se passar por um gajo inatingível, mas é o mais próximo de nós que alguma vez teremos. O Amor é um maluco da cabeça e afecta-nos de tal forma, que a páginas tantas já somos nós quem está, de cabeça perdida, verdadeiramente insano, capaz de cometer a maior loucura do mundo. O Amor, também traz calma e as suas palavras funcionam como um "mantra" ao nosso espírito. O Amor tem telemóvel, computador, internet e correios, por isso, não interessa onde está e com quem está, tem sempre resposta e tempo para nos contactar. O Amor é daqueles gajos, que não gostando de escrever faz de nós musas e dele Pessoa, é capaz das maiores verdades e das maiores trivialidades. O Amor quando se cansa, bebe uma Coca-Cola e continua, porque não desiste. Mas quando se farta, deixa-nos e não volta mais. A marca que deixa é mais funda do que a de uma cratera de um vulcão e nunca mais desaparece da Paisagem. Mas o Amor é como lava e não se extingue nunca... deixa o solo fértil para o próximo coração. O Amor é de poucas palavras e é quando menos diz, que mais fala!

Lá em casa, eu tenho um homem, em género de amor da minha vida, o meu Amor, que até hoje me surpreende pelas coisas mais patetas e dou por mim a apaixonar-me por ele diariamente, mesmo enquanto fuma sentado à janela de pijama vestido e cabelo no ar… Não sei bem como é que ele apareceu naquele dia no sítio onde nos conhecemos, pior ainda, não sei bem como é que eu lá apareci também, mas uma coisa vos garanto e vos juro a pés juntos: não fazia tenções de me apaixonar naquele dia. Mas bastou bater os olhos nele, para nunca mais os querer desviar! Ainda hoje, mesmo quando estou fula com ele, que isso também acontece com o amor e o Amor… não consigo deixar de o olhar nos olhos, porque o amor é mesmo assim… "entra pelos olhos"!

Nos tempos de crise que correm, o Amor anda de cabeça perdida, porque a juntar aos habituais dilemas e “luas” da sua personalidade, o estado e a Sociedade anda-lhe a lixar o juízo. Por isso, não é de admirar que a par da minha amiga, muitas almas perdidas explorem e exprimam os seus “quero” em forma de desejos de amor ou Amor. Umas procuram e encontram, outras encontram e perdem, outras nunca encontram, outras nunca procuram e encontram, outras nunca encontram, nem procuram… mas o certo é, que esse gajo do Amor é difícil de evitar e há um dia em que ele nos bate à porta, quer queiramos, quer não… resta saber se o deixamos entrar ou escapar! Esse dia pode ser amanhã, na próxima semana, mês ou ano... e também pode ter sido ontem! Por isso amiga, relaxa... o que tiver que ser será!

A Vida na Ilha


Ontem em conversa com uma amiga dos tempos de faculdade, recentemente chegada da Índia e de partida marcada para Angola, fui surpreendida pela pergunta: “E então, mas afinal, como é a tua vida aí na ilha?!”… Não é assim tão surpreendente a pergunta, no sentido de ser original ou inusitada ou totalmente descabida, mas no mínimo esta pergunta surpreendeu-me, pela minha dificuldade na articulação de uma resposta! Já estava à espera desta pergunta, afinal de contas era a primeira vez que falava com ela, desde que aqui estou… e já muitas vezes antes dela, outras pessoas me fizeram esta mesma pergunta, com o mesmíssimo interesse e formulação… mas parece que à medida que o tempo vai passando, me vou apercebendo menos que estou, de facto, numa ilha! Se de início, todo aquele mar e a ideia de poder ver a ilha de um lado ao outro me assustava e intrigava ao mesmo tempo. Criando em mim, muitas vezes uma certa sensação contida e controlada de claustrofobia, agora… parece-me perfeitamente natural que assim seja, e embora veja o mar, todos os dias… já não penso tanto nele.

Bem, se das vezes anteriores, quando me fizeram esta pergunta eu me limitei a responder: “Bem, estou bem…está tudo bem! Normal! Mais relaxada e tal… é a vida normal do dia-a-dia!”, desta vez, e porque me pareceu que para esta minha amiga essa resposta não bastava, esforcei-me e dei-lhe a resposta que me pareceu mais sincera, a única na verdade, que de facto me ocorreu dar-lhe após semelhante quebra-cuca.
Engraçado como de início, quando para cá vim, achava surreal e absolutamente assustador o facto de existir apenas um shopping, 2 Modelos, nenhuma Benetton, nem Oisho. Isto a nível de lojas e possibilidades de banhos de “cidade” como eu lhes chamava. Mais horripilante ainda era pensar que por vezes as coisas esgotavam nas prateleiras dos hipers e que tínhamos que esperar até à próxima quinta-feira, para vir o produto por nós desejado… isto se viesse, porque havia uma forte possibilidade de não vir de todo essa semana, ou até mesmo na próxima! Outra coisa que me revoltava eram os serviços dos CTT, que se em semanas demoravam 5 dias a entregar correspondência, noutras demoravam 10… só mais tarde percebi o porquê, para além da diferença do envio por avião ou barco da mesma, havia a forte influência da incompetência do carteiro da zona, que sendo substituído uns tempos, abriu lugar a um ainda pior!
Nas minhas primeiras semana cá na ilha, metia-me confusão que as pessoas na caixa, parassem de trabalhar para se pôr à conversa com os clientes e que toda a gente parasse na rua para saudar a minha filha, elogiá-la, brincar com ela, despedindo-se depois dizendo, em bom micaelense: “Saûdinha pa criá!”, frase que só decifrei após umas três vezes de a ter ouvido.
Irritava-me de morte a azelhice óbvia de muitos condutores da ilha. Só mais tarde percebendo que aqui muitos aprenderam a conduzir sem nunca terem entrado numa rotunda ou VCI, sem usar os espelhos e bla, bla, bla.
Outra coisa que me enervava era o facto de toda a gente parecer conhecer-se e o meu desejado anonimato era desfeito ao fim de uma semana, com quem quer que fosse!

Hoje, já não estranho nada disso e só me lembrei que vivia numa ilha, quando na semana passada ouvi a minha mãe a dizer algo óbvio à minha filha, com ela ao colo, escutando atentamente ao olharem as duas pela janela para o mar: “ Sabes amor, é este mar todo que nos separa… a ti e à mamã da Vovó e do Vovô!”. Era verdade! Mas só ao ouvi-la dizer aquilo e ao pensar no efeito que isso teria para a minha filha se ela a percebesse é que dei por mim a pensar, que de facto, é toda esta água que nos separa… uma água de um azul nunca visto, transponível apenas por ocasionais viagens de avião, emails, sms’s ou telefonemas diários… mas sabem que mais, isso já não me assustou! Assim como já não me irritam as pessoas que passaram a ser minhas conhecidas ou amigas, ou aquelas que também eu agora reconheço e cumprimento. Agora, sou eu que muitas vezes paro na caixa, cumprimentando a pessoa que lá está, fazendo conversa de ocasião e empatando a fila! Os banhos de shopping que de início tanta falta me faziam, foram substituídos por passeios na praia, na natureza, convívios com amigos e tempo caseiro de qualidade para a família. Não me lembro sequer da rapidez e eficácia (ou falta dela) dos CTT, porque já não conto com ela. Aprendi a relaxar na estrada e acho que lentamente também eu me estou a transformar numa azelha ao volante!

Daí que a minha resposta á minha amiga tenha sido a mais óbvia de todas e a única que lhe posso dar:“ A minha vida na ilha, é como a tua por esses continentes fora, que no fundo não passam de grandes ilhas… todos eles! Com a vantagem de nesta ilha eu viver, escrever, falar e amar intensamente em português!”

Resumindo, a vida na ilha é boa! Corre sobre rodas, só temos que nos adaptar fazendo pequenos ajustes de mentalidade, que vêm com o tempo e nos trazem uma calma, uma serenidade, uma paz de espírito tal, que só é possível sentir nos Açores, onde os nossos pensamentos fluem entre barreiras de água azul e profunda com ocasionais lagos verdes e vegetação diversa e fértil. A minha vida na ilha é mesmo assim…

terça-feira, 2 de junho de 2009

Parabéns Desbloqueados...


Na semana passada a minha filha fez um ano e eu não fui capaz de escrever uma palavra acerca do assunto…
Problemas informáticos aparte, acho que tive aquilo a que chamam um “bloqueio emocional de escrita”. Ainda hoje, e passados quase sete dias de tal memorável e significativo acontecimento, me vejo em travessas meias e linhas retortas para escrever o que quer que seja com jeito e algum sentido acerca do assunto.
Fiquei secretamente furiosa comigo mesma por ter deixado fugir a oportunidade de ter escrito algo em forma de elogio aos acontecimentos deste primeiro ano de vida da minha filha, a quem tanto devo em crescimento, amor e bom senso!
Ao longo deste primeiro ano de vida dela aprendi que um choro incansável muitas vezes só pede conforto e protecção, mas às vezes também pede alimento e uma troca de fralda. Aprendi que o meu sono, não é mais importante do que os seus sorrisos tímidos e que qualquer novidade nas suas aprendizagens e capacidades. Aprendi que posso ser linda e magnífica da mesma forma com ela ao colo do que sozinha e carregada de roupas da última tendência da moda. Aprendi que ela sabe bem mais o que é amar, do que eu alguma vez saberia sem ela! Com as primeiras doenças da minha filha, aprendi o que é a humildade e a consciência de que às vezes há razões que a própria razão desconhece… pela primeira vez senti o meu coração pequenino e apertado, de tal forma que me fazia sufocar só com a ideia de ela sofrer. Com a minha filha eu aprendi ao longo deste intenso ano, que não se pede amor, o amor dá-se e recebe-se. Aprendi que um filme, um balde de pipocas ou um concerto não é nada em comparação com as suas primeiras gargalhadas, passos, travessuras, aventuras. Com ela aprendi o que é o medo, aquele de que nos esquecemos e que todos sentíamos quando éramos pequeninos e por ela aprendi a vencê-lo. Aprendi a engolir o orgulho e a pedir ajuda. Aprendi a falar, mesmo com quem ainda não fala, aprendi a olhar para as outras crianças, como se fossem a minha e com isso aprendi a ser uma melhor mulher, mais madura e menos fútil.
Pela minha filha mudei num ano a minha vida, como não mudei em 20! Com ela percebi que não há razão para maus-tratos infantis, nem faltas de paciência agressivas dos pais, nem violentas tareias que em nada ajudam.
Com a minha filha eu vi e senti o que é o amor de uma mãe… que luta contra tudo e todos se for preciso pelo bem da sua cria! Pela minha cria, eu tornei-me em alguém, que começo agora a conhecer e reconhecer, mesmo em feitios e feições, que pensei não existir em mim.
Parabéns para ela, que não consciente destas mudanças é o móbil de todas elas e o motor de arranque de todos os meus dias. Parabéns para mim, que sobrevivi com sanidade ao primeiro ano da minha primeira maternidade, às mil e uma “bouçadelas”, às trinta mil trocas de fraldas, às centenas de noites sem dormir, às dezenas de consultas no pediatra, às aventuras de sopas e leites e papas para bebés, às trezenas de mudas de roupa por semana e a um dia-a-dia exigente, mas profícuo, que é o mais comum dos dias, na vida de uma mãe!
Um ano pode não parecer nada na vida de alguém, mas acreditem se quiserem que neste ano, vivi como em 30! Ainda assim valeu a pena… Parabéns filhota… um dia lês isto e saberás que tudo o que sempre fiz foi por ti e para ti! Musa dos meus dias, maravilha da minha vida, obrigada por me deixares ser tua mãe… Tu és sem dúvida alguma o melhor texto que alguma vez escrevi!

Taras e Manias, Obsessões e Teimosias...


Há muito quem tenha grandes taras, mais ainda há, quem possua mil e uma manias. Obsessões, há alguns que têm, mas aquilo que mais se vê no mundo, não passam de valentes e pesadas teimosias. Há, no entanto, quem lhes teime em chamar: valentia, orgulho, persistência… e a teimosia, bem lá no fundo nasce sempre de algo com algum bem camuflado: a crença de que se está a tomar a decisão certa, que estamos a ser fieis a nós próprios e que não vamos deixar cair por terra as nossas ideias… determinação.
A teimosia bate o lado lunar, na altura em que deixa o indivíduo teimoso, sem um pingo de racionalidade ou pesar, e o força a não arredar pé, mesmo quando tudo lhe diz e mostra que está errado, que não tem razão!
A teimosia, tem vários graus, tem vários modos e diferentes manifestações… mas basta olhar para o lado para vermos às vezes, o maior teimoso do mundo!
Hoje, quando estacionava o carro no parque de estacionamento vi uma senhora, claramente transpirada, sob os 17 graus amenos, que se faziam sentir, a agarrar o volante como se de uma bóia salva-vidas se tratasse, insistindo em estacionar o seu maravilhoso jipe grand “grande” Cherokee num lugar de estacionamento mínimo, onde nem eu me atrevia a estacionar a minha caixinha de fósforos… mas ela virava o volante e vinha à frente, e voltava para trás e os faróis dos dois carrinhos de lata prateada, que lhe ladeavam o espaço de estacionamento já pareciam encolher-se com medo da pancada eminente e potentosa do pára-choques daquele bólide tão possante.
Eu segui caminho, percorri mais cinco metros do que ela, mas estacionei nas calmas. Fiz as minhas comprinhas, almocei, ainda tive tempo de arranjar as unhas e quando voltei… surpresa das surpresas… lá estava ela… mas desta vez acompanhada, pelo segurança do shopping, que olhava de mãos na anca para o pobre twingo de focinho amassado, encostado ao behind do Cherokee contrariado, e atravessado no meio da faixa de rodagem. Teimosia, ó Teimosia, do que vales a estes espíritos, que na esperança de poupar uns cinco metros se envolvem em problemas desnecessários, trazendo dores de cabeça e contrariedades aos outros, que lamentavelmente inocentes se deambulam por tais caminhos azarados!
Mas este foi um exemplo da teimosia, no seu nível mais trivial… mais refinada teimosia pude ver ontem nas palavras e exercício de retórica pura e dura na boca dos Bastonários da “Nossa” Ordem de Advogados, que teimando para um lado, teimando para o outro, com menor ou maior educação, pior ou melhor simpatia, fizeram do Prós e Contras na RTP1, ontem à noite palco dos seus bate testas sem sentido, em nada produtivo a não ser no reacender de uma fogueira de novas e ainda mais refinadas teimosias…
Eu cá, sentadinha deste lado do ecrã… escrevo por teimosia, tenho a tara das carteiras, mania das simetrias e obsessão pelo amor. Não se pense por isso, que me pinto aqui imaculada da minha dose de teimosia, mas quando vejo semelhantes graus de teimosia alheia, não posso deixar de pensar nos meus como “peanuts”. Fraquinhos, fraquinhos, em manifestações ideológicas neutras e familiares, ou questões do quotidiano, que me serve.
Mas isto da teimosia tem muito que se lhe diga, lá isso tem, é que às vezes parece que dizem, nasce com as gentes, até mesmo nas mais “piquenas” acções de bebé em forma de uma, na minha opinião, mal interpretada teimosia! Veja-se só que no outro dia fui alertada para o facto de a minha filha, agora com 12 meses, ser muito “teimosinha”… quando ao participar numa popular troca e exercício de rouba de chuchas entre bebés da salinha dela, trouxe um deles de rastos, só porque a chucha insistia em continuar presa ao fatinho do outro… “Pobre alma teimosinha”… ou será mesmo determinação?! É que neste caso não há razão que lhe valha, porque para ela… o objectivo foi cumprido, as perdas e danos não os sabe ainda avaliar.
Nos adultos, a determinação, não pode ser confundida com a teimosia, porque a teimosia começa, quando a razão nos deixa… daí que eu diga, que escrevo por teimosia e não por determinação… não há razão que me valha nesta minha ardilosa tarefa… mas eu teimo! E teimo…
Ponto assente, claro está, esta minha teimosia não prejudica ninguém… não há-de trazer ninguém de rastos, barafustando contrariado… mas há teimosias que ferem e há teimosias que matam… e essas sim são aquelas víboras perigosas que eu gostava de evitar no meu caminho!
Na semana passada, num fórum de comentários a uma notícia de jornal publicada a respeito do caso “Sandra/Alexandra – A menina Russa”, alguém insistia em fazer prevalecer a sua ideia em detrimento da ideia de todos os outros, mas a troca de argumentos era tal, que da razão se passou para o insulto num ápice e é desta teimosia que eu tenho medo… da teimosia besta, que não nos permite ouvir os outros, dar-lhes até alguma razão em parte e enriquecer o nosso leque de possibilidades através do intercâmbio de ideias, vivências e experiências… ou então, não aceitando de todo a opinião dos outros nos leve a uma motivação de prova e comprovação de factos em jeito de arremate final e “touché”!
Já dizia o outro “ Taras e Manias, você vem p’ra mim…”, ao que eu acrescento, “mas deixe lá de lado, essas teimosias sem fim!”. – É como a minha mãe sempre disse: Pior burro é aquele que não quer aprender!