quinta-feira, 4 de junho de 2009

O Conto da Rosana!


“- Ó tia, mas tu escreves todos os dias?!
- Sim, amor. Só nos fins-de-semana e feriados é que não… porque nesses dias sou toda da tua priminha!
- É preciso ter paciência! Ufa…
- Não. É preciso gostar!
- Sim, também é verdade!
- Olha lá, tu não vais todos os dias à Internet?! É porque gostas, não é?!
- Tens razão… Sabes, tentei ler o teu texto do acidente… mas é muito comprido… pfff.
- É… um bocadinho! Mas tenta ler antes o que eu escrevi para a tua prima!
- Como se chama?!
- É o das Aventuras da Maria… é comprido, mas lê-se muito bem!
- Ok. Vou ler!
(…)
- Ai Tia, já li! Gostei tanto… Até fiquei emocionada! Tão lindo…
- Ainda bem que gostaste! Eu disse-te que era giro! Amanhã escrevo um para ti…”

E foi assim, que depois de 10 minutos de conversa eu me comprometi a escrever o “Conto da Rosana”. Para a sobrinha mais linda, que uma tia pode desejar! Obrigada pelo teu esforço de leitura e espero que gostes….

Há muito, muito tempo atrás, numa época em que não havia telemóveis, nem telefone, nem internet, nem televisão havia duas amigas, cujo passatempo favorito era plantar flores! Era um passatempo que exigia muitos cuidados e muita paciência… mas acima de tudo, este passatempo tão meticuloso exigia das duas um gosto, uma paixão pelo cultivo e plantação de diferentes flores, plantas e árvores de fruto.
Essas duas amigas viviam numa aldeia muito perto de uma montanha e de uma serra e por isso, naquela região o tempo era ameno e raramente fazia vento. De vez em quando chovia um pouco, mas havia sempre muita humidade no solo, o que era óptimo para as flores! Rosa e Ana, era assim que se chamavam, primavam pela delicadeza com que trabalhavam no seu jardim e quintal e mais ainda pela escolha das flores que ali decidiam plantar! Elas tinham uma diversidade tão grande de flores naquele espaço, que quem visse aquele jardim pensaria de certo estar no Éden… o perfume daquelas flores não deixava ninguém indiferente!
Mas Rosa e Ana, tinham uma grande dor, um grande pesar… é que no meio de tantas flores, havia uma espécie que teimava em não vingar! Não era uma espécie rara, nem de grandes sabedorias, mas a flor tão desejada era naquele solo abafada! Pois sempre que Rosa e Ana a tentavam plantar, acabavam as duas a chorar!
- Mas porquê?! – lamentava-se Ana a alto e bom som… - Porque é que será que não sai nenhuma rosa deste chão!
- Não sei não, amiga do meu coração, mas a verdade é que já me custa deitar tantas vezes essas sementes na terra, para as ver em aflição.
Na verdade, aquilo que acontecia é que as florzinhas até chegavam a crescer um pouco, mas na altura de florir, não havia nada que lhes valesse, deixavam-se morrer, para não mais existir.
Sniff, sniff, sniff… choravam as duas com todo o seu sentimento. E choravam tão alto desta vez, que não havia na aldeia quem não as ouvisse, tão estridentemente, como se fossem três.
De passagem ao largo da aldeia, estava um lindo e formoso viajante. Um Senhor muito elegante e educado, que se chamava Mestre Ricardo. Mestre Ricardo tinha viajado por estradas longínquas e caminhos tortuosos. Tinha corrido esta terra de fio a pavio, em busca de todas as maravilhas, que se lhe acontecesse encontrar. Tinha estado em Veneza, na Índia, em Paris, tinha visto Londres, Oslo, Moscovo, já tinha estado na China, Austrália e Japão. E na sua última viagem até tinha chegado a estar no Uzbequistão. Conhecia várias línguas, dominava-as todas bem e guardava um diário com as anotações todas das suas viagens, tão religiosamente, como quem guarda algo que valor maior não tem. Mestre Ricardo ouviu este choro agudo, mas o que o levou a seguir caminho, foi sem dúvida o trilho daquele aroma florido! Ao encontrar semelhante Jardim, no meio daquela aldeia tão simples, desceu prontamente do seu cavalo deixou-se cair de joelhos, encandeado pelas cores vibrantes e aromas férteis daquele jardim tão perfeito. Fechou os olhos, encostou as mãos ao peito e levantou-se a eito, de um jeito tão de repente como se tivesse sido empurrado por uma corrente!
- Quem sois Vós, lindas Damas e Senhoras deste tão nobre jardim?! E porque chorais agarradas, nessa agonia sem fim!?
- Nós somos Ana e Rosa, as donas deste lugar, mas choramos a morte de uma flor, que não conseguimos fazer perdurar!
- De que flor se trata, caras senhoras minhas… pois no meio de um jardim tão vasto, não pode de certo este solo lhes ser nefasto.
- Mas é meu senhor, é de facto, tão árido e mortal, como se fossem os picos de um cacto!
Inteirou-se dos problemas das duas e surpreendido pela flor moribunda, prontificou-se a partir, trazendo uma rosa tão forte, tão mágica e especial, que vingasse em qualquer jardim, terra ou quintal! Partiu e vagueou durante 3 meses, correu a Europa de lés a lés, mas foi em terras africanas, no Reino do Congo, que semelhante rosa lhe caiu aos pés… Olhou em frente e viu, uma Roseira Brava, tão grande, tão imensa, tão possante, que cravejada de rosas, parecia no meio daquela paisagem um enorme e bruto diamante. Um caminheiro que por perto passava, ao ver o espanto daquele camarada, perguntou-lhe o porquê de tanta admiração, afinal de contas essa Roseira não era mais do que a Rosa do Coração.
- Essas rosas que aí vê, só nascem quando um grande amor se faz, e morrem com ele, quando ele se desfaz. São rosas de amores que vivem, e a roseira plantada, não vive de mais nada, que não seja amor, sentimento e uma fada, que habita algures entre os ramos desta planta.
- Como posso falar eu com ela?! Preciso de levar uma semente para duas amigas, amantes de flores e de seu jardim, que estão enterradas numa tristeza imensa, por não haver rosa que plantem e vingue por fim.
Ao ouvir isto… salta do meio da Roseira a fada, que lhe diz em surdina:
- Se a essas Damas com sua rosa, quiser agradar, terá que fazer nascer um amor verdadeiro, daqueles sinceros e para durar…
E com isto, pôs-lhe na mão uma bolinha vermelha, ligeiramente em forma de coração. Era a semente da Rosa, que só nasceria vaidosa, quando um amor nascesse, que a tornasse de poesia em prosa!
E assim, segui caminho o nosso Mestre Ricardo, orgulhoso e cuidadoso, guardando na mão a semente e uma só ideia na mente: como fazer vingar o amor, no meio daquela gente!
Ana e Rosa, contavam agora entusiasmadas e expectantes à sua prima Teresa, as grandes aventuras do Mestre, que viria em sua defesa. Mas foi Carlos, quem as advertiu, de que esse Mestre Ricardo podia nunca voltar…
- Mentiu… - pensava Ana, tristinha, com olhar de menina meiguinha a quem o coração acabara de se partir!
- Ele volta. – Afirmou Rosa com segurança… empinando nariz e pança e olhando pela janela fora, grita como se não houvesse agora: - Ele chegou… ele está aí…. É ele! É ele! É ele quem vem!
E correram as duas ao seu encontro também!
Ao ver as duas correr, com semelhante alegria, Mestre Ricardo pensou, que por aqueles sorrisos, tudo valia! E nasceu ali, o começo de uma grande amizade. Amizade essa que fez, com que entre aqueles três nascesse um amor, que não mais padeceu… Porque às vezes, vale mais uma verdadeira amizade, do que um amor com falsidade!
E foi assim, que os três de mão dada, escolherem um lugar de realce, para plantar a Rosa Coração, que o Mestre trouxe sempre em sua mão. Não sei se do calor da sua mão, se da amizade forte, que ali nasceu, aquela rosa plantada, muitos anos viveu! Era linda e maravilhosa, inspirava toda a gente, que ao vê-la se sentia inexplicavelmente contente. E foi por isso, que um dia, ao entrarem no Jardim e ao vê-la Rosa e Ana decidiram dar um nome, àquela sua pequena… Rosana!

2 comentários:

  1. Continua a escrever mais contos da Rosana! Gostei! :)

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  2. ainda nao li todo mas o que li ta lindo


    obrigada tia por escreveres um conto sobre mim!!

    estou a adorar ler o meu conto .....lool apesar de ser muito grande ....mas lesse bem!!

    beijos


    :)

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