terça-feira, 24 de novembro de 2009


Na ilha de S.Miguel em que o vento é pródigo e abundante, quase me esqueço das minhas associações aos ventos fortes, mas raros, que se faziam sentir na baixa do Porto, que para além de prenúncio de mudança do tempo e indicador de dores nos ossos e maleitas musculares era para mim, acima de tudo um aviso... um aviso de mudança! Um vento forte, daqueles que nos despenteia o cabelo e nos levanta as pontas do casaco, um vento daqueles tão intenso, que ao atravessar a ponte D. Luís a pé, quase não nos deixava sair do sítio, para mim era sempre indicador de que vinha mudança por aí. E por mudança, entenda-se, mudança na minha vida, algo que a Sorte ou o Azar trariam no bico em breve! E assim, passei a detestar o vento, a temer esses vendavais descontrolados e fortes, que escapavam à minha força e vontade. Quase sempre, esse vento trouxe mudança. Nem sempre esse vento trouxe mudança da boa, mas maioritariamente acabou sempre por me tornar melhor! Hoje, aqui na Ilha, está um vento tremendo, com um tempo em tons de cinzento e um manto azul escuro, que teima em não pousar de vez no céu, deixando escapar pequenas infiltrações de luz azul celeste. Mas o vento, o vento, esse é forte e o meu medo cresce com cada lufada que traz.