quinta-feira, 2 de junho de 2011

Hoje vou estar aqui meia horita...


...a partir das 8 horas açorianas (9 da matina em Portugal Continental)...


A falar da Maria, claro!

Findas as actualizações...

Já vos falei destes bebés?!

=)

E há três semanas no AO (ai ai!)

Mentirar

Acho piada que nos últimos tempos toda a gente reclame pela verdade como pão para a boca! Aliás… sempre achei piada a esta ambiguidade que se vive em relação à forma como encaramos a verdade, a necessidade que temos dela e o modo como lidamos com ela! As verdades são na maior parte das vezes inconvenientes e pouca gente tem “estofo” para lidar com elas! Especialmente numa cultura, como aquela em que estamos imersos em que mais facilmente aceitamos uma mentirinha de conveniência (ainda sabendo que não deixa de ser mentira), do que uma verdade dita assim, a nu, sem recato nem pudor! Vejamos, se um amigo nos convida para um jantar num dia em que não vinha mesmo nada a calhar, porque estávamos com vontade de nos arrastar pura e simplesmente do sofá para a cama e da cama para o sofá, entre telenovelas e séries parvas com roupa de casa e o cabelo por lavar, quantos de nós terá a destreza de se desembaraçar do convite sem recorrer a uma “mentirinha simpática”?! Pois… talvez, tantos quantos de nós acreditam que isso não é mesmo uma mentira e que somos as pessoas mais frontais ao cimo da terra! Ou tantos quanto aqueles que resistem à tentação da mentira e aceitam malogrado o convite, comparecendo e mentindo-se a si próprios, tentando iludir-se com esperanças de que talvez até tenha sido bom irem… ao menos não mentiram a ninguém!
Poucos são os que entre nós dizem sempre a verdade e toda a verdade! E são também esses os que são encarados como mal-encarados, loucos, egoístas, parvos, idiotas, “inconvenientes”… Desde que a moda do “politicamente correcto” pegou entre nós, poucos são os que entre nós conseguem resistir a estas mentirinhas de pantufas em prol da boa convivência! O problema é que nos enganamos mais a nós, do que enganamos os outros… e acabamos por nunca nos mostrar genuinamente como somos, mesmo quando nos assumimos como os mais genuínos, os mais frontais, os mais directos!
Português, que é bom português, gosta de dizer a alto e bom som que gosta é de pessoas frontais, directas e sem grandes “salamaleques”, mas depois, quando apanha um espécimen destes pela frente, não sabe o que lhe fazer… e as ganas que lhe dão são de o fazer calar! As verdades são incontestavelmente inconvenientes! Claro que toda a gente prefere acreditar que somos todos extraordinariamente civilizados e simpáticos e altruístas e genuínos… mas poucos de nós o são de facto em todas as áreas da sua vida! Senão vejamos que, a própria “máscara” profissional que todos os dias vestimos a umas “mentirinhas” nos obriga! Eu não atiraria a primeira pedra! Mas se em alguns campos, a mentira acaba por ser a única forma de sobrevivência e convivência salutar, outros campos de relacionamento ou sociabilidade existem em que a mentira funciona mais como a ferrugem… vai corroendo, corroendo, até quebrar e arruinar por completo o metal, por mais resistente que seja!
Cá por casa, a mais pequena aprendeu a semana passada o significado de mentira… e agora, acusa-nos frequentemente de estarmos a “mentirar”. E a verdade é que o fazemos por vezes, alegando que é para a poupar, ou para que ela cumpra aquilo que é esperado, ou para abrilhantar com pozinhos de perlimpimpim um mundinho assim! A mentira é tentadora, principalmente quando se veste toda ela de bons princípios ou de boas intenções… mas não deixa de ser mentira! É um combate inglório este da luta contra a “mentirinha” ou a “não mentira”, principalmente porque há quem faça dele modus vivendi e norma de convivência! E agora pergunto-me eu, como se ensina a um adulto, que uma meia verdade não deixa de ser mentira?!

Semana passada no AO... (mil perdões!)

Eu não sou uma pessoa pontual, entenda-se, não é que faça questão de não o ser, mas na maior parte das vezes não o consigo ser! Ainda assim, sou tão responsável ao ponto de ter consciência da minha impossibilidade quase nata para ser pontual, que na maior parte das vezes, aviso com a devida antecedência da minha possível falta de pontualidade. A minha pontualidade é por isso marcada por anunciar a minha falta de pontualidade em pelo menos 5 minutos, mas que pode ir até aos quinze, em casos extremos!
Quando realmente consigo cumprir com a minha pontualidade, sinto-me orgulhosa, mas um pouco menos eu, assim, acabo por me ‘atrasar’ na mesma, inventando uma ida ao WC antes do momento “h”, ou uma qualquer actividade para “encher de chouriços” até aos cinco minutos de falta de pontualidade da praxe!
Se estão a pensar que isto não abona muito a meu favor enganam-se, porque pelo menos eu tenho consciência desta minha falta de potencial para ser pontual, admitindo-a e comunicando-a com a devida antecedência… assim, na prática eu até consigo ser pontual, dentro da minha tolerância de relativo atraso, que sendo comunicado e cumprido, não engana ninguém!
Talvez por isso eu seja tão intolerante em relação à falta de pontualidade dos outros, e deteste quando me dizem “estou mesmo a chegar”, quando de facto ainda estão a sair da cama, ou “demoro uns cinco minutos”, quando acabaram de se sentar para almoçar!
Pior do que quem erra e tem defeitos, é quem é cego para com os seus e tenta fazer dos outros tolinhos, por verem neles uma tremenda falta de carácter!
Sou particularmente crítica em relação a atrasos não justificados, pois demonstram um total desinteresse pela pessoa que paga a nossa falta de pontualidade com a sua perda de tempo, mas tendo consciência desta característica lusa, comum a quase todos os habitantes da península e ilhas, tenho uma tremenda capacidade de aproveitar o tempo durante os atrasos de quem espero… arrumo a carteira, faço uns telefonemas oportunos, consulto a caixa de email leio um livro, penteio o cabelo, tomo um café, leio um livro, revista, panfleto ou o que tiver à mão… enfim, não gosto de atraso, não os tolero, mas tenho que os aturar frequentemente, por isso, lido com eles!
Infelizmente, pior do que os atrasos são as faltas de comparência, ora, aí está algo de que não peco, porque em caso de impossibilidade de comparência faço questão de o comunicar prontamente. Assim como, não costumo esquecer-me dos meus compromissos, daí que me custem horrores tolerar quem se esquece dos seus. Com esse tipo de pessoas sou mesmo implacável e pago-lhes com luva branca, engolindo em seco e mostrando carácter suficiente comparecendo atempadamente a todos os outros futuros compromissos, fazendo questão de lembrar a pessoa disso mesmo. Mas acho que não me serve de nada… sabem porquê?! É que ele há atrasados que são mesmo incorrigíves…

Hoje no AO

Ontem comemorou-se o Dia da Criança e a propósito disso…
Criar um filho na sociedade actual, para lá de um desafio intelectual de grande exigência, um exercício de cálculo financeiro diário, um abdicar do egoísmo e da individualidade constantes pode ser acima de tudo um verdadeiro teste às nossas convicções éticas e morais. Senão porquê analisemos à lupa, mas na diagonal, a sociedade onde nos inserimos e para a qual criámos, formámos, educámos, mas nunca preparamos os nossos filhos… isto porque, ela nos surpreende diariamente!
Vou tocar num assunto mediático, que levanta opiniões ferozes, mas controversas nos dias que correm… esse mesmo, o caso da jovem de 13 anos, filmada por outros jovens, enquanto era agredida por duas outras jovens, um pouco mais velhas. Vou tentar não ser muito parcial, mas já o sendo, considero enquanto indivíduo social, aquela violentíssima agressão um atentado contra tudo aquilo que defendo; e enquanto mãe, uma atitude selvática, amoral, desnorteada e descontrolada, por parte de todos os jovens envolvidos. Pois bem, deixei a minha parcialidade perdida algures na terceira linha deste parágrafo, mas serve a contradição o propósito de demonstrar a minha indignação e choque quando penso que podia ter sido a minha filha a agredida, ou a agressora… e isso choca-me igualmente em qualquer uma das hipóteses… porque os agressores também são filhos de alguém… e assim, enquanto mãe, apresento-me perante o dilema moral de cair na tentação de educar a minha filha como uma pequena “sacaninha” preparada para estas violências e agressões, para que não a choquem, nem afectem, como me chocam e afectam a mim, com a consciência de que nem que quisesse conseguia dar uma educação espartana a uma criança. Assim, encontro-me perante o dilema ético de, por vezes, só por vezes, questionar as razões porque educamos os nossos filhos com tanto peso e medida, quando sabemos que o que menos há por esse mundo fora é isso mesmo!
A juntar-se a este caso mediático temos agora o de uma outra jovem, cortada várias vezes com um x-acto. Acto que para além de ainda mais violento, me parece mais doentio… e agora eu pergunto-me… para quê?! Para quê tanto investimento, tanta preocupação, quando há coisas que pura e simplesmente nunca poderemos prever, antecipar, compreender… e assim, vamos transmitindo aquilo que nos transmitiram a nós, na esperança de que isso chegue, de que isso baste, como nos bastou a nós. Como nos bastará ainda. Mas com tanto caso, mais ou menos mediático, de violência, de falta de senso, de razoabilidade, de educação, começo a ficar cada vez mais preocupada, com a sociedade que estamos a criar, com a noção clara que a violência sempre existiu e irá existir, mas também com a certeza que a maldade do século XXI é de um refinar tal, que na maior parte das vezes pensa que pode sair impune, imaculada de todos os seus maus actos. E não falo agora só da violência entre os jovens, mas da forma como nós vemos diariamente uma série de actos incorrectos, amorais, criminosos, passar impunes, intocáveis, inimputáveis.
Onde há crime, deveria haver castigo. Caso contrário, toda a lógica do bem e do mal deixará de fazer sentido. Assim, se já é difícil um dito “crescido” entender, porque é que “os maus” às vezes também saem impunes, imaginem lá traduzir isso em linguagem infantil. Directa, objectiva, literal. Onde tudo tem que ser preto ou branco e o cinzento é difícil de se fazer ver. Criar “pérolas para porcos”, perdoem-me a dureza da expressão, mas às vezes é o que parece que estamos a fazer com os nossos filhos! Ou será que a porcaria, eles também a aprendem de nós!?