quinta-feira, 2 de junho de 2011

Hoje no AO

Ontem comemorou-se o Dia da Criança e a propósito disso…
Criar um filho na sociedade actual, para lá de um desafio intelectual de grande exigência, um exercício de cálculo financeiro diário, um abdicar do egoísmo e da individualidade constantes pode ser acima de tudo um verdadeiro teste às nossas convicções éticas e morais. Senão porquê analisemos à lupa, mas na diagonal, a sociedade onde nos inserimos e para a qual criámos, formámos, educámos, mas nunca preparamos os nossos filhos… isto porque, ela nos surpreende diariamente!
Vou tocar num assunto mediático, que levanta opiniões ferozes, mas controversas nos dias que correm… esse mesmo, o caso da jovem de 13 anos, filmada por outros jovens, enquanto era agredida por duas outras jovens, um pouco mais velhas. Vou tentar não ser muito parcial, mas já o sendo, considero enquanto indivíduo social, aquela violentíssima agressão um atentado contra tudo aquilo que defendo; e enquanto mãe, uma atitude selvática, amoral, desnorteada e descontrolada, por parte de todos os jovens envolvidos. Pois bem, deixei a minha parcialidade perdida algures na terceira linha deste parágrafo, mas serve a contradição o propósito de demonstrar a minha indignação e choque quando penso que podia ter sido a minha filha a agredida, ou a agressora… e isso choca-me igualmente em qualquer uma das hipóteses… porque os agressores também são filhos de alguém… e assim, enquanto mãe, apresento-me perante o dilema moral de cair na tentação de educar a minha filha como uma pequena “sacaninha” preparada para estas violências e agressões, para que não a choquem, nem afectem, como me chocam e afectam a mim, com a consciência de que nem que quisesse conseguia dar uma educação espartana a uma criança. Assim, encontro-me perante o dilema ético de, por vezes, só por vezes, questionar as razões porque educamos os nossos filhos com tanto peso e medida, quando sabemos que o que menos há por esse mundo fora é isso mesmo!
A juntar-se a este caso mediático temos agora o de uma outra jovem, cortada várias vezes com um x-acto. Acto que para além de ainda mais violento, me parece mais doentio… e agora eu pergunto-me… para quê?! Para quê tanto investimento, tanta preocupação, quando há coisas que pura e simplesmente nunca poderemos prever, antecipar, compreender… e assim, vamos transmitindo aquilo que nos transmitiram a nós, na esperança de que isso chegue, de que isso baste, como nos bastou a nós. Como nos bastará ainda. Mas com tanto caso, mais ou menos mediático, de violência, de falta de senso, de razoabilidade, de educação, começo a ficar cada vez mais preocupada, com a sociedade que estamos a criar, com a noção clara que a violência sempre existiu e irá existir, mas também com a certeza que a maldade do século XXI é de um refinar tal, que na maior parte das vezes pensa que pode sair impune, imaculada de todos os seus maus actos. E não falo agora só da violência entre os jovens, mas da forma como nós vemos diariamente uma série de actos incorrectos, amorais, criminosos, passar impunes, intocáveis, inimputáveis.
Onde há crime, deveria haver castigo. Caso contrário, toda a lógica do bem e do mal deixará de fazer sentido. Assim, se já é difícil um dito “crescido” entender, porque é que “os maus” às vezes também saem impunes, imaginem lá traduzir isso em linguagem infantil. Directa, objectiva, literal. Onde tudo tem que ser preto ou branco e o cinzento é difícil de se fazer ver. Criar “pérolas para porcos”, perdoem-me a dureza da expressão, mas às vezes é o que parece que estamos a fazer com os nossos filhos! Ou será que a porcaria, eles também a aprendem de nós!?

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