terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sabemos que estamos a fazer um bom trabalho quando...


... na Creche nos contam a atitude madura que a nossa filha teve e toda a gente nos olha com ar de... "o que é que andas a ensinar a essa criança em casa, hum?!"...

Vou contar-vos o episódio... vale a pena visualizar a cena...

Na creche da minha filha o terror anda de fraldas, tem cabelo loiro à escovinha e dá pelo nome de José! Pinta as bonecas das meninas, puxa-lhes o cabelo, dá dentadas e é fofo que se farta... por isso, safa-se com ar de bom menino no seu casaco azul às pipinhas! A Maria mais piquena farta-se de se queixar dele, acorda de noite a gritar pelo nome dele e a dizer que não... nãaaao xuzé! Tudo desde que ele lhe tirou os cromos da Kitty que ela tanto amava e os estragou todos, um a um... não se faz!
A Repolhita cá de casa não tem pesadelos com ele, mas traz dentadas nas costas, bochechas e braços... de vez em quando, com a marca dentária dele! Já o vi a puxar-lhe o cabelo enquanto ela se deliciava no cavalinho de plástico da Chicco e não gostei... mas, a verdade é que isto são coisas normais destas idades!
Uma altura, em que a Repolhita chegou a casa toda arranhada na cara, queixando-se que tinha sido ele... o pai "galináceo" cá da casa, vulgo maridão e Rei do Lar, ensinou-a a dar murros e pontapés... e incentivou-a a fazê-lo sempre que alguém se atrevesse a magoá-la. Mas a atitude dela de ontem... superou todas as nossas melhores expectativas… ao que consta, o José ontem fez das dele… mordeu dois meninos, puxou cabelos e a ela apertou-lhe o nariz… as responsáveis da sala, decidiram advertê-lo e convocaram todos os meninos afectados explicando-lhes que “os meninos não mordem… as bocas dos meninos são para comer e falar… não para morder outros meninos… e bla bla bla…”… ainda neste cenário, a Repolhita decidiu sentar-se numa cadeira em frente a ele… cruzou a perna e de dedinho no ar disse-lhe com ar sentido e sobrolho franzido: “Tou muito xangáda contigo xuzé! HUM!”… e pronto, foi isto… não bateu, não deu murros, não esperneou, nem chorou! Falou e disse, na minha opinião muito bem! (Muito melhor do que muitos adultos teriam reagido se outros lhe tivessem “apertado o nariz”! )


E agora vou só até ali ao lado contar isto a mais alguém… para ver se deixo sair este orgulho de mãe, de dentro de mim, em doses moderadas!!!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

São nove da manhã...

imagem daqui

... a minha filha de dois anos e meio, no banco de trás do carro, levanta as calças e horrorizada grita:
"Mãe... tenho pêlux nas pénas!"....
Primeiro ri-me... depois, caiu em mim a consciência que talvez devesse ter uma resposta mais maternal e pedagógica para lhe dar... Parei de rir, mas a sorrir respondi-lhe:
" Sim filha, tens... sabes, quando tu eras muito pequenina já os tinhas... eras assim muito, muito, muito pequenininha, mas com muitos pelinhos nas pernas!"
(Silêncio)...
Espreito-a pelo espelho retrovisor e ela continua a olhar para as pernas, tentando agarrar os pêlos...
"Mãe...", começa ela a medo... "é como o papá?!"...
"Não filha... os teus são clarinhos!!!"
"Poixé... só os papás é que têm pêlux gandes, né?!"
"é filha... é..."

Eu repito, eram nove da manhã... alguém consegue respostas mais pedagógicas a esta hora da matina?!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

E a pedido de muitas famílias...





... aqui ficam vislumbres da fatiota que fiz para o Nenuco da Repolhita! Eu sei... dói de feio que é... eu sei... parece um gladiador transsexual ou qualquer coisa que o valha... mas ocupou-me a tarde de domingo (quase toda... grrr...) e ela fica um doce agarrada a ele cheia de orgulho porque foi a mamã que fez... Ai ai! A beleza da imperfeição nos olhos de quem nos ama...


P.S. - reparem que tem um top de alças prateadas, uns calções com um laço a condizer e pormenor kiny atrás e umas perneiras com lacinhos com uma fita no cabelo a fazer pendant... sou, ou não sou a próxima Lagerfeld dos Nenucos!? HUM?!

"Em casa onde não há pão..." - Hoje no AO

Depois do dia de ontem… só me ocorre uma velha máxima que diz: “em casa onde não há pão, tudo ralha, ninguém tem razão”! É que assenta que nem uma luva a uma sociedade que em crise, com necessidade de aumentar a sua produtividade, estimular os mercados, oferecer votos de confiança e reduzir o seu endividamento e despesas, resolve fazer um dia de greve, para se manifestar berrando nas ruas, levantando os braços, mostrando o seu descontentamento e erguendo a voz para que o “governo” ouça, para que o “Socas” saiba que ninguém está contente, que ninguém concorda com ele, que ninguém tolera estas políticas de austeridade e que ninguém gosta que lhe andem a mexer no bolso, na carteira e na conta do banco e, quiçá, debaixo do colchão. Então… unidos a uma voz, sindicalistas, anarquistas, monárquicos, reformados, desempregados, trabalhadores e muitos outros “-ores” e “-ares” saem à rua para gritar! Uns mais do que outros, que muitos deixaram-se ficar mesmo por casa, afinal de contas… não havia transportes e o trânsito estava um caos!
Eu acho muito bonito, este gesto de solidariedade, manifestação e activismo dos direitos cívicos… muito bonito mesmo! Pena que tamanha massificação de gentes não se veja à porta dos actos eleitorais, ou nas decisões camarárias, ou sequer ignorem aquilo que de facto se está a passar com o país. Se eu estou contente com os passos que temos dado?! Não. Se acho que a coisa vai apertar?! Sem dúvida. Se fiz greve?! Não. E porquê?! Porque não acho que esta seja a solução dos nossos problemas, dos problemas da crise económica nacional, europeia e global… porque sei os custos que uma greve destas traz, os inconvenientes, os incómodos e a hipocrisia que se esconde por trás da manifestação de muita gente. Tão simples quanto isto, também não acho nada bem que quem queira fazer greve o tenha direito a fazer e quem queira trabalhar se sinta impedido de o fazer, porque não há transportes, porque não tem como o fazer, porque não tem onde deixar os filhos, ou porque é “aliciado” por sindicalistas à porta do seu local de trabalho! Lamento, mas se na sociedade do “a minha liberdade acaba onde começa a tua”, onde está a liberdade dos outros?! Dos “cortas” dos que não acham que berrar seja a solução. Se a greve é para manifestar descontentamento, estou certa que o mesmo número de queixas e cartas a chegar às mãos do senhor primeiro-ministro ou assembleia da república tinham muito mais impacto… talvez todas enviadas no mesmo dia, talvez todas com mil e trezentas queixas fundamentadas, exigindo resposta… ou melhor ainda, com soluções para a nossa crise, com propostas de melhoramento da situação… mas, assim de repente esqueci-me que a lei do berro é mais acessível que a lei da pena… que a retórica e a argumentação também abriram falência… e que o nosso país não viu o que se passou na França, que apesar das seis greves gerais de paralisação total, não fizeram demover Sarkozy, que se limitou a “renovar” o seu governo! E não… não estou a fazer política, nem exercício puro de demagogia, mas irrita-me que as pessoas, enquanto seres sociais escolham quase sempre a revolta como solução dos seus problemas, que nada resolve, mas só agrava, aumentando o mal-estar e a inquietação que vivemos já todos e para os quais, aparentemente e até ver, ninguém tem ainda solução! Uma greve geral, só por si, e mesmo sendo a segunda em vinte anos de história, não traz o “Messias” que nos salvará da crise… eu, assumo, também não sei qual será a solução dos nossos problemas… mas instalar o caos no país, também não me parece que o seja!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Quem tem medo...

... da Greve Geral?! Hum?!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Cá em casa...



... já estamos em contagem decrescente até ao Natal! Foi lindo enfeitar a árvore e montar o presépio a seis mãos... e é delicioso ouvir a vozinha dela a cantar musiquinhas de Natal e a olhar toda derretida para a árvore e para as luzinhas!

"Mãe?! É hoje que chega o Pai Natal?!"

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Metamorfose ( a minha, não a do Kafka) - no AO

Apesar de ser quase meia-noite, estou decidida… começo a escrever este texto com 29 anos e acabo de o escrever com 30. Sempre quero saber se lêem uma trintona de forma diferente!
Na verdade, desde o meu 25.º aniversário que me preparo psicologicamente para esta barreira. A barreira dos trinta! Não é uma barreira, diriam muitos de vós… pois claro que não, concordo eu. Mas hão-de concordar também que há uma série de estranhas coincidências associadas a esta idade… os trinta. Senão porquê, pensem comigo… no melhor dos cenários terei os mesmos anos de vida que tive até hoje e mais cinco até me reformar… isto, partindo do princípio utópico que me reformarei aos 65, ou ainda mais surrealista, que a “reforma” como a conhecemos ainda exista daqui a 35 anos. Depois, têm que concordar comigo que a diversão acaba definitivamente aos 30, porque se até aqui passei pelo menos metade da minha vida a brincar à grande, a partir de agora e até pelo menos por tempo igual e ainda superior a 5 anos, eu terei que me esfolar a trabalhar, para que outros possam “brincar”! Certo?! Certo.
A verdade é que o dia do nosso aniversário é só um dia, em tudo igual aos outros, que se não fosse pela lembrança da data no calendário, ou pela indicação da minha data de nascimento no B.I., me seria completamente indiferente, mais um dia, em tudo na mesma. Mas não… para mim os aniversários sempre foram motivo de celebração… pelas festas, pelas prendas, sempre tão desejadas, sempre tão inesperadas! Com os 25 isso decai. Já fomos a muitas festas, não precisamos da desculpa de um aniversário para fazer mais uma… não estamos à espera deste dia para nos darem aquilo que queremos, porque, em princípio, tudo o que queremos (e que nos poderiam dar), já é nosso, porque o compramos. Lembro-me do dia em que fiz 25 anos… lembro-me tão bem que assusta e também me lembro, de alguém muito importante para mim, me ter dito para me preparar, que a partir daí até aos quarenta era sempre a correr… e depois, dos quarenta em frente, era sempre a arrastar… as maleitas, as ciáticas, o reumatismo, os males da alma… culminando na bela da menopausa, que imagino ser quase como o ponto e vírgula na vida de qualquer mulher! Pode-se viver com tudo isso?! Claro que sim! Já se vivem todos esses males com mais qualidade?! Pois claro que sim… mas nem por isso custam menos!
Enfim, enquanto escrevo envelheço… mas não sou só eu… vocês também… e por falar em prendas, este ano o meu marido, jovial e querido como só ele, ofereceu-me umas botas excelentes para fazer caminhadas e escalada! Que eu usarei com orgulho para escalar (as escadas rolantes do shopping) e para caminhar (de casa até ao trabalho, do trabalho ao hiper e pelo fim-de-semana fora), como se não houvesse amanhã! Engraçado como as prendas que nos dão pelo nosso aniversário definem bem a altura da nossa vida… aos cinco recebi uma Barbie, aos doze um órgão, aos dezasseis uma guitarra, aos dezoito a carta, aos vinte uma jóia, aos vinte e um a viagem da minha independência, aos vinte e dois um estojo de pintura (oferta de uma “vaquinha” de todos os meus amigos), aos vinte e três não me lembro, aos vinte e quatro, também não e aos vinte e cinco… uma neura! Aos trinta recebi umas botas, e um desenho da minha filha, e um convívio com amigos e uma serenidade no saber, que finalmente, hoje, com trinta, já sei isto tudo… e que aos quinze, era apenas uma parvinha, preocupada com o top, a festa e as prendas, ignorando que o verdadeiro segredo da felicidade não está em ser jovem, admirada e bonita, mas em ser amada e valorizada e mais eu!
Por isso, hoje, não trocava este dia em que com trinta anos, verto uma lágrima ao ver a pintura das mãos da minha filha e sinto os pés quentes, pelas botas que trago e as costas confortáveis, no abraço caloroso do meu marido! Porque fazer anos é isto… acrescentar vida aos nossos dias e não, dias à nossa vida! E esta hein?!

De mim, para mim...


... e sobre esta, posso contar já uma história engraçada...

Ao vê-la, a minha filha (que repara cada vez mais nestas coisas), perguntou-me:

- Mãe, que dix aí?!

- Diz, que uma mãe entende o que um filho não diz!

Ela... de ar pensativo...

- Diz que gostas de mim?!

... risos...

- Sim, filha, diz que gosto muito de ti!

Ela, satisfeita, olha para o emblema do seu casaquinho e diz com ar doce a apontar para ele...

- E aqui diz que eu gosto muito de ti também!

Querem melhor prenda do que esta?! Não há!!!

E as prendas...

... pois claro!

A festa da minha trintice...


... seis amigos juntos a uma mesa, três casais com três meninas lindas. Uma mesa dos pais, uma mesa das "Kittys", um bolo que virou boneco de voodu, de tantas espetadas de dedinhos que levou e uma amena cavaqueira que nos tirou sono e neuras e cansaços! No final, a musiquinha que se impõe... três vivas à rainha e um brinde enternecedor aos "estrangeiros" nos Açores. Um convívio muito bom, mas que nos deixou de rastos na manhã seguinte... aqui ficam as fotos para partilhar e mais tarde recordar...


(A mesa dos pais)





(O Bolo)




(A mesa das Kittys)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Uma última dúvida antes dos 30...

... onde pára o Aspegic?!

Hoje é um dia memorável...


... porque é o meu último dia na casa dos 20!

Amanhã vos direi como é a vida de uma "trintona"!


Wish me LucK!


sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O pior de sonhar...


... é termos a ilusão de somos capazes de os tornar realidade. Mas realizar um sonho custa.

Custa tanto que dói. Uma dor quase física e é de um desgaste quando por cada passo dado recuamos três... que há dias em que até o sonho nos abandona e nós duvidamos dele! É por isso que é importante não se sonhar sozinho. Sonhar a dois, a três, a quatro, a cinco ou a mais... é sonhar bem mais e bem melhor. Sonhar sozinho não tem piada nenhuma, porque sonho partilhado é sonho já meio concretizado. Obrigado a todos os que acreditam no sonho, pela vossa companhia, palavras amigas e conforto! Ao maridão agradeço o acreditar em mim, mesmo quando eu não acredito, de me empurrar e voltar a dar corda para eu não parar de correr... e à Art, agradeço a amizade, a dedicação e o facto de pintar e rabiscar os meus sonhos na mais completa perfeição! Um brinde ao sonho, um brinde a ti, um brinde a nós e um brinde a todos!!!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A minha estirpe é fixe - HOJE NO AO

A minha geração é consumista! Nasceu no berço de ouro do capitalismo, embalado pela esteira da democracia e pelas ilusões hollywoodescas e infantilizadas pela Disney!
A minha geração faz empréstimos a 40 anos para casas onde vai viver pelo menos 10, com duas ou três esposas diferentes! Com os meus, os teus e os nossos! A minha geração vive da aparência da capa do livro best-seller, com essência de literatura light! A minha geração ri-se na cara do perigo. Não sabe o que são spreads, PEC’s e desconhece o impacto do Orçamento de Estado no país… tudo, porque os políticos são “todos iguais” e a retórica “é uma seca”. A minha geração sufoca debaixo de casacos de cabedal sintético, tudo porque é anti-peles de animais… e porque a diferença do peso na carteira seria de cento e tal euros a mais! A minha geração sonha com paixões arrebatadoras, mas no fundo, no fundo… escolhe um “parceiro para a vida” como quem compra um carro. Idealiza os modelos de sonho, sonha com os mais potentes, os mais stylish, os mais caros… mas compra aqueles para os quais o banco lhe dá crédito! Investe no amor como quem investe na bolsa e quando há crash… foi culpa do mercado.
A minha geração inventou o amor por leasing, de dois, três ou quatro anos e o aluguer de “viaturas”. A minha estirpe suspira por voos mais altos, mas de tão altos que os sonha, limita-se só a suspirar! A minha geração era rasca, depois ficou à rasca, agora já só com muitas dificuldades se desenrasca… mas é uma geração de mentes brilhantes… que mais brilham, quanto mais longe da nação estiverem. Que se destacam pela luz dos holofotes que se lhe apontam e que se deixam sublinhar pelos reflectores das capas dos jornais e das revistas cor-de-rosa!
Na minha geração, quem sonhava em criança, dizia-se dele ter muita imaginação, ambição e inteligência… já quem sonha em adulto é ingénuo, inocente, aluado ou nos piores dos cenários “utópico”. Mas tentem vocês gerações jurássicas compreender, que não é fácil ser-se original num século em que tudo já se fez, já se disse, já se criou. Em que o valor reside na experiência e que peca pela falta de a oferecer. Estamos na roleta russa do azar do século XXI. Nada se faz de novo na literatura, nas artes, porque o que tem valor é apenas aquilo que já se fez e aquilo que se vai fazendo de diferente é vivido e analisado à lupa sob uma voz de dura rigidez crítica, que a ninguém poupa, sob a égide do… “ainda tens que comer muita farinha maizena!”.
A minha geração é a versão GTI dos empréstimos, do amor, dos casos, dos filhos únicos, das maternidades difíceis, dos Nirvana, do pós-grunge, das All-star, do Fizz de limão e da pastilha gorila com os cromos da WWF na mão. Passámos da BMX ao BMW, trocámos a Levis pela Zara e a roupagem do Axel Rose pela falta de roupa da Rihanna, mas na essência a minha geração é pura. Inexperiente só se for de sucesso, mas voluntariosa nas duras aprendizagens do século da emancipação.
Se a minha geração tivesse um lema de vida e resumo de aprendizagem, seria a triste verdade que reza, que tudo se paga nesta vida… mesmo quando a nossa quota-parte de responsabilidade na transacção, se limita a pouco mais do que a recepção da factura!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Coisas parvas que me dizem...


Ontem o papá ia chegar mais tarde para jantar. Ela, que não queria vir para casa depois da escola, pediu-me para irmos dar "uma volta". Fomos ao shopping. "Mas mãe, eu num ké i às compax!"... Não fomos. Fomos até ao "parquinho" onde ela se divertiu e foi agarrada por um menino de quatro anos, que a tentava beijar enquanto lhe dizia... "olha, olha... olha o teu nome aqui na minha camixóla!"... Ela, farta de fugir, decidiu ir às "compax". Comprámos uma touca nova para a natação e uns óculos e uma malinha cor-de-rosa. Depois disse-me que tinha fome, que queria pizza... e um gelado! (Era bem mais fácil quando ela ainda não sabia bem aquilo que gostava, nem o dizia sequer)... mas, seja feita a vontade dela, lá fomos à Pizza Hut. Mal entrou, lançou logo charme aos empregados todos e em menos de um minuto já tinha um balão na mão. "cô Róza", pois claro, como tinha que ser. Sentámo-nos, pedi uma pizza, uma sopa, uma cola e uma água. Comeu a sopa, com a promessa que depois lhe dava um gelado. Comeu a pizza, com a promessa que depois a deixava ir brincar e comeu o gelado... sem promessas nenhumas.

Já no fim da refeição, movida a açucar e gorduras de fast food, atirou-se da cadeira abaixo. O que me deu a ilusão de que tinha batido com a boca no chão e um arrepio na pele. Ganhou direito a um cubo mágico e muitas palavras de consolo e muitos "não chora" da parte de quem nos ladeava e depois de um comentário amigável da mesa ao lado, eu desculpei-a... "ela é muito activa"...


... e eis que, também eu saí a ganhar, com um comentário de brinde, que me maravilhou: "Olhe, é sinal que está viva!"


.... pois...


... sorri amarelo (muito forçada).


Mas que raio de comentário mórbido pseudo-consolador é este... é que para além de não consolar nada, nem sequer ser muito simpático ou positivo, me deixou a pensar nas coisas parvas que às vezes nos dizem, como se de grandes verdades de lapallice se tratassem. O que me fez vir à memória as célebres palavras da supé-tia da nação... em que "estar vivo é o contrário de estar morto"! Inchallá pelas maravilhosas pérolas da nossa sociedade, que tanto me fariam agora "discorrer"... mas como não quero ser mal-criada limito-me a um arremate, bem mais sensato, sintético e inteligente: "E esta, hein?!"

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Digam comigo...


... eu sonho, tu sonhas, ele sonha, NÓS sonhamos...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O Lado lunar da maternidade - HOJE no AO

Toda a gente nos fala das coisas boas de ser mãe. Do lado B da maternidade! Como são lindos, como é bom, como são as melhores coisinhas da nossa vida! E se de facto, também eu sinto que cresci muito com a minha filha e que ganhei um amor sem igual para a vida, agora que sei disso tudo, também sei que a maternidade tem um lado lunar! E como já muito há quem escreva e fale e conheça o lado B da maternidade, eu apresento-vos aqui, numa só palavra, a pior faceta da maternidade. O lado lunar, que é comum a todas as maternidades sentidas, a todas as mães, a muitos dos pais, e principalmente a todos os que se sentem responsáveis pela educação de uma criança: a culpa. Sim, isso mesmo. A culpa é de longe de todas as coisas menos positivas da maternidade a mais negra. Isto porque noites sem dormir, viroses e birras são chatas, mas são passageiras, transitórias, vivem-se por fases, mas a culpa não. A culpa está sempre ali ao lado, de mão dada connosco para toda a maternidade. E a culpa começa no sentimento que cai sobre nós quando não lhes sabemos tirar as dores das cólicas pós-parto, quando nos distraímos e comemos couves ou chocolate e depois os amamentamos ao peito, quando não acordamos durante a noite para lhes cobrir os pés, quando não conseguimos evitar aquela queda, aquele arranhão, aquela esfoladela. A culpa diz-nos olá, bom dia, boa tarde, boa noite! Está sempre lá. Quando os levamos à creche, lavados em lágrimas, porque “num ké i páxcóla, ké fiká contiguuuu….”, quando não os inscrevemos mais cedo na natação, quando lhes recusamos mais um brinquedo, mais um minuto, mais um já vou e mais e mais e mais!
A culpa é educada, mas é chata, não larga, mesmo quando percebemos que precisamos de mais tempo para viver o casamento a dois, mas passamos o jantar “romântico” inteirinho a pensar neles, se estarão bem, se terão comido, se já estarão a dormir, se estão transpirados, tristes, sozinhos. Apesar de saber que os deixámos em segurança, que os deixámos com quem os ama também… mas não como nós. Ninguém ama um filho como nós e saber que eles poderão estar mal e nós não estamos lá para nos sentirmos culpados, mas ao lado deles, arrasa qualquer coração de mãe.
O auge da minha culpa senti-o no dia em que decidi que tinha que voltar ao trabalho. E tinha que, para meu bem e bem da minha filha, retomar a minha vida enquanto ser “não só mãe”, mas também profissional. Nunca mais me vou esquecer do caminho percorrido desde a creche até ao trabalho, quando a deixei pela primeira vez ao cuidado de outros… chorei como chora uma criança desesperada. E não pensem que não pensei em tudo antes… escolhi aquela que considerei ser a melhor creche, com as educadoras mais carinhosas, mais atentas, mais experientes… mas nada disso acaba com a culpa de mãe. Desde aí já desisti de um mestrado e dois trabalhos diferentes, tudo porque não considerava que os horários fossem os mais adequados, porque percebi que a minha prioridade neste momento não é a carreira, mas a minha filha, o que não alivia a culpa, tanto quanto eu pensei na altura. Sei que a culpa não me deixará por aqui, irá acompanhar-me sempre que entender que está na altura de ir de férias sem ela, ou que não lhe puder pagar as férias que ela quer, ou a carta, ou o carro…. Ou, ou, ou…
Deste lado lunar da maternidade ninguém nos fala, porque é irracional sentirmo-nos assim, porque é doentio, porque não é normal, porque é feio, porque não se deve… e eu pergunto-me: se assim é, porque é que eu não conheço uma única mãe, que não se sinta assim como eu, talvez nuns dias mais do que noutros?!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010


Nasci careca. Com um ano tinha dois caracóis apenas no topo da caraminhola. Com dois anos já tinha um vasto ninho de pequenas caracoletas loiríssimas a cobrir-me o tecido capilar. Aos sete, mais parecia que me tinha caído um balde de tinta aloirado no topo da cabeça e depois de cinco anos a levar escovadelas de morte e puxões de cabelo para fazer tranças e totós, as caracoletas viraram ondas! Com 15 anos apanhei com o apelido de Simba, a quem tive direito pela farta trunfa e não pelo ronronar. Aos vinte, lembro-me de ter tido uma paixoneta por um surfista que no meio de uma conversa em que me fartei de lhe ver revirar os olhos, me respondeu: “Desculpa, mas estou a fazer surf, nas ondas do teu cabelo!”. Escusado será dizer, que para mim, essa foi a gota de água, no mar de ondas do meu cabelo e no desenrolar daquela paixão de Verão. Com cerca de 22 arrisquei e pintei de ruivo. Sempre sonhei ser ruiva, misto de admiração, queda infantil, pela princesa Ariel e pela rebeldia da Ana dos Cabelos Ruivos.
Já fui loira, já fui ruiva, de momento estou “castanha”! Sim, porque morena, já sabem, não estou de certezinha nenhuma. A pior mudança capilar que já fiz na minha vida terá sido possivelmente a do pré Natal do ano passado, em que cheguei a casa de cabelo vermelho e passei a época a ouvir comentários do género: “Gosto dessa cor, está natalícia!” ou “Ao menos poupas no gorro”! Enfim… as mudanças são mesmo assim, às vezes correm bem, outras vezes menos bem, mas ao menos agitamos as águas!!! Fizemos correr “tinta” e estamos a fazer história, construir recordações. A duas semanas de fazer 30 anos abri uma janela no tempo para espreitar para o passado! Gostei do que vi, mas fechei a janela. Não quero correntes de ar na sala, nem que me despenteiem os caracóis! Também não guardo especial vontade de voltar à pala de 10 centímetros, nem às repas… próximo objectivo é… a rampa de lançamento para o platinado Lili Caneças! Venham mais trinta!