quinta-feira, 14 de maio de 2009

Debaixo do mesmo sol...


Se há sonoridade que me faz vibrar são mesmo os sons dos batuques, sítaras, bambulecos, kalachakras e dijiridus. Hoje de manhã, despertei ao som da música de um dos meus grupos favoritos de todos os tempos… quem me conhece já adivinhou! A música levou-me até a um maravilhoso concerto na Cratera das Sete Cidades, onde a páginas tantas desata a chover, como só nos Açores… o vocalista diz então: “We are all under the Sun” e começa a música… magia ou não, efeito de sugestão ou pura coincidência pára de chover e a noite presenteia-nos com uma brilhante lua cheia e um luar limpo e sereno.

Ainda no balanço dessa música saio de casa, mesmo a tempo para ouvir uma conversa de elevador de alguém que dizia: “Mas isto só me acontece a mim!?”
Não sei se teve resposta, não conheço o contexto, que despoletou aquela pergunta indignada, e porque estava entre o corredor e a porta de saída e atrasada, como sempre, continuei a minha caminhada!

Já no escritório, e sem razão aparente, lembrei-me daquela indignação?! E da quantidade de vezes em que teci exclamações do género ou ouvi alguém a fazer o mesmo… “Isto só pra mim!”. Motivadas pelas mais variadas razões e nos mais distintos contextos.
Lembro-me de uma ocasião… daquelas manhãs que correm tão mal, mas tão mal… em que só nos lembramos, que não devíamos ter saído da cama, em que lavada em lágrimas me lamentei entre soluços e fluídos, “Isto só me acontece a mim”… ao que uma voz da sabedoria respondeu: “Não, isso acontece a muita gente, mas agora és tu quem está a senti-lo!”.

E é verdade… o que me leva de volta à canção do meu despertar, que nem vozinha do subconsciente me recorda: que nós estamos todos debaixo do mesmo sol!
A verdade é essa e só essa…e é pena que perdidos nos nossos próprias dramas, dilemas e “vidinhas”, não sejamos capazes de entender, que todos somos iguais… todos partilhamos um mesmo sol, lua e planeta! No fundo, todos humanos, com o mesmo género de preocupações e dilemas, quer tenhamos uma casa de luxo, quer um grande amor e uma cabana!

Lembro-me de muitas vezes dar por mim a pensar que deveria ser a única pessoa com problemas nas relações, dúvidas e inseguranças… e quanto mais me enterrava nesse meu “EU – Problema”, mais me isolava, quando no fundo… a minha solidão e isolamento momentâneo não eram mais do que voluntários!

Tenho uma amiga “piquena”, que no alto dos seus 18 anos acha que está a viver o maior drama da sua vida, sentindo-se sozinha, totalmente isolada e com vontade de desistir… tudo porque acabou com o namorado, com quem ela pensou passar o “resto da vida”… e haverá lá coisa mais dramática do que aos 18 anos achar que se vai passar o “resto da vida” com alguém, que se está a começar a conhecer sob o pretexto de umas curtes, tardes bem passadas e finais de aulas a trocar sms’s e a planear idas ao shopping ao fim-de-semana… Um Drama!

Já lhe tentei explicar, por A + B, que se ela não se der valor a ela própria, nunca ninguém a valorizará, porque a pessoa no mundo que mais a ama… é ela própria! A Auto-estima, a segurança, a consciência das nossas virtudes e defeitos são meio caminho andado para a nossa valorização aos olhos de alguém! Muitas vezes se cai no erro de se colocar o “outro”, antes do “eu”, quando se o “outro” existe na nossa vida é: porque “eu” o quero! Mas acho que só a idade nos traz destas sabedorias e as palavras não chegarão nunca para nos demover de aos 18 anos lutarmos pelo “amor da nossa Vida”, que na maior parte das vezes está completamente errado para nós e em casos raros, acaba por ser a pessoa com quem passamos efectivamente algum resto de vida.

“We are all under the Sun”, e apesar de ele por vezes se esconder em zonas micro - climáticas das nossas vidas, o Sol está sempre lá e regressa todos os dias depois de cada noite… basta querermos sair de casa para o ver!