quinta-feira, 22 de outubro de 2009


Então, quem é que me oferece esta?! Humm?!

16ª Croniquice - Carreira depois dos Filhos, Mito ou Realidade?


"Haverá Carreira depois dos Filhos?! Sim, porque se parte do princípio que havendo uns e outras, os filhos virão sempre antes das carreiras! Mas será que elas continuam a ter possibilidade de existência depois da existência dos nossos descendentes?! O tempo e disponibilidade mudam, a vontade é que às vezes não. E se num par de braços cabem muitos quilos de filhos, com uma carreira às costas, à perna ou à frente a tarefa torna-se quase como uma participação nos “Jogos sem Fronteiras”, mas pejados de obstáculos. A maternidade pode trazer uns quilos a mais, uma maciez de voz e espírito, uma tonelada de responsabilidades, mas nunca ouvi falar de efeitos secundários da maternidade no campo profissional. Assim, uma mulher ao ser mãe não se torna, só por si, menos profissional, dedicada ou ambiciosa, dispõe é de menos tempo de agenda para a profissão, que se vê partilhado com tempo de “antena” obrigatório dedicado aos filhos. Tentar manter o mesmo ritmo profissional, que se tinha numa vida sem filhos, a par de uma maternidade afectuosa, vinculativa, activa e presencial pode tornar-se num verdadeiro empurrar da pedra de Sísifo, que quando chega finalmente com ela ao cimo da montanha, está destinado a voltar a vê-la rolar montanha abaixo de novo... ou seja é um sem fim de preocupações, ginástica mental e esforço físico até à exaustão.
Eu, ainda sou das crentes que acredita que é possível levar uma vida profissional moderada a par de uma maternidade intensa, se bem que, sem ajuda dos avós ou família por perto esta minha vida profissional de “moderada” passa a “não existente” em três tempos, pois não há empregador que tenha paciência de Santo para as viroses de início de Outono de uma criança de menos de três anos, nem colegas compreensivos o suficiente para se verem em mãos com o trabalho acumulado de horas de pediatra, vacinas, reuniões de pais, actividades paraescolares e SOS’s afins.
As mulheres mães tendem a ser por norma as mais prejudicadas pela sua escolha e a sociedade encara isso como facto adquirido, perfeitamente normal, como se uma mulher que teve a dádiva de um filho não pudesse ter também a dádiva de uma brilhante carreira de sucesso e satisfação profissional. A Sociedade vê essa ambição com maus olhos e ou nos apelida de “fracas mães”, ou de “sonhadoras utópicas”, pois todos conhecem o dilema da Mulher do Século XXI: família ou carreira?!
Ora eu, gostaria de 1º e 2º prato se me permitem, consciente das devidas limitações da ingestão de ambos, é claro! Mas não gosto de me ficar na vida pelos “pratos do dia”, quando a vida tem uma “gastronomia” tão rica para nos oferecer! Ainda assim, levar a cabo a consagração harmoniosa destes direitos e deveres conquistados pelas mulheres, ao fim de séculos, pode revelar-se a luta mais árdua desta Batalha sem Fim!"