quinta-feira, 16 de junho de 2011

Favor atentar na imagem...

Como ser um adulto "crescido" mas ainda assim feliz

A idade definitivamente não traz só coisas más… aliás, até um certo ponto e, caso a saúde e o dinheiro nos acompanhem, a idade traz-nos coisas maravilhosas, que superam em larga escala a rigidez muscular dos vinte, os devaneios apaixonados dos dezoito e a irreverência abrupta e lunática de pensar que o mundo gira só para e por nós da adolescência!
A partir de uma certa idade, que pode começar aos trinta ou mais tarde, dependendo também da maturidade de cada um, começa a perceber-se que, à falta daquela energia e adrenalina louca e nervosa dos verdes anos, muitos outros tipos de prazer superam com grande estilo a barreira do lado B da meninice.
É verdade que com tanta obrigação, responsabilidade e dever, o adulto pode tornar-se por vezes no ser mais enfadonho da terra, mas, por outro lado, nada é mais compensatório do que os momentos em que os “crescidos” se conseguem ver livres das amarraras da sua “maior idade” e se deixam levar pelos prazeres aprendidos, adquiridos, cultivados, ou revalorizados… como aproveitar um bom momento em toda a sua plenitude, degustar um bom vinho, provar uma delicátesse gourmet, lambuzar-se com um bom prato de carne assada na lenha, ou um peixinho acabado de pescar no mar, levado ao forno ao sal, com as especiarias certas, as ervas certas, os temperos e os acompanhamentos certos! Sim, sem dúvida, estou certa que o refinar do palato é uma característica apenas ao alcance de mentes maduras. Assim como, o desfrutar de uma boa música, sem ter que fazer pose, ou coro, ou fingir que se sabe a letra só para ficar bem na fotografia de grupo! Sim, estou certa que só a partir de determinado momento nas nossas vidas somos capazes de nos assumir em tudo o que temos de bom e tudo o que temos de mau, como únicos, singulares, sem nos querermos identificar com alguém, medir com alguém, ser igual ou melhor do que alguém!
Acho, e penso que não me engano, que não se consegue falar de gosto e refinamento antes dos vinte, pelo menos, não no verdadeiro sentido destes dois conceitos, naquilo que se prende com a genuinidade, individualidade e intransmissibilidade que estes conceitos comportam! Ninguém compreende verdadeiramente Pessoa aos 16, assim como ninguém é capaz de “viver” um amor sereno aos vinte e dois!
A idade nunca foi para mim algo importante, até ao dia em que deixei de fazer anos e comecei a acumular décadas. Uma, duas, três… poucas, ainda… mas significativas! A primeira de menina, a segunda de miúda, a terceira de mulher!
Coloquei esta semana um ponto parágrafo na minha crise da viragem para os trinta… no preciso momento em que o meu marido me entrou porta adentro com um cesto de legumes da horta, oferecido por alguém amigo, e eu gritei vivas de contente! Não há jovem que consiga rejubilar com um cesto de brócolos, alface, cebolas, curgete, feijão verde e uma couve-flor… não há, não há! Assim, assumi a minha maturidade, celebrando-a com uma panela de sopa… depois, deitei-me no sofá com o meu pior pijama e vi o noticiário das oito, de fio a pavio… e lá se foi a teoria do refinamento adulto… mas nem tudo são rosas, na contagem decrescente para o meio século! Oxalá, nos “entretantos”, vá descobrindo mais uns prazeres da idade adulta, sem prejuízos, nem preconceitos e de preferência, com melhores pijamas!