quarta-feira, 17 de junho de 2009

Life is just a bowl of cherries...


Há muito quem fale, como de um alto de um pedestal. Enchendo-se de valores morais, aplicados única e exclusivamente aos outros… Deus nos livre, nunca aos próprios!
Há muito quem se encha de coragem e princípios para falar da vida dos outros. Falam das vidas dos que conhecem e mais ainda das dos que desconhecem!
Há muito quem guarde segredos, que até mesmo os próprios têm vergonha de os guardar!
Há quem goste de nós.
Há quem pense que gosta.
Há quem não goste, nem desgoste.
Há quem estranhe, quem ame e quem odeie!
Há quem nos tenha uma raiva de morte e depois há aqueles que pura e simplesmente nunca nos vão entender.
Quem gosta de nós, preocupa-se, critica-nos, aceitando-nos sempre depois.
Quem pensa que gosta de nós, pensa que se preocupa, critica-nos e depois pensa que nos aceita.
Quem não gosta nem desgosta, não se preocupa, às vezes critica e não se preocupa em aceitar-nos ou não.
Quem nos estranha, preocupa-se com sua própria estranheza, quem nos ama é o nosso crítico mais apaixonado e quem nos odeia é quem nunca nos aceitará.
Os que nos têm raiva de morte e os que nunca nos vão entender, preocupam-se com isso até aos cotovelos, criticam-nos até às pontas dos cabelos e depois não aceitam nunca que alguém nos possa algum dia sequer tentar aceitar!
Não falo do alto de nenhum pedestal e os meus valores morais cabiam num frasco de compota pequeno. Tento viver de acordo com os meus princípios e de acordo com os caminhos e ventos que me vão levando na vida.
Se falo da vida dos outros, conhecendo-os ou não, tomo-os como comparativamente à minha e não me atrevo sequer a julgar, sem antes tentar conhecer!
Não tenho segredos, se os tivesse, não os saberia guardar! E a única vergonha que guardo é a de muitas vezes me calar, quando me apetece berrar.
Se a vida é como uma taça de cerejas, há dias em que como algumas bem podres! Desculpem lá este desabafo, que vou até ali cuspir o caroço e já venho!

Disparates de Mãe no Século XXI


Antes ainda de ser mãe tinha umas não sei quantas teorias e ideologias irredutíveis e irrefutáveis acerca dessa condição e da relação que iria um dia ter com os meus filhos, se os tivesse!
Agora que sou mãe, vivo perdida e desnorteada, deixando cair por terra todas as teorias e ideologias, que nem frágeis castelinhos na areia.
“Filho meu, não há-de fazer birras é NUNCA! Ai dele!”. Ainda me lembro destas palavras, que engoli em seco com pontuação e tudo, aquando da primeira birra pública da minha filha, que tinha, imaginem só, uns pequenitos e fresquinhos 11 mesinhos de vida. Eu corei, engoli em seco e tentei não ceder ao seu choro sufocante e roxo, no meio do hipermercado local, enquanto todos os olhos em volta se centravam em mim. Tudo isto, porque ainda não sabendo andar sozinha, fazia questão de ir pelo seu próprio pé, pelo meio dos corredores, com uma mão na minha e outra em tudo o que conseguisse agarrar!
Teorias do “filho meu dorme no quarto dele desde os 3 meses” e mais nada! Ficou no nosso até aos sete e só saiu quando deixou de mamar durante a noite!
Ideias do género: “ Vou ler-lhe um livrinho todas as noites, desde que tenha 6 meses” e lá estamos nós a deixá-los desfazer tudo o que é livro e à noite, ansiosas para que adormeçam por fim, sem livro, nem leite, nem nada! Enfim… Uma série de teorias muito bonitinhas, mas completamente impraticáveis… ou então praticáveis apenas com crianças em forma de santos, e pais em forma de pedra!
Tenho vindo a aprender, que as melhores teorias também não são aquelas que se lêem em livros, e eu já li uns quantos, pois se aquilo funciona maravilhosamente quando lido, quando aplicado falha quase sempre. As teorias do adormecer, do deixar a chucha, do não embalar, do embalar e muito. Porque a páginas tantas e depois de tanto ler, acabo por me aperceber que por vezes lia livros completamente contraditórios apesar do assunto ser o mesmo.
Fala-se muito nos dias que correm, das crianças de hoje, que são diferentes do que éramos nós, que não cedem com a mesma facilidade, nem respondem aos mesmos estímulos. Fala-se dos novos Pais, de pais amigos, de pais companheiros, educadores, mas não castradores, ensinantes, mas não militaristas e eu chego à conclusão que um pai não pode deixar de ser um pouco disso tudo e que as crianças, afinal de contas serão sempre crianças e que depende muito de nós pais deixá-las ser crianças ou obrigá-las a corresponder aos padrões de hoje, do que deve ser ou é uma criança.
Este fim-de-semana, dei por mim a reparar em algo, que nunca antes tinha observado na minha filha, uma tara por vassouras! E porque é que nunca tinha reparado nisso antes, perguntam vocês?! E eu respondo… simples, em nossa casa ela nunca teve acesso a uma vassoura. Seja porque estão encerradas na lavandaria lá de casa, seja porque eu nunca as uso, apontando a minha predilecção para o uso do aspirador em detrimento do uso das mesmas! Mas é que vocês nem imaginam… ela adora-as! Assim sendo, a minha sogra fez questão de lhe comprar uma de brincar. Mas o que aconteceu foi que não era essa que ela queria! Eram as nossas, as reais, as verdadeiras, as grandes! O mesmo acontece desde sempre com os telemóveis lá em casa e com as chaves e carteiras, pois embora ela tenha réplicas perfeitas da Chicco, Playschool e bla, bla, bla… não há para ela nada como a “real thing”! E agora pergunto-vos eu… para que andamos nós a comprar brinquedos aprovados pela CE, com kits de segurança e preços de um verdadeiro cofre, quando as crianças ficam satisfeitas até com as coisas mais simples?!
Outra teoria minha que caiu por terra! Porque no meu entender, se progressos há, e estudos… é porque realmente as crianças prefeririam os brinquedos Chicco ou de marcas gémeas. Mas a verdade é que isso as satisfaz 10 minutos, logo indo em busca de um garrafão vazio, ou caixote do lixo, deixando de lado os nossos 50 e poucos euros, como se de uma rolha velha se tratasse! E por falar em rolhas… já tentaram entreter um bebé com rolhas de cortiça?! Está certo… agora vêm vocês dizer… é perigoso, podem engoli-las, podem sufocar, pode ser tóxico! Mas a verdade é que, devidamente supervisionadas, as crianças podem brincar com as coisas mais simples, e por vezes são essas mesmas, que lhes trazem maior grau de satisfação!
Lembro-me de ser criança e passar as férias do Verão na aldeia com o meu primo e a minha avó. E quando penso nesses tempos, não me lembro de nada mais feliz! Sem televisão, sem computadores, sem internet! Acho que as nossas crianças ficam cada vez mais dependentes desses artefactos modernos, precisamente porque nós também o somos. Mais, muitas vezes somos nós próprios quem faz questão de lhes dar o melhor telemóvel da loja ou a melhor consola… quando talvez ainda fosse cedo demais para essas coisas!
Vejo constantemente crianças de 10 e 12 anos, com telemóveis de terceira geração e portáteis, quando o uso que fazem desses instrumentos é bem mais “des-supervisionado” e bem mais perigoso do que a minha filha, brincar sob o meu olhar atento com rolhas e garrafas de plástico! Acreditem que telemóveis e computadores na vida de uma criança podem ser bem mais sufocantes do que uma rolha na goela! Bem sei, que corro o sério risco de esta ser mais uma brilhante teoria que caia por terra com a minha experiência enquanto mãe… mas enquanto dura esta minha lucidez, intocada ainda pela experiência, quer-me a mim parecer que tenho que tomar precauções quanto a isso num futuro próximo!
E agora, se me permitem vou comprar mais um livro de teorias infantis, desta vez recomendado pelo próprio pediatra da minha filha… para ver em quanto tempo cairão estas por terra! It’s so much fun being a mom!