quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Sonhar com Brahmin Leather!

Ainda não é a Birkin, nem sequer está perto dos preços Hérmes... mas fez-me sonhar só assim um bocadinho... porque mulher também é gaja... só assim de vez em quando!

É por isso que:
Venho por este meio e por escrito reivindicar mais um dos muitos direitos não reconhecidos de uma mulher, que é, precisamente o direito que uma mulher tem de ser gaja! Isso mesmo, eu volto a repetir: Toda a mulher tem direito de ser gaja, quando quiser e se muito bem lhe apetecer! Mas e afinal, o que é isso de ser gaja?! Perguntam vocês... Pensavam que era a mesma coisa, mas num tom mais brejeiro, não é?! Mas não! Eu passo a explicar... Então é assim, vejam lá o meu exemplo: eu sou mulher, porque sou trabalhadora, dedicada, aplicada, sou esposa, amorosa, fiel e incondicional, sou mãe, enfermeira, cozinheira, lavadeira, passo a ferro, conduzo um carro, vou às compras, escolho o melhor leite, a melhor dieta para a família inteira, sei sempre os horários de todos, e para mais sou pontual, discreta, faço bricolage, colagem de massas, pinturas em casa, prego quadros, limpo o carro, faço a melhor cabidela de S. Miguel e tenho mezinhas para mil e um males de corpo e alma. Ainda assim, tenho tempo para ser interessada pelas notícias, por livros, exposições, concertos de bebés, música alternativa, livros de pedagogia. Um dia por semana escrevo algo para vocês lerem, falo de assuntos sérios, se bem que sempre meio a brincar, mas... sem perder o tom! No entanto, sei que não conseguiria ser tudo isso, se de vez em quando não fosse também eu, muito e ferozmente gaja! E ser gaja é, ir aos saldos, gostar de cor-de-rosa, comprar sapatos, fazer brushings, depilação, ver telenovela, falar mal dos outros, sonhar acordada, comer gelados, beber coca-cola, calçar Louboutin, inundar o estômago de chocolate, saber a diferença entre uma écharpe, uma pashmina, um lenço e um cachecol, não confundir o beringela com o fuscia e saber sempre que o cor de vinho cai bem melhor do que o bordeaux! Ser gaja é guardar rancores secretos e inconfessáveis pelos corpos perfeitos de modelos famosas e silhuetas de manequins de montra de loja! É conhecer as calorias dos alimentos de cor, comer bagas godji e sementes de sésamo e depois roer Smarties a tarde inteira no escritório! No fundo, ser gaja é ser feliz com a mais pequena das futilidades, sem deixar de ser mulher em todas as suas responsabilidades!
P.S. - Se alguém me quiser deixar esta "futilidade" (Jacqueline Tote in Marigold, www.brahmin.com, pela fútil quantia de 295 Euros... perdão que até me engasguei!) no sapatinho... que se atreva... vocês nem imaginam o tamanho de sapatos que eu tenho! ;)

Traço de iluminação criativa!


Chegaram hoje dois belíssimos colares, que encomendei à Eduarda da Made in LOve, que me abrilhantaram o look... sim, porque hoje já estou com melhor cara (posso tirar o saco) e porque o próprio tempo nos Açores melhorou! Parou de chover e apesar de depois da chuvada de ontem me ter feito levantar o soalho todo no quarto, nada de mais grave há a denunciar! De resto, amanhã a pequenita tem dose de cavalo de vacinas, olhem para mim já a tremer de medo, e não vou poder ir às aulas, sendo que aquele trabalhinho da Literatura vai ter que ser apresentado por escrito! Encontrei algures ontem, um texto que me lembrei de ter “conhecido” num exame algures ao longo da minha Licenciatura. O texto é de Almada Negreiros e lembrei-me dele por causa dos riscos de “criatividade” na camisola da minha filha...

“Pede-se a uma criança: Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém. Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase não resistiu.
Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais.
Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: Uma flor!
Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!”
in Antologia de Poesia Portuguesa, Volume II, pg 1616 – Almada Negreiros

E é isto que sinto em relação à literatura... nos “pedaços de papel pintados” de muitos escritores se encontram as linhas da essência da literatura!
Obrigada minha filha, constante fonte da minha inspiração!