quinta-feira, 28 de abril de 2011

A Genética dos Lusos - Hoje no AO

Lutar contra a genética lusa parece ser tarefa ingrata nos dias que correm. Lutar contra o fado, o fatalismo, o desespero, o desânimo, a frustração e o desalento é hoje como remar contra a maré na crista de um tsunami.
De facto, os portugueses nunca foram um povo muito animador, muito alegre nem muito folclórico, ao contrário daquilo que frequentemente se quer fazer crer! Mais somos todos como os velhos do Restelo, senão porquê, pensem na resposta que dão com maior frequência à pergunta: “Então, como estás!?”. Parece que é quase obrigatório acrescentar sempre alguma lamúria, ou algo de mau… por vezes mais parece que se não o fizermos, e se respondermos à questão com um puro e simples: “tá tudo óptimo” o mundo nos rebenta na cara com a desgraça mais desgraçada de todas e nos faz pagar pelo descaramento de pensar que alguém neste país pode estar óptimo! As coisas até podem estar todas a rolar tranquilamente na nossa vida, até podemos estar a sentir-nos excepcionalmente inspirados e felizes naquele momento, naquele dia, naquela fase da nossa vida, mas se o admitirmos, então o karma cai-nos todo em cima. Somos um povo queixinhas, que se não se queixa não é normal, que se é feliz, é porque é louco, ou gente em quem não se pode confiar! Ser feliz neste país é na maior parte das vezes motivo de vergonha, de pudor… se vivemos um amor feliz, logo alguém se ocupa de vasculhar e especular sem fim até encontrar uma imperfeição que o console; se temos uma vida estável, logo todos se sentam à espera que a estabilidade desmorone, para poder bater palmas à vontade e depois nos dar uma palmadinha nas costas de consolo… mas ninguém o admite, não… quem nos ouvir mais não julga que queremos todos muito o bem uns dos outros! Se eu estou mal, porque estará alguém bem… e se eu estou bem, então o melhor é não andar aí a espalhá-lo aos quatro ventos, não venha algo ou alguém prontinho para me tramar! E assim se vive, no jardim à beira mar plantado, pregando desejos de felicidade sem fim e aterrorizados de medo que ela possa mesmo chegar!
Bem sei, que hiperbolizo ao surreal este sentimento que pode não ser comum a todo e qualquer português, mas até aposto que não há vivalma que não tenha sentido na pele uma vezinha que fosse este frio na espinha ao anunciar uma felicidade ao mundo!
É tarefa ingrata lutar contra esta genética lusa do “vai-se andando” e muitas das vezes só o conseguimos fazer e ainda assim com muito pudor, por comparação com a medida das desgraças alheias… “realmente, comparando com a vida de X e de Y, a minha vida é bem feliz!”. Somos um povo de engraçadinhos, mas desgraçadinhos, onde que tem piada é rei, onde só tem direito a ser feliz quem aparece na tv! Somos tão acolhedores e bem-dispostos, que nunca ninguém iria desconfiar, que por detrás de tanta gargalhada de conveniência de escondem os rostos mais amarelos de inveja e desdém! Pois bem, para hoje, eu propunha, uma nova revolução… a dos (maus) costumes, a dos (maus) modos, a do (mau) humor, a do pessimismo! Abaixo os derrotistas, que não foi com baixar de braços, invejas e carantonhas que se fez Portugal!

Mini-Paraíso...

(Estivemos na companhia dos novos membros da família...)




(Tomámos muitos pequenos-almoços destes... lá se foi a linha... os muffins foram cortesia da Repolhita)



(E fomos ao Mercado comprar coisas deliciosas, todas regionais!)



Nada melhor do que uns dias em casa para pormos as coisas em perspectiva! Aproveitar o que de bom a nossa vida tem... namorar muito, dormir muito, comer muito, brincar muito, aproveitar muito o tempo que o rei da casa passou em casa e divertirmo-nos a três com a repolhita em programinhas caseiros, mas muito gostosos!


Caso para dizer, que estes dias deixarão saudade...