sexta-feira, 15 de maio de 2009

À Rasquinha para deixar de ser Rasca…


Olá! Lembram-se de nós?! A Geração Rasca?!
Ora, pois muito bem, ainda aqui anda mais um espécimen perdido em lutas de sobrevivência do dia-a-dia, e à rasquinha para deixar de ser Rasca!
Mas será que não bastou passarmos toda uma adolescência, com o Cognome escrito na testa, descredibilizados e apupados pela nossa mentalidade “fútil”, de grunge de pátio da escola, com charrinhos e gazetas à mistura, mesmo para quem nem os fumava, nem as fazia!?
Foi tão triste sermos julgados, só porque a “onda” na altura era um Kurt Cobain, atordoado, um Axel em calções de ganga xs e camisa de flanela, um toque de nostalgia e depressão ao som de The Smashing Pumpkins, Alice in Chains e Silverchair!
Para quem, como eu, já não se lembrava ou nem sequer chegou nunca a saber, a origem desse nosso mui nobre título, devo aqui anunciar, que todo o mérito se deve ao Exmo. Senhor Vicente Jorge Silva, actualmente colaborador do jornal Sol e que em 1994, director do Público nos dedica todo um editorial, aquando das revoltas estudantis, entre outras coisas contra o aumento das propinas. Os estudantes do universitário, secundário e não só, juntaram-se então para dizer: “Ó Leite Estás a Azedar!”. Ainda me lembro, de ter participado na célebre manif, na altura ainda manifestação, de cartaz em riste, 14 anos ao rubro e plenamente convicta de que iríamos conseguir levar a nossa avante! A Rua 31 de Janeiro cheia de estudantes como eu e um universitário que nos saudou, dizendo: “É assim mesmo, porque esta luta também é vossa, afinal de contas amanhã são vocês a pagar!”. E voilá! Lá nos rasquizamos todos e as propinas subiram na mesma e toda a minha turma deixou de acreditar que a sua opinião, valia de facto alguma coisa!
Não sei se se lembram, mas foi também nessa altura, em Lisboa, que alguém se lembrou de mostrar o real traseiro, a modos que… em jeito de falta de palavras, toma lá disto! Rasquíssmo acto, de resto… nada como as agressões diárias no parlamento e faltas de respeito das nossas classes dirigentes! Que se me dessem a escolher: lixarem-me o dinheiro em descontos para a Segurança Social e afins, ou mostrarem-me o rabiosque… eu sempre preferia satisfazer a curiosidade e ver de que cor seriam eles feitos na verdade!
Mas é karma, só pode… porque de geração rasca, passamos a geração à rasca! Em muitos casos, à Rasquinha…para nos aguentarmos num dia a dia, de canudo na mão, com a consciência dos milhares pagos em propinas, que tanto jeito nos fariam agora, em que os míseros ordenados de 500 Euros, que recebemos como balconistas, administrativos, empregados de mesa e outros, mal nos chegam para pagar as despesas fixas, quanto mais para pagar propinas aos nossos filhos!
À rasquinha andamos nós agora, à espera de crédito e oportunidades, para vivermos uma vida independente e condigna. À rasquinha para que nos reconheçam mérito e capacidades e nos paguem de acordo com o nosso real valor… e depois… depois o que é que se nos dá para fazer?! Para que mais uma vez nos ouçam?! Pois muito bem, criamos blogs! Afinal de contas, aqui quem manda somos nós próprios, escrevemos o que nos dá na real gana e quem quiser ler, lê!
Acho que aquilo que de Rasca permanecerá para sempre em nós é só mesmo um afaz desejo de ser ouvidos e fazer valorizar aquilo que acreditamos ser nosso de direito: um ensino mais justo e para os nossos filhos e pessoas uma VoZ, numa Democracia, que afinal de contas deve ser de todos! Não vos mostro o rabiosque, mas mostro-vos aqui as cores de que sou feita… verde esperança e revolta, de nos definirem os actos, condicionarem a vida e não nos deixarem nunca mais viver, sem ser à rasca!
Quem me dera conseguir de novo moralizar toda a minha “Geração Rasca” e voltar para as ruas a gritar: “Não pagamos, não pagamos…” não pagamos os descontos da Segurança Social, que de nada me servem ou servirão, não pagamos o dobro pelos combustíveis, não pagamos a vossa falta de competência, não pagamos as taxas e impostos ridiculamente altos, que nos andam a impor, não pagamos o exagero das taxas de juro aos bancos, nem os créditos de habitação descontrolados, não pagamos o facto de o País estar em crise e não ser dirigido pela nossa Geração!
Diz um velho provérbio, que “a necessidade aguça o engenho”… pois o que pensam vocês?!… Eu entendo que, o nosso já deve estar aguçado ao máximo! Deixem-nos ter lugar em cargos de responsabilidade, dêem-nos oportunidade de mostrar aquilo que os “Rascas” sabem fazer… Eu cá, pagava p’ra ver!