quinta-feira, 11 de março de 2010

"Ser Mulher e ser melhor..." no AO - 11.03.10


Ao que consta e segundo investigações recentes, saber cozinhar ajudou a desenvolver a inteligência humana, no sentido em que favoreceu a digestão dos alimentos e permitiu uma diminuição do intestino, que fez com que se libertasse "energia que pôde ser usada para desenvolver a inteligência. Um cérebro maior significa um intestino mais pequeno", revelou Peter Wheeler, professor da Universidade de John Moores, em Liverpool. Seguindo esta lógica de ideias, não admira que aliada à versatilidade e imaginação necessária à elaboração de ementas diárias para a família, a mulher fosse a mais beneficiada com toda esta celeuma. Assim, resta-me dizer uma coisa, aos homens machistas e opressores, que povoaram e mandaram no mundo durante séculos a fio: Amigos, a culpa é toda Vossa! Ou seja, por aqui se comprova a velha máxima de que “a necessidade aguça o engenho”. Os ditos senhores a pensar que as mulheres ficariam qual passarinho na gaiola e elas, engaioladas em lindas cozinhas, de avental ao peito, a fazer crescer cérebros desde o tempo da invenção do fogo. Não admira por isso, que se verifique a situação actual do aumento do número de mulheres nas Universidades portuguesas, problema, de resto, abordado por Miguel Sousa Tavares no seu segundo “Sinais de Fogo”, como se de um verdadeiro atentado aos Senhores Doutores e Engenheiros se tratasse, chegando mesmo a falar em “quotas para homens”, num futuro próximo, no acesso às Universidades. E a mim, tudo isto me faz rir... melhor, tudo isto me faz gargalhar a bom pulmão! Sinto orgulho de viver numa época em que finalmente, o homem começa a ver a mulher como ser capaz de se lhe opor em inteligência e em mérito! Se bem me lembro, dizia MST, que passaríamos de um país de “Doutores e Engenheiros”, para um de “Doutoras e Engenheiras”! Mau! Afinal, a mulher portuguesa já não é bem o que era: jeitosinha e parolinha como a tola da sardinha! Ironias aparte, não acho que subverter a “Lei do Universo”, tornando a mulher absolutamente mais poderosa e influente do que o homem seja a solução dos nossos problemas, porque dizendo as coisas abertamente, nem os homens gostam de mulheres arrogantes, nem as mulheres gostam de homens bananas, tirando os fetichistas, mas aí o tango é outro! De qualquer das formas e a par da “preocupação” de alguns homens, verbalizada em público pela voz do Dr. MST, parece-me que as mulheres estão a pagar bem caro esses famigerados títulos de “Doutoras e Engenheiras”, por acumulação dos cargos modernos e dos tradicionais (mãe, esposa)... sim, porque desengane-se quem acredita que no mundo profissional a coisa é “trigo limpo, farinha Amparo” para a mais comum das mulheres! Podemos ser em maior número nas Universidades, mas, e no mundo profissional?! No mundo dos altos cargos?! E a nível da remuneração?! Será que somos tão bem pagas como os homens, desempenhando uma mesma função?! Será que não paga uma mulher bem caro o preço de uma vida enquanto “carreirista”?! É que já nem me refiro só à supressão de valores familiares ou censura social pelas opções que toma, mas será que é fácil estar constantemente a ignorar um relógio que é biológico e que mesmo medicado não pára de fazer “tic-tac”?! Pois é, meus Senhores, com as Vossas dores posso eu bem, não me lixem com as quotas para homens no acesso ao ensino superior, façam-se homens e trabalhem, lutem como nós mulheres lutámos anos a fio, séculos e séculos e como ainda continuamos a fazer, todos os dias, a toda a hora. Porque não há nada mais difícil do que estar constantemente a ter que fazer valer, aquilo que é mesmo nosso, de valor! Virar as costas a quem maldiz escolhas, que por nada lhe dizem respeito e levá-las avante! Querem um conselho, aqui da amiga Mulher a 1000, ponham o avental e vão para a cozinha! Diz-se por aí que “faz milagres”!