quinta-feira, 18 de junho de 2009

As picardias de Adão e Eva...


Será, será que nós mulheres sabemos mesmo o que queremos?!

Quando me diziam em tom de troça… “Ah e tal, o vosso problema é que vocês mulheres nunca sabem o que querem!”, eu enchia-me de razão e dores, minhas e das do meu género e saía em defesa da causa das “mulheres decididas, que sabem muito bem o que querem, sim senhor”! E enumerava uma lista enorme de quereres, que eram os meus, do momento e que não corresponderam sempre aos meus quereres actuais ou de passados mais ao menos distantes ou próximos! Se me pedissem agora uma lista de quereres, conseguia facilmente enumerar no mínimo uns 10 ou 12 quereres válidos, que me avassalam de momento, mas será que amanhã partilharei dos mesmos?!
É que se há dias em que gostava de ser mais magra, mais alta, mais morena, outros há em que me sinto bem exactamente assim, com a minha figura e cor. Dias em que não mudava nada e o meu único querer fosse, talvez precisamente, não mudar nada em mim, nunca!
A verdade é que também posso fazer uma distinção entre quereres, distinguindo aqueles mais estáveis dos de moda e passageiros! Um grande querer, partilhado por todas nós é, sem dúvida alguma, o querer ser amadas e felizes, esse pertence sem dúvida aos estáveis. Mas depois há aqueles como: “querer um vestido comprido e floral, que me sirva”, que amanhã deixa de ser um “must have” querer e passa a ser, “never in my life” querer!
Ainda há outro tipo de quereres, que se conjugam com momentos da nossa vida, em que se estamos de certa forma, queríamos estar de outra, se estamos em certo lugar, queríamos estar noutro! Em tudo combinado com a tão famosa letra do “Só estou bem, aonde eu não estou!”, porque de resto e com tantas “variações”, também dizia o mesmo, que “quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga”! E lá vamos nós, tristes e descontentes aprimorar a pele com um pouco de gelado ou mimar as gordurinhas de estimação com uma barra inconsolável de chocolate!
Será que tem razão quem diz, que nós mulheres não sabemos MESMO o que queremos?! Ou será que o que acontece é queremos tantas coisas e tão diferentes, que de tanto querer nos perdemos?!
Recebi ontem um e-mail de uma amiga, que em tom de “tira o peso do peito” me confessava estar desesperadamente a precisar de uma vida mais “doméstica”, como ela própria lhe chamou. Reduzindo o vapor do seu “comboio louco” e cheio de actividade para um “regional” assim com paragens em todas as estações e apeadeiros! Quase a seguir, em conversa cibernáutica com outra, não menos amiga, esta me confessava estar já farta do “ram - ram” da sua vida patética e sem sentido de trabalho - casa, casa - trabalho! É Variações, puro e duro! Até ouço a musiquinha lá no fundo…
A verdade é que qualquer ser humano tem momentos de maior estabilidade e outros de menor! Qualquer um de nós, seres deste planeta azul tem vontades e quereres e desejos passageiros e outros que lhe fazem parte da essência! O difícil é muitas vezes, acompanhar o crescer, mudar e evoluir dos quereres próprios e dos outros!
O meu marido diz que eu é que sou a “esquisitinha”, porque se num dia quero uma waffle, noutro dia quero um crepe! Enquanto ele, todos os dias se contenta com uma bela de uma sandes de queijo e fiambre! Mas será que à custa disto têm o direito de me chamar indecisa! O facto de querer variar, e saber exactamente, que variações escolher não faz de mim uma pessoa indecisa! Muito pelo contrário! Sei bem demais o que quero, tão especificamente o sei, que se não consigo “saciar” tal querer fica em mim um vazio, uma sensação de frustração tal, que me deixa sensaborona até mais de uma semana!
Acho, que afinal de contas a razão porque muitas vezes os homens dizem que somos “complicadas”, (e acho um piadão a esta palavra), é precisamente porque não nos compreendem! E porque é que não nos compreendem?! Porque nos vêm à medida deles e pensam que todos os dias ficamos satisfeitas com uma sandes de pão com queijo e fiambre! Não! Amigos… Não! Porque é que em vez de dizerem logo… “Vocês são umas complicadas, nunca sabem o que querem!” … não se dão antes ao trabalho de perguntar o que é que nós queremos?! E se a resposta for um “ Não sei!”, por favor, não se deixem iludir… é que esse “não sei”, raramente é indecisão… muito antes traz um “eu até dizia, mas acho que não vais gostar”, ou “ não me apetece dizer, porque se me conhecesses sabias”… por exemplo! Poucas vezes um “não sei” indica mesmo indecisão ou ignorância! Mas, como para tudo o resto na vida, para ouvirem os nossos quereres é preciso tempo e paciência, coisa que juntamente com tudo o resto nos dias que correm, está em crise! Até o sexo, vejam só! (vide revista Visão deste mês!).

Enfim, talvez sejamos um tanto ou quanto complicadas, mas indecisas… ainda me custa a aceitar!
E uma vez que me recuso a deixar p’ra amanhã o que “bem podia ser p’ra hoje”, aqui fica a minha lista de quereres de momento:

1. Queria sol;
2. Queria ter tempo de fazer um brushing hoje;
3. Queria um vestido comprido, que não tivesse que cortar;
4. Queria perder 3 quilos;
5. Queria o meu carro lavado e aspirado, sem ter que trabalhar para isso;
6. Queria que a minha filha dormisse até ao meio-dia este fim-de-semana;
7. Queria que os CTT fossem mais eficientes;
8. Queria ter mais um bocadinho de euros, para me durarem até ao fim do mês;
9. Queria um jantar romântico a dois;
10. Queria uma saída de meninas, daquelas da “antiga guarda”;´
11. Queria que as pessoas fossem mais justas;
12. Queria que houvesse uma ponte pequenina entre o Porto e S. Miguel;
13. Queria que a Coca-Cola não fizesse tanto mal;
14. E queria ter mais tempo para fazer esta lista de quereres…

Talvez noutra altura vos diga, mais quereres ou já não! E vocês, o que é que querem?!