sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Leaving on a Jet Plane...


... Vamos até ali e já voltamos!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

"O Pensamento Mágico" no AO - 25.02.10


Quem lá esteve sentiu na pele o arrepio de pele de galinha provocado por um excelente texto, dito e interpretado por uma grande senhora, abrilhantado com um cenário simples, mas eficaz e encaixilhado por uma música simples, mas completa! Estou a falar da peça “O Ano do Pensamento Mágico”, que subiu a palco no Teatro Micaelense este Sábado que passou. Eunice Muñoz de voz tremida e rouca, por vezes quase em tom embargado pela constipação que a acompanhou só fez subir em emoção o texto e a comoção provocada pelo mesmo nos olhos, pensamentos e corações dos presentes! Pediu desculpa, por não ter “dado a sua melhor voz” a um público açoriano tão bom e tão meritório do seu melhor, interrompido apenas por um sonoro e regional “Foi ‘xelénte!” arremessado de uma voz feminina no meio daquele público emocionado. Eu, que conhecendo bem o texto e o peso emocional do mesmo, jurei a mim mesma não ceder à tentação de deixar extravasar a emoção pelo vaso lacrimal, resisti até à sua última interpretação, que me levou inteira para um vale de lágrimas comovido quando repetiu aquilo que mais me tocou na peça, a jura de amor eterno e fortíssimo daqueles seus entes familiares, que pensou ser seus para sempre, que pensou nunca ter que vir a largar!
O texto é uma brilhante análise do estado de dor efectiva que se verifica quando perdemos alguém próximo e muito amado e de lição deixa-nos apenas uma: um dia, vai acontecer-nos a nós!
Ninguém gosta de pensar em “coisas tristes”. Ninguém pensa gratuitamente no sofrimento que o amanhã trará, mas se o não pensar o evitasse a alguém, então eu escolheria o amorfismo cerebral. A verdade é que, como a própria Joan Didion tão bem escreveu: “ A vida modifica-se rapidamente... A vida muda num instante... Sentamo-nos para jantar e a vida, como a conhecemos, acaba!”. Que melhor exemplo desta tão verdade querem do que aquilo que se passou na Madeira?! O Homem é pequenino, e a sua existência neste mundo é efémera, esta é a única certeza de vida, que poderemos de facto guardar! Assim, a única coisa que podemos deveras desejar é que no pouco tempo que nos resta, muito de bom nos sobeje! E esta é a minha lição desta semana: A Vida é curta! Melhor é vivê-la bem!

Parte II

Epá, sinceramente eu de musa não tenho lá muito e de rebelde ainda menos. Sou só uma miúda a tentar crescer... e agora deixa-me chegar a casa, para pousar a mala e descalçar estas malditas botas, que só trago calçadas porque eram pesadas demais para trazer na bagagem!

Assim falou Helena.
Não tinha ninguém no aeroporto à sua espera. Aguardava-a agora uma viagem de metro até casa. Passou o “Andante” no leitor, entrou no metro e sentou-se. Ligou o i-Pod, e hoje era definitivamente dia de ouvir a “Betterman”... ai os Pearl Jam. E ela?! Poderia ela encontrar homem melhor?!
Voltou a Roterdão.
O Francesco não era um italiano daqueles típicos, mas ela sabia que depois do João, só mesmo um som italiano sussurrado ao ouvido a faria sair do transe daquele amor tão louco e sucumbir de novo ao prazer de uma nova paixão.
O João, ah, o João... ainda não vos falei dele!? Depois daquela paixão parva dos seus 16 até aos 19 anos pelo rapaz da Império... o totó da Império, o que a trocou pela parva da Belga... a nossa Helena caiu num novo estado de descompensação e descrédito, que durou 4 anos. Isso aliado a uma vida universitária fértil, pelo menos em gazetas e em festas, fê-la cair nos braços do João. Bastou um dia e uma caminhada juntos para se deixarem envolver. Até hoje ela não sabe como tudo aconteceu. Já se conheciam de vista, tinham amigos em comum, ele sempre lhe tinha achado uma piada de morte, ela nem sequer tinha nunca olhado para ele com olhos de “ver”! E numa noite, saidíssimos do Bazar, alcolizadíssimos pelo gin tónico, quis a sorte que ficassem apenas os dois em amena cavaqueira em frente ao rio. E foi precisamente quando o sol começou a nascer, que ele lhe prendeu a cara entre as mãos e ganhou coragem para lhe dar o derradeiro beijo, aquele que ela nunca teria esperado receber. Depois ainda com a cara dela entre as mãos disse-lhe: “Tu és Linda! Espantosamente Linda!”. Caminharam de mãos dadas até à paragem do autocarro, despediram-se, mas a despedida foi breve. O que se seguiu foi um amor de Verão, louco, voraz, que se extingui tão rapidamente quanto apareceu. Isto porque ele recebeu uma proposta para estagiar num projecto na Polónia e ela, inscreveu-se no programa Erasmus e partiu para Roterdão. Em Roterdão, Helena não fazia planos de se apaixonar, mas a voz do João seguia-a onde quer que ela fosse: “Tu és Linda! Espantosamente Linda!”, “Tu és Linda! Espantosamente Linda!”... Ai... perdia-se horas nesta lembrança nostálgica, fechava os olhos e deixava-se estar muito quietinha para ver se ainda não se tinha esquecido do tom, ritmo, sotaque, calor, com que João lhe dizia aquilo enquanto se recordava da sua cara entre aquelas mãos! Tola Helena, tola! Palavras vãs leva-as o vento! E todas nós sabemos do impacto que têm palavras ocas num coração vazio... ainda o alarga mais! Ela estava a dar em louca! LOUCA! Um dia, mesmo com a neve, obcecada com aquelas palavras que teimavam em não a deixar, resolveu sair. Pegou na bicicleta, nas luvas de pele e “ala que se faz tarde”. Pedalou, pedalou, com tanta força que não sentiu o gelo! Queria fugir daquela voz, daquele som, daquelas palavras malucas. AAAAAAH! Berrou! AAAAAAH! SAI!
- Élena! Cosa fai?! Fermate! Stai benne?!
E a voz parou! Ui... quem falou. Parou! E ele apareceu. Ele com o seu sotaque italiano, o seu cantarolar e enrolar de “erres” e vogais muito abertas! Era este o som que ela precisava de ouvir. O Francesco era um italiano simpático de ar amistoso, não excessivamente bonito, nem extraordinariamente interessante, mas ela também não gostava muito de rapazes bonitos! Vivia no seu piso, na sua residência e começaram a partir desse dia a falar mais, a partilhar mais... parecia que nos “homens de Helena”, a partilha era a chave do amor. Mas era sempre uma partilha aparente, camuflada, porque na verdade, nenhum deles conhecia a verdadeira Helena, apenas conheciam a imagem que ela queria dar-lhes a conhecer. Mas bom, ela sabia que teria que voltar a Portugal, eventualmente e que a história que começava em Roterdão, teria que ficar em Roterdão. Helena racionalizava tudo! Tudo mesmo! Para ela era impensável gerir a ginástica de ir para Itália ou trazer Francesco para Portugal, ou ficarem os dois em Roterdão... na cabeça dela estava tudo definido: “What happens in Roterdam, Satys in Roterdam!”. E assim foi, dias antes da data do seu regresso a Portugal deitou-se com Francesco uma última vez, de manhã beijou-lhe a testa e disse-lhe: “Obrigada por teres sido a música maluca da minha sanidade!”.
-Élena! Élena! Dove vade?! Cosa dice amore mio?!
Ela não lhe respondeu. Não lhe voltou a falar! Com Helena era assim, tomava a decisão e era a hora! Não havia volta a dar! E ela tinha um voo para apanhar!

Chegou a casa, finalmente. Tirou as botas, viu o seu quarto, como já não se lembrava dele, deitou-se na sua cama e pensou: Amanhã troco de cartão de telemóvel!
E trocou.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Para acabar o dia nos teus braços...

Profissão: Construtor de Realidades!


Um dia, a minha filha, vai-me perguntar o que é que o pai faz...
... e eu vou responder: “O Pai constrói realidades!”.

Sim, porque o que é que o pai “faz”, não corresponde exactamente a “qual é a profissão do pai”. E de facto, aquilo que ele faz é muito mais forte do que aquilo que ele tem como profissão, apesar de muitas vezes a profissão acabar por nos “fazer” também um pouco a nós!
E o que ele faz é mesmo isso “construir realidades”, em mais sentidos do que um. Para começar ele é Engenheiro Civil e eu, que nunca pensei vir a apaixonar-me por um “trolha com canudo”, como costumava chamá-los, dou por mim agora a apreciar tudo o que é obra e projecto em que ele está envolvido e a valorizar o trabalho de projectistas e arquitectos e engenheiros, que sob a “mão” “daquilo que fazem”, acabam por transformar tudo aquilo que nós fazemos também. Afinal de contas, aquilo que eles “fazem” é construir “novas realidades”, “novos aspectos”, “novas paisagens”, sob as quais nós faremos depois tudo o resto: viver, passear, correr...
O Pai da minha filha constrói assim realidades, as paisagísticas, que já enumerei, e as nossas realidades, melhor: a nossa realidade! Pois é ele, que com tudo aquilo que nos dá e faz por nós diariamente nos permite ver a vida como a vemos e vivê-la da forma que vivemos.
Eu também, sou construtora de algumas realidades, e não só, porque eu alio ao lado paisagístico saído da mão do meu marido o lado ideal, o dos sonhos, da formação, da cultura. E com tanta construção que temos a decorrer lá por casa, não admira nada, que a nossa filha venha mesmo a ser a nossa maior obra!

Mini-ensaio sobre a Cópia!


A originalidade é uma coisa fodida, é que basta alguém usurpar-se da nossa para passar logo a ser deles! Bem sei, bem sei, que há muitas coincidências neste mundo de apalermados, acéfalos, mas irrita-me! Que é que querem?! É que eu nem sou mulher de grandes nojos, ódios ou agressividades, mas realmente prezo muito a criatividade individual e a capacidade nos nossos pequenos neurónios produzirem pequenas especificidades que nos tornam únicos! Não é que não preze quem copia os outros. Não! Prezo. Claro que sim! Afinal de contas, quem copia acaba sempre por reconhecer valor a quem acabou de copiar! O problema é que quem só conhece quem copia, só conhece o valor do copiado e do copião. O Palerma do criador que se lixe! Já dizia o outro, que afinal quem tem ideias, não passa é de um valente idiota! Afinal de contas, a cópia é sempre mais fácil de fazer do que o esboço, porque na cópia, temos já o esboço como suporte.
O problema de muita gente é que não pode com a felicidade dos outros. Como dizia alguém, “com o mal dos outros posso eu bem!”.
Mas um copião é quase como um simulador, que no fundo sabe que simula e muito bem, muitas vezes bem próximo do real, mas “falta-lhe um bocadinho assim”! É, é isso mesmo... “falta-lhes um bocadinho assim” e o assim vai desde o centímetro ao infinito. É grave?! Pois é! Mas deixem lá, infelizmente não é fatal!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

StAmP TimE! - Happy Hour dos Selinhos!



Quem é amiga, quem é?! HUM?!
A Brown Eyes é!
Que me enviou estes dois selinhos e desafios! E eu, aceitei!

Este Blog é Super Fofo! AHA! Pois é...

As regras deste selinho são:
-Dizer o que achou do selo:
Muito Fofo! Mas gostei mais da atitude de quem o ofereceu!
- Indicar sete blogs e avisá-los:
No can Do! Este é para quem o apanhar!

Este Blog é fashion e a Blogueira Inspirada! Oh Yes! Hell yeah!

Este selo traz um desafio que consiste em responder a 10 questões, que são:
1. Dois truques de beleza: Deitar cedo e tarde erguer;
2. Duas prendas que gostas de receber: Flores e Cartas e Chocolates e Prendas (eram só duas?! Ups!);
3. Local preferido para fazer compras: Zara;
4. Dois defeitos: Teimosa e Aérea;
5. Duas qualidades: Dedicada e Sociável;
6. Dois produtos de beleza recomendáveis: creme hidratante Serum 7 e qualquer verniz da OPI;
7. Três manias: não deixar facas fora das gavetas, não deixar gavetas abertas e não ir dormir sem trancar a porta da rua ;
8. Três características que não suportas nas pessoas: Egoísmo, Traição e Mentira;
9. Três características que adoras nas pessoas: Sinceridade a todo o custo, Abertura de Espírito e Capacidade de Entrega;
10. Pessoa especial para ti: Há muitas, mas o meu marido estará sempre no topo de qualquer lista!

Passar o selo a 5 blogues, 5 blogues femininos:

Art
Carrie
Poetic
Paulinha
Rita

Pronto e é isto! De resto, apenas quero deixar um OBRIGADA imenso a todos os que me lêem e me seguem e preenchem o meu dia com os Vossos comentários e blogues e pronto! Basta de lamechices, que eu ando meia "sentimentaleira" e isso não está com nada... Grrrr!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A Invisibilidade do Essencial e os Olhos do Coração...


Acabados de almoçar entrámos no café por baixo de nossa casa, como sempre populado de uma mescla de gentes, com uma mescla de idades! Dirigia-me ao balcão, tentando agarrar o carapuço da mais pequena, que sempre tenta escapar para se colocar ao sabor do vento da arca frigorífica ou perto das imagens dos morangos e chocolates que ela tanto gosta de apontar, quando de repente começam a passar as imagens do que se passava na Madeira. Parámos, ficamos de olhar fixo no ecrã preso lá no alto e no café, só se fez... silêncio.
Agarrei a mais pequena, controlei as lágrimas que teimavam em querer saltar cá para fora e deixei-me ficar ali, naqueles segundos presa àquelas imagens. Acho que ainda lá estou... ou então trago-as presas na retina! Naquele segundo senti, no meio daquelas pessoas todas aquilo que só um verdadeiro ilhéu sabe sentir: a noção da vulnerabilidade de se ser ilhéu, de viver num Paraíso, que só é nosso emprestado e não dado e que a Mãe Natureza vem reclamar quando e como quer, da forma que muito bem entender!
Dormi mal, dormi muito mal! Não consigo parar de pensar no vento que faz hoje por aqui e não consigo tirar da lembrança a voz de quem perdeu tudo numa noite em que nada o faria prever, numa noite como todas as outras, em que sossegados em casa foram invadidos pela força da água e pela violência de uma mãe, madrasta, chamada Natureza!
Nem de propósito no Sábado à noite fomos ver a peça do “Ano do Pensamento Mágico”, texto magnífico da Joan Didion, um relato na primeira pessoa de quão vulnerável é o laço que nos une a esta vida e a tudo o que tomámos por certo, pela voz e presença em palco da GRANDE e LINDA Eunice Muñoz! E mais uma vez a noção da nossa pequenez foi extrema!

"A Vida modifica-se rapidamente… A Vida muda num instante… Sentam-se para jantar e a vida como a conhecem acaba!”

É por isso, que hoje estou assim, pequenina do tamanho de uma ervilha. Vou até ali aconchegar-me no meu casulo e volto amanhã... talvez!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Hoje é dia de...


Dizem que saio mais a ele. Inventava histórias para me contar à noite, que eu até hoje não me canso de recordar: dois sapatos, um sapateiro, um mal cosido que abria a boca e só dizia asneira. Levava-me ao Palácio de Cristal, ao Zoo, à praia. Ensinou-me a nadar, a andar de bicicleta a jogar ao pião, a martelar e arranjar coisas em casa. Forrámos juntos o tecto do meu primeiro carro. Discutimos que nem cão e gato, mas mal um era atacado, logo o outro saía ferozmente em sua defesa. É o meu Pai, é o maior, o meu ídolo, o supra-sumo dos homens à face da terra. O meu Herói! E hoje está de Parabéns, faz 60 anos! E eu nem quero acreditar! Já tens tantos anos assim?! Não se nota nada! Só no feitio... Continua como és, sempre igual a ti mesmo e vê lá se tiras o pó à bengala que te demos... só assim, pelo sim, pelo não!

Vai correr tudo bem! Para mim continuas igual! Feliz 60 e olha... ou vai, ou rebenta!

PARABÉNS PAI!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Historinha, para ler... com tempo!


Em 25 anos de vida já tinha conhecido 3 grandes amores da sua vida, e no entanto, esta era uma alma agnóstica, descrente do amor, porque na verdade, nada sabia sobre ele.


Ninguém olharia para ela duas vezes, não fossem aquelas duas esmeraldas que trazia como olhos na cara e aquele cabelo longo, longo de mais, na opinião de seu pai e sua mãe, que lhe davam um ar de ninfa, mas de moça sem cuidado, de alguém, que aparentemente não se interessava por nada nem ninguém. Gostava de moda, gostava de arte, ouvia de tudo na música, mas do que ela gostava mesmo, aquilo de que ela era verdadeiramente fã, era da vida! Já em pequena sempre se demarcou dos demais por ser aventureira, destemida, irrequieta, que valeu uma série de sustos aos seus pais e uma série de histórias para contar para ela! Estava hoje no “rebound”, como ela própria lhe chamava, no recuperar de mais um final de mais uma história de amor da sua vida. Sentada no comboio, entre Roterdão e Schiphol, o cheiro a canela de um bolo do seu companheiro de viagem fê-la recordar do seu primeiro amor, do seu primeiro caso, do seu primeiro beijo... sim, porque não há “amor como o primeiro”, pensava ela...


Tinha 16 anos, não sabia nada da vida, não sabia nada de namorados e não gostava muito de si, nem do seu corpo, como qualquer rapariga de 16 anos, que se preze! Encontrou-o uma vez no campo do Vasco, perto da Batalha numa das poucas vezes que lá foi jogar basquete com os amigos. Ele não reparou nela, não tinha porquê reparar. A sua T-shirt branca larga, os seus City jeans apertados e All-Star rotas eram só mais um dos bilhetes “AFASTEM-SE DE MIM”, que ela trazia cravados na testa. Ainda assim, logo que o viu ela soube-o: estava de rastos, de quatro por ele, total e completamente apalermada. Iludida pela facilidade com que ele se ria e socializava deixou-se cair a um canto, batendo a bola vermelha baixinho e pensando nos dois, noutro tempo, noutra época. Fantasiar dava-lhe alento. Imaginou-se Princesa e ele Príncipe de mais um conto de fadas. Olhou-o com meiguice e ele atirou-lhe com uma bola à cara. Não foi de propósito. Foi acidental, mas foi o bastante para que os dois se vissem, com olhos de ver, com olhos de quem finalmente vê a pedra que estava ali no caminho e na qual iria ter que tropeçar, quer quisesse, quer não.
-Desculpa, não foi de propósito, estás bem.
- Sim. Sim. Tá ok. Tá tudo ok!
Saiu dali a correr, o mais rápido que pôde, antes que o vermelho todo que lhe carregou as bochechas quisesse sair delas e explodisse ali mesmo, pintando tudo e todos à sua volta naquele tom, de pudor.

Como ela se perdeu em sonhos, fantasias, Ele foi-lhe alimento de muitas noites. A lembrança daquele Príncipe que ela idealizou. Na primeira oportunidade que teve voltou ao Vasco e tentou que os seus amigos, aqueles que a conheciam bem, lhe dessem o máximo de informações sobre aquele Príncipe, mas sempre sem levantar suspeitas! Mas tudo falhou. É inevitável não levantar suspeitas numa idade em que tudo o que seja hormonal é de suspeitar e ao que queria parecer ninguém o conhecia. Mais lhe valia ir comer um rissol à Império e livrar-se daquelas perguntas parvas, que todos teimavam agora em lhe fazer.
-Opá, calem-se, já chega! Mariana, vou à Império, vens?!
- Sim.
Claro que sim, Mariana a sua “fiel escudeira” não a ia deixar ficar mal, não a ia deixar sozinha, num momento daqueles, principalmente agora, na iminência do interesse de Helena no seu primeiro rapaz!
- Acho-o interessante. Quer dizer achei, na altura, porque nunca mais o vi.
- Pois, tá bem, mas interessante tipo “fazia-me a ele”?! Ou interessante tipo “é giro e tal, mas não é para mim”?!
Riram-se as duas... com uma Coca-Cola na mão e depois de se esquivarem dos voos razios das pombas de Santa Catarina ambas saberiam a resposta. À saída da Zara, onde nunca compravam nada, por acharem muito “senhoril”, mas onde não perderam a oportunidade de experimentar tudo o que foi vestido comprido, decote escabroso e o primeiro blazer com o seu primeiro par de sapatos de tacão, deparam-se com Ele.
- Mariana, olha, olha... é ele...
Olharam as duas sem pudor, para um rapaz sentado na esplanada da Império, com uma grande pasta de desenho a seus pés. É artista! Só pode, eu sabia! Como é lindo! Meus Deus, como era lindo. Estupidificadas e sem jeito começam a falar alto demais, depressa demais, pensando assim chamar a atenção sem dar muito nas vistas. Ele olhou para ela, de leve, e como que identificando-a logo, comenta qualquer coisa com o amigo e desatam-se os dois a rir! Ó lástima da minha vida, ó merda de puto rebelde com a mania que é bom.
- Detesto-o! – disse mais uma vez ruborizada ao seu Sancho Pança, que a seguia na lateral.
- Eu também! Anda, esquece lá isso. Vamos até ao largo da Igreja e ficamos por lá sentadas a comer gomas.

Este era um pacto das duas, sempre que as coisas corriam mal, as gomas eram o seu “porto seguro”. Sentavam-se no largo da Igreja da Batalha, por detrás do quiosque e riam-se de quem passava enquanto comiam gomas sofregamente parando apenas para as reabatecer no quiosque do Sr. João, que já as conhecia e volta e meia se alargava nos bónus das gomas. Como era boa a vida naquela altura, nem quando a mãe de Mariana foi operada ao coração as gomas não lhes lavaram a alma. Nem quando o pai de Mariana fugiu e deixou a mãe sozinha como os dois irmãos, mais ela, a vida lhes pareceu acabar!
- Tudo tem uma solução. – lembrava a sábia Helena, e a solução era essa mesmo, a revolta escondida por detrás daquele quiosque, apagada por aquela amizade das duas, abafada pelas trincas que dava em cada goma comprada.


Que seria feito de Mariana?! Que lhe teria acontecido afinal!? Engraçado como a amizade daquelas duas se dissipou no dia em que Mariana entrou para Psicologia, o curso que queria, na Faculdade que queria e Helena não o consegui, tendo que esperar por uma segunda fase para ingressar no curso que pensou que quis e que depois se apercebeu nunca ter de verdade desejado.
Mas a vida era mesmo assim, uma série de voltas e reviravoltas e uma sucessão de coisas boas, encaradas mais tarde como parvas ou desnecessárias. Não havia explicação racional, que fizesse entender o fim daquela amizade das duas. Ou teria havido!? A única mágoa pequenina, que Helena se lembrava de guardar era a de um dia, Mariana lhe ter dito que ia para casa e em vez disso ter ido à festa da Ruca e ter curtido com o Ricardo Samuel, aquele parvo idiota por quem Helena se deixou apaixonar. Muitos anos depois iria agradecer a Deus não ter ela essa lembrança para guardar. Ele ficou-se pelo metro e sessenta que tinha na altura e só lhe acrescentou centímetros em tacões, que começou a usar pela altura das Raves e Festas Trance. Credo, não era mesmo isso que ela queria para ela. Enfim, no seu primeiro mês na Faculdade do Porto, onde entrou na 2ª fase, deu de caras com Ele, outra vez! O rapaz da Império, o tal, o anormal da bola. Partilharam salas de aula juntos, intervalos e à medida que a confiança surgiu, surgiu também uma sensação de conforto e à vontade que levaram Helena a pensar que se tratava de amor. Unidos por um sentido de humor implacável e por umas gargalhadas sonoras, um dia, no meio de uma delas, surgiu um beijo. Durou, durou e nenhum dos dois quis assumir, mas a verdade é que o tempo e o seu arredor tratou de o fazer. Estava assim definido, quatro dias depois daquele beijo, eram namorados. Não se perdiam em longas conversas, as gargalhadas foram dando lugar a uma excitação contida, que fazia as hormonas fervilhar dentro dos dois... e foi assim, que um dia de ponte, em que na falta de aulas e nada de jeito na MTV, ele conseguiu pôr a mão debaixo da camisola dela, desapertar-lhe o soutien, sentir o seu peitinho redondinho e quente e fizeram amor. De uma maneira trenga, atabalhoada, não se beijaram no fim, ele correu para a casa de banho para tirar o preservativo e ela vestiu-se e saiu. No dia seguinte, nos dias seguintes, a coisa melhorou e com a intimidade a aumentar e a curiosidade também deixaram-se perder os dois numa ilusão de amor, que durou três anos. Até Helena deixar de ser novidade e ele ganhar confiança de machão e começar a ter um “side-affair” com uma miúda belga da sua aula de pintura. Helena morreu, chorou dia e noite, pensou que ninguém mais a iria querer, que não seria de mais ninguém e só ao chegar a Schiphol se lembrou que: Quem consegue perder o seu primeiro amor e sobreviver, consegue perder todos os outros da sua vida e gostar cada vez mais de si. Aquela foi a última vez em que um homem lhe dava com uma “bola na cara”. Ela iria sobreviver. Entrou no avião de regresso a Portugal sem um pingo de pena, nem dor na consciência, afinal de contas, sempre era mais fácil esquecer um amor, quando uma viagem de avião nos separa.


E era assim, esta Helena, a nossa protagonista, a nossa “musa” rebelde, prestes a viver a vida, com umas botas de neve nos pés e uma mala de viagem na mão.

33ª Croniquice no AO -18.02.10 - Feliz Cupido e Carnaval "Bacano"!


Esta semana foi em cheio! Ele foi “Dia de Namorados”, sim porque o S. Valentim já não interessa a ninguém, tanto ou mais que a páginas tantas passa a ser trocado pelo Cupido, que sempre fica melhor na fotografia e atira corações, que é mais “fofinho” e vende mais; depois ainda tivemos as celebrações de Carnaval, que são quase como o Natal, cada vez começam mais cedo e são “quando um Homem quer”! Mas aquilo que me ocorre, assim num ápice, ao lembrar-me da forma como estas duas ocasiões são celebradas em Portugal é tão apenas e só um slogan bastante famoso por estas bandas aqui há uns anos atrás: “Vá para fora cá dentro!”. Em relação ao Dia dos Namorados a viagem neste dia é feita a espaços dentro de nós, raramente “visitados” na correria do dia-a-dia: a aldeia do Romantismo, mesmo ali ao lado da Vila da Intimidade e pertinho, pertinho da povoação da Sedução, sim, porque é engraçado como algumas pessoas precisam praticamente de ser obrigadas por Decreto-Lei a celebrar o amor, a lembrar-se do quão importante atenções como flores e surpresas carinhosas são essenciais numa relação. Em relação ao Carnaval e sempre que vejo imagens das celebrações por esse Portugal fora, só me parece que acabei de viajar para os trópicos ou para a República das Bananas em que só faltam mesmo os cocos, bananas e palmeiras, porque de resto, a tanga, já toda a gente a enverga! É que nem o “calor” esquisito que se faz sentir por estas alturas é proibitivo para quem tem tanto para dar e mostrar! Bom, com tanto “Carnaval com sotaque” por estes Caminhos de Portugal, sempre nos poupam o bilhete de avião e as horas de voo. E uma vez que “a Vida são dois dias e o Carnaval são três”, mais vale gostar dele e ganhar um dia de folia! E depois ainda temos aqueles que aproveitam para fazer uma “viagem” ao passado por estas alturas em que, segundo consta, “ninguém leva a mal”, e partem das Ilhas em busca de um Portugal perdido! Eu cá gosto mesmo do Carnaval, é que por estes dias, as máscaras sempre são mais fáceis de identificar e apelando à falta de originalidade da grande maioria delas eu diria que sempre são mais previsíveis! E agora calo-me, antes que me acertem com um saco de água, perdão “lima”!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Ashes to ashes, Dust to Dust!


Ora muito bem... apesar de não estar com grande mood para grandes textos, aqui vai alguma coisa, só para que esta quarta-feira de cinzas não passe incólume.

Acordei de manhã possuída por um desânimo de que já não me lembrava, mas também não era causado pela vontade de ficar na cama, porque dormi bem, era assim como uma picaretazinha chata que a gente vai ouvindo ao longo do dia, o dia todo e que de tanto ouvir nos começa a ensoneirar e a deixar num estado meio anestesiados, dopados por uma apatia, que vem sabe-se lá bem de onde...

Aliada de uma vontade, como só eu possuo, em contrariar tudo e todos, vai de me contrariar a mim mesma e ir aproveitar o fim de saldos para o shopping à hora de almoço. Entro na Tiffosi, experimento umas calças com o maridão e qual não é o meu espanto quando não me vejo com um rabo de “chorar por mais” estilo “finalmente e pela primeira vez na minha vida até parece que tenho um rabo de jeito”, logo assombrado pelo gesto de levantar camisola e vislumbrar as misérias de que tenho sido alvo: um ventre inchado, redondinho, caído, fofinho, quase tão fofinho, que se não fosse deprimente até podia ser giro ao estilo “anjinho renascentista com ar de queridinho e de quem é amante da boa mesa e bom garfo”! AI! Que vergonha...

Enfim, decidida a não me deixar vencer pela imposição de um corpo espelho das minhas novas mestrias culinárias (mousse de chocolate negro, bolo fofo de chocolate com 60% de cacau, açorda de marisco, cabidela, cheesecake de frutos do bosque, bacalhau no forno e ensopado de cabrito de fazer inveja aos Deuses), fui até à Zara, comprei um mini-vestido largo, uma mini-saia descaída e dois mini-blazers... Objectivo traçado: ficar tão bem naquela porra daquelas calças como fico neles!

Infelizmente nunca fui muito dada às artes mágicas de fazer desaparecer pneus e gordurinhas indesejadas... assim, aguardo pela minha próxima gastro ou maleita intestinal crónica e até lá vou vivendo sob uma ilusão: a de que tenho peito para decotes e cú para as calças! Vantagens de se ser “anafadinha”!
Pensamento positivo, minha gente, esse é o segredo! Um dia, renascerei das minhas próprias cinzas, magra, cadavérica, feliz, mas quase tão débil como um passarinho. Será que aquelas calças valem mesmo a pena!?
Ah, a par de tudo isto, descobri que para além das calças push-up, também já as fazem "anti-celulite"... para a próxima experimento umas dessas!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O Passado, a Juventude e 5 anos no meio!


Sabemos que estamos a ficar velhos, quando as “malhas” que ainda nos lembrámos de ouvir ontem à noite nalgumas das discos mais loucas de algumas das noites mais loucas das nossas vidas são vendidas a 1 Euro na Worten! E para além disso, o CD é duplo!
Quem é que disse que a idade valoriza?! AH!?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Das Belas Cartas de Amor...


O S. Valentim andou armado em casamenteiro e morreu à custa disso, antes ainda cegou e voltou a ver, milagre operado pela mulher por quem se apaixonou! E imaginem lá que dizem que o amor é cego! Enquanto esteve preso diz-se que recebeu inúmeras cartas de pessoas apaixonadas, casais, com palavras de crença convicta no amor! Também dizem que daí advém a tradição das Cartas de Amor por estas alturas! Quanto a mim elas são das únicas coisas intemporais nesta vida, das únicas que nunca deixam, nem deixaram, nem deixarão de estar sempre na moda!
Dispenso bem os ursinhos pirosos, as caixas de chocolate em forma de coração (bastam-me os chocolates) e as flores, gosto delas, sempre! Mas do que eu gosto mesmo é da exibição explícita da crença no amor que se vê por estes dias... talvez porque durante muito tempo deixei de acreditar que ele existisse de facto! Por tudo isto e muito mais... este fim-de-semana temos uma desculpa calendarizada a aproveitar, que serve para nos lembrar da sorte que temos em amar e ainda mais, da sorte que temos por alguém nos amar de volta!
Por estes dias vê-se muito o Cupido, Deus do Amor, Anjinho barroco travesso, pena que poucos conheçam a sua bela história de amor e a forma como a sua própria seta o terá alegadamente tramado a ele também! Toma lá que é para veres o que é bom! Quem te manda andar a acertar com setas nos corações alheios!?
Quanto a mim, o Amor faz-me sorrir, faz-me viver e é o combustível dos meus dias... que não seriam os mesmos se não te tivesse conhecido a ti...
Meu Rei, Meu Príncipe, Meu Cavaleiro Alado, Meu Guerreiro de Corações, Meu Lutador convicto, Meu Companheiro Apaixonado, Meu Amante Voraz, Pai Querido, Meu Marido MUITO Amado, Construtor de Realidades, Artífice dos meus Sonhos, Abrilhantador de Quimeras Minhas, Alquimista do Meu Quotidiano! E sim, estas palavras são para ti, Meu Valentim, porque assim como ele recuperou a visão pela força do seu amor a uma mulher, também eu obrigada pelo amor que sinto por ti vejo agora muito melhor, com muito mais clareza, aquilo que, de facto, o amor é!
E que o meu último suspiro seja teu e que o meu último beijo também! Que os teus últimos pensamentos sejam meus e os teus últimos toques em mim! Porque não tenho mais ar, mais alma, mais coração se não o meu, que é teu e o teu que tanto estimo, como se de meu se tratasse. AMO-TE, será que dá para perceber?!

BOM FIM-DE-SEMANA e muita coragem, afinal de contas:
"Um covarde é incapaz de exibir amor; amor é a prerrogativa do bravo." Mahatma Gandhi

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Croniquice da Velhice no AO - 11.02.10


Lembro-me bem dela. Dos cabelos brancos sempre cuidadosamente apanhados e alinhavados encostados a uma cabeça curiosamente ovalada. Um rosto marcado de rugas e pele seca de um sol de campo, que nunca terá conhecido cremes de beleza, nem toque ou retoque de pintura facial. Lembro-me do luto integral, com o qual sempre a conheci e do avental, onde proibida pelo médico de cometer excessos de boca, guardava desde doces a nacos de pão e uma vez até um pedaço de entrecosto! Daquilo que me lembro melhor é do seu arrastar de chinela pelos corredores quando nos vinha espiar! Eu e o meu primo, com cerca de 10, 12 anos na altura, num Verão de férias mais travesso demos-lhe o apelido de Ana “Bufa”, porque era ela quem relatava criteriosamente todas as nossas travessuras à minha avó! O nome dela era Ana Rua e sempre que me lembro da Velhice, lembro-me dela.
Esta semana escrevi um texto sobre a velhice, com o título “Pés de Galinha e Trapos”, mas revolta-me falar da Velhice, não que me incomode o processo de envelhecer, das rugas ou dos cabelos brancos, mas pela deterioração que isso implica! Como concluí nesse texto, não me incomoda nada envelhecer, o que me incomoda é pensar, que um dia, a “Velha” serei eu.
Da minha Bisavó Materna, Ana Rua de cabelos brancos e bengala na mão, chegam-me os laços que me unirão para sempre a um Transmontano Verão trovejante, quente e abafado, mas também aqueles que foram para mim, os primeiros contornos das minhas associações à Velhice. A minha bisavó morreu quando eu já tinha 16 anos. Não a acompanhei na hora da morte nem no avançar da doença, no entanto a lembrança que a velhice dela me traz é uma lembrança agridoce, porque da última vez que a vi, já pouco se lembrou de mim... chamou-me “menina”, perguntou-me quem era... e eu, apoiada pelo ombro compreensivo da minha tia, que me leu na perfeição, sorri! Não fui capaz de proferir palavra!
A Velhice mexe comigo. Acho que mexe com todos. Mas irrita-me que se olhe para o lado, em vez de se falar, ouvir e dar a mão. Afinal de contas, poucos de nós quererão dar um “cadáver bonito”! O que significa, que amanhã, provavelmente os retratos da Velhice para os nossos bisnetos seremos nós! Se tivermos sorte!

MEET THE FiSH!

Ora, o prometido é devido e por isso aqui ficam para vossa "consideração", as fotos dos novos habitantes da casa!

(Chegaram a casa assim pela mão da Repolhita!)

(Foram provisoriamente acolhidos nesta taça, e passo às apresentações: o laranja é o Peixe; o branco das 2 manchas laranjas é o Peixinho; o branco da mancha laranja e barbatana preta é o Peixito e o preto é o Peixoto!)

(Esta é a humilde Poisson Maison, com bolhinhas!)

(Esta é a mais pequena a comer bolachas e a ler-lhes histórias no seu actual posto preferido da casa!)

(E esta é ela na sua actividade favorita... a dar-lhes de comer!)

E para quê mais palavras... acho que estas imagens valem por si! Não?!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Curtas...


Diz que este Senhor se vai candidatar à liderança do PSD...


Será que desta vez também vai ter a JSD a fazer de claque de futebol, com trejeitos manientos no pano de fundo?! HUM?!
Bom, eu sempre ouvi dizer que às vezes, o barulho de fundo camufla muita coisa que nem sequer devia ter sido dita! Venha lá mais um "fait diver", que o povo gosta é de festa!



Cá para mim, são como as Bruxas...
...eu não acredito neles, mas que os há, lá isso há!

Ontem foi dia de alargar a família...


Já há muito que andava com vontade e a adoração da Repolhita por tudo o que é bichinho voador, canídeo, gatídeo ou rastejante impulsionou ainda mais a minha vontade de trazer lá para casa mais uns inquilinos, sem acrescento de renda!

E assim foi... ontem, quando a fui buscar à Creche perguntei-lhe: “Filha, tu queres um peixinho?”, ao que ela respondeu com um “Xiiiiiiiiim!”, acompanhado de palminhas e tudo! Entrámos no carro, arrancámos e a meio do caminho já me tinha esquecido do dito, de tão perdida em pensamentos outros que estava. Eis senão que, qual adivinhadora do meu alheamento, a vozinha do meu coração me diz do banco de trás: “ Mamãe, pixinho!” e começou a imitar os beijinhos dos peixinhos no ar! Pois claro minha rica filha... o teu peixinho!


Lá chegámos à Loja de animais e eu, acho que mais emocionada que ela, deixei os meus olhos e mãos percorrer tudo o que foi gaiolas, gaiolinhas, distribuindo festas a cachorrinhos, gatinhos, enquanto gritávamos as duas em êxtase: “Olha! Olha! Ai, que lindo! Olha... Ai!”. Lá chegámos à taça dos peixes e eu deixei-a escolher o que ela quisesse, enquanto isso ocorreu-me que talvez um globo de vidro não fosse a escolha mais acertada para acolher o nosso novo amigo, porque com a tentação redondinha de vidro ao seu alcance a mais pequena poderia num abraço mais chegadinho parti-lo e depois era desastre total. Assim, a escolha ficou reduzida a um aquário em acrílico com bomba de ar e tudo! “Isso pode levar até 5 peixes senhora!”, diz-me o rapaz da loja, de espírito empreendedor e olhar atento ao nosso entusiasmo quase histérico! Ok... Ora, este, “ete”, aquele e mais “mamãe ete”! Saímos de lá com um aquário, um frasco de comida para 5 anos, um saco de areia e 4 novos amiguinhos. Enquanto o preço dos novos inquilinos, moradia e subsídio de almoço me era debitado no "pêlo", lá andámos nós por uma última ronda a bater ao vidro dos coelhinhos, com ar de “ai tão fôfinho” e depois fomo-nos dirigindo para a porta... e aí começou a aventura e o meu pânico, ao vislumbrar a nossa chegada a casa, com um saco de água e quatro peixes mortos!

Sim, porque a mais pequena fez toda a questão de ser ela a levar o saco dos amigos. Escusado será dizer que “o saco” levou três valentes pisadelas até chegar ao carro e um real “rebolanço” para o chão quando insistia para que a deixasse levá-los ao colo!

Acedi.

MEEEEDO! Muito medo... ouvi o saco cair duas vezes e tremi ao olhar para ele na chegada a casa temendo um sério 4-3=1 ou nenhum! Mas não... os sacanas lá estavam meios atordoados, quase tão excitados como nós!
Chegadas a casa, ainda sem fazer xixi nem nada foi só tirar casacos e tratar dos amiguinhos da Repolhita! Assim, virei-os para uma grande taça, e ela cobriu-os de beixinhos e “olás” e apresentações e “an cá, an cá”! Enquanto isso, eu lavei cuidadosamente a areia, o aquário, li as instruções da bomba e coloquei a areia e água à temperatura ambiente, quando ouço do outro lado! “Mamãe, pixinho papa!”... O quê?! Ó filha! Desenrascada que só ela, abriu a protecção de alumínio do frasco de comida dos peixes e divertia-se a vê-los comer imitando os seus gestos de boquinha gulosa! Que doce! Quando me preparava para virar os peixes para o aquário reparei que não tinha colocado o suporte da base no fundo!” God Damm it”, troca de virar a água, virar a areia, colocar suporte e splash... Glu, Glu, Glu... do outro lado, ela tinha acabado de virara a taça. Resultado: 3 peixinhos em cima do balcão de granito, um na pinga de água que restava na taça e a Repolhita de ar assustado e lágrima de Maria Madalena prestes a rebentar em pânico! AHAHAAHAHH! Apanhei os peixes, um deles, quase a cair do balcão, enchi de novo a taça, limpei-lhe as lágrimas, acalmei-a, terminei de preparar o aquário, verti os peixes, liguei a bomba e... aaaai! Uma baita de uma inundação tinha acabado de se apoderar da minha cozinha! Ora trata de limpar tudo, enquanto ela continuava siderada nos seus amiguinhos, com olás e papinhas e eu só pensava... se estes peixes estiverem vivos amanhã será um milagre!


E estavam! Hoje de manhã, quando os fomos alimentar, lá estavam os quatro de boa saúde e barbatanas a dar a dar!


E assim, a família alargou-se para acolher:


o Peixe, o Peixinho, o Peixito e o Peixoto!

(Prometo colocar fotos!)


Agora vou só até ali respirar de alívio por serem 4 peixes e não um cão, um gato, um coelho ou um rato... acho que se o fossem estávamos todos hoje nas urgências do Hospital mais próximo! AHA!

O Shiuuuu lançou um desafio novo... um desafio de “Opinião”, o desta semana é sobre a Infidelidade e a mim só me ocorre um pensamento:


Que a Infidelidade é como um assalto... em que a ocasião faz o ladrão!


Porque todos temos o mesmo poder para dizer que não, mas alguns de nós têm mais alma de ladrão do que outros! Toda a gente sabe que a infidelidade é amoral, é errada, censurável e altamente danosa, mas muitas vezes sem ocasião nunca as infidelidades ocorrerão, outras vezes, com a ocasião certa e as pessoas erradas, ela acontece mesmo!
Hoje, posso dizer do alto da minha , talvez, “estupidez”, que por muito que me pudesse doer jamais perdoaria uma infidelidade, fosse do meu marido, fosse de uma amiga... mas isso é hoje, porque sei, que em tempos já perdoei, ambas e o resultado nunca foi o melhor!



Quem está comigo, que esteja por bem... quem não está, que se F***!
E um Bom Dia para vocês também!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010


Sabemos que a Repolhita está bem quando ligamos para a Creche e nos dizem:

1. Que já mordeu um amiguinho;
2. Que já se magoou no lábio;
3. Que já roubou as canetas a uma amiga e lhe estragou o postal que essa estava a fazer para o aniversário da mãe!

E um grande bem-haja à motricidade e polivalência das crianças travessas!

Claro que depois disto eu tenho que imprimir um tom sério, franzir o sobrolho e dizer...


“Oh, a sério?!”


Mas depois...

depois desligo o telefone, relato isto ao Rei da Casa com um sorriso nos lábios e respirando os dois de alívio ele conclui:

"Ainda Bem!"

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Pés de Galinha e Trapos


A Velhice. Só a palavra já me irrita, porque eu sempre ouvi dizer que “velhos são os trapos”. A terceira idade também não me agrada mais, porque me faz lembrar de qualquer coisa ao estilo de 3ª classe, ou económica, por oposição a uma 1ª classe de luxo. As rugas não me chocam, a debilitação de corpo e mente já me chocam um bocadinho mais! Tenho respeito pelos cabelos brancos e adoro uma bela de uma ruga de expressão, porque leio sempre nela, muito mais histórias até talvez, do que aquelas que de facto ela já viveu! Ontem, dei por mim ao espelho, por volta da meia-noite, com a cara entre as mãos a dizer baixinho: “Tenho 29 anos! 29 anos!”, como se com esse “mantra” me esquecesse das tareias que a vida às vezes nos dá... querendo-nos encostar para um canto, carregando-nos a expressão de muito mais idade, do que aquela que de facto temos! Até agora tenho 29 anos de viagens, amores, paixões, roupas, coisas divertidas, concertos, gargalhadas, espectáculos, emoções fortes e momentos dramáticos, mas como num bom filme de curta-metragem, elas já só me aparecem em síntese à frente dos olhos, como síncope de momentos breves, momentos alguns que me parecem bem longe no tempo já. “Tenho 29 anos.”. Quero viver até aos 100, mas recuso-me a envelhecer. No dia em que me olharem com pena, me derem um “chega para lá que estás velha”, me lerem nos olhos a dor, que já não consiga expressar, me enfiarem num lar, como “passarinho na gaiola”, juro que morro. Porque se não puder rir, saltar, correr, viajar, comer livremente e dormir onde quiser, não serei mais eu... posso continuar a existir, mas não estarei a viver. E por isso me custa tanto falar da “velhice”, daquela idade que ninguém quer, daquele tempo, que todos esperamos que chegue, mas de que todos fugimos a sete pés quando o sentimos a chegar! Antes dar um cadáver bonito, já dizia Oscar Wilde: "Viva depressa, morra jovem e seja um cadáver atraente". Mas ninguém quer morrer jovem, toda a gente quer viver muito tempo! Estranho é que depois não se atribua mérito nenhum a quem o fez! Os “trapos” são um estorvo para esta sociedade que vive do belo, do jovem, do rápido, do dinâmico e do eficaz... pois eu trocava tudo isso pela contemplação, pelo segundo do momento em que um velho me conta a mesma história pela milionésima vez... e que eu ouço, como se fosse a primeira! Porque eu sei, que um dia serei eu, um dia vou ser eu a querer contar esta história pela enésima vez, e vou querer que a oiçam, porque esse tempo de antena que me irão dar, será a janela para o passado, que tanto todos gostamos de recordar! Envelhecer é inevitável, ficar doente é provável, mas deixarmo-nos morrer por falta de quem nos oiça e acompanhe... isso, isso é pura e simplesmente imperdoável! Porque enquanto alguém nos ouvir e contar a nossa história, a nossa existência terá deixado de ser em vão e a nossa marca continua! De facto, aquilo que de melhor me poderão fazer quando morrer será ter-me ouvido, alguma vez, em algum lugar e lembrar...
Quando penso na forma como encaramos a velhice e lidamos com ela neste País, juro que tenho vergonha! Ganho tremores pudicos de culpada acabadinha de lavar as mãos... como se já não bastasse a morte das células que não podemos evitar, ainda nos enterram em vida, virando a cara, tapando o nariz, fazendo de conta que não estamos de facto ali!
O processo de envelhecer não me incomoda... o que me mata é saber que um dia, a “Velha” vou ser eu!

*a minha participação #3*

Fevereiro, ó Fevereiro!


Imperdoável... com tanta coisa que trago no pensamento, quase me esqueci de mudar o ar daqui do blog! O mês de Janeiro já lá vai... a neura de início do ano também... e Fevereiro é pequenino e mês de saldos... Vai passar rápido! Vai passar!

Conclusões do primeiro mês do ano:

1. Os homens nunca irão perceber porque é que as mulheres nunca têm carteiras e sapatos suficientes e as mulheres nunca irão entender, porque é que eles não percebem isso;
2. Os bebés de 20 meses são MUITO mais divertidos do que os de 2... mas dão 20 vezes mais preocupações;
3. Não gosto de frio;
4. Não gosto de vento;
5. Não gosto de chuva;
6. Gosto de saldos;
7. E adoro a cor! Já estava com saudades de um reboliço colorido por aqui!


E por hoje fico-me por aqui, que ainda não me restabeleci do susto de há pouco, quando liguei para a Creche e me disseram que a minha filha tinha parado de respirar por momentos, o que a levou a ficar roxa e a um grande reboliço! Enfim... escusado será dizer que por uma nesga de segundo não petrifiquei e que só agora comecei a balbuciar umas merdinhas quaisquer sem sentido para me trazer de volta à realidade e me
libertar do pânico!


*Um, Dois, Três... Experiência!*

Terra chama Sílvia!

Esta vida às vezes é mesmo muito cadela!

*Vou até ali respirar e volto amanhã! Tá?!*

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Para Rir! Só!


Eu até nem sou destas coisas...
mas desta vez não resisti a fazer um copy paste de um email!
Deliciem-se!!!



Para trocar uma lâmpada, quantas pessoas são necessárias? Depende do tipo de pessoa:



Gays Seis: um para trocar e cinco para ficarem a gritar: Linda! Poderosa! Maravilhosa! Divina! Tuuudo!


Beatas Duas: uma troca a lâmpada enquanto a outra conta toda a sua vida.


Psicólogos Apenas um, mas a lâmpada tem que QUERER ser trocada.


Loiras Cinco: uma para agarrar a lâmpada e outras quatro para rodarem a cadeira.


Sócrates Não troca... A lâmpada não está fundida, o problema é a crise mundial.


Bêbados Um, só pra segurar a lâmpada, enquanto o tecto vai rodando.


Activistas Gays Nenhum.. A lâmpada não precisa mudar, é a sociedade que tem de mudar.


Portistas Nenhum... Temos o estádio do Dragão, não precisamos dessa merda da luz pra nada!


Machões Nenhum: macho não tem medo do escuro.


Betinhas Duas: uma pra segurar a Cola light e outra pra chamar o papá.


Espanhois Só um: ele segura a lâmpada e o mundo gira ao seu redor.


Mulher com síndrome pré-menstrual Só ela! SOZINHA!! Porque NINGUÉM, dentro desta maldita casa sabe trocar a merda duma lâmpada! São um bando de IMPRESTÁVEIS!!! Nem percebem que a lâmpada fundiu! OS INÚTEIS podem ficar em casa às escuras por três dias antes de notar que a porcaria da lâmpada queimou! E quando notarem, vão passar mais cinco dias à espera que EU troque a lâmpada, porque eles acham que EU sou a ESCRAVA deles!!! E quando se derem conta de que EU não vou trocar a lâmpada, OS INCOMPETENTES ainda vão ficar mais dois dias às escuras porque não sabem que as lâmpadas novas ficam dentro da merda da despensa! E se, por algum milagre, OS INFELIZES encontrarem as lâmpadas novas, vão arrastar a poltrona da sala até o lugar onde está a lâmpada queimada e vão arranhar o chão todo, porque são INCAPAZES de saber onde a escada fica guardada! É inútil esperar que eles troquem a lâmpada, então sou mesmo EU que a vou trocar! E como EU sou uma mulher INDEPENDENTE, vou lá e troco! E DESAPARECE DA MINHA FRENTE!!!

E Já agora...

... Quem é que se atreve a ser o Seguidor número 50?! HUM?!




Coisas Boas de ser Sexta-Feira...


... amanhã não trabalho e depois de amanhã também não!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Filhos Únicos vs. Filhos Vários - 04.02.10 no AO


Consulta no Pediatra com a minha filha. Ela, 83 cms de energia pura ao rubro, com duas vacinas dadas, uma em cada pernoca, muita baba, muito choro, muito ranho e eu, transpirada, mas com um único pensamento consolador: “Boa! Agora só te picam outra vez quando tiveres 5 anos!”. Ah e tal, que estava muito bem a pequena... recomendações, apenas que tivéssemos cuidado com os acidentes e que lhe arranjássemos um irmão! AH?! Não Sr. Doutor, que não! Agora?! Nem pense! Talvez um dia, quem sabe... mais tarde! Ah, e tal, porque não é bom ser filho único! E eu... enrubesci! Mas não é bom porquê?! Eu sou filha única! E sou normal! Até à data... vá! “ Provavelmente fala sozinha.”. Resposta: “Não, escrevo!”. Risada, até breve, até depois, saudações e eu saio de lá com a nítida sensação que existe um complô armado contra os filhos únicos! Tá certo, a família fica mais pequena, por vezes os pais mais obsessivos, por vezes, as crianças mais egocêntricas, mas não acho que isso se aplique nem a tudo o que é filho único, nem a apenas a quem o é! Conheço tanto filho “repetido” mais bichinho narcisista, egocêntrico, egoísta e doidinho da cabeça, que conto pelos dedos “as belas e belos” que conheço “sem senão”!
Ora pois bem, em defesa dos da minha “espécie”, tenho a dizer que: Mito número um, todos os filhos únicos são egoístas! Eu, que por mim falo, até posso ser, por vezes e por uma questão de sobrevivência um pouco egocêntrica, mas controlo bem a fera sem necessitar de recorrer a medicação e egoísta só serei se for estritamente necessário, que às vezes também é. Mito número dois, os filhos únicos não sabem partilhar. E com base neste mito, conheço tantos filhos únicos que por hipercorrecção partilham até demais! Não é dado adquirido este da recusa da partilha! Mito número três, os filhos únicos são mimados. Bom, são aqueles que são! Assim como há muito filho não único que não sabe ele o que é outra coisa! E já agora, benefícios de se ser filho único: Não partilhámos heranças, por isso, não entrámos em disputas nem querelas familiares, não sofremos de traumas de irmão mais velho, irmão do meio, ou irmão caçula... e já agora, filho único que se preze, sabe bem que o silêncio é de ouro e a companhia é de prata, pois embora essencial, só tem valor se for digna de o ser.
E por favor, não me venham dizer para ter mais filhos! Juro que o próximo que me disser isso leva de troco a resposta: “Está bem, eu faço-lhe a vontade. E você faz o quê?! Muda-lhe as fraldas e dá-lhe de mamar?!”.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Pessoa Pessoas


Eu sou uma pessoa, mas não sou como o Pessoa, mas às vezes mais parece que tenho dentro de mim mil e uma pessoas diferentes! Ora sai daqui uma loira amigável e distraída, ora uma ruiva cheia de determinação e força, ora uma amigalhaça daquelas de palmada no ombro, ora uma mãe galinha, ora uma Maria chorona, ora um gajo foleiro, ora um machista de primeira, que logo leva uma coça valente da feminista que sempre sinto querer sair daqui debaixo desta pele. Ás vezes, quando penso naquilo que vai ser, acho que vou ser uma velhota divertida, cheia de experiência, ideias positivas e muitas histórias para contar. Outras vezes acho só que vou ser velha! E como tudo na vida é uma questão de perspectiva às vezes acho que vou ser uma velha daquelas chatas sempre a contar as mesmas histórias, com os mesmos trejeitos e palavras, como se nunca a ninguém as tivesse contado! Tive momentos na minha vida em que me achei galdéria, outros em que vivi que nem Santa. Tenho dentro de mim o espírito luso da saudade, da tristeza, do fado... mas do fado, fado, daquele que não é cantado, mas contado, do cão, do destino. Às vezes acho que não sei lidar com as coisas boas, e que em vez de as aproveitar começo logo a pensar nas más que estarão para vir! No outro dia, ao ver a Mariline dos Ídolos na capa da FHM diz o gajo foleiro que há dentro de mim: “Acho que a fama dá calor!”, ao que lhe pergunta a Santinha: “Como assim!?”, “Porque assim que se lhes começa a chegar ao pêlo, tiram logo a roupa toda!”! “CREDO”, disseram em uníssono todas as vozes femininas que em mim habitam, até a Galdéria! Enfim... mas hoje trago aqui um Velho Ranzinza atrás dos meus pensamentos, que me anda a sussurrar, que as coisas boas não se contam a ninguém, são como os sonhos, se os contarmos não se realizarão nunca! E dentro de mim há uma menina, de cerca dos seus seis ou sete anos, que não tem noção da vida, do dinheiro, da realidade e que só quer saber de ser feliz! Dentro de mim há uma Viajante, acorrentada a quatro ferros, presa e amordaçada, que hoje está excepcionalmente agitada, não pára de esbracejar, se contorcer, acho que ela quer gritar! Tem saudades de viajar! Dentro de mim moram a Alemanha, a Holanda, a Bélgica, a Itália, a Suiça e bocadinhos da Espanha... mas moram também muitas ganas da França da Inglaterra, da Grécia, da Croácia, da Rússia, do Japão e da Austrália, de África, o Continente sem fim... e mora o “África Minha” e o Malvado do “Casablanca”. O “Paciente Inglês” fez da minha Hepburn uma descrente e o estupor do Velho não se cala. Não pára de me dizer: “As coisas boas são como os Sonhos, não se contam, senão não se realizam!”. Porque é que não te calas?! Disse-lhe a minha rebelde sem causa, mas também ela, com a sua inocência traquina tem medo do saber dos velhos! E a Velhinha sensata que trago dentro de mim, senta-se à porta de uma casa caiada de branco com portas azuis muito azuis e fitando um mar de cor celestial, dá uma palmada ao velho e olhando-me nos olhos com meiguice segreda-me assim: “Tranquila pequena, o que tiver que ser será!”. Mas eu sou criança irrequieta e não paro de me inquietar, quem me dera as certezas da idade, e a serenidade, que só a maturidade traz!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Morreu mais uma Rosa neste Jardim...

Morreu hoje. Para minha grande pena... porque simbolizava tudo aquilo que eu sempre admirei nas mulheres! Obrigada por tudo o que nos mostrou... vai o corpo, fica a marca, na obra literária, familiar e tudo o que mais nos legou!

«Mas também tínhamos a célebre aula de Economia Doméstica de onde saíamos com a sensação de que a mulher era uma merdinha frágil, sem vontade própria, sempre a obedecer ao marido, fraca de espírito que não de corpo, pois, tendo passado o dia inteiro a esfregar o chão com palha de aço, a espalhar cera, a puxar-lhe o lustro, mal ouvia a chave na porta havia de apresentar-se ao macho milagrosamente fresca, vestida de Doris Day, a mesa posta, o jantarinho rescendente, e nem uma unha partida, nem um cabelo desalinhado, lá-lá-lá, chegaste, meu amor, que felicidade! (A professora era uma solteirona, mais sonhadora do que nós, que sabia todas as receitas do mundo para tirar todas as nódoas do mundo e os melhores truques para arear os tachos de cobre que ninguém tinha na vida real).
Mas o que sabíamos nós da vida real? Aos 17 anos entrei para a Faculdade sem fazer a mínima ideia do que isso fosse. Aos 19 casei-me, ainda completamente em branco (e não me refiro só à cor do vestido). Só seis anos, três filhos e centenas de livros mais tarde é que resolvi arrumar os meus valores como quem arruma um guarda-vestidos. Isto não, isto não se usa, isto não gosto, isto sim, isto seguramente, isto talvez. Os preconceitos foram os primeiros a desandar, assim como todos os itens que à pergunta porquê só me tinham respondido porque sim, ou, pior, porque sempre foi assim. E eu, tumba, lixo, se sempre foi assim é altura de deixar de ser e começar a abrir caminho às gerações futuras (ainda não sabia que entre os meus 12 netos se contariam nove mulheres). Ouvi ontem uma jovem a dizer, a revolução que nós fizemos nos últimos anos. Não meu amor: a revolução que NÓS fizemos nos últimos 50 anos. Mas não interessa quem fez o quê. É preciso é que tenha sido feito. E que seja feito. E eu fiz tudo, quando ainda não era suposto. Quando descobri que ser livre era acreditar em mim própria, nos meus poucos, mas bons, valores pessoais.»
in JL, por Rosa Lobato Faria, Autobiografia

Candy is Dandy!


A minha casa cheira sempre a algodão doce, mas às vezes também cheira a açafrão, a batata e a milho! Ontem cheirava um pouco a óleo queimado e anteontem a chocolate quente! Dias há em que lá em casa tudo tresanda a canela, mas as rosas também lá ocupam por vezes o seu lugar. Quando a pequenina nos entrou portas a dentro, muitas vezes o cheiro a fralda e a baba e a vomitado nos penetrou as narinas e nos encheu na casa o ar! Mas agora, o cheiro a fraldas já se fundiu com os outros, já não o sentimos, sempre, embora ele esteja lá... sempre! O cheiro que mais me agrada para ter lá em casa é o cheiro a baunilha, mas cedo se dissipa no ar e de baunilha vira côco e de côco passa a algodão... doce, sempre!
Quando nasceu, a minha filha tinha um cheiro doce a pele de bebé, alfazema suave e um toque adocicado de lilás. Quando eu era pequena adorava o cheiro a novo de alguns dos novos bonecos de plástico que ia recebendo! A minha filha já recebeu duas bonecas de borracha, que cheiram a chocolate de plástico. Há pequeninos espaços de pele no corpo da minha filha e no corpo do meu marido, que são incrivelmente mágicos e meus, que só eu cheiro e que só eu sei apreciar... atrás da orelhas, nos pulsos, na dobra do refego da parte de trás do seu joelhinho, nas omoplatas, na nuca! O meu marido tem um cheiro agri-doce, especialmente neutro, mas com um toque de provocação, ocasionalmente acentua mais o perfume na pele e cheira a “acqua di gio”, eu, que não consigo distinguir o meu próprio cheiro dos cheiros deles, cheiro ora mais a “cool water”, ora mais a “noa”, ora mais a “pleausures”, mas sempre, esses cheiros se transformam do frasco, no PH da minha pele em algo que facilmente reconheço nos meus casacos, ècharpes e pashminas. Às vezes, a minha filha cheira a “jacadi” de bebé, a “mustela”, mas outras vezes, cheira mesmo só a ela... e é um cheiro impossível, de descrever!
Mas a minha casa, a minha casa cheira só mesmo a algodão doce... quase tão doce como o meu amor por eles!