quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Shiuu... é segredo! - Amanhã no AO

Jurei! Jurei a pés juntos que não ia ver o novo programa do canal 4 da televisão nacional. Jurei e disse que era ridículo, e que ia ser uma pouca-vergonha, como foi o outro, também disse que aquilo era só gente sem nível, “artistas de nails falhadas e guardas playboys de discotecas decadentes”, lembro-me eu de ter comentado lá por casa. Mas um dia… num zapping muito nocturno, cansado e com os olhos quase a fechar parei no dito programa. Parei e estavam um rapaz e uma rapariga, em amena cavaqueira, falando dos problemas que estavam a ter para lidar um com o outro dentro da casa… e… e fiquei curiosa, pois claro, queria saber mais! Depois, pela conversa, percebei que eles eram um casal e que o segredo dos dois lá dentro era a própria relação… uma relação! Foi assim que tudo começou! Eu, fã de histórias de amor e desamor e um pouco “alcoviteira” de essência, confesso, lá me deixei envolver por aquele enredo: o rapaz, nitidamente mais emocional, ela, mais fria, mais calculista e uma promessa de quebra de relação, perda de interesse e, quiçá, um possível novo envolvimento lá dentro! Bah! Desliguei a televisão e fui dormir! Confesso, até um pouco envergonhada por me ter deixado ficar a ver aquele programa, aquela coisa desinteressante, sem cultura, sem nível. Que vergonha, que vergonha!
No dia seguinte, estava a ver o telejornal, quando saturada de ouvir a palavra “crise” repetida cinco vezes, numa mesma frase, deixei deslizar os dedos pelos botões do telecomando parando num canal novo da programação, o canal que dá o maldito programa da 4, vinte e quatro horas por dia, em directo, com opções de diferentes perspectivas das câmaras e de seguir uma pessoa na casa, e de acompanhar a sua história, a sua evolução no programa… e, descobrir o seu “segredo”! Cedi novamente, desta vez, havia uma discussão sobre a falta de tabaco na casa, e os efeitos disso, e um debate entre fumadores e não-fumadores… enfim… uma devassa da vida alheia. Curiosa, pois bem, talvez até um pouco “cusca”, deixei-me ficar “colada”… aha, eis senão que, o meu marido entra porta adentro e me pergunta: “Ui, então estás a ver isso!?” – Corei. “Hummmm… curiosidade filantrópica!” – respondi sem embargo, continuando: “Pura curiosidade filantrópica! Sabes, acho isto um estudo sociológico do melhor… é como ver humanos num aquário, uma amostra da sociedade real, com condicionantes e agravantes, e ao nosso dispôr…”. “Pois, tá bem… vamos lá almoçar mas é!”. Certo! Fomos almoçar, mas fiquei perplexa comigo mesma. Como que me estranhando. Como era possível, que por vergonha de ver algo tão descomplicado, voyerista e desestruturado, eu arranjasse uma desculpa tão pretensiosa, pseudo-intelectual e descarada!?
A verdade é que ninguém gosta deste tipo de programas, pelo menos, não gosta no sentido de amar, e seguir fielmente, porque isso seria doentio, mas a curiosidade em acompanhar aquela “novela da vida real” e a habituação que criámos nós, enquanto sociedade, em ver a realidade através daquela janela, sem se pensar muito naquilo que se está a ver ou a “consumir”, faz de nós telespectadores cansados da rotina do dia-a-dia e do “ram-ram” da política nacional e da economia mundial propensos a este tipo de “laxantes” televisivos! Eu confesso, que quando me ataca a neura intelectual, mudo de canal e sintonizo nos “segredos”, nesses e noutros, com a única diferença de que me “envergonho” mais de uns do que de outros! Sou humana, e depois, perfeitamente imperfeita me assumo, encaixando-me algures na mediocridade avassaladora, que protege de outras “crises” e deslizes!

SOS OE...


... a grande questão na cabeça de todos os economistas hoje, não é tanto onde poupar, mas como fazer a economia portuguesa crescer?!

Ora... eu tenho uma pergunta, se nós, populaça, nos pouparmos nas compras, se pouparmos nas saídas, se nos contivermos nas férias, se não nos endividarmos, se não produzirmos porque não temos empregos, se recebermos ordenados de miséria, se continuarmos com ambições de primos pobres da europa e do mundo... será que é assim que a economia portuguesa cresce!

Digam-me da vossa sentença "engrúmes" desta vida, é assim que se faz crescer Portugal?! É a lei dos opostos "all over again", ou a lei do contrasenso, no seu auge, no País à beira-mar plantado?!