quarta-feira, 1 de julho de 2009


Não há, mas não há mesmo, melhor desafio à inteligência de um adulto pensante, do que ser pai. É que ele não é só a responsabilidade económica que acresce com o nascimento de um filho. Nem muito menos, a dependência natural, que advém do nascimento do nosso rebentinho! É uma pressão da sociedade instruída, que nos faz pôr de lado as tendências naturais da paternidade, em detrimento de teorias de pedagogia infantil, terapeutas e entendidos do assunto.
Não falo só de formas de educação distintas, nem muito menos de estilos parentais diversificados, que isso há-os por aí, tanto quanto meninos nascidos e por nascer!
Já experimentaram, sem experiência alguma no assunto irem até a um supermercado comprar fraldas para a vossa cria?! Não!? Eu digo-vos, por experiência própria, que pode ser daquelas experiências de uma vez na vida, total e completamente traumatizantes. Ele é fraldas de marcas distintas, de acordo com o peso, de acordo com o sexo, de acordo com a movimentação, agilidade ou posição! Fraldas de água, fraldas de noite, fraldas de dia e de assim-assim. A primeira vez, que li no rótulo de uma embalagem, “fraldas para cocós líquidos”, pensei de mim para comigo, que não estava minimamente preparada para a minha maternidade eminente. É que não foi só a lembrança dos “cocós”, que não entram nos sonhos de mãe dedicada e apaixonada, que só vê bonequinhos e peluches, bercinhos e roupas cor-de-rosa. Aquela parte dos líquidos fez-me assim uma aversão! Naturalmente, não tanta como a que me vez ao primeiro vislumbre dos mesmos, ainda assim terrivelmente inesperados! Enquanto isto, o meu marido, no corredor ao lado, não fosse ele homem e dedicado à administração de contas e afins, descobria mais uma maquia de fraldas diferentes, de calculadora na mão, tentando contrabalançar o valor preço e a qualidade das mesmas, numa espécie de tentativa de estudo de mercado inteligente! Resultado, compramos três pacotes diferentes. Eis senão que, quando a minha filha, finalmente nasceu, nenhum dos três era adequado para ela! Fraldas para “bebés prematuros”, foi aquelas que ela usou! Compradinhas na farmácia, por recomendação médica! E ela, que nem prematura foi!
Enfim, completamente desesperante foi também a busca e experimentação constante dos diferentes tipos de leite, HA, confort, digest, para bebés com refluxo gastro-esofágico e de novo para os tais “líquidos”, isto tudo, depois de ter andado numa luta com a amamentação, faltas de leite, cólicas e bombas de extracção de leite, que de tortura medieval tinham tudo, menos o aspecto, marca e preço!
Se pensam, que isto foi complicado, desenganem-se, pois isto é só a ponta do iceberg. Depois vêm as teorias da chucha, do sono, do “não”, dos castigos… um sem número de teses diferentes, todas elas devidamente testadas e aprovadas.
Não há olhinhos que aguentem tantas páginas de teorias e ideias de educação, sugestão, dicas, know how, do that… enfim… perdemo-nos de tal forma, que às vezes mais parece, que a única coisa a que verdadeiramente não prestamos atenção é mesmo ao nosso instinto de pais, que juntamente com o amor e dedicação, que nascem juntamente com um filho, fazem de nós únicos e peritos na matéria!

Ontem, tive Reunião de Pais, na Creche da minha filha, para, entre outras coisas, discutirmos eventuais problemas ou apontar sugestões, enquanto auxiliadores da educação dos nossos “pikenos”. A páginas tantas, e num contexto até um pouco inadequado há um pai, que questiona a utilização e acesso dos infantes a um aparelho familiar do nosso quotidiano, a que ele se referiu, apontando para o dito, e dizendo: “ aquela coisa ali”. Para espanto dos presentes, o Educador, referia-se à televisão. Diz ele que, não a tendo em casa, não sabe até que ponto não será prejudicial para a filha dele, ter acesso no colégio ao dito aparelhómetro. Referiu-se ao caso alemão, onde esses aparelhos não partilham do espaço público e onde não é normal as crianças terem acesso indiscriminado à programação exibida.
Numa cultura como a nossa, é mais que normal isso acontecer e da minha experiência até à data, não sei se sendo por estar habituada a ela, praticamente desde que nasceu, a minha filha, não liga grande coisa à televisão! A acreditar naquilo que foi dito pelo Pai Educador Preocupado com a TV, a filha do mesmo fica quase que em transe ao ter acesso à mesma! Não será pela falta de habituação?!

Eu não sou de extremos, a não ser no que toca a gostos e (des)gostos, mas continuo a achar, que a razão está sempre a meio de qualquer radicalismo. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra! As crianças, deste país, não vivem numa realidade alemã, assim sendo, não sei até que ponto será positivo tentar fazer desse o modelo de educação a adoptar cá! Mas isto é só a minha humilde e pouco meritória opinião… quanto a mim, não me manifestei na dita reunião… ainda estava com medo da “multa” que apanhei por ter levado a minha filha à Creche, com atraso de 20 minutos. 2,5 Euros de vergonha de mãe sem noção das horas… Não sou exemplo para ninguém! E com isto, lá estou eu de novo, a cair na tentação de questionar a minha atitude parental à luz de teorias educacionais, que enaltecem a criação de ordens, rotinas e horários na vida dos nossos pequenos filhotes! Não há pai que aguente, tanto peso de sabedoria pedagógica...