terça-feira, 5 de janeiro de 2010

De 2010 para o Blogue!


AIIIII...


Estou de volta!


Estou de volta à ilha, de volta ao trabalho, de volta ao blogue, de volta às coisas que me fazem detestar o dia-a-dia rotineiro, mas trago esperança! Esperança de um novo ânimo, de um novo alento que me surpreenda neste novo ano e estou aqui para enfrentar!
Estes primeiros dias do regresso custam muito, aliás, tenho dias, como o de hoje, que custam é mais que muito! Mas comigo é assim: “I get knocked down and I get up again”!
As festas foram muito boas, cheias de excessos, com a repolhita carregada de mimos e prendas e surpresas e sorrisos e a mamã carregada com pelo menos mais 3 quilos, ao que falhei redondamente nos meus “planos” de dieta!

Continuo ruiva, pelo menos de tom capilar e começo a gostar desta “diferença”, como alguém lhe chamou, que acabada de me conhecer me presenteia com esta pérola: “ Ai, que gira! Diferente!”. Eu volto a reforçar a ideia, que essa pessoa tinha acabado de me conhecer! De que forma poderá um comentário destes ser positivo?! E com esse trauma em chave de ouro fechei o meu 2009!


E com 2009 concluí também com sucesso e mérito, “penso eu de que”, o meu primeiro ano completo de maternidade! Foi um ano um tanto ao quanto confuso, de estabilização, mas ainda assim com muita mudança e agitação pelo meio, em que eu teria que dizer, que as minhas croniquices foram a novidade e ponto alto!


Para 2010 continuo à espera de ser brindada com muita saúde, para mim e para os meus, algum tempo livre, bom gosto e muitos sorrisos!


Em relação ao amor só tenho a dizer, que decidimos renovar o contracto! Claro está, não posso viver esta monarquia de amor sem o meu Rei!


Então é assim, que depois das duas crónicas com que encerrei 2009, dou início a muitas mais, que se seguirão em 2010! Bora lá alinhar na leitura interventiva este ano, para variar?! Bute lá atão! Bámo lá cambada...


... e tu 2010, “Canta-me ó Musa”!



Volto ao Contacto amanhã... que acho que ainda estou no jet lag das férias! Valha-me Deus...

No AO a 31.12.09

Subo para uma cadeira. Numa mão tenho 12 passas, na outra, um flute de espumante. Soa a primeira badalada, meto a primeira passa à boca. Fecho os olhos, penso no meu primeiro desejo, dou um gole no espumante e ouço a segunda badalada. Desta vez perco um pouco mais de tempo a pensar no meu desejo, quase não tenho tempo de a engolir e já oiço a terceira. O meu terceiro desejo é bem mais simples de formular, mas desta vez fica-me uma pevide da uva presa nos dentes, perco um pouco mais de tempo, a bochechar com o espumante e a quarta badalada já lá vem e eu esqueci-me do que queria pedir. Mais uma passa, esta sem desejo e já lá vem a quinta. Tenho as mãos a colar e de olhos fechados, com o quarto golinho de espumante assim num tão curto espaço de tempo já me sinto a flutuar. Quinto desejo, este é complicado, a páginas tantas engasgo-me com o raio da passa, a cadeira bamboleia e eu tenho que descer. Não pode ser bom presságio. Dou mais um golo e oiço a sexta badalada, o meu pensar de desejos já se evaporou e agora só quero conseguir engolir a papa de passas que tenho na boca. Mais um gole. Subo para a cadeira de novo. Estou enjoada, a mistura de peru, puré, Ferrero, aletria, Coca-Cola, bolo-rei e pão-de-ló com queijo está a começar a fazer nascer uma febre de azia no meu estômago. Já perdi a conta às badaladas entre a sétima e a oitava lá consegui pensar em algo de jeito para desejar. E agora olho em frente, a minha mãe de ar curioso, fita-me com a perfuração de uma sonda, admirando a minha persistência em continuar a desejar, mesmo já sem saber bem aquilo por que desejo! Vá, a nona passa é um desejo para ela, que engulo com a décima badalada a rasgar-me o tímpano. Este espumante é dos meus, faz cócegas na garganta e deixa-me a cabeça a andar à roda. Com a décima primeira badalada já só engulo o espumante e deixo as passas a acumular no céu-da-boca! Só tenho mais dois desejos. Este é para ele e o último será para ela. Ao sonar da décima segunda badalada suspiro de alívio. Já não consigo engolir mais passas. Trinco-as todas e deixa-as a desfazerem-se-me na boca, enquanto desço da cadeira para os abraços da praxe! “Feliz Ano Novo, Feliz Ano! Que este ano nos traga tudo o que tem de melhor!” – Lá fora a minha sogra já parte a loiça velha para afastar o mau azar! Os vizinhos juntam-se a ela. Nem por ser ano de crise a decidem poupar! E porque na passagem do ano vale tudo, até acreditar que este ano tudo vai ser diferente, estou a contar as horas para as doze passas, perdão badaladas!



Título: 12 Passas Badaladas

Croniquices da Mulher a 1000/h, por Sílvia Martins

No AO a 24.12.09

Eu tenho um telemóvel, daqueles de 3ª geração, daqueles dos quais não faço uso de metade das funções. Eu tenho um computador, aliás, tenho dois. Os dois portáteis, um com grande memória e grande ecrã, para ouvir música e ver filmes e um outro do tamanho do “Magalhães”, que trago sempre na carteira e me serve como processador de texto para horas mais inspiradas. Eu tenho não menos do que 30 pares de sapatos e um incontável número de carteiras e casacos. Eu tenho um carro, de aspecto duro, mas resistente, à prova de choques e arranhões, com leitor de cd’s e fecho central e vidros eléctricos. Tenho uma televisão, aliás, mais que uma, leitor de dvd’s, microondas, frigorífico, tenho pens, máquinas de depilar, enrolar o cabelo, alisamento japonês... Enfim, tenho à minha volta toda uma panóplia de artefactos, que para além de me ajudarem nas tarefas do dia-a-dia, me trazem conforto e uma sensação de bem-estar! No entanto, tenho dias em que tendo tudo isso, mais parece que não tenho nada. Ando insatisfeita, ando rezingona, ando descontente, preocupada. Tenho a sensação de que me falta alguma coisa, que podia ter mais do que aquilo que tenho. Trago constantemente na memória aquelas botas, que ainda não tenho, aquele carro, que é mais bonito que o meu, aquela escova de “alisamento perfeito” ou aquele verniz entre o rosa e o roxo, com tom pastel e sem brilho. O Homem é por essência um ser insatisfeito, em todas as áreas da sua vida e não apenas nos bens materiais que possui e dos quais dispõe. Se ainda não temos namorado, queremos um, se ainda não temos marido, queremos um, se ainda não temos filhos, queremos um ou dois, se ainda não temos emprego, vamos à luta. Porque no fundo são todos estes desejos que nos fazem mexer e lutar e sair da cama todas as manhãs. Mas, frequentemente, só nos lembramos do bem que de mais precioso temos, quando este nos falta... a Saúde! E então, quando essa nos falta, nessa altura já não queremos mais nada! Podemos ter o carro mais rápido, mais bonito, o amante mais voraz, os filhos mais lindos... que a única coisa que queríamos ter... era mesmo a nossa saúde de volta! Por isso, é imperativo que para além de tudo o que se queira neste Natal, acima de tudo se queira saúde... e “da boa”, como dizem as gentes do Norte! Faço públicos os meus votos de saúde para todos... e depois, que se lhes juntem, o amor, a paz e algum dinheiro, porque não?! Afinal de contas: “O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.”.




Título: O meu Sonho de Natal

Croniquices da Mulher a 1000/h, por Sílvia Martins