segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A Vergonha do Amor


Hoje em dia, já estou mais para o Romântico-Realista do que para o Romântico-Naturalista, que em tempos fui... Está certo, também muitas fases tive em que era mais Romântico-Decadentista ou Romântico-Existencialista, mas depois de ter conhecido o meu marido na minha fase mais Romântico-Nihilista de sempre, convenci-me de que o Amor é uma dádiva. Assim sendo, não adianta procurá-lo, ou nos é dado, ou não nos é dado de todo! Desculpem lá os cépticos destas visões mais práticas e redutoras acerca do amor, mas a verdade é que o Amor verdadeiro, aquele que parece que vai durar para sempre, não é conquistado, esse amor é-nos dado e cabe-nos a nós, agarrá-lo, ou deixá-lo fugir... e tenho para mim, que realmente, nestas coisas do Amor, não há muitas segundas oportunidades de apostar tudo na “chave de ouro”!
Muitas vezes eu própria me auto-censuro de ter estes pensamentos Romântico-Realistas, porque é muito mais utópico e maravilhoso pensar que se poderia trocar tudo na vida, por um dia de ilusão, mas a verdade é que a vida, se não a trocarmos por nada, tem entre muitas outras coisas, muitos dias de ilusão para nos oferecer!
Há algo que me aborrece nas pessoas que dizem que “ainda não encontraram a sua alma gémea”, ou que “ainda procuram o seu verdadeiro amor”, assim como se procura o penteado ideal para nós ou a carreira de sonho, ou a casa ideal. TRETAS! Digo-vos, isso é tudo uma GRANDE TRETA! Nunca se encontra o verdadeiro amor, nunca poderemos saber se já encontramos ou não a nossa alma gémea, se é que isso existe... e enquanto nos perdemos neste estúpido existencialismo do amor naturalista, o amor realista passa-nos à frente e a gente nem o vê! Por isso, ainda me espanto quando penso na sorte que tive, não em conhecer o meu marido, mas em não o ter deixado passar-me apenas à frente dos olhos!
Outra coisa que me aborrece é a sensação de posse, que toma conta das pessoas numa relação, sobre o “objecto” amado, quando nada nesta vida nos pertence... muito menos alguém! “Ninguém é de ninguém”, cantarola o outro com aquela vozinha de panisga, mas tem muita razão no que diz! Porque não somos de ninguém... e o que lixa tudo nestas certezas que sempre queremos ter nas relações monógamas é que não aceitamos a quebra da cláusula de exclusividade do contrato imaginado, porque: “assim perdemos o amor da nossa vida!”. Eu, da minha parte, folgo em dizer, que tenho vários amores na minha vida, um deles, é óbvio, é o meu marido, por quem tenho outros sentimentos, para além do amor, esses sim, mais que exclusivos, paixão, atracção, outros acabados em “ão”, mas por quem tenho também sentimentos, não menos importantes, mas não exclusivos, respeito, carinho, admiração!
Tudo isto para dizer o quê?! Que me revolta, que em nome do Amor, se cometam actos mais gravosos, danosos e letais do que na Guerra e para dizer que não acredito, que no Amor valha tudo! Muitas vezes porque nós próprios é que nos convencemos que há amor, onde de facto, se calhar ele nunca esteve! Porque amar, não é achar que não se podia viver sem a outra pessoa, é saber que se podia, sim! Mas é saber também, que essencialmente se teria uma existência bem mais infeliz e menos completa!
Quem morria de amor, eram as mulheres dos Séculos passados, consumidas pelo desgosto e pela tristeza, deixando-se definhar sob pretexto desse sentimento, quando na verdade, se assim o faziam é porque não tinham mais nada para o que viver... eram vidas vazias, sem grandes interesses, limitadas por uma sociedade, que lhes fazia crer que a família era tudo, e sem marido, não havia filhos, e sem filhos, não havia família e logo, não havia razão que sustentasse a sua existência... e todos sabemos que não há vida, quando não há razões dentro de nós para a haver! De resto, eu quero crer, que as vidas das mulheres deste Século estão pejadas de razões para elas viverem, e que todos sabemos, que há filhos, mesmo sem marido, e que também há maridos, mesmo sem filhos! Tanto jogo de língua, para tentar dizer aqui, que por A + B eu acho que a minha existência sem o Amor do meu marido não seria a mesma, mas sei que continuaria a existir! Porque Amar demais é perigoso, amar sem noção dos limites do amor e das relações, também... e no fundo, tenho pena que as pessoas se aproveitem do pior que o sentimento do Amor desperta nelas e se limitem a fazer cumprir a sua vontade sobre a vontade de quem pensam que amam, mas não amam de facto... Porque amar, às vezes, também é deixar partir! Uma mãe, sabe bem disto, e não me parece que haja no mundo sentimento de amor, mais forte, do que o Amor de uma mãe pelos seus filhos. Hoje, que estou longe da minha mãe, tenho por ela uma amor mais forte do que pensava que tinha quando a tinha por perto, porque nunca devemos tomar o amor como garantia, porque o amor não a tem! Assim como também não há prazo de troca para amores com defeitos, porque o limite desse prazo é o limite desse mesmo sentimento!
Acho que se tivéssemos mais Romântico-Realistas neste País, tínhamos menos fatalidades cruéis em nome do Amor:


“Vítima de violência doméstica durante anos a fio, Maria Manuela Costa sempre sofreu em silêncio. E a madrugada de ontem voltou a ser de pesadelo mas, logo pela manhã, a mulher de 35 anos encheu-se de coragem e foi à GNR de Montemor-o-Velho apresentar queixa. Encaminharam-na para o hospital, só que o marido, ex-fuzileiro, seguiu-a e foi matá-la com dois tiros de caçadeira, dentro da ambulância, em frente ao posto.”


Para mim, não tem perdão, nem há arrependimento possível. Para mim, o pior castigo será este ANIMAL olhar nos olhos da filha de 5 anos para o resto da vida dele e ver que a privou do maior amor, que alguma vez a vida poderia ter oferecido a esta criatura inocente, a quem ele deu a vida, mas negou tudo o resto!


Não tem perdão. E isto, não foi um acto em nome do Amor. Quem comete um acto destes, não tem pingo de Amor no coração!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Carta ao Pai Natal...

E ainda há quem diga, que o Hip Hop é vazio de conteúdo... TzTzTz! Ouçam lá esse! ;)

Teoria da Conspiração dos Brinquedos...


Chega a altura do Natal e chegam os catálogos de brinquedos, as publicidades fabulásticas com kits para os bonecos, que eu nem sequer para a minha filha tenho e às tantas dou por mim a comprar-lhe o Nenuco Banheira e o Nenuco Massagens e o Kiklá da Chicco, com os kits de muda, fralda e marsúpio e penso de mim, para comigo, se não saía mais barato ter outro filho em vez de todas estas criaturas de borracha lá em casa! Enfim... mas logo, me passa quando me lembro que estes, apesar de poderem chorar, fazer xixi, cocó, mamar no biberão e comer papinhas a brincar, trazem com eles, um botão que dá um jeitaço... assim aquele que diz ON e OFF! OK, mas não foi tanto a parafernália de brinquedos à disposição da canalhada de hoje em dia, que me motivou a escrever hoje. Aquilo que eu tenho constatado, é que, por norma, os brinquedos favoritos da minha filha são mesmo aqueles de aspecto mais dúbio, que levou um dia o meu afilhado a corrigir-me, do alto dos seus 4 anos e dizer: “ Madinha, não é O Noddy, é A Noddy!”, ao que eu prontamente respondi: “Não querido, é O... é um menino!”. “Menino?!” – diz ele - “Olha, tem petanas compidas e xapatos com lacinhos! É a Noddy!”... Pois... por esta é que eu não estava à espera, e de facto, quando comecei a olhar bem para o boneco, aquilo tem muito de transgénero... Foi aí, que aproveitei a deixa, para lhe explicar o conceito de Metro sexualidade! Portanto, aos quatro anos, o meu afilhado ficou a saber que o Noddy era um menino, mas um menino fashion! Um metro sexual! Desta vez estarei prevenida e em relação à minha filha, se dúvidas surgirem darei a mesma explicação. É que nos dias que correm, com tanta Manuela Moura Guedes e Castel Branco por aí à solta, quanto mais cedo eles aprenderem estas coisas melhor!
Mas voltando à bonecada. O Noddy, está mais que visto, deixa grandes dúvidas quanto à sua sexualidade, já para não dizer, que é um menino, que conduz um táxi, numa cidade de ursas, macacas, velhos e lápis de cor falantes! Vá-se lá perceber! Depois temos o Ruca, bonequinho do qual sou mega fã, porque transmite boas lições de moral e é giro e tal e tal, tem uma família feliz, com direito a mamã carinhosa, pai que ajuda nas tarefas domésticas, gato, que até nem suja muito e uma maninha fofinha com nome de flor! Aliás, levei a minha filha com 8 meses a ver o espectáculo do Ruca e ela delirou... simplesmente, me deixa na dúvida o facto de aquela criança ser saudável, o que me preocupa... já alguém reparou que o Ruca com quatro anos é carequinha como uma cebolinha, sem uma pontinha de cabelo para amostra e que ninguém parece reparar! É que até o avô dele tem mais cabelo... o pobre! Depois temos outra, não menos sinistra, mas muito amada bonequinha, a famosa Hello Kitty! A minha filha tem de tudo com essa gatinha, roupa, carteiras, mochila, triciclo, ganchos, fitas, bolachas, dvd’s... enfim, é a Kitty mania lá em casa! Para ela, a “TiTTy”! Mas quando começo a reparar bem na “Titty” dou por mim a pensar qual será o fascínio por uma bonequinha de desenho tão rudimentar, com amigos também rudimentares e de espécie igualmente indefinida, que dão pelos nomes de: “Cinamorol” e “Pompompourim”, ou lá o que os valha! Já para não falar que na maior parte das vezes em que a Kitty aparece em “merchandise”, só aparece a cabeça da mesma... não é tão macabro como a musiquinha do “Atirei o pau ao gato”, nem a do “Eu peço ao Sr. Barqueiro que me deixe passar, tenho filhos pequeninos acabados de criar... passará, passará, mas um filho ficará, se não for a mãe à frente, vai um filho lá de trás”, mas não deixa de impressionar se pensarmos nisso! Yiaiks!
De resto, nem vale a pena falar da melhoradas e assiliconadas Popota e Leopoldina, que depois deste Natal nunca mais serão as mesmas, a Popota deu uma de Kuduru e resolveu adoptar o estilo Caminho da Índias meets Marylin Monroe, meets sluty Hippo... a Leopoldina, desde que viu a Angelina na Tomb Raider, nunca mais foi a mesma!
E agora digam-me, andamos nós a educar canalhinha linda e decente, para este mundo lhes pôr nas mãos e vistinhas aos dois aninhos de idade toda esta “pouca vergonha”! Não se faz... Não se faz!

P.S. – E eu já nem vou falar na falta de órgão sexual do Nenuco... porque bom, com esse nome... estava-se mesmo a ver, né?! (Nenuco/Eunuco – será mensagem subliminar?!)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Croniquice 21ª no AO - Direito de Resposta - Não é defeito. É feitio! - 26.11.09


Pai e Mãe serão sempre pai e mãe, até ao final dos nossos dias, até quando já estivermos pejados de brancas e rugas e encolhidos de dor ciática, que nos impossibilite de fugir ao Alzeihmer, que sempre anda à roda, nessas alturas para nos apanhar! E por isso, quando a minha mãe me ligou há tempos, comentando um dos meus textos, aqui publicados, pediu com jeitinho que eu escrevesse coisas mais “meiguinhas” e românticas, sob o risco de quem me lê pensar que ando de mal com a vida! Preocupação válida de mãe, mas inválida para mim, que não querendo correr o risco de aqui muito me expor, lá o vou fazendo aos bocadinhos todas as semanas! Mas vá, que eu sou uma querida e tenho apreço pelos meus dez leitores regulares, aqui fica o testemunho verídico e não ficcional: estou de bem com a vida gentes, alegrem-se! De resto, esta semana, e depois das recomendações de mãe, vem o “puxão de orelhas” de pai, que sendo aquilo que de melhor exemplar de pai pode haver, se sentiu afectado pelo meu estado de crítica constante aos homens! O que ele não percebeu é que eu não critico só os homens, e muito menos critico, todos os homens, não é questão de género! Eu critico estereótipos, independentemente do sexo! Bom, já sei, não se faz, pimenta na língua para a menina, mas a verdade é que são alvo fácil e de ainda mais fácil reconhecimento da parte dos meus leitores! Assim, faz muito mais sentido se eu escrever aqui sobre algo que todos sabemos que existe, (ainda que possamos nunca admitir, que somos alguém assim), do que falar sobre ideais de homens príncipes, quando todos sabemos que a cavalaria já há muito se extinguiu! Outra coisa, que o meu querido pai se esqueceu, foi talvez dos valores mais importantes que me incutiu, a noção de que a minha existência enquanto mulher é tão válida quanto a existência de outros seres enquanto homens! O que ele não me disse, é que no fundo, e para a Sociedade em geral, a coisa não se pinta bem assim, e que este continua a ser um mundo amigo do homem, governado maioritariamente por ele e com leis favoráveis ao seu género! Muito se tem feito, para combater esta tendência secular, e do que de mim depender muito se continuará ainda a fazer! Outro mito que tem que se desfazer em relação à Mulher a 1000/h é o de que ela é feminista, que não é bem assim! Tendenciosa, talvez, mas cada um fala do que melhor conhece, ou não será assim?! A questão não está em achar que os homens não valem nada, mas sim em achar que as mulheres poderiam actualmente valer bem mais!

terça-feira, 24 de novembro de 2009


Na ilha de S.Miguel em que o vento é pródigo e abundante, quase me esqueço das minhas associações aos ventos fortes, mas raros, que se faziam sentir na baixa do Porto, que para além de prenúncio de mudança do tempo e indicador de dores nos ossos e maleitas musculares era para mim, acima de tudo um aviso... um aviso de mudança! Um vento forte, daqueles que nos despenteia o cabelo e nos levanta as pontas do casaco, um vento daqueles tão intenso, que ao atravessar a ponte D. Luís a pé, quase não nos deixava sair do sítio, para mim era sempre indicador de que vinha mudança por aí. E por mudança, entenda-se, mudança na minha vida, algo que a Sorte ou o Azar trariam no bico em breve! E assim, passei a detestar o vento, a temer esses vendavais descontrolados e fortes, que escapavam à minha força e vontade. Quase sempre, esse vento trouxe mudança. Nem sempre esse vento trouxe mudança da boa, mas maioritariamente acabou sempre por me tornar melhor! Hoje, aqui na Ilha, está um vento tremendo, com um tempo em tons de cinzento e um manto azul escuro, que teima em não pousar de vez no céu, deixando escapar pequenas infiltrações de luz azul celeste. Mas o vento, o vento, esse é forte e o meu medo cresce com cada lufada que traz.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

É ao som desta música, que mais que muitas vezes bate o meu próprio coração!

Pego em ti nos meus braços, levanto-te bem alto e danço contigo que nem uma louca, ora pulando, ora rodopiando, o teu sorriso valeu por todos os meus dias, as tuas gargalhadas foram o combustível de todas aquelas noites e todos aqueles dias e todas aquelas preocupações e sufocos!

Quero que sejas feliz!

Quero que sintas o bater desse teu coração.

Quero um mundo maior e maior e melhor e mais forte e mais puro e mais sincero e muitos abraços para te receber!

Quero que todos conheçam de ti esse teu sorriso de coração para fora, essa tua gargalhada sonora pura e eu que eu estarei sempre lá, seja para a fazer despertar, seja para a apreciar, seja para me lembrar que ela existe... não quero que te vendas, nem ao dinheiro, nem ao luxo, nem à dor, não quero que reste pó de pobreza à vista, nem de fome, nem de ódio... só amor!

Porque por ti... sinto bem mais forte e a cada dia que passa este meu fraco coração bater!

Can you feel my heart beating?!

Hope you do...

Bê à Bá da Geografia de Portugal


E que tal começarmos a semana com uma Lição de Geografia?! Humm?! De borla e tudo! Vá, só desta vez, e porque vocês são amiguinhos e eu não quero aqui leitores mal informados! Vá lá ver então... ontem, nas notícias, deram nota de um cargueiro encalhado nos Açores, com seis cavalos Lusitanos a bordo. Curiosos, tanto eu, como o Rei da casa, queríamos saber onde... já nem tanto a cidade, ou localidade, mas já nos servia a ilha... e nada! Acabou a notícia e falou-se sempre em Açores, Açores, Açores... mas, meus amigos, os Açores não são uma ilha! São um arquipélago, que é o mesmo que dizer, um conjunto de ilhas! 9, para ser mais precisa! Nós estamos em S. Miguel, grupo oriental, mesmo ao lado de Sta. Maria, o Algarve cá do sítio! No grupo central temos mais 5 ilhas: Faial, Graciosa, Pico, S. Jorge e Terceira. E no longínquo grupo ocidental ficam as maravilhosas ilhas das Flores e do Corvo! Dizer que um cargueiro encalhou nos Açores é tão ilustrativo como dizer que um camião teve um acidente no Norte do País! Humm! Got the point! Então vá lá ver se se faz justiça a este cantinho que também é Portugal! E não... não temos cá o Alberto João Jardim, isso são aquelas outras duas ilhas de Porto Santo e Madeira... nós cá temos um César, que diz que também é Carlos!
Se eu podia ter escrito sobre outra coisa qualquer para começar a semana?! (...) Podia, mas não era a mesma coisa!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Ladaínha de Fim-de-semana...


Vantagens de se ser a única mulher neste escritório: passo o tempo sozinha, vão todos jantar e ninguém se lembra de me convidar... humm... para além disso, não estou a ver mais nenhuma, não! “It’s a man’s world...”!!!
E com isto parto para fim-de-semana, que ontem levei um “puxão de orelhas” do meu pai, que me acusou de só falar mal dos homens! Realmente, não se faz... o que vale, é que a mim, a carapuça não me serviu... porque eu não falo SÓ MAL dos homens... também falo das mulheres e de outros homens, de quem às vezes até digo bem! Pois é Pai, às vezes, para se falar um bocadinho bem é preciso falar-se muito mal antes!
Bom Fim-de-Semana a Todos!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Mea Aventura, mea culpa...


Eu sou daquelas pessoas que nunca se lembram de carregar o telemóvel, nunca fixam datas de aniversário, não verificam o saldo da conta com regularidade, não fazem mapas de gastos diários, nem conseguem planear uma ementa semanal para a família.
Sou daquele género de sonhadora utópica para quem pagar contas para além de obrigação é maçador, para quem calcular juros ou taxas é um tédio de morte e que não tem a mínima predisposição para fazer listas de compras ou respeitar organizações de armários e gavetas!
Também sou menina - mulher o suficiente, para tendo um medo e asco terrível a aranhas, baratas e bichinhos viscosos ou rastejantes, nunca ter coragem de os esborrachar! Não é por acaso que a minha filha ganhou fobia a moscas e ciscos.
Tenho muitas outras qualidades, mas sempre muito mais abstractas. Naquilo que diz respeito a finanças, dinheiros e tarefas da ordem do dia, eu sou aquilo a que podemos chamar: um zero à esquerda e à direita, que já agora também tenho dificuldade em identificar com prontidão!
Assim sendo, e consciente de todas estas minhas limitações, assim como uma propensão minha, quase natural para chegar atrasada, hoje, fiz questão de não me atrasar para o emprego, até porque era dia de ter patrão no escritório! Saí de casa dentro do limite das horas, apanhei uma tempestade de Adamastor e fiquei presa num inacreditável trânsito, que se fez, não sei bem como, nem porquê, no centro da cidade de Ponta Delgada! Assim, quando deixei a Babe na Creche, e olhando para o depósito do bólide, quase a rasar o vazio, decidi arriscar e avançar caminho e não parar na “casa partida” para abastecer os habituais 20 Euros! Sim, porque se há outra coisa que sou incapaz de fazer é encher o depósito. E, de facto, uma outra coisa que sou muito bem capaz de fazer, é esquecer-me de abastecer! Advertida pelo Rei da casa, vezes sem conta, em relação a este assunto, levei uma estalada do destino quando me vi parada no meio da auto-estrada sem gasolina, sem bateria no telemóvel, atrasada e no meio do dilúvio de Noé! Terror, medo, frustração e eis senão quando uma simpática carrinha da assistência rodoviária pára mesmo atrás de mim. Assim, tive direito a uma viagem sem cinto naquela carrinha, a ouvir o senhor de aspecto curioso a contar as aventuras a que já assistiu nesta estrada, rir-me do seu ânimo ao dizer que salvou um cavalo que caiu de um muro para o meio da estrada e desmaiou, apenas e só e ficar assustada com o ar de gáudio do mesmo sujeito ao contar de um acidente em que até ficou com sangue na camisola! Meeedo. Mas entretanto já tínhamos chegado à bomba de gasolina e ele prontamente sacou de um garrafão de plástico, encheu de gasolina, paguei-lhe um café, ele ofereceu-se para me abastecer o carro, o que eu agradeci, porque não fazia ideia como fazê-lo com um garrafão e ainda me disse para ficar na carrinha e não apanhar chuva! Mas eu, não... nada disso, então, estava curiosa, queria ver, apesar da torrente! Assim aprendi o que fazer com uma cana, metade de uma garrafa de plástico e um garrafão com 5 Euros de gasolina s/chumbo 95!
Depois de toda a emoção, perguntei-lhe quanto lhe devia... disse-me: Nada! Nada?! Não, nada disso, pegue lá isto! Agradeceu, partimos os dois e quando sacou da câmara fotográfica para registar a viatura, disse-me entre dentes... “é para motivos de estatística!” – E agora eu pergunto... serei só eu que desconfio quando a esmola é grande demais?! Hummm...

19.11.09 no AO - "Quem quer casar com a Carochinha?"


Acho imensa piada aos homens! A sério que acho! Até me dá vontade de rir, cada vez que os ouço queixarem-se do tédio que é ter que fazer a barba todas as manhãs! Imagino que seja uma chatice, todo aquele processo de esfregar creme, passar lâmina, lavar a carinha... e ui, que arde tanto este after-shave! Mas piada tinha mesmo era eles serem socialmente “obrigados” a fazer a depilação em tudo o que é cantinho sensível e recôndito do corpo humano, sem sequer soltar um “ai”! Também acho imensa piada quando se queixam da dureza que é a vida deles como trabalhadores. Eu também me queixava, os pobres! Mas quando chegam a casa e se sentam no sofá de papo para o ar, enquanto a Maria trata dos filhos, faz o jantar, come, lava a loiça e arruma tudo, aí já não me fazem tantas cócegas! Até porque, diga-se de passagem, que a maior parte das Marias também teria vontade de relaxar de barriga a apontar para o céu depois de um duro dia de labuta! É que para eles é muito complicado, temos que entender, manter uma carreira e ainda assim ter família... é uma grande responsabilidade! Engraçado é que a ginástica de gestão de todas essas tarefas em simultâneo raramente seja feita por eles, mas sim, “pela grande mulher, que sempre há atrás de um grande homem”! E uma vez, que a ironia é um miminho e que ainda não paga imposto, eu já me consolava só de poder partilhar com eles alguns meses de gravidez e umas poucas, poucochinhas das dores de parto, que senti! Qual Epidural, qual quê... que esta vida não está para anestésicos! Mas agora a sério... tenho imensa pena deles, mesmo, é que até nem durmo ao lembrar-me daquelas noites em que num jantar com uma série de outros casais com filhos, eles acabam todos estrategicamente por se agrupar num espaço “child-free”, mas sempre atentos: “ Amor, olha a menina! Querida, o pequeno fugiu.”. Gosto especialmente quando dizem em tom de consolação: “ Eu juro-te, nunca seria capaz de fazer o que tu fazes!”. Pois olha só, que amor! Isso sei eu hoje, que se o soubesse ontem, em vez de casar contigo tinha era arranjado uma esposa... um ser fiel e incansável, que lidasse com a sua vida própria, manobrando ginásticas impensáveis de vida doméstica e profissional, enquanto me dava tempo para mim e para a minha carreira, sem muitos “reclamanços”. E claro está, sempre sem me tirar o direito à minha família! Graças a Deus, nem todos os homens congelaram no estágio do Australopitecos, mas porque é que nem todas as mulheres se dignam a ser sapiens sapiens?!

You're too sexy for my Blog!


Acabo de receber mais um selinho... e à terceira é de vez! Então não é que desta vez fui premiada pela Sexydês do meu Blog! Lindo...

O que me levou a pensar em razões porque este blog possa de facto ser sexy... Ora, eu, fã da retórica e da argumentação, cocei a cabeça, expulsei a piolhagem das trivialidades e chego à conclusão de que este blog pode e deve de facto ser sexy, no sentido de atraente, cativante, sedutor, até porque não seria 100% feminino, se de facto não fosse tudo isso e muito mais!
Art, gaja, OBRIGADA! Adorei! :)

Aqui fica o selinho e passo a 3 outros blogs sexy, como manda a lei:

Art – mais do mesmo de volta!
Carrie – pega lá que é doce!
– para provar, que mesmo as mulheres que gostam de futebol, podem ser Sexy! ;)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Isto não é um baby fashion blog...


... mas tenho que desabafar...
Alguém me explica porque é que eu saio para ir ao Shooping “tratar das vistas” e ver se compro umas coisinhas para mim, tipo uma carteira de inverno ou uns leggings fashion e acabo sempre, mas sempre por não comprar nada para mim e me perder na secção de crianças?! É que é flagrante!
E eu, eu ainda me lembro do tempo, em que a Miss Self Centered aqui só comprava tudo o que era peça mais gira das últimas colecções, ou peças de avanço de estação e nunca saía de casa sem a carteira a condizer com o calçado, ou um casaco a dizer com a echarpe... tztztzt... essa Sílvia morreu e nasceu uma caretona e kitsh mamã, que só se lembra de embonecar a cria, com tudo aquilo que ela daqui a uns anos vai odiar e criticar nas fotos que vir!
Ai Senhores, alguém me diz onde está o botão de rewind?! É que eu já sabia que os objectivos mudavam, quando se vira mãe, mas que mudavam TANTO assim... isso já é demais! E ainda por cima, estou com uma vontade de MORTE de vos mostrar o que lhe comprei... sou só eu que me perco de amores pelo estilo Baby Zara Home?! (Publicidades aparte, é claro!) – Ter meninas é do pior... eu sabia que devia ter sido mãe de um rapazolas de chuteiras e fato de treino... enfim! Aqui ficam para Vossa consideração “As Comprinhas “!

Hoje, acordei assim...

Nada traduziria melhor o meu estado de espírito... para além de que o vídeo é brilhante e, afinal de contas, o que é Nacional é Bom!

"Nao parti mas ja nao sei voltar

Ando às voltas a esquecer quem sou

Bebo a noite até o Sol chegar

Ele sempre me encontrou

Só o amor me faz correr

Só o amor me faz ficar

Só o amor me faz perder

Só o amor me faz querer mais

(...)"

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Manifesto Anti Preto e Branco


Mas porque raio teremos nós toda uma palete de cores à nossa disposição, todas as primárias e secundárias e degrades e tons e acobreados, e quando nos pedem para fazer uma distinção, só nos lembramos do Preto e do Branco. Pois, eu que sou do contra, não estou aqui para escrever nem sobre o preto, nem sobre o branco. Estou farta de que o arco-íris seja reduzido a duas cores, que nem sequer parte dele fazem e recuso-me a aceitar que na minha vida tudo tenha que ser preto no branco, ou branco limpo, ou contrastivo como um código de barras! Este blog é blog de cor, blog de ritmo, de ups e downs, alegrias e tristezas, desaforos e desbaratos e vive de mim. E aqui não vivem nem o preto, nem o branco... há sépia, há acinzentados... mas aqui para nós o azul e o amarelo ganham aos pontos ao preto e ao branco, já para não falar do vermelho e do rosa... Até porque muitas vezes, quando nos referimos ao preto, queremos dizer, na verdade, cinzento, ou utilizamos as especificações... preto carvão, preto noite, antracite, preto tinta da china, preto preto... e o branco também já não é o que era, ora é branco sujo, casca de ovo, bege, amarelado, branco pérola, branco branco. Não me voltarão a ler neste texto nem as palavras preto, nem branco. Cansei-me dessa bigamia bicolor traiçoeira... quem as usa, se ilude, e num mundo de pixels, todos sabemos que o preto e o branco são só mais dois no meio de milhões. Estou feita, porque agora vêm-me para aqui os puritanistas da cor, os salvadores do yin e yang, os apologistas de que o bem se veste de branco e o mal de preto... mas todos sabemos já bem as cores que o bem tem e melhor ainda as cores que o mal pode ter!
Não há mais branco, nem há mais preto e a maior parte dos brancos e pretos deste mundo estão, de facto, mais para o castanho e para o rosado do que propriamente para o branco e preto. Estas cores são traiçoeiras, não existem e viveram gerações inteiras a acreditar que não há risco preto sem uma folha branca, ou preto negrume sem uma luz branca que o ilumine! Por isso, aqui não haverá nem mais preto, nem mais branco, tudo será aguarela colorida, de traços de lápis lazúli e tela dourada a vibrar! Fora daqui cores mais descoloridas, mais sem personalidade, aqui quem reina é o tom e o código de barras é benetton! Tenho dito!

Parabéns a Nós!


Estava uma pilha de nervos, mas guardei sempre um sorriso nos lábios. Levei um sermão do padre por ter chegado atrasada e pensei que estava super relaxada! Perguntei-lhe se tinha que pagar multa pelo atraso e tentei beijar-te antes de dizermos sequer o SIM! Tu leste mal os votos em vez de prometeres disseste que “esperavas ser-me fiel”, o que de resto me pareceu bem mais sentido! Dançámos uma “valsa” tímida e atrapalhada ao som da “One” dos U2! Passámos a noite numa suite com vista para o Porto, enchemos a piscina do quarto, mas nem tempo deu para um mergulho, porque às seis da manhã apanhámos um voo para Veneza! Fazia um frio de rachar e nós de camisa e casaquinho de festa! Comprámos chapéus, bem italianos, tu um cachecol e eu umas quantas pashminas! Tirámos fotos, perdemo-nos no caminho até ao Largo de S. Marco, enjoei na viagem até Murano e enchemos a barriga no Lido! Foi só o início destes dois anos. E se hoje me perguntasses se voltava a fazer tudo outra vez... eu voltava a dizer-te que SIM!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009


5 revelações em 5 sentidos para a Art! =)



A querida Art, do blog Art & Soul deu-me esta prendinha, mesmo no dia do meu aniversário! Obrigada querida... e aqui está "como manda a lei"...

1º Seguir as regras;

DONE!

2º Anexar o selo;

ALSO DONE.

3º Completar as seguintes frases:

a) Eu já... vi muita beleza neste mundo;

b) Eu nunca... cherei nada melhor do que o aroma da pele do meu marido;

c) Eu sei... que o toque suave é o melhor carinho;

d) Eu quero... ouvir a minha filha a dizer que me ama;

e) Eu sonho... em provar as delícias de uma vida muito longa e muito feliz!

4º Depois de completar a frase com as respostas indicar 5 blogs para dar sequência ao desafio.

Eduarda - Made in Love

Paula - Portal T21

Mary Brown - Just a Woman

Ginger - Gatas em telhado de Zinco Quente



e outro é para quem o "apanhar"! ;)

A pensar num desejo...


Diz que foi há 29 anos atrás... na maternidade Júlio Dinis, num Domingo às duas da tarde!
Diz que a minha mãe sofreu que se fartou e o meu pai me viu vestida de linho branco e me achou linda, redonda e careca como uma laranjinha!
Diz que hoje é dia de festa... e muito há quem diga também, que não passa de mais um dia, no resto da minha vida!
Trago o Porto no coração, S. Miguel nos olhos, uma filha nos braços e um marido nos lábios... tudo o resto, todos os outros trago-os comigo neste dia como noutros, bem presentes no pensamento! Era bom que os abraços que me faltam hoje cobrissem toda esta distância de água.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009


Ao que consta, já não há amuleto que me valha nesta minha luta contra as viroses e infecções da minha filha! Uma semana volvida... aqui estou eu, de volta ao trabalho, mesmo no finalzinho da semana! Isso é que é sorte! Diriam vocês... Pois, talvez, tudo nesta vida é uma questão de perspectiva... dito isto, resta-me a felicidade estúpida, que me ataca sempre por volta destes dias, um sorriso nos lábios contra todas as adversidades, que é o sorriso dos palermas, que ficam felizes por envelhecer! Assim sendo, segunda-feira festejo o meu 30º aniversário... menos um! Aha! Ainda não é desta que viro trintona... é que ao que consta elas divertem-se MUITO mais!
Momentos altos da semana: o som sibilante que a minha filha anda a treinar, que insiste em repetir e que torna a palavra “panda” em “pandshi” e todas as suas habituais tagarelices num som a tender para o checo! Outro momento feliz, foi quando descobri que já lhe consigo fazer um pequeno “rabinho de cavalo”, ou ponytail, que é mais chique! Linda, Linda! Parece uma boneca! Hoje ainda, começou a "chover" aqui no escritório um “chorrilho” de prendas de mamã e Titi e até uma surpresa da querida Eduarda! Ou seja, estou feliz! Estou com muitas horas de sono em atraso, muito cansaço nas costas e hérnias em potência ao longo de toda esta pobre coluna de mãe “colinho”, mas estou feliz! Ainda mais que hoje, recebi daquelas coisas invulgares, que já não recebia há anos... uma carta... e de quem... do Papá, pois claro! Que me deixou aqui com uma lagrimita no canto do olho... pinga, que não pinga, cai que não cai! Já não se fazem pais como os meus.... pah!
Bom, de resto e em tom menos bajulador e mais sério... a Crónica desta semana passou pela revisão e leitura atenta de uma das minhas "seguidoras" aqui no blog... (e não sei porquê, mas este "seguidoras" soa-me sempre a pseudo psycho, valha-nos...) a Paula, do Blog Portal T21... quero deixar aqui a minha homenagem a ela, enquanto Super Mãe e super Mulher, e um abraço apertado pelo carinho com que ela leu e comentou o meu texto! Porque de facto, não é fácil lidar com “normalidades diferentes”! Mas aquilo de que me apercebo é que essas reviravoltas da vida tornam as pessoas, que lidam diariamente com elas, muito mais fortes e positivas do que muitas outras pessoas, com vidas ditas, normais! De resto, um dia, fica aqui prometido, conto-vos a história de vida, ou parte dela, da minha Super-Sogra, que é a pessoa mais positiva, pra cima e humana, deste mundo e do outro! Mas isso, isso fica para uma semana em que esta cabeça esteja mais leve e em que os dedos se coordenem melhor com o pensamento e o teclado!
Agora, se me permitem, vou até ali ao Paraíso ao lado passar o fim-de-semana!
Divirtam-se e Obrigada pelas mensagens de carinho e incentivo que me têm enviado!

19ª Croniquice no AO - Uma Normalidade Diferente - 12.11.09

Quando se está de esperanças, tudo se constrói verde fértil e imaculadamente perfeito! Quando se está de esperanças, esperamos por tudo, que a cegonha nos traga no bico a criança mais perfeita, o bebé mais lindo, a criatura mais sem defeitos à face da terra! Imaginamos o nosso bebé branquinho de bochechas ligeiramente rosadas, respirando suavemente no nosso colo, depois de ter mamado e se preparar para dormir. Enquanto dorme, sonhamos que ele nos trará no futuro muitos sorrisos marotos, travessuras e carinhos. Preparamo-nos com muitos anos de antecedência para o ensinar a ler, correr, saltar, andar de bicicleta! E acima de tudo, nunca, mas nunca mesmo nos passa pela cabeça sequer a possibilidade de que a nossa criança perfeita, venha com algum defeito! Foi culpa da cegonha! Foi culpa do destino, da Roleta Russa do Azar, que muitas vezes a ironia da Vida carrega consigo... mas por vezes, cai-nos no colo a criança mais perfeita, ainda que possua mil e uma imperfeições! Ninguém quer um filho “avariado”, mas muitas vezes os temos! É um sofrimento atroz, uma dor lancinante que nos corta o coração, a lembrança da (im)perfeição de um filho querubim, com saúde assim-assim!Mas na maior parte dos casos, essa dor, que a consciência da imperfeição de um filho provoca, acaba por ser colmatada com todas as outras enormes perfeições que ele carrega! Trissomia, Autismo, Paralisia Cerebral são alguns dos nomes dos “amigos”, que os nossos filhos podem transportar consigo! O que não faz deles nem menos filhos, nem menos crianças, nem menos merecedores de uma vida feliz! Em nome de um egoísmo pútrido, muitas vezes essas crianças são encaradas como “fardos”, quando a palha, quem a come são só os burros, se assim lhes apetecer! O amor a um filho é incondicional e o respeito que todos devemos guardar por filhos e pais, que convivem diariamente com características deste género deve ser infindável! Não há maior amor do que aquele que leva alguém a superar barreiras, melhorar a sua própria condição humana, enquanto aquilo que deseja é apenas salvaguardar a de um outro! O mérito não está em quem lida com a normalidade, mas em quem faz do dia-a-dia com todas as suas dificuldades, apenas e só, uma normalidade diferente!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Balanço da Semana


Ora, contas feitas, continuo num emprego muito abaixo das minhas qualificações, mas que me dá tempo para a minha filha, leituras e escritos.

Continuo a escrever para o jornal.

Continuo a não desistir do Mestrado.

Continuo mãe babada a estragá-la com mimos e carinho, um triciclo novo da Kitty, nosso companheiro das viagens entre o carro e casa.

Continuo perdidamente apaixonada, inventando tempo para namorar.

Continuo um pouco desleixada no meu aspecto, porque a falta de motivação para vir trabalhar esta semana foi um continuum sem final.

Continuo a ter uma mãe e um pai, que me conhecem e me “lêem” à distância, sem sequer terem de me ver, ouvir ou ler!

Continuo crente de que a felicidade e o amor são as únicas coisas que dão sentido à vida e, finalmente, continuo crente de que o bem triunfará SEMPRE, mas apenas nos corações onde algum bem existe... e esta semana, descobri, que por vezes, descobrir um pingo de bem no coração de algumas pessoas, pode tornar-se uma tarefa hercúlea.
Enfim... continuo com o mesmo coração!

Quem me segue regularmente, que me conhece do blogue e das minhas Croniquices, talvez tenha notado esta semana em mim um tom menos doce, menos macio, menos positivo, um pouco mais contido e retraído... até um pouco mais violento em algumas tiradas sarcásticas. Pois, a verdade é que tenho andado a semana em processamento de informação de verdades e realidades indigestas, daquelas que só me fazem lembrar o tão célebre: “You want the truth?! Well, YOU CAN’T HANDLE THE TRUTH!”.

Pensei, pensei, pensei, pensei, tentei escrever, racionalizar, perceber, interiorizar, encontrar fundos de razão, motivos, desculpas... e nada... ainda assim o nó continuou aqui, o sufoco não me permitiu escrever, não há razão que explique, nem dá para perceber! Nunca conseguirei interiorizar, encontrar motivos talvez, mas aquilo que soube... a realidade que me atiraram para o colo, em tom de desabafo, confissão, segredo... para essa não há desculpa possível.

NUNCA, NUNCA na minha vida poderei encontrar desculpas para maus tratos infantis, negligências, abusos, incestos... não entra, desculpem, mas não entra! Não cabe neste coração a dor de imaginar a dor de uma mãe conhecendo a dor de uma criança de 3 anos ser abusada pelos dois irmãos menores de 8 e 11 anos, descobrir que foi esse o motivo porque foram institucionalizados, descobrir que o mais velho se droga, foge e possivelmente nunca mais gozará um dia da sua infância inocente junto da mãe, dos outros irmãos... do pai, que não o aceita, não o quer, não o ama, talvez nunca o tenha amado, mas que turvado pelo álcool, talvez nunca lhe tenha feito bem, senão precisamente o contrário. Não é uma vida, não são vidas, não pode ser real, não pode ser verdade...
Não consigo encaixar e tento... JURO que tento! Até porque me disseram que o coração ganha calo... mas calo de escritor não é sola de sapato!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

18ª Croniquice - Os Pobres de Espírito, no AO - 05.11.09


Existem algumas coisas que me irritam profundamente: mulheres que não se cuidam, homens machistas, cãezinhos sonoros, tiques de mania crónica, barulho a altas horas da noite, mas poucas me irritam tanto e de forma tão gravosa como a pobreza de espírito. É que fico assoberbada de uma irritação nervosa tal, que todos os músculos do meu corpo se enrijecem e me impelem à acção. Dão-me ganas de verdadeiro sociopata, que se acha capaz de mudar o mundo “à paulada”! E desculpem a violência das expressões, mas realmente não há nada tão triste e degradante como a pobreza de espírito: mais danosa que a ferrugem nos canos, mais destrutiva que as térmitas nas gavetas e mais passível de nos dar valentes dores de cabeça e corpo do que uma Gripe A. É que os pobres de espírito não se distinguem nem no sexo, nem na idade, nem na classe social, são um género de figuras ridículas, que se passeiam com a inocência culpada dos mais pequenos, juntamente com toda a malícia conscienciosa dos maiores. E os pobres de espírito não são só aqueles que não gostam de ler, de cultura ou de música. Nem sequer são aqueles que não se interessam por política, justiça ou direito social. Eu diria que os pobres de espírito, amibas bípedes sem qualquer noção do ridículo, muitas vezes até se interessam por algumas dessas coisas, com maior ou menor intensidade, mas levam-nas tão a sério como um saco de batatas podres esquecido algures num canto da arrecadação. São pessoas cujos modos vão da prepotência extrema ao desleixe do “quero lá saber”. Pessoas que não tendo a noção daquilo que é viver em sociedade adoptam comportamentos típicos e animalescos de bestas em manadas, ou feras em matilhas, e até essas algumas vezes têm mais ordem e lei.
A pobreza de espírito atira o lixo para o chão, escarra-nos nos tornozelos, passa-nos à frente nas filas e ainda se enche de razão! O Pobre de espírito é aquele puto de brilhante na orelha, que se senta à frente da estação dos correios com um saco de maças na mão, dando-lhe trincadelas de bicho e atirando-as contra os seus clones, que caminham em fila do outro lado da rua encostados às bicicletas. Mas também há muito pobre de espírito, sem brinco na orelha, com ricas contas no banco, esses são aqueles que acham que o mundo é só deles e passam nos seus automóveis topo de gama, num dia de chuva, a alta brida chapinando os transeuntes com as derrapagens que fazem nas poças de água.


E depois há os outros, aqueles que pensam que a vida é o sofá e a mulher o telecomando, de vez em quando, saco de pancada também, quando a programação não lhes agrada. E contra esses, então, vai toda a minha indignação e revolta, contra todos os que acham que a sua própria vida vale mais do que a dos outros. Caros, é como vos digo: “Presunção e água benta, cada um toma a que quer!”. [Parágrafo em Corte Editorial na edição impressa, por falta de espaço em caracteres... é que partilho a página com os comentadores políticos, que têm sempre coisas muito mais importantes para dizer! ;P]

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Permuta de Coração


Ofereço coração para permuta. Procuro um de ferro, aço ou material frio e resistente, que não se aqueça ao toque nem seja espaçoso o suficiente para carregar consigo todos os males e preocupações deste mundo e do outro. Troco por T0, não espaçoso, nem precisa de Kitchnette... Porque há semanas em que custa ter coração e porque o saber é pesado demais para um coração como o meu, que funciona em modo de autonomia, recusando a ajuda do cérebro no pensar emocional.
Passei a semana a tentar digerir, mas agora basta! Aceito permuta!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A Magia do Amor...


Os meus pais fazem hoje 30 anos de casados. Eu, que assisti a 29 deles, acredito que ainda se amam. Acima de tudo, acredito que se respeitam e que são felizes. Acho que aqueles dois descobriram o segredo que faz durar um casamento feliz: adaptaram-se, fizeram cedências, zangam-se às vezes, mas cuidam muito um do outro e vivem uma vida a dois, muito partilhada, porque sabem que enquanto um e o outro existirem, nunca estarão sozinhos.
São duas pessoas com feitios completamente diferentes, não fossem eles homem e mulher. Ainda assim, em certas coisas, mais que muitas, arriscaria eu dizer, aquelas duas almas são tão diferentes como o dia e como a noite... o meu pai, espirituoso, jovial, alegre, bem-disposto, disparatado, sociável, cabeça no ar, mas muito dedicado, ao fim destes trinta anos ainda não se deu bem conta da real importância que a minha mãe tem na vida dele! A minha mãe, mais sensata, razoável, tendo sempre tanta razão em tudo que até mete medo é mais reservada, discreta, humilde, excelente cozinheira, muito terra-a-terra, pensa até hoje que o romantismo não lhe diz nada, quando foi isso que a fez apaixonar-se pelo meu pai. Sim, porque o meu pai pode ser distraído, mas é um homem muito romântico, acho que esta minha veia “artística”, esta minha propensão para a fantasia vem mais dele do que dela...
Assim, em género de homenagem aos dois, resta-me partilhar convosco que o meu pai se apaixonou pela minha mãe quando a viu, de costas, perdendo-se de amores líricos pelos seus longos e belíssimos cabelos negros... a minha mãe, embora lhe custe a admitir perdeu-se de encantos pelo lirismo do meu pai, pelas suas cartas apaixonadas e pelos seus olhos verdes e cabelo claro! É uma verdadeira história de amor, esta a que eu assisti todos os dias da minha vida... mesmo nos dias em que se pegavam de morte e se tratavam por você, fazendo-me de mensageiro para as suas quezílias... Ainda assim, tenho a agradecer a estes dois o maior dom que me deram... o dom de saber amar e ser amado!
Parabéns aos dois... que uma data não é nada, senão o início de muitas outras!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009