Há uns tempos atrás, num dos meus dias mais tristes escrevi isto:
«Na hora em que os anjos se cansam o desânimo é rei. E hoje, tudo em mim é tédio.
Um tédio de sentir as saudades de quem amo e me falta, nos momentos em que os anjos me abandonam à solidão de uma solitária ilha, inundada de casas e pessoas vazias e sorrisos sem significado e palavras mortas presas em lábios roxos, secos de significado e significação.
Na hora em que os anjos se cansam a saudade é rainha. (...)
Perdida em viagens, dentro de mim mesma, procurando o porquê deste meu sentir triste e pesado, lembro-me que é possível, que um dia, até mesmo os anjos se cansem.
Não há anjo que aguente o peso de um coração carregado de saudades, e hoje todo o bater do meu são palavras mudas que envio a quem me falta.
Na hora em que os anjos descansam as minhas palavras pesam. Pesam e falham a tradicional alegria que as marca. Marcando a ausência de uma ausência sentida, pesada e pensada, amarrada e obrigada ao exílio de uma ilha familiar. Ruas e pedras e estradas e campos, vazios. O retrato da minha alma. O reflexo do meu ser e estar.
Não há ausência mais sentida, do que a ausência de nós mesmos. E hoje ausentei-me de mim, juntamente com o meu anjo cansado, na hora em que decidiu descansar! Finalmente sós. Os dois.
Carrego em mim hoje todo o peso de uma falha, falta, ausência, lacuna, vazio. Um deserto abalado pela minha vontade de lhe resistir. Hoje, na hora em que os anjos se cansam, não houve lugar a pensamentos floridos, lugares comuns ou ideias brilhantes. Nesta hora descanso… não é fácil lutar contra um mundo, que não se entende, não se percebe. Não é fácil encontrar justificações constantes para um mundo triste, feio, sujo, sem esperança, corrupto, cruel. Hoje, na hora em que os anjos se cansam trago em mim todo o peso do mundo (...) Hoje, nesta hora solitária, desmistifico a vida e limito-me a senti-la, sem choro, sem riso, sem expressão nem desejos.
Hoje, na hora em que os anjos se cansam, espero desesperançada carregando nos ombros o peso de um anjo cansado, que hoje decidiu descansar.»
E voltei a este texto, porque hoje, vi na teoria dos anjos cansados a única explicação possível para que uma criança inocente adoeça gravemente. A Sofia (7 meses), o Afonso (6 anos) e tantos outros entre estas idades sofrem de Leucemia e esperam esperançosos que os seus anjos não se cansem. O meu não se cansou na altura em que me ofereci como dadora de medula óssea, há uns quatro anos atrás. E o seu anjo, como está?!
«Na hora em que os anjos se cansam o desânimo é rei. E hoje, tudo em mim é tédio.
Um tédio de sentir as saudades de quem amo e me falta, nos momentos em que os anjos me abandonam à solidão de uma solitária ilha, inundada de casas e pessoas vazias e sorrisos sem significado e palavras mortas presas em lábios roxos, secos de significado e significação.
Na hora em que os anjos se cansam a saudade é rainha. (...)
Perdida em viagens, dentro de mim mesma, procurando o porquê deste meu sentir triste e pesado, lembro-me que é possível, que um dia, até mesmo os anjos se cansem.
Não há anjo que aguente o peso de um coração carregado de saudades, e hoje todo o bater do meu são palavras mudas que envio a quem me falta.
Na hora em que os anjos descansam as minhas palavras pesam. Pesam e falham a tradicional alegria que as marca. Marcando a ausência de uma ausência sentida, pesada e pensada, amarrada e obrigada ao exílio de uma ilha familiar. Ruas e pedras e estradas e campos, vazios. O retrato da minha alma. O reflexo do meu ser e estar.
Não há ausência mais sentida, do que a ausência de nós mesmos. E hoje ausentei-me de mim, juntamente com o meu anjo cansado, na hora em que decidiu descansar! Finalmente sós. Os dois.
Carrego em mim hoje todo o peso de uma falha, falta, ausência, lacuna, vazio. Um deserto abalado pela minha vontade de lhe resistir. Hoje, na hora em que os anjos se cansam, não houve lugar a pensamentos floridos, lugares comuns ou ideias brilhantes. Nesta hora descanso… não é fácil lutar contra um mundo, que não se entende, não se percebe. Não é fácil encontrar justificações constantes para um mundo triste, feio, sujo, sem esperança, corrupto, cruel. Hoje, na hora em que os anjos se cansam trago em mim todo o peso do mundo (...) Hoje, nesta hora solitária, desmistifico a vida e limito-me a senti-la, sem choro, sem riso, sem expressão nem desejos.
Hoje, na hora em que os anjos se cansam, espero desesperançada carregando nos ombros o peso de um anjo cansado, que hoje decidiu descansar.»
E voltei a este texto, porque hoje, vi na teoria dos anjos cansados a única explicação possível para que uma criança inocente adoeça gravemente. A Sofia (7 meses), o Afonso (6 anos) e tantos outros entre estas idades sofrem de Leucemia e esperam esperançosos que os seus anjos não se cansem. O meu não se cansou na altura em que me ofereci como dadora de medula óssea, há uns quatro anos atrás. E o seu anjo, como está?!