terça-feira, 2 de junho de 2009

Taras e Manias, Obsessões e Teimosias...


Há muito quem tenha grandes taras, mais ainda há, quem possua mil e uma manias. Obsessões, há alguns que têm, mas aquilo que mais se vê no mundo, não passam de valentes e pesadas teimosias. Há, no entanto, quem lhes teime em chamar: valentia, orgulho, persistência… e a teimosia, bem lá no fundo nasce sempre de algo com algum bem camuflado: a crença de que se está a tomar a decisão certa, que estamos a ser fieis a nós próprios e que não vamos deixar cair por terra as nossas ideias… determinação.
A teimosia bate o lado lunar, na altura em que deixa o indivíduo teimoso, sem um pingo de racionalidade ou pesar, e o força a não arredar pé, mesmo quando tudo lhe diz e mostra que está errado, que não tem razão!
A teimosia, tem vários graus, tem vários modos e diferentes manifestações… mas basta olhar para o lado para vermos às vezes, o maior teimoso do mundo!
Hoje, quando estacionava o carro no parque de estacionamento vi uma senhora, claramente transpirada, sob os 17 graus amenos, que se faziam sentir, a agarrar o volante como se de uma bóia salva-vidas se tratasse, insistindo em estacionar o seu maravilhoso jipe grand “grande” Cherokee num lugar de estacionamento mínimo, onde nem eu me atrevia a estacionar a minha caixinha de fósforos… mas ela virava o volante e vinha à frente, e voltava para trás e os faróis dos dois carrinhos de lata prateada, que lhe ladeavam o espaço de estacionamento já pareciam encolher-se com medo da pancada eminente e potentosa do pára-choques daquele bólide tão possante.
Eu segui caminho, percorri mais cinco metros do que ela, mas estacionei nas calmas. Fiz as minhas comprinhas, almocei, ainda tive tempo de arranjar as unhas e quando voltei… surpresa das surpresas… lá estava ela… mas desta vez acompanhada, pelo segurança do shopping, que olhava de mãos na anca para o pobre twingo de focinho amassado, encostado ao behind do Cherokee contrariado, e atravessado no meio da faixa de rodagem. Teimosia, ó Teimosia, do que vales a estes espíritos, que na esperança de poupar uns cinco metros se envolvem em problemas desnecessários, trazendo dores de cabeça e contrariedades aos outros, que lamentavelmente inocentes se deambulam por tais caminhos azarados!
Mas este foi um exemplo da teimosia, no seu nível mais trivial… mais refinada teimosia pude ver ontem nas palavras e exercício de retórica pura e dura na boca dos Bastonários da “Nossa” Ordem de Advogados, que teimando para um lado, teimando para o outro, com menor ou maior educação, pior ou melhor simpatia, fizeram do Prós e Contras na RTP1, ontem à noite palco dos seus bate testas sem sentido, em nada produtivo a não ser no reacender de uma fogueira de novas e ainda mais refinadas teimosias…
Eu cá, sentadinha deste lado do ecrã… escrevo por teimosia, tenho a tara das carteiras, mania das simetrias e obsessão pelo amor. Não se pense por isso, que me pinto aqui imaculada da minha dose de teimosia, mas quando vejo semelhantes graus de teimosia alheia, não posso deixar de pensar nos meus como “peanuts”. Fraquinhos, fraquinhos, em manifestações ideológicas neutras e familiares, ou questões do quotidiano, que me serve.
Mas isto da teimosia tem muito que se lhe diga, lá isso tem, é que às vezes parece que dizem, nasce com as gentes, até mesmo nas mais “piquenas” acções de bebé em forma de uma, na minha opinião, mal interpretada teimosia! Veja-se só que no outro dia fui alertada para o facto de a minha filha, agora com 12 meses, ser muito “teimosinha”… quando ao participar numa popular troca e exercício de rouba de chuchas entre bebés da salinha dela, trouxe um deles de rastos, só porque a chucha insistia em continuar presa ao fatinho do outro… “Pobre alma teimosinha”… ou será mesmo determinação?! É que neste caso não há razão que lhe valha, porque para ela… o objectivo foi cumprido, as perdas e danos não os sabe ainda avaliar.
Nos adultos, a determinação, não pode ser confundida com a teimosia, porque a teimosia começa, quando a razão nos deixa… daí que eu diga, que escrevo por teimosia e não por determinação… não há razão que me valha nesta minha ardilosa tarefa… mas eu teimo! E teimo…
Ponto assente, claro está, esta minha teimosia não prejudica ninguém… não há-de trazer ninguém de rastos, barafustando contrariado… mas há teimosias que ferem e há teimosias que matam… e essas sim são aquelas víboras perigosas que eu gostava de evitar no meu caminho!
Na semana passada, num fórum de comentários a uma notícia de jornal publicada a respeito do caso “Sandra/Alexandra – A menina Russa”, alguém insistia em fazer prevalecer a sua ideia em detrimento da ideia de todos os outros, mas a troca de argumentos era tal, que da razão se passou para o insulto num ápice e é desta teimosia que eu tenho medo… da teimosia besta, que não nos permite ouvir os outros, dar-lhes até alguma razão em parte e enriquecer o nosso leque de possibilidades através do intercâmbio de ideias, vivências e experiências… ou então, não aceitando de todo a opinião dos outros nos leve a uma motivação de prova e comprovação de factos em jeito de arremate final e “touché”!
Já dizia o outro “ Taras e Manias, você vem p’ra mim…”, ao que eu acrescento, “mas deixe lá de lado, essas teimosias sem fim!”. – É como a minha mãe sempre disse: Pior burro é aquele que não quer aprender!

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